sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A Confederação Nacional da Agricultura faz 38 anos

                     
Criada no Encontro das Organizações da Lavoura e dos Agricultores do Minho, Douro, Trás-os-Montes, Beiras e Delegações de outras Províncias, realizado a 26 de Fevereiro de 1978, em Coimbra, a CNA, cuja sede nacional se localiza nessa cidade, tem base programática e história na Carta da Lavoura Portuguesa aí aprovada, o que deu início a uma vida feita todos os dias «Sempre com os Agricultores», como é o seu lema mais afectivo.
A CNA define-se predominantemente como a expressão organizada dos agricultores e agricultoras das explorações agrícolas familiares e, entre outros princípios, assume as preocupações actuais sobre a construção de uma agricultura que responda às exigências de qualidade dos produtos, de defesa do meio ambiente, do mundo rural, da saúde, do trabalho e que promova a melhoria dos rendimentos e da qualidade de vida dos agricultores portugueses.
Durante a sua vida, já longa de 37 anos, a CNA e os muitos milhares de agricultores e agricultoras que com a CNA se identificam, deram e dão um persistente testemunho de convicção, de trabalho, de resistência, mas também de esperança, lutando sem esmorecer em defesa da Agricultura Familiar e do Mundo Rural Português, pois representa e promove os interesses socioprofissionais dos agricultores, para tal desenvolvendo a prestação de um vasto leque de serviços técnico-profissionais e participando em vários organismos de consulta e concertação, nomeadamente no CES, Conselho Económico e Social.
A história da CNA é marcada por sete Congressos e cinco Encontros, por dezenas de iniciativas nacionais, centenas de encontros e manifestações, regionais e nacionais, por milhares de reuniões de Agricultores, propostas, avanços e recuos, momentos de esperança e de preocupação, mas essencialmente hoje, tal como ontem, lavrando já o amanhã, «Sempre com os Agricultores», apresenta-se de pé, unida e em acção em defesa dos direitos dos agricultores e de uma política agrícola patriótica.
Tem toda a razão de ser esta atitude, pois a própria ONU reconhece a importância da Agricultura Familiar ao declará-la através da Resolução nº 66/222 no ano de 2014 e também sublinhando que a agricultura familiar e as pequenas explorações constituem um importante meio para a existência duma produção alimentar viável, capaz de garantir segurança no consumo e combater a pobreza.
Ao tomar esta atitude a ONU acaba por reconhecer implicitamente os graves problemas regionais e globais causados pela acção predadora do chamado agro-negócio transnacional e pela intensa produção agro-industrial que destroem recursos naturais, conduzem à fome, causam subnutrição e provocam a ruína de milhões de pequenos agricultores.
No último Congresso da CNA, realizado em Penafiel no mês de Novembro de 2014, foi aprovada por unanimidade a Carta da Agricultura Familiar que consagra princípios de garantia do direito de produzir, acesso a mecanismos justos de comercialização com preços justos tornando rentável a agricultura familiar, adequado financiamento à actividade agrícola e serviços de apoio do Ministério, regime de seguros adequado, assistência técnica, ensino e formação aos agricultores para melhorar os seus rendimentos, acesso à terra, garantia das condições de vida e da existência das infra-estruturas territoriais necessárias à actividade agrícola e de funcionamento das organizações dos agricultores, medidas estas inseparáveis duma acção da União Europeia que garanta uma Política Agrícola justa, de distribuição equitativa pelos países, produtores e produções dos apoios, tendo em conta as especificidades das agriculturas nacionais.
Em fins de 2015 e tendo em conta a defesa dos direitos e interesses dos agricultores, o PCP apresentou na Assembleia da República um Projecto de Resolução com a finalidade de criar um Estatuto da Agricultura Familiar, documento esse que não obteve o merecido sucesso, pois foi chumbado com a abstenção do PS e os votos contra do PSD e do CDS, indiciando uma atitude que não se coaduna com os interesses regionais e locais, nem tão pouco com a salvaguarda do próprio interesse do País.


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