sábado, 27 de abril de 2013

25 de Abril sempre!


Intervenção de Paula Santos na Assembleia de República

"Retomar o caminho de Abril e cumprir os princípios consagrados na Constituição"

Sr. Presidente da República,
Sra. Presidente da Assembleia da República,
Sr. Primeiro-Ministro,
Srs. Presidentes do Supremo Tribunal de Justiça e do Tribunal Constitucional,
Capitães de Abril,
Sras. e Srs. Convidados,
Sras. e Srs. Deputados,
Há 39 anos o povo português e os militares de Abril foram protagonistas do maior acontecimento da história contemporânea de Portugal, a Revolução de Abril. Foi a luta da classe operária e dos trabalhadores, dos intelectuais, dos militares, dos comunistas e de todos os democratas, que pôs fim a 48 anos de obscurantismo, de opressão e de repressão, de tortura, de censura, da pobreza e miséria e de analfabetismo.
Milhares de homens, mulheres e jovens portugueses, com determinação e coragem, mesmo prescindindo da sua vida pessoal e familiar e enfrentando as masmorras fascistas, dedicaram-se empenhadamente à luta pela emancipação dos trabalhadores e do povo português, pela liberdade e pela democracia.
É justo sublinhar a ação, reflexão e intervenção de Álvaro Cunhal, no ano em que se comemora o Centenário do seu nascimento. Intervenção cuja atualidade demonstra que é sempre lutando pelos seus direitos e por uma vida melhor que os povos fazem avançar a história no sentido do progresso e da justiça.
À ação dos militares dirigida pelos Capitães de Abril, que daqui queremos saudar, juntou-se a força e a unidade do povo, que massivamente saiu à rua, associando o levantamento popular ao levantamento militar, que foram os elementos motores da Revolução.
A alegria patente nos rostos das pessoas e a expectativa de uma vida melhor, são características que marcam indelevelmente, os primeiros momentos de liberdade.
A Revolução de Abril pôs fim à ditadura fascista e à guerra colonial e deu a independência aos povos até então colonizados por Portugal. Os seus impactos extravasaram as fronteiras de Portugal, tendo sido um exemplo inspirador para muitos povos oprimidos, na sua luta pela liberdade e pela democracia.
O 25 de Abril foi a origem de profundas alterações a nível político, económico, social e cultural, retirando aos grupos monopolistas e aos latifúndios o controlo da economia nacional. Consagrou a livre atividade política e sindical, o direito à greve, o direito ao voto ou o Poder Local Democrático. Avançaram as nacionalizações de sectores económicos estratégicos, ao serviço do povo e do país.
Abril foi a instituição do salário mínimo nacional, com que muitos trabalhadores viram os seus rendimentos duplicarem e alguns até mesmo triplicarem. Abril foi o direito ao gozo de férias, o subsídio de férias e de natal, os acordos coletivos de trabalho e a proteção social. Abril foi o acesso, pela primeira vez para milhares de pessoas, a uma consulta médica. Abril foi o acesso a todos os níveis de ensino para todos os portugueses, independentemente das suas condições socioeconómicas.
Em 1976, a Constituição da República Portuguesa consagrou, pela primeira vez, liberdades, garantias e direitos essenciais, conquistados pelas massas em movimento. Foram momentos de grandes avanços progressistas, que trouxeram ao povo a esperança de uma vida com a dignidade que merece. A aprovação da Constituição constituiu uma vitória da Revolução de Abril e perspetivou como objetivo a construção de um país mais livre, justo e fraterno.
E mesmo após 37 anos de política de direita e de sucessivas subversões da Constituição, as forças da política de direita ainda não conseguiram aniquilar o património de liberdades e direitos conquistados com a Revolução de Abril.
A política de direita aplicada por sucessivos Governos, a integração capitalista europeia, que provocaram o aumento da exploração no trabalho, a diminuição de direitos essenciais e a destruição do nosso setor produtivo são responsáveis pela situação em que hoje se encontra Portugal, marcada pela recessão, pelas desigualdades e pelas injustiças.
Vivemos tempos de retrocesso civilizacional. Dois anos depois da aplicação das medidas que constam do Pacto de Agressão da troica, os problemas agravaram-se. Reconstituição dos monopólios e privatização de setores estratégicos da economia. Mais desemprego, mais exploração e mais empobrecimento. Famílias que estão completamente desesperadas e desamparadas, porque não conseguem fazer face às suas responsabilidades, devido ao roubo nos salários e pensões, ao corte nas prestações sociais, ao aumento de preços de bens essenciais, ao aumento de impostos para quem vive do seu trabalho e às dificuldades acrescidas no acesso à saúde e à educação. Hoje empobrece-se a trabalhar, por via de uma política de baixos salários. O desemprego aumentou para níveis nunca atingidos desde o fascismo. Há um milhão e meio de trabalhadores em situação de desemprego. E em relação aos jovens trabalhadores, 40% estão desempregados.
O compromisso com a troica é um verdadeiro compromisso contra Abril e contra os seus valores.
Que país é este, onde o Governo nada tem a oferecer aos jovens, que não seja desemprego, precariedade e baixos salários? Que país é este, onde o Governo sugere aos jovens que emigrem e procurem uma oportunidade profissional noutros países? Que país é este, onde o Governo compromete o futuro e o desenvolvimento do país, e deixa para as gerações vindouras piores condições de vida?
O Pacto de Agressão da troica não é uma inevitabilidade. É acima de tudo uma opção política e ideológica de quem o subscreveu e de quem o executa. Assume-se como um verdadeiro programa de liquidação das conquistas de Abril e do regime democrático!
É por isso que a “Grândola” tem sido o hino da contestação a esta política.
Hoje temos uma democracia empobrecida. O entendimento de democracia explanado na nossa Constituição, não se resume à democracia política, seja pelo voto em atos eleitorais, seja pela representatividade e participação de partidos políticos. A nossa Constituição contempla um entendimento de democracia bem mais amplo, assente na democracia política, económica, social e cultural e por um país independente e soberano.
Significa que, não há democracia plena sem emprego com direitos, não há democracia plena sem saúde para todos, não há democracia plena sem igualdade de oportunidades no acesso, frequência e sucesso escolar em todos os níveis de ensino, não há democracia plena sem estarem satisfeitas as necessidades de habitação e não há democracia plena sem a proteção social dos mais frágeis.
Os tempos que vivemos em Portugal evidenciam a atualidade e o alcance dos valores e das conquistas de Abril. É preciso retomar o caminho de Abril e cumprir os princípios consagrados na Constituição da República Portuguesa. Esta é a solução para os portugueses e o país. A alternativa existe, mas ela não está na continuidade da mesma política, mesmo com outras caras; está na rutura com esta política. Está na urgente renegociação da dívida, nomeadamente nos seus montantes, taxas e prazos, para libertar recursos públicos que possibilitem o investimento na produção nacional. Está em pôr o país a produzir e apostar na agricultura, na pesca e num programa de reindustrialização para reduzir a nossa dependência externa e criar emprego com direitos. Está em redistribuir a riqueza criada através da valorização dos salários e pensões, numa perspetiva de dinamização do mercado interno. Está em apoiar as micro, pequenas e médias empresas e pôr fim às privatizações, assegurando um forte setor empresarial do Estado. Está em garantir o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública, o apoio social, a habitação digna. Está em afirmar a nossa independência e soberania.
Felizmente as novas gerações não sentiram a violência e a crueldade da ditadura fascista, tendo nascido já num país livre e democrático, conquistado pelos seus pais e avós. Mas torna-se cada vez mais premente não só a capacidade de lhes transmitir o que significou e significa hoje as conquistas de Abril, para que as assumam como suas e para que as defendam, para um futuro próspero e para nunca mais regressarmos a tempos semelhantes.
Não é por acaso, que a ideologia dominante tenta branquear os 48 anos da ditadura fascista e a sua verdadeira natureza opressora, como procura desvalorizar o 25 de Abril, principalmente junto das crianças e jovens, para que as novas gerações reproduzam o individualismo, o egoísmo e o assistencialismo pela caridade.
Não comemoramos Abril apenas por evocação de uma data histórica. Comemoramos Abril para projetar no presente e no futuro os seus valores.
A luta da classe operária, dos trabalhadores, das mulheres, dos jovens e de amplas camadas da população, foi determinante para derrubar a ditadura fascista. Hoje, como no passado, será pela luta que conseguiremos a rejeição do Pacto de Agressão, a rutura com a política de direita, a demissão do Governo e a realização de eleições para dar novamente a voz ao povo, para decidir o seu destino. A soberania reside no povo e o povo português não permitirá a continuação do retrocesso e lutará por uma alternativa política e uma política alternativa, tendo por base os valores de Abril.
Viva o 25 de Abril!

terça-feira, 16 de abril de 2013

Ao cuidado da Câmara Municipal de Baião

                   
A Comissão Concelhia de Baião do PCP tem pautado a sua intervenção política no nosso concelho sempre em defesa dos direitos e interesses dos baionenses, quer nas áreas dos serviços públicos (Saúde, Educação, Segurança Social, Justiça, Finanças, Transportes, Correios) quer nas áreas do Património, Cultura e Meio Ambiente e esta ação ocorre, não somente em alturas de eleições, mas durante todos os dias de todos os anos, ouvindo a população e procurando a solução para os seus problemas.
Não é por mero acaso que são cada vez mais numerosas as vozes, mesmo no campo dos adversários políticos, a dizerem-nos: vocês são a única oposição que existe no concelho. 
Vem isto a propósito de, uma vez mais, termos sido confrontados com queixas de alguns habitantes da Freguesia de Tresouras, relatando-nos a existência de uma habitação muito antiga em estado de degradação total e colocando em perigo a vida dos que por ali passam, pois ameaça desmoronar-se. Esta casa confronta com o caminho público do Pedregal, conforme se pode verificar pela foto acima e encontra-se devoluta há muitos anos.
Esta situação é do conhecimento da Junta de Freguesia e a própria Câmara Municipal foi alertada para o perigo de derrocada do prédio.
Como temos ouvido inúmeras vezes dos responsáveis camarários, inclusive do próprio Presidente, a afirmação de que fazem obras para as pessoas (para quem haveriam de ser?), podem agora passar das palavras aos atos e resolver este assunto, demolindo o referido prédio para bem das pessoas da Freguesia de Tresouras.
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