quarta-feira, 28 de setembro de 2011









Profissionais das forças de segurança em luta

Profissionais dos serviços e forças de segurança realizaram hoje um protesto junto à Assembleia da República para exigir ao Governo a colocação nas novas tabelas remuneratórias em vigor desde 2010. António Filipe e Jorge Machado deslocaram-se junto dos manifestantes para, em nome do PCP, demonstrarem solidariedade para com a sua luta.

domingo, 25 de setembro de 2011

 

 

 

 

Intervenção de Jorge Machado na Assembleia de República


«A hora é de luta. Dia 1 de Outubro, contra o pacto de submissão, até à sua patriótica derrota»





Na declaração política que o PCP levou hoje à Assembleia da República, Jorge Machado confrontou PSD e CDS com a intenção de alteração à legislação laboral, afirmando que este ataque gravíssimo aos trabalhadores, é um acerto de contas da direita mais reaccionária com a Constituição de Abril, mas que terá pela frente a luta organizada dos trabalhadores.
Senhora Presidente,
Senhores Deputados,
A proposta do Governo de alteração à legislação laboral é um gravíssimo ataque aos trabalhadores, um acerto de contas da direita mais reaccionária com a Constituição de Abril e um inaceitável caminho de agravamento das injustiças e da exploração no nosso país.
O Governo PSD/CDS, refugiando-se no acordo com a Troika promovido pelo PS, pretende desferir um grave ataque aos direitos de quem trabalha para privilegiar, uma vez mais, os grandes grupos económicos e os patrões, fragilizando aqueles que efectivamente criam riqueza – os trabalhadores.
Alterações após alterações à legislação do trabalho, sempre com o mesmo esfarrapado e mentiroso argumento da competitividade e produtividade, PS/PSD e CDS alteram a legislação laboral para aumentar a exploração de quem trabalha, reduzir direitos, atacar o movimento sindical e facilitar os despedimentos em Portugal.
As propostas do Governo, ontem conhecidas, de alteração à legislação laboral, além de injustas e inaceitáveis violam clara e chocantemente a Constituição.
Hoje, temos em Portugal mais de um milhão de desempregados que provam, todos eles, que o problema do nosso país não é a legislação laboral; provam que não é difícil despedir em Portugal.
O problema do nosso país é o desenvolvimento económico, é a necessidade de aumentar e melhorar a produção nacional. O que é urgente e necessário é criar mais e melhores empregos.
Contudo, este Governo aposta no agravamento das injustiças, na liberalização dos despedimentos, na selva em que tudo vale. Este caminho, de desastre nacional, torna claro quem e que interesses serve este Governo. Os grandes grupos económicos e financeiros, os mais ricos do nosso país aplaudem estas e outras medidas. Quem vive do seu salário e da sua reforma aperta cada vez mais o cinto e empobrece à medida que PSD e CDS, com o apoio do PS, executam as medidas previstas no pacto de submissão assinado com a Troika.
Senhora Presidente
Senhores Deputados
O Governo PSD/CDS apresentou aos sindicatos e aos patrões um conjunto de propostas inaceitáveis que podem e vão ser derrotadas pela luta dos trabalhadores.
O Governo pretende alterar as regras do despedimento por inadaptação, com o objectivo de permitir que um patrão possa despedir um trabalhador caso este não atinja os objectivos fixados. Actualmente, um trabalhador apenas pode ser despedido por inadaptação quando, resultante de alterações ao seu posto de trabalho, este, comprovadamente, não se consiga adaptar, por exemplo as alterações tecnológicas.
Com esta alteração, a redução da produtividade, o não cumprimento dos objectivos fixados pelo patrão, ou mesmo a redução da “qualidade” da prestação de trabalho, é suficiente para despedir.
Como é óbvio, estamos face a um despedimento por razões subjectivas, sem justa causa, discricionário e inconstitucional. Com esta alteração legislativa, passaria a estar nas mãos dos patrões despedir, sem justa causa, bastando alegar que a qualidade ou quantidade do trabalho produzido reduziu-se.
Isto é, PSD e CDS querem, por via da legislação laboral, alterar a obrigação constitucional de justa causa para o despedimento.
Outra alteração abrange os casos de despedimento por extinção do posto de trabalho. Com a alteração proposta, deixa de ser obrigatória a colocação do trabalhador num posto de trabalho compatível. Isto é, um trabalhador é despedido por extinção de um posto de trabalho e mesmo que exista outro posto de trabalho compatível, o patrão não é obrigado a empregar este trabalhador.
Depois da recente alteração à lei que reduziu as indemnizações dos trabalhadores em caso de despedimento, estas propostas visam completar o quadro legislativo que visa, como sempre dissemos, tornar os despedimentos mais fácies e baratos.
Não satisfeito, o Governo PDS/CDS também quer alterar as regras do banco de horas.
Aumentar as horas de trabalho sem pagar mais um cêntimo que seja sempre foi a aspiração do patronato. Até aqui, o banco de horas tinha que ser negociado com os sindicatos. Com a alteração proposta, o patrão passa a “negociar” directamente com trabalhador o banco de horas. Isto é, o banco de horas, a imposição de mais horas de trabalho, deixa de ser negociado e passa, na prática, a ser imposto.
Outra alteração, que visa atacar os salários de quem trabalha, é a redução para metade do valor pago pelo trabalho suplementar ou extraordinário. Mais uma vez, trata-se de um autêntico roubo a quem trabalha para aumentar os lucros de quem já muito explora.
Seguindo as pisadas do Governo, PS, PSD e CDS atacam, novamente, a contratação colectiva e os sindicatos, permitindo que sejam, em empresas até 250 trabalhadores, as comissões trabalhadores a negociar, entre outras coisas, os salários e direitos.
PS, PSD e CDS sabem muito bem que os sindicatos têm muita mais força e condições para resistir à ofensiva dos patrões na contratação colectiva, e é por isso mesmo que os querem afastar, para fragilizar a força negocial dos trabalhadores.
Por fim, além de facilitar os despedimentos, atacar os direitos e os salários, o Governo pretende reduzir a duração máxima do subsídio de desemprego para um ano e meio e pretende que, ao longo do período de atribuição, o montante do subsídio de desemprego seja progressivamente reduzido.
Importa referir que o subsídio de desemprego resulta das contribuições dos trabalhadores, pelo que o trabalhador pagou para ter protecção no desemprego.
O objectivo é claro, quanto pior for o subsídio de desemprego, quanto mais curto for o período de atribuição, mais fácil é para os patrões imporem contratos precários, agravar a exploração, reduzir salários e direitos.
Estas alterações à legislação laboral e ao subsídio de desemprego são uma declaração de guerra aos trabalhadores que transformam o direito a resistir e lutar numa obrigação.
À medida que cada uma das medidas, deste programa de agressão e submissão assinado pelo PS/PSD e CDS com a Troika se concretiza, os direitos, a injustiça e a qualidade de vida dos trabalhadores Portugueses piora.
É hora de lutar. Impõe-se, assim, já no dia 1 de Outubro na manifestação promovida pela CGTP, não só a resistência, como a luta contra este pacto de submissão, até à sua patriótica derrota.
Disse.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Partido Comunista Português

Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP, Quinta da Atalaia, Amora Seixal, Comíco da 35ª Festa do Avante!

Comício da Festa do “Avante!”

 
 
 
Aqui estamos neste fazer e refazer desta Festa de paz, de amizade entre os povos, de solidariedade e fraternidade, contra a exploração, neste chão nosso do qual brota todos os anos uma explosão de criatividade, convicções e alegria, corporizada por esta imensa participação a que a juventude dá uma marca impressiva, juventude que dando cor à vida dá cor à nossa Festa do «Avante!».
A todos saudamos. Mas é justo que desta tribuna enviemos uma saudação especial aos construtores da Festa que participaram nas jornadas de trabalho com aquela militância e generosidade ímpares. Era possível erguer esta Festa doutra forma. Mas não era a mesma coisa.
Assim continuará a ser, edificando todos os anos, a nossa Festa. Continuará a ser assim porque nós somos donos do nosso destino. Porque esta é uma Festa soberana e independente que depende única e exclusivamente das vontades, dos sonhos, do esforço, do trabalho, da imaginação e da paixão de todos e de cada um que a fazem como ela é. E é isso que queremos, é por isso que lutamos, para o nosso povo e para o nosso País.
Somos comunistas. Ao longo da História do nosso País e do nosso Partido sempre expressámos a nossa confiança quando imaginámos o futuro que temos pela frente e pelo qual lutamos no presente animados por aquela esperança que não fica à espera. Encaramos assim o futuro porque temos a certeza, como a nossa Festa o prova, que a unidade em torno de valores e ideais, a força da luta pelos direitos, pela justiça, pela verdade e pelo progresso, podem mover mundos e fazer frente às mais poderosas ofensivas contra o nosso povo e a nossa pátria.
Dissemos que esta é uma Festa soberana, porque sabemos e temos consciência da nossa força. É isso que para nós é soberania. Afirmar, como afirmamos todos os anos nesta Festa, que livres de pensamento, com a força das convicções, unidos na acção e donos do nosso destino, poderemos seguir em frente com os valores de Abril e avançando nesse sonho milenário do ser humano se libertar da exploração por outro ser humano.
Realizamos a nossa Festa num momento em que os trabalhadores, as classes e camadas populares e antimonopolistas, a grande maioria dos portugueses são confrontados com uma feroz e brutal ameaça às suas condições de vida e o país sujeito à pilhagem do seu património e recursos e a novas e mais drásticas mutilações da sua soberania.
As forças políticas que, no governo e em todos estes últimos anos, conduziram o país à actual crise com a sua política de desastre nacional – o PS, o PSD e CDS – entregaram os destinos do país à humilhante dependência da intervenção estrangeira, em relação à qual se assumem como forças colaboracionistas na execução de um vasto programa de extorsão dos portugueses e de Portugal.
Um programa ilegítimo na sua natureza e conteúdo que as forças colaboracionistas assumiram, em consonância com a sua política de sempre, como seu programa comum de governação do país para os próximos anos que exige ser travado e derrotado.
Um programa executado hoje pelo novo Governo do PSD/CDS, mas que teve como primeiro subscritor o anterior governo do PS. Desse PS que, mantendo a sua aliança tácita com as restantes forças da submissão, manobra, com a mudança de líder, para colocar o contador a zero das suas responsabilidades passadas.
Um programa que é, em primeiro lugar, uma verdadeira declaração de guerra aos trabalhadores e às suas condições de vida. Que visa promover uma exploração sem limites, com novas e mais brutais medidas de ataque aos rendimentos dos trabalhadores e reformados. Medidas de corte de salários e desvalorização do Salário Mínimo Nacional, redução drástica dos apoios sociais, nomeadamente aos desempregados, degradação geral do sistema de Segurança Social, aumento inaceitável dos impostos sobre o trabalho, os bens de consumo popular, agravamento dos preços de bens e serviços essenciais.
Um programa que avança com um conjunto de privatizações de empresas e serviços públicos, ampliando a espoliação da riqueza nacional. Que vergonha ver Passo Coelho de mão estendida ir a Espanha pedir ao capital espanhol para comprar o património público empresarial.
Um programa que transporta uma nova escalada na ofensiva contra a Administração Pública, contra os trabalhadores e as funções sociais do Estado, com novos e significativos cortes nas áreas da Saúde, Educação, Justiça, Administração Local e regional, com novos encerramentos e mais concentração de serviços que se traduzirão no aprofundamento da degradação dos serviços prestados às populações.
Um programa de austeridade para o povo mas um grande bodo para a banca a favor de quem é dirigida a parte mais substancial desses milhões do empréstimo, dito de resgate do país.
Um programa que não resolverá os problemas do país. Antes aprofundará a crise e a recessão económica, a dependência externa, o agravamento do desemprego e o aumento da pobreza – consequências que se acentuarão decorrentes da quebra no investimento público, da perda do poder compra dos salários e das pensões, do ataque e atrofiamento das pequenas e médias empresas.
A ideia do cumprimento do Pacto de extorsão nacional que a propaganda do colaboracionismo vende como a solução para o país é uma fraude. Cumprir tal Pacto não garante estancar as operações de agiotagem e especulação, nem tão pouco a anunciada recuperação e o crescimento económico. Teremos sim, um país mais preso na armadilha da dívida, sem autonomia, sem capacidade para relançar uma política de desenvolvimento.
Difundem a ideia de que a crise a que conduziram o país é passageira mas, a manter-se esta política e este Pacto, teremos outro decénio que, tal como este último, não será apenas perdido mas de completo afundamento nacional.
A estratégia orçamental 2011-2015 apresentada esta semana pelo Governo, apenas o confirma com uma nova aceleração da redução do défice que se traduzirá em mais destruição. Mais destruição da economia, de emprego, de vidas e um roubo colossal às classes e camadas populares pela via do aumento dos impostos e agora pela via do corte nas despesas sociais.
O sucesso do Governo do PSD/CDS será a tragédia do país. O sucesso na concretização do seu programa de governo será a catástrofe e a ruína dos portugueses. As medidas tomadas vão sempre no sentido de penalizar quem trabalha, quem vive de uma reforma, quem não tem emprego, dos que exercem a sua actividade dependente do poder compra das populações – os sectores produtivos que vivem do mercado interno, o pequeno comércio, a restauração, um conjunto vasto de actividades onde predominam as pequenas e médias empresas.
Disseram e quase juraram que não tocariam no subsídio de Natal. Disse-o e quase jurou Passos Coelho. Mas foi a primeira medida que tomou. Um roubo aos salários e às reformas!
Disseram que não aumentariam os impostos. Mas não tardaram a dar o dito por não dito com o aumento do IVA no gás natural e na electricidade e o que aí vem e têm em preparação com as novas as alterações do IVA, IRS, o aumento do IMI e de várias taxas é o sufoco das camadas populares. Sempre a mesma lógica: pagam os trabalhadores e o povo o que deviam pagar os rendimentos de capital!
Bastaram dois meses de governo de Passos e Portas para mostrar a falsidade e o embuste das suas promessas e a real dimensão das consequências do programa de agressão e submissão. Têm razão os portugueses que se sentem enganados. Enganados pelo que lhes sonegaram. Desde logo a dimensão e natureza do pacote de medidas e que a partir deste mês de Setembro querem concretizar ao ritmo de duas por dia.
São omissões deliberadas que assumem uma dimensão que a maioria das pessoas não previa, nem esperava. Veja-se o escandaloso aumento dos transportes. O que se está a passar nos transportes é um verdadeiro roubo às populações! E não há truques, nem expedientes do tipo “passe social mais” que o possa iludir. É um autêntico assalto aos rendimentos dos trabalhadores e do povo e o abrir as portas à privatização da exploração dos serviços públicos de transporte.
É insuportável este aumento sistemático de tudo. De impostos, de transportes, de energia, de bens e serviços essenciais, dos medicamentos, de juros e impostos na habitação e muito mais insuportável para aqueles que são empurrados para o desemprego ou vivem de um trabalho precário e mal remunerado que são uma grande parte dos trabalhadores, nomeadamente as novas gerações.
Novas gerações que são condenadas por esta política a uma vida precária e sem futuro e que o plano de ataque aos direitos laborais dos trabalhadores portugueses que o Governo do PSD/CDS acaba de retomar agravará com a apresentação da proposta de lei dos despedimentos com a qual pretendem garantir despedimentos fáceis e baratos. Lei que dá seguimento às iniciativas do anterior governo do PS e ao implacável plano de ataque global aos direitos laborais com o objectivo de estender a jornada de trabalho e levar os salários aos mais baixos patamares com a flexibilização do horário, o “banco de horas” e o ataque à contratação colectiva.
A redução agora acabada de anunciar pelo governo de 1 500 milhões de euros para 2012, na despesa com a Educação, a Saúde e a Segurança Social, confirma o que há muito o PCP tem vindo a denunciar: com o argumento de que é preciso emagrecer o Estado, retiram-lhe responsabilidades em importantes funções sociais abrindo espaço para a entrada dos grandes grupos privados, transformando essas áreas sociais em grandes áreas de negócios.
Na Educação e no ensino superior o Governo, ao mesmo tempo que coloca a necessidade da melhoria da aprendizagem, da elevação dos níveis de qualificação dos jovens e dos adultos e o combate ao abandono precoce, concretiza o encerramento de cerca de 300 escolas do 1º ciclo do ensino básico, o maior despedimento de professores realizado em Portugal, deixando 37 000 docentes no desemprego, alguns com mais de 20 anos de docência e decide cortar 9,6% no Programa Ciência e Ensino Superior, pondo em causa a qualidade do ensino nas Universidades e Politécnicos.
Na Saúde, onde está em preparação a revisão do modelo de taxas moderadoras, o Governo decide cortar mais de 1 000 milhões de euros no orçamento da saúde e sem ponta de vergonha afirma que, desta forma, consegue fazer o mesmo e garantir a mesma qualidade no SNS. Não só não consegue, como põe em causa o acesso aos cuidados de saúde a milhões de portugueses.
É este Governo que vem acenar com um Programa de Emergência Social para acudir à pobreza que alastra. Fazem o mal e depois a caramunha!
Programa que tem subjacente um objectivo central e que se enquadra em toda acção política do Governo: prosseguir o processo de reconfiguração do Estado e promover a sua passagem de um Estado garante de direitos a um Estado assistencial. Querem transformar o direito universal dos portugueses à Saúde, à Educação, à protecção social por uma política e um sistema de caridade pública e privada que estigmatiza os mais desfavorecidos e perpetua a pobreza.
Mas enquanto a pobreza aumenta e se agrava a vida de milhões de portugueses, a centralização e concentração de capitais continuam, alavancados por uma política fiscal concebida para favorecer a concentração da riqueza e o património dos ricos e poderosos. O “patriótico” grupo das empresas do PSI 20 – que engloba os principais grupos económicos e financeiros – sedia na Holanda e nos paraísos fiscais as empresas gestoras das suas participações sociais e outras, para não pagar impostos.
Aos desmesurados lucros que continuam a acumular à custa dos consumidores, das famílias e das pequenas e médias empresas, acrescentam um vasto conjunto de benesses fiscais e os resultados das operações que são autênticos processos de usurpação de património e meios do erário público. Veja-se esse grande negócio do BPN e a sua entrega ao BIC. Milhões e milhões que o povo paga e que vão direitinhos para o bolso dos do costume. Já lá vão 2,4 mil milhões de euros (dava para cobrir 3 vezes o roubo do subsídio de Natal) e não vai ficar por aqui.
Nestas duas últimas semanas muita gente parece ter acordado para a necessidade de exigir maior esforço fiscal aos ricos e poderosos. Como se a injustiça fiscal em Portugal fosse uma novidade descoberta nestes últimos dias. E é interessante vermos como aqueles que fazendo parte dos partidos da troika da submissão – o PS, PSD e CDS – a manifestarem-se agora sensíveis à tributação dos mais ricos e poderosos. Esses mesmos que, sem excepção, na última legislatura rejeitaram as diversas propostas que o PCP apresentou para introduzir alguma justiça fiscal em Portugal.
Quando há poucos meses o PCP propunha reforçar a tributação fiscal para quem possui carros de luxo, iates, aviões particulares, casas com valor acima de um milhão de euros, todos sem excepção, PSD, PS e CDS votaram contra!
Quando há poucos meses o PCP quis criar uma nova taxa aplicável às transacções em bolsa, quando o PCP apresentou propostas para que a banca e os grandes grupos económicos pagassem a mesma taxa de imposto (IRC) que os pequenos empresários já pagam, quando o PCP apresentou propostas para que as mais-valias mobiliárias de SGPS ou de Fundos de Investimento passassem a ser finalmente tributadas, o PS, o PSD e o CDS uniram-se e disseram sempre não.
Manobram agora, com uma pequena e pontual cedência na taxação dos grandes rendimentos que são uma falácia, tendo em conta o seu contributo ridículo. Ridículo pelo seu valor global. Ridículo em comparação com o esforço imposto a todos os trabalhadores assalariados. Ridículo pelo que representa dos milhões que têm recebido do Estado.
Propostas que mais não visam que conter a crescente indignação popular face ao insuportável peso de políticas de austeridade que lhe são impostas. Trata-se, de facto, de tapar o Sol com a peneira da rede larga por onde continuam a passar, incólumes, as grandes fortunas e o grande capital ou seja, o seu património, dividendos, lucros e resultados da especulação financeira. Deu-lhes forte mas passou-lhes depressa.
Está já assente e vai em breve para frente a nossa decisão de apresentarmos novas propostas para tributar os bens e o património de luxo, novas propostas para tributar adicionalmente os dividendos e outros rendimentos de capital. Veremos então até aonde vai a sua hipocrisia!
Mas se esta é uma política que coloca o país a saque é também a democracia que é posta em causa em todas as suas dimensões. Não são apenas as decisões tomadas à revelia e nas costas do povo aqui e na Europa, é o ataque a direitos, liberdades e garantias e de descaracterização do regime democrático que prosseguem em áreas sensíveis como os serviços de informações.
A ofensiva do actual Governo para concentrar ainda mais estes Serviços, para assegurar o seu estrito controlo partidarizado e governamentalizado, para esconder com a invocação do Segredo de Estado todas as ilegalidades, nomeadamente a escuta e intercepção de comunicações de jornalistas ou a intimidação de Magistrados, como ficou indiciado no governo do PS/Sócrates, e do mais que há muito se deduz e sabe sobre a vigilância ilegal da actividade de quem protesta e contesta a política de direita.
A novidade é que agora se comprova o tráfico de informações para os grandes interesses económicos e, mais uma vez como no passado, PS, PSD e CDS mantêm a sua aliança estratégica – impedem o esclarecimento da verdade e impõem o vazio e o logro na fiscalização do Sistema de Informações, enquanto preparam a sua concentração.
Mas grave é também no plano da democracia o que o governo prepara contra o Poder Local, com a inteira cumplicidade do PS. É um programa de completa subversão do Poder Local Democrático e das suas características de pluralidade, participação e transparência. O choradinho, que para aí vai, de José Seguro a criticar o Governo até faz partir as pedras da calçada.
Ao contrário do que os novos detentores do poder nos querem fazer crer o clientelismo, a promiscuidade entre interesse público e privado e a partidarização do aparelho de Estado continuam! Bastaria olhar para as centenas de nomeações já feitas, e muitas ainda estão escondidas, nestes dois meses ou para as nomeações para a administração da Caixa Geral de Depósitos, mas também para as opções da privatização do BPN para se afirmar que nada se alterou e nada se alterará como está bem patente na hipócrita proposta de lei que altera o estatuto do pessoal dirigente da Administração Pública.
Neste âmbito, o que se desenvolve em nome da crise, da poupança, da eficácia, da modernização do aparelho de Estado e enquanto colocam o Estado ao serviço das clientelas políticas e dos grandes interesses é um fortíssimo ataque contra os direitos dos trabalhadores da Administração Pública e os serviços públicos. Ainda 5ª feira passada vimos o seráfico Ministro das Finanças, com aquela frieza e sinistra crueldade do negociante avaro, sem ânimo nem sentimentos, a anunciar mais despedimentos, mais reduções de salários e pensões, congelamento de progressões, as maiores enormidades sociais. O homem cada vez que abre a boca é para anunciar mais impostos, novas injustiças e cortes sociais.
Um ataque que tem sido generalizado e que nestes últimos tempos se alargou também de forma inadmissível à instituição militar e às Forças de Segurança para criar a ideia no povo de que ali se vive num verdadeiro regabofe. Quase todos os dias se fazem difundir notícias sobre milhões de dívidas por parte da instituição militar, bem como pela PSP e GNR. Milhões que faltam para satisfazer compromissos com vencimentos e pessoal.
Nada disto é inocente. Este disseminar de notícias visam não só criar a ideia da eminente ruptura financeira do Estado, para continuar a surfar na onda das medidas de austeridade, mas particularmente para encobrir as práticas sistemáticas de sub-orçamentação e de inaceitável liberalismo na aquisição de equipamentos de centenas de milhões de euros que não correspondem às prioridades nacionais.
Se há problemas nestas instituições, eles são o resultado de se fazerem leis para calar a boca ao descontentamento, mas que não se cumprem. Se existe justa insatisfação é porque se pretende tratar de forma igual aquilo que é diferente e, por isso, estas instituições vêem-se hoje metidas num colete-de-forças com graves consequências para o seu funcionamento, operacionalidade e coesão.
Sim, é possível poupar nestas áreas, desde logo nos compromissos assumidos com a NATO e os objectivos hegemónicos dos Estados Unidos da América.
É preciso e indispensável erguer uma forte e robusta barreira de resistência e de luta perante cada uma das medidas anunciadas, dar combate a cada uma das decisões impostas, derrotar cada um dos projectos de assalto a direitos e conquistas sociais. Mas é também necessário e indispensável inscrever como objectivo geral dos trabalhadores e do povo a luta pela rejeição do pacto de agressão e submissão! Rejeitá-lo constitui um imperativo nacional, um objectivo patriótico indispensável à defesa da dignidade e das condições de vida dos portugueses e da soberania nacional.
Criar e desenvolver um amplo movimento popular de exigência de rejeição por parte das instituições nacionais do acordo ilegítimo subscrito com a União Europeia e o FMI, é este o objectivo que o PCP apresenta ao país e em torno do qual apela à mobilização de todos os trabalhadores, de todos os democratas e patriotas para que não se resignam perante o rumo de declínio económico e de empobrecimento dos portugueses.
Um apelo a todos os que confiam nas energias, recursos e capacidades do povo e do país para construir um Portugal mais desenvolvido, justo e soberano e que não aceitam que o país seja transformado num mero protectorado sujeito às decisões e interesses colonizadores das principais potências europeias.
Daqui nos dirigimos aos trabalhadores e ao povo português para que, pela sua acção, convergência e luta, construam e ampliem uma vasta corrente de protesto e de luta que inscreva como objectivo central da sua acção e mobilização a rejeição por Portugal do pacto de agressão e submissão que União Europeia e FMI querem impor com a cumplicidade de PSD, CDS e PS.
O programa do governo que integra o programa da troika de agressão e submissão, atingindo todas as camadas e classes antimonopolistas tem um eixo central: aumentar a exploração dos trabalhadores. No seu programa estão os velhos objectivos dos grandes interesses capitalistas. Velhos e requentados objectivos duma direita política e económica que, do ponto de vista de classe, nunca se conformou com as parcelas do domínio perdido face aos avanços e conquistas sociais alcançados por muitas lutas antes e depois de Abril, antes e até à sua consagração constitucional.
Temendo que os trabalhadores assumam a consciência dos perigos, sacudam o matraquear da ideologia das inevitabilidades e transformem a indignação e a revolta em luta, vem o Governo fazer cínicos apelos à concertação e ao diálogo.
Quando falam em diálogo pensam em verbo-de-encher. Quando proclamam a concertação pensam na resignação dos trabalhadores e das suas organizações. Mas o que mais temem é essa força social imensa que em movimento e em luta faz mover o que parece inamovível.
Travando a luta concreta por objectivos concretos, por mais pequena e modesta que seja, ela flui e conduz à convergência. Transformando as muitas lutas em luta maior, portadora de interesses e aspirações concretos, num novo patamar de exigência de ruptura com esta política e de mudança necessária no rumo de justiça social, do progresso e do desenvolvimento, e de afirmação patriótica que reforce os alicerces da soberania nacional.
Os trabalhadores sempre foram o motor do desenvolvimento de lutas. Daqui saudamos a CGTP-IN pela sua afirmação e determinação, fiel aos seus princípios que recusando colaborar ou ser mera espectadora face ao assalto aos direitos e aos bolsos dos trabalhadores se posiciona como força que mobiliza e organiza os trabalhadores portugueses. A decisão de convocar para o dia 1 de Outubro uma grande acção nacional de luta assume assim uma importância crucial. Lá estaremos.
A dimensão da diversidade e profundidade da ofensiva exige muita acção e muita luta dos trabalhadores, mas ela terá tanto mais êxito se as novas gerações forem convocadas para serem protagonistas do seu próprio futuro, se as populações não permitirem ser expropriadas do seu direito aos serviços públicos, se os reformados e as pessoas com deficiência defenderem as suas reformas e pensões, a sua dignidade, o seu direito à saúde. Se os intelectuais e quadros técnicos assumirem o seu peso na sociedade. Se os elementos das Forças Armadas e das Forças de Segurança exigirem respeito pelos seus estatutos e pelos seus direitos, se os micro, pequenos e médios empresários e agricultores lutarem contra a ruína, se os democratas e patriotas transformarem as suas inquietações em acção, então estaremos a construir um caminho novo e a alternativa que salve os portugueses e Portugal deste rumo de injustiças e de declínio nacional.
Daqui saudamos as muitas lutas em curso. A luta dos trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, a luta dos trabalhadores da TNC, das populações em torno da defesa dos serviços públicos, da saúde, dos transportes, dos correios. Daqui saudamos as recentes lutas dos Vitivinicultores do Douro, lutas organizadas pela AVIDOURO e pela CNA, contra o roubo do direito a produzirem mais 25 mil pipas de Vinho Generoso/ Porto. Lutas por melhores preços à produção dos seus vinhos e lutas pela reivindicação, ao Governo, de um Plano de Emergência para apoiar a “Região Demarcada do Douro”. Estas e muitas outras lutas em defesa dos interesses populares.
Diz Passos Coelho que isto ainda agora começou. Pois então vai ter de contar com o começo e o crescendo da luta dos trabalhadores e do povo.
Um sentido geral de exigência da rejeição do programa de agressão e submissão e deste caminho de declínio é inseparável da afirmação de exigência de ruptura com eles e de apresentação aos trabalhadores, ao povo e ao país de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, capaz de responder aos problemas mais imediatos e de sustentar um outro rumo de desenvolvimento.
Uma política alternativa, patriótica e de esquerda que contrapõe ao Pacto de submissão e ingerência a solução da imediata renegociação da dívida pública – envolvendo prazos, taxas de juro e montantes – numa atitude que combata a sujeição do país às imposições da especulação financeira e da rapina dos recursos nacionais e abra espaço ao relançamento do desenvolvimento do país.
Uma política patriótica e de esquerda virada para a promoção da produção nacional e do emprego que: valorize a agricultura e as pescas e promova um programa de industrialização do país; valorize o mercado interno com a indispensável elevação dos salários, pensões de reforma e rendimentos da população; reforce o investimento público orientado para o crescimento económico, defenda e reforce o sector empresarial do Estado nos sectores básicos e estratégicos, nomeadamente na banca; apoie as MPME designadamente por via do controlo dos custos dos principais factores de produção e do financiamento público.
Um política para afirmar e defender as funções sociais do Estado e os serviços públicos, para assegurar uma Escola Pública de Qualidade e para todos, um Serviço Nacional de Saúde gratuito e universal, uma Segurança Social pública e solidária.
Estas propostas do PCP assentam num princípio fundamental: o direito do povo português a ser dono do seu próprio destino. Esta é uma questão central dos dias de hoje. Central porque, como sempre afirmámos e como a situação o demonstra, a luta pela defesa e conquista dos direitos sociais e laborais, as batalhas pelo direito ao progresso, ao desenvolvimento e à paz, por transformações democráticas, progressistas e revolucionárias, são indissociáveis do exercício pelos povos dos seus direitos de soberania, do direito e da missão que temos de «fazer nós por nossas mãos / tudo o que a nós nos diz respeito». Esta consigna assume no presente particular importância.
O capitalismo está mergulhado numa das mais profundas crises da sua história. As suas contradições e limites históricos são por demais evidentes. Estamos, como previmos há muito, perante um rápido e violento aprofundamento da crise sistémica e estrutural do capitalismo.
Perante as derrotas do socialismo na altura disseram-nos que a luta de classes estava enterrada, que a nossa ideologia e o nosso projecto de sociedade estavam mortos, assim como estava o nosso Partido e o movimento comunista. Respondemos-lhes então que estavam enganados, que confundiam desejos com realidades. Dissemos-lhes que a realidade nos daria razão ao demonstrar que, com o campo aberto para o seu domínio hegemónico, sem a força dos países socialistas, o capitalismo haveria de aprofundar a sua própria crise e demonstrar a necessidade da sua superação revolucionária.
Afirmámos então que os tempos vindouros não seriam de justiça, liberdade, progresso e paz, mas de maior exploração, mais opressão e guerra. E hoje aqui estamos para lhes dizer que estas duas décadas, e particularmente os dias de hoje, mandam para o caixote do lixo da História toda a patranha do capitalismo triunfante e do fim da História. Hoje dizemos-lhes: tínhamos e temos razão! E já não somos apenas nós que o dizemos, outros o afirmam em artigos que correm o Mundo: «Marx tinha razão». E de facto assim é, a realidade e a História demonstram a validade da análise e das teses do marxismo-leninismo e demonstram como é insustentável este sistema capitalista e como o Socialismo fez e faz falta ao Mundo.
Mas, tal como Lenine nos recordou no seu tempo, por mais profunda que seja a sua crise, o capitalismo não cairá por si, só será possível derrotá-lo e superá-lo coma luta diária e concreta e a tomada de consciência das massas.
Num quadro de evidente declínio das principais potências capitalistas, as contradições inter-imperialistas aprofundam-se, ao mesmo tempo que as placas tectónicas da geopolítica e da economia mundial deslizam em movimentos cuja resultante só a luta dos povos poderá determinar definitivamente. Os perigos de uma resposta de força do sistema são já visíveis. Aí estão mais uma vez fenómenos que conhecemos bem da História como as tentativas de reabilitação do fascismo, a intensificação do anticomunismo, a perseguição a quem não cala e não se submete, o colonialismo e… a guerra. A guerra imperialista que tem nestes dias o seu expoente máximo no tremendo crime que a NATO, com o beneplácito de um Conselho de Segurança das Nações Unidas ao serviço do imperialismo, está a cometer na Líbia.
Uma guerra sem vergonha ditada, não pela defesa dos direitos humanos ou de mais democracia, mas por interesses económicos, sustentada numa poderosa campanha de desinformação e mentiras e que transporta para o Século XXI o velho colonialismo, com massacres atrás de massacres e em que o saque é feito às claras, discutido nas televisões e propagandeado.
Simultaneamente o sistema responde à sua crise com uma acelerada concentração e centralização de poder económico e político e com uma ofensiva anti-social sem precedentes na História do pós-guerra.
Exemplo claro disso é a situação União Europeia. Olhamos à nossa volta e o que vemos? Uma União Europeia em profunda crise e decadência, com a soberania, identidade e riqueza social e cultural dos seus povos esmagados por um violento processo de acumulação capitalista. Vemos uma União Europeia fechada ao Mundo, qual potência imperial, militarista e intervencionista com políticas que fazem lembrar os tempos idos do colonialismo. Olhamos e vemos como o capital e as instituições da União Europeia se lançam num processo de retrocesso social, num ajuste de contas com os avanços sociais protagonizados pela luta dos trabalhadores e dos povos da Europa, numa visão repressiva e anti-democrática e na imposição da ditadura dos ditos “mercados”.
Hoje são já muitos os que nos dão razão quando afirmamos que a União Europeia e a União Económica e Monetária não servem nem os interesses do nosso povo nem os interesses e aspirações dos povos da Europa.
Hoje é já impossível esconder a realidade. A União Europeia e o Euro não foram um escudo contra a crise porque as suas políticas estão na origem da crise. O que está em curso é nada mais nada menos que uma gigantesca fuga em frente, cuja única orientação é salvar os lucros do grande capital, defender os interesses das grandes potências, com destaque para a Alemanha, e tentar salvar o Euro por via da imposição de relações económicas e políticas de tipo colonial no espaço da União Europeia.
Mas àqueles que, borrifando-se nos direitos e nas condições de vida do nosso povo, insistem na defesa e aplicação das medidas de austeridade, na governação económica, no pacto para o Euro, no Tratado de Lisboa, entre outros, dizemos que essas medidas apenas resultarão num aprofundamento da crise e na abertura de novas brechas no chão da integração capitalista da Europa.
Desta tribuna dizemos a todos esses que não caímos nas ratoeiras do discurso de “mais União Europeia para ultrapassar a crise” e que vamos intensificar a luta por uma outra Europa dos trabalhadores e dos povos. Uma Europa que defenda a democracia, a justiça social, a soberania dos povos, a real cooperação e solidariedade entre estados soberanos e iguais em direitos e deveres.
É essa a Europa pela qual nos batemos e nos vamos continuar a bater com propostas e luta! Essa é a nossa principal responsabilidade internacionalista. Defender os interesses do nosso povo e prosseguir na luta pela alteração da correlação de forças que permitirá abrir novas avenidas no desenvolvimento das sociedades.
Vivemos ainda um período de resistência e acumulação de forças onde é fundamental não claudicar ou hesitar um segundo que seja. São tempos em que o papel dos Partidos Comunistas se assume como fundamental para fazer avançar o motor da História e não permitir que da crise do capitalismo resultem ainda maiores retrocessos. Tempos em que a unidade na acção, a cooperação e a solidariedade entre os Partidos Comunistas e entre estes e outras forças progressistas assumem importância central para o fortalecimento e consolidação do movimento comunista e da frente anti-imperialista.
Vivemos tempos de intensa luta, de dura mas apaixonante luta que nos demonstra todos os dias as reais possibilidades de avanços progressistas e mesmo revolucionários. É a essas lutas que vamos buscar energia, inspiração e confiança. Às nossas lutas e às lutas dos trabalhadores e dos povos que se intensificam. Somos comunistas, somos patrióticos e internacionalistas. Queremos, ao assumir o compromisso de prosseguir e intensificar a nossa própria luta, saudar simultânea e calorosamente as lutas dos trabalhadores e dos povos por esse Mundo fora. Neste palco estão muitos dos protagonistas dessas lutas. Estão muitos daqueles que nos seus países se assumem como a vanguarda.
Saudamos os Partidos que num quadro difícil prosseguem a luta pelos direitos nacionais dos seus povos, seja na Palestina, no Sahara Ocidental ou no Chipre, a quem desta tribuna enviamos um especial abraço solidário, e a todos aqueles que resistem às provocações, ingerências e guerras do imperialismo, com um particular destaque para os povos do Mundo Árabe.
Saudamos os Partidos Comunistas e progressistas da Europa que resistem à ofensiva do capital e que como na Grécia, em França, em Espanha, na Itália, na Irlanda ou nos países de Leste, entre outros, têm protagonizado importantes jornadas de luta pelos direitos dos trabalhadores e dos seus povos.
Queremos também saudar todos aqueles que estando em luta, representam já a esperança num futuro de progresso, paz e cooperação entre os povos. Como não poderia deixar de ser, enviamos deste palco um imenso abraço solidário aos povos e aos Partidos Comunistas e forças revolucionárias e progressistas da América Latina cuja acção, de Cuba à Venezuela, da Bolívia ao Chile, inspira e transmite confiança e alento.
A todos eles, a todos vós, queremos nesta Festa do “Avante!” confirmar a nossa solidariedade e amizade. E a todos queremos confirmar que podem contar com este Partido Comunista Português.
A realidade difícil dos dias de hoje dá ainda mais razão às prevenções, aos alertas e à luta do PCP ao longo dos anos. A realidade dos nossos dias coloca com toda a actualidade o papel decisivo do Partido Comunista Português, da sua intervenção mobilizadora, da ruptura que propõe, das suas propostas e projecto. O PCP é a força necessária e insubstituível no combate e oposição à política de direita, na mudança que se impõe e na construção da alternativa.
Somos um grande Partido, com uma intervenção sem paralelo, cumprimos o nosso papel mas, face às grandes exigências da situação, assentes na identidade comunista que nos afirma e diferencia, conscientes desta força imensa, precisamos de um Partido mais forte. Dar mais força ao PCP, organizar para a intervenção, a luta e a afirmação do projecto de uma sociedade mais justa, é uma necessidade.
A afirmação do ideal e projecto comunistas, a dinamização da intervenção partidária, o desenvolvimento, alargamento e intensificação da luta de massas, são questões essenciais presentes no objectivo de um PCP mais forte, que só é possível de concretizar com um trabalho permanente, paciente e determinado.
Reforço do Partido também no plano eleitoral designadamente nas próximas eleições legislativas regionais da Madeira, em Outubro, onde, a par de Os Verdes e de democratas independentes, com a CDU, os comunistas madeirenses estão empenhados em reforçar posições com os trabalhadores e a população da Madeira.
Estamos a fazê-lo e vamos continuar em diferentes e integradas linhas de trabalho como o reforço da capacidade de direcção, a responsabilização de quadros e a sua preparação política e ideológica, o reforço da intervenção e organização junto da classe operária e dos trabalhadores, nas empresas e locais de trabalho, o fortalecimento e dinamização das organizações de base. Vamos continuar com a organização do trabalho junto de classes e camadas sociais antimonopolistas, o recrutamento e integração de novos militantes, a elevação da militância, a difusão da imprensa e da propaganda partidária, o alargamento da recolha militante de fundos condição indispensável para a actividade e independência do Partido.
Daqui, da Festa do Avante!, afirmando a necessidade de continuar e intensificar a acção “Avante! Por um PCP mais forte”, saúdo as organizações e membros do Partido pela sua dedicação e militância, dignos de uma história heróica de nove décadas cujo significado se projecta na luta de hoje e do futuro. Saúdo a JCP, a Juventude Comunista Portuguesa, a sua intervenção, o seu papel e combatividade.
Neste ano do 90º Aniversário do Partido Comunista Português dirijo-me particularmente aos jovens, às novas gerações. Vós que aqui estais aos milhares e milhares neste extraordinário comício, que sois atingidos nos vossos direitos e interesses pela política de direita ao serviço da exploração capitalista, tendes nas vossas mãos, na força das vossas ideias, da vossa luta, a possibilidade de contribuir para combater e derrotar a política de desastre nacional e abrir os caminhos do futuro.

Tendes nas vossas mãos com todos os trabalhadores e o povo de que fazeis parte a perspectiva de uma vida e de uma sociedade diferentes. Lutai por ela com a vossa criatividade, com as vossas convicções, com a força da luta de todos. A vossa opção pelo Partido Comunista Português, significa tomar partido pela justiça e o progresso social, por uma sociedade mais justa.
Levai mais longe esse apelo, para que mais e mais se juntem ao PCP, concretizando essa opção e resposta de intervenção e confiança indispensável nos dias em que vivemos. A necessidade da derrota do programa de submissão e agressão, a urgência da ruptura com a política de direita e de abdicação nacional, de uma alternativa e de uma política patriótica e de esquerda, da democracia avançada e do socialismo é evidente.
Nesta exigente situação internacional e nacional, o PCP age e prepara-se para agir. Cumpre o seu papel para com os trabalhadores, o povo e o País, assegura os seus deveres internacionalistas, luta pela alternativa que cada vez mais se impõe ao capitalismo, o ideal e projecto comunista de uma sociedade nova livre da exploração e da opressão, levanta e levantará bem alto a bandeira da liberdade, da democracia e do socialismo.
Duros combates? Sem dúvida. Dificuldades? Muitas. Perigos? Imensos. Mas as possibilidades, a confiança no Partido, nos trabalhadores e no povo dão-nos muita força, muita esperança, muita coragem de que sim, é possível encetarmos um caminho novo e a luta redobrada por um futuro melhor.

sábado, 3 de setembro de 2011

 

Intervenção de António Filipe na Assembleia de República





Serviços de Informações não podem violar direitos constitucionais dos cidadãos



Declaração política
António Filipe

31/08/2011

Senhora Presidente,

Senhoras e Senhores Deputados,

Os Serviços de Informações da República estão de novo na agenda política pelas piores razões. Não é a primeira nem a segunda vez que a credibilidade destes Serviços é posta em causa na praça pública, mas nos últimos meses, as notícias vindas a público através da comunicação social quanto a actuações ilegais e ilegítimas por parte do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa sucedem-se e assumem particular gravidade.
Primeiro foram as notícias de que o SIED, em vez de trabalhar única e exclusivamente ao Serviço do Estado Português, trabalhava para empresas privadas, fornecendo-lhes informações estratégicas para a sua internacionalização. Depois, foi a transferência do Director do SIED para a empresa Ongoing, levando para a actividade empresarial um conhecimento e uma experiência de mais de duas décadas nos Serviços de Informações. Depois, foi a notícia de que o mesmo ex-Director, após a sua transferência para o mundo empresarial, terá mantido um relacionamento ilegal com os Serviços de Informações que configura no mínimo, conforme foi publicamente admitido pelo Conselho de Fiscalização do SIRP, uma violação de deveres funcionais. Agora, no epicentro de uma turbulência relacionada com eventuais danças de cadeiras lamentável mas recorrentemente associadas à alternância dos partidos da troika no exercício do poder, somos confrontados com a notícia de que o SIED se ocupou em devassar ilegalmente as comunicações telefónicas do jornalista Nuno Simas com o propósito de detectar eventuais fugas de informação de dentro dos próprios Serviços.
Tudo isto, mas muito especialmente este último facto, ultrapassa os limites do tolerável e exige da parte das instituições democráticas uma atitude firme de defesa do Estado de Direito e dos direitos fundamentais dos cidadãos.
Temos de ser muito claros a este respeito, e dizer três coisas.
Há que dizer em primeiro lugar, o óbvio: os Serviços de Informações não podem, em caso algum, ter acesso a dados de comunicações telefónicas dos cidadãos. Essa prerrogativa é exclusiva das autoridades judiciárias em processo criminal e reveste particulares cuidados de adequação e controlo. Se os Serviços de Informações, como tudo indica, tiveram acesso aos dados telefónicos do jornalista Nuno Simas, estamos não apenas perante uma ilegalidade cometida por esses Serviços, mas perante um ilícito criminal que não pode deixar de ser investigado e cujos autores não podem deixar de ser responsabilizados até às últimas consequências. Está em causa a idoneidade dos Serviços de Informações; está em causa a privacidade dos cidadãos; está em causa a liberdade de imprensa; está em causa a credibilidade do Estado Democrático.
Em segundo lugar, este escândalo tem de ser cabalmente esclarecido perante o país com total transparência e não é legítimo invocar o secretismo inerente aos Serviços de Informações para ocultar actuações ilegais desses Serviços. A actividade de recolha de informações e as informações recolhidas no âmbito dessa actividade estão a coberto do Segredo de Estado. Mas a garantia dos cidadãos de que os Serviços de Informações não recorrem a métodos ilegais e não incorrem em actuações violadoras dos direitos fundamentais dos cidadãos, tem de ser dada com toda a transparência.
Perante tudo o que estamos assistir, não há hoje um único cidadão português que ponha as mãos no fogo pela legalidade da actuação dos Serviços de Informações e esse problema só é resolúvel se houver um esclarecimento público cabal sobre as ilegalidade cometidas e se forem criados mecanismos que garantam com razoável segurança que tais ilegalidades não se repitam no futuro.
A este respeito, os indícios não são animadores. A recusa do Primeiro Ministro em facultar à Assembleia da República as conclusões da averiguação que solicitou sobre o caso que envolve o ex-director Silva Carvalho, com a invocação do Segredo de Estado, e a recusa pelos partidos da maioria em fazer depender a audição do Secretário Geral do SIRP e do Director do SIED da conclusão de averiguações cujas conclusões serão provavelmente ocultadas com igual invocação do Segredo de Estado, são péssimos sinais quanto a uma real vontade política de esclarecer todos estes casos.
Existe hoje a convicção fundada dos cidadãos de que os Serviços de Informações não respeitam a lei e funcionam em roda livre com a “complacência activa” do poder político (para usar uma expressão ontem inventada pelo Ministro da Defesa Nacional). Perante uma situação destas, a obrigação das instituições democráticas é mostrar claramente que o seu propósito é defender os cidadãos de práticas ilegais dos Serviços e não defender os Serviços do escrutínio democrático dos cidadãos.
Em terceiro lugar, é preciso dizer que estes factos demonstram a absoluta falência do modelo de fiscalização dos Serviços de Informações que a troika partidária PS/PSD/CDS instituiu. Não há nesta afirmação qualquer processo de intenções ou qualquer juízo de valor quanto à idoneidade pessoal de quem, ao longo dos anos, tem vindo a integrar o Conselho de Fiscalização do SIRP. O que dizemos é que o modelo de fiscalização instituído está muito longe de garantir ao Parlamento os meios de intervenção necessários para investigar denúncias de actuações ilegais dos Serviços de Informações e para prevenir a ocorrência de tais factos.
Se perante a denúncia de que os Serviços de Informações devassaram as comunicações telefónicas de um cidadão, jornalista, sem que o Conselho de Fiscalização tenha podido detectar tamanha ilegalidade, a Assembleia da República se vê impedida de esclarecer o caso, porque as matérias relacionadas com os Serviços de Informações estão a coberto do Segredo de Estado e a Assembleia da República não tem meios legais para ultrapassar a invocação do Segredo de Estado por parte do Governo, estamos perante dois problemas graves: a potencial impunidade dos Serviços de Informações quando actuam à margem da lei e a ineficácia do Parlamento enquanto órgão fiscalizador da actuação do Governo.
A discussão sobre esta questão está já agendada para o próximo dia 8, quando for aqui discutido o projecto de lei do PCP sobre a fiscalização do SIRP e o acesso da Assembleia da República ao Segredo de Estado. Não queremos antecipar essa discussão, mas temos de chamar a atenção para a grave responsabilidade que impende sobre o Parlamento nesta matéria.
O que hoje queremos deixar muito claro é que as acusações que hoje existem quanto a actuações ilegais do SIED são gravíssimas e não podem deixar de ser investigadas em sede política e em sede criminal; que os cidadãos têm o direito de saber o resultado dessas investigações e as suas consequências; que a Assembleia da República deve usar todos os meios de que dispõe para esclarecer este caso até ao fim e tem o dever de criar mecanismos legais que permitam o cabal exercício dos seus poderes constitucionais; e que a saúde do regime democrático exige garantias suficientes de que os Serviços de Informações se conformem com a lei e não incorram em práticas violadoras dos direitos constitucionais dos cidadãos.
Disse.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP

Abertura da Festa do «Avante!»



Jerónimo de Sousa, na abertura da 35ª Festa do “Avante!”, saudou os milhares de homens, mulheres e jovens participantes nas jornadas de trabalho militante de uma Festa que se realiza no momento em que o Governo desencadeia e aplica medidas que se sucedem em avalanche contra os trabalhadores, as populações e todas as classes e camadas antimonopolistas.
A todos saudamos pela presença na 35ª edição da nossa Festa, edificada a pulso por muitos milhares de participantes nas jornadas de trabalho militante. A pulso mas com uma alegria imensa de homens, mulheres e jovens livres de pensamento mas animados por valores solidários, por um ideal que dá expressão ao sonho avançado da sociedade que projectamos e pretendemos construir para o nosso país e o nosso povo.
Festa incomparável, distintiva na forma como é erguida neste reencontro da política com a arte, a cultura, o desporto, com as regiões, com a gastronomia, o convívio fraterno, com a juventude, que sendo uma festa dos comunistas é uma festa do povo, que sendo uma festa solidária haveria de ser e será uma festa de solidariedade internacionalista com os trabalhadores e os povos que resistem e lutam. Honra-nos muito que meia centena de delegações internacionais estejam presentes na nossa Festa do «Avante!».
Esta Festa tem uma outra dimensão, um carácter e um valor acrescido quando nos confrontamos com uma dura realidade nacional, com uma situação vincada pela violenta ofensiva política, económica, social e cultural e contra a soberania nacional, quando a toque de caixa da troika estrangeira e do seu programa de agressão e submissão, o Governo PSD/CDS acolitado pelo PS desencadeia e aplica medidas que se sucedem em avalanche contra os trabalhadores, as populações e todas as classes e camadas antimonopolistas.
Festa de homens, mulheres e jovens de um partido que se contagiam por uma corrente de confiança e que não se submetem à ideologia das inevitabilidades com que massacram os ouvidos dos portugueses todos os dias difundidas à vez, ora pelos centros e agências de informação, ora pelos governantes, ora por essas picaretas falantes, comentadores ao seu serviço.
Há momentos em que é preciso dizer não! Dissemos não ao programa de agressão e rejeição imposto pela troika estrangeira, acordado e executado pelo trio PS, PSD e CDS. Nem lá fomos dar o aval a uma troika sem legitimidade, que já tinha o seu pacote pronto como comida mastigada. Dizemos não, não por teimosia mas com base numa análise objectiva, com a certeza que a não ser travado tal Programa, as injustiças sociais, o desemprego e a pobreza atingirão cada vez mais portugueses, a recessão económica, agravar-se-á e o país andará para trás. Assim foi, assim está a ser! Os seus mentores e executantes tinham tanta consciência disso que já lançam a ideia que afinal este calvário de sacrifícios e de austeridade não é só até 2013. Será para 2013, 2014, 2015 e depois logo se vê.
Aos que nos querem vender os sacrifícios como inevitáveis, aos que nos dizem que isto é mau mas é necessário, nós dizemos: estamos mal agora para ficar pior mais adiante. O corte no subsídio de natal, o congelamento dos salários e das pensões, o aumento dos impostos, o aumento do desemprego, a falência de quase 3 mil empresas nestes primeiros 6 meses do ano e a recessão económica são a prova provada que não estamos a sair da crise mas a assistir ao seu agravamento.
O Governo PSD/CDS não faz o que faz por sadismo. Faz porque está na sua natureza, na sua ideologia, na sua identificação com a troika estrangeira e com os interesses dos poderosos ainda por cima com as costas quentes pelo colaboracionismo do PS.
Os exemplos do chamado programa de emergência social ou do “passe social +” põem de forma mais crua a ideologia do Governo em que se procura substituir o Estado com preocupações sociais pelo estado assistencialista. Primeiro criam a pobreza e aumentam o número de pobres, depois a partir do estado de pobreza avançam com medidas parcelares, recuperação do conceito da “sopa do Sidónio”, do medicamento fora do prazo que sendo para pobre não interessa a consequência, mesmo nas cantinas de refeição para pobres dispensa-se a fiscalização da ASAE (é para pobre não interessam as condições de saúde e higiene).
No “Passe Social +”, para o rendimento das famílias não contam os filhos! E só falta qualquer dia meterem uma braçadeira de cor negra no pobre, uma amarela nos que correm o risco de o ser, ou um chip para definir quem tem direito a esmola.
A solidariedade para com os mais pobres e mais vulneráveis é uma valor humano! Mas os pobres que agradecem essa solidariedade têm como anseio das suas vidas deixarem de ser pobres e serem tratados como cidadãos com dignidade, com emprego, com salários e com direitos!
Em nome da crise, ou do Programa da troika, PSD e CDS levarão o mais longe possível a sua política de afundamento do país, farão da vida de muitos portugueses um inferno e depois quem vier atrás que feche a porta.
Não nos conformamos. Não aceitamos o quanto pior melhor. Há um caminho alternativo. Há uma política alternativa, patriótica e de esquerda, renegociando a dívida em que estamos atolados, defendendo e modernizando o nosso aparelho produtivo e aumentando a nossa produção nacional, respeitando e valorizando os salários e os direitos dos trabalhadores, parando com as privatizações, com os privilégios e os benefícios para a banca e os grupos económicos e apoiando antes as micro, pequenas e médias empresas, onde residem mais de 80% dos empregos no país e afirmar a nossa soberania nacional. Sim, sabemos que é um caminho que está por construir. Uma construção que é possível com acção, com luta concreta e convergente.
Os detentores do poder, do privilégio e das fortunas colossais acharão que isto é uma heresia. Mas essa imensa maioria de milhões de portugueses que estão a ver o seu país a sangrar em vida, atingidos e sufocados por mais cortes, mais sacrifícios, menos direitos no trabalho, menos salário, menos reforma, menos saúde, menos educação – que já questionam porquê, para quê e para quem estes sacrifícios, quando partindo dos seus próprios problemas e aspirações ganharam a consciência que pode haver e há saída, uma política e um rumo diferentes, partindo da luta concreta para a luta convergente – então sim, é possível libertarmo-nos do jugo das inevitabilidades e alcançar uma vida melhor.
E, se todos os que são vítimas desta política e deste programa de agressão e submissão são necessários a essa luta, permitam-me uma palavra à juventude e às novas gerações. Àqueles que nasceram pouco tempo antes ou depois de Abril.
Novas gerações que cresceram entendendo a liberdade e a democracia tão naturais como o ar que respiram.
Novas gerações que a política de direita tem condenado à mais brutal exploração com a desvalorização do trabalho e que vê, de forma sistemática, os seus parcos salários serem puxados para baixo sob o efeito da enorme precariedade e do elevado desemprego juvenil, hoje com uma taxa de 27%.
Novas gerações que esta política condena também a uma vida dependente e com acrescidas dificuldades em começar e manter a sua própria vida e família.
Novas gerações que vão ver agravados todos os seus problemas com o programa do governo e da troika, não apenas no domínio do trabalho, mas também nos da educação e do ensino, e na habitação.
Novas gerações que serão as primeiras vítimas do plano de ataque global aos direitos laborais dos trabalhadores portugueses e que o actual governo de Passos e Portas acaba de relançar com a apresentação da proposta de lei dos despedimentos.
Os direitos sociais no capitalismo nunca são perenes. Ganham-se e perdem-se. Nunca são dádivas e muito menos legados doutras gerações. Conquistam-se e defendem-se pela luta dos próprios em cada época concreta.
Às novas gerações está colocada a questão de saber se aceitam uma política que lhes nega o futuro ou se se assumem com força transformadora, lado a lado com outras gerações, como obreiros das suas vidas e da sua felicidade. A vossa luta não é delegável mas pode e deve ser convergente.
Dia 1 de Outubro, na grande jornada nacional convocada pela CGTP-IN, a presença e voz das novas gerações será força de exemplo e garantia que a luta continua.
Aqui estamos com todas as inquietações e preocupações que resultam da situação em que vivemos, aliadas a esta determinação e confiança que nos caracteriza, confiança em que o Partido é chamado às mais altas responsabilidades e aos seus compromissos com os trabalhadores e o povo português. Partido que nesta época que vivemos honra a sua história e o seu percurso. Partido que precisa de ser mais forte, mais influente e preparado para todos os combates que aí estão e se avizinham. Um partido que edifica esta Festa dá-nos confiança e até coragem para fazer frente ao que aí vem!
Vamos a isto camaradas!