quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

BES - "Cada vez mais se torna claro quem andou a viver acima das possibi...

Vergonha nacional

                                                         
Os recentes acontecimentos na área da Saúde constituem um atentado aos direitos humanos e um crime que nos envergonha como País europeu, quer pelas repetidas ocorrências de vítimas mortais nos serviços de urgências hospitalares, quer pela displicência com que os responsáveis pelo ministério da Saúde tentaram atabalhoadamente explicá-las invocando razões que a razão desconhece.
A gestão do Serviço Nacional de Saúde deve pautar-se por critérios de exigência e bom senso, pois a Saúde, bem essencial ao ser humano, não pode ser encarada como mero negócio sujeito às leis do mercado da oferta e da procura e nem todos têm a disponibilidade de alguns para acederem aos serviços privados.
A situação atual tem causas e autores e nas primeiras radicam a falta de investimento pelo atual e anteriores governos na área, o encerramento indiscriminado de valências hospitalares, Centros de Saúde e suas extensões, a falta de médicos de família, a eliminação de camas nos hospitais, o constante aumento das taxas moderadoras, a emigração de milhares de profissionais, médicos e enfermeiros, deixando os que cá permanecem a braços com condições de trabalho degradantes e sem poderem prestar cabalmente os cuidados médicos a que constitucionalmente os utentes têm direito; em relação aos autores, eles situam-se na equipa liderada pelo ministro que se encontra refém da ministra das finanças e das orientações governativas não permitindo exercer o mandato a que está obrigado e, nessa conformidade, resta-lhe um honesto pedido de demissão, pois está a contribuir para a destruição do Serviço Nacional de Saúde com as danosas consequências que daí advêm para toda a população portuguesa cumulativamente enfrentando uma crise que não provocou e cujos custos continuam a ser injustamente repartidos e agravados na área da Saúde em virtude de todos os obstáculos colocados no acesso à prestação de cuidados médicos no Serviço Nacional de Saúde, provocado o falecimento de muitos utentes.
A figura triste representada pelo ministro ao afirmar e depois desmentir que tinha solicitado a colaboração do sector privado para disponibilizar camas, facto negado por um dos administradores da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada que afirmou não ter conhecimento de qualquer pedido nesse sentido e do secretário de estado a tentar passar atestado de menoridade aos que com toda a razão protestam, ficando ele com essa classificação, revela bem o estado a que chegou a gestão do Serviço Nacional de Saúde que deixou de ser criteriosa para se tornar medíocre e criminosa, O atual governo preocupa-se mais com os mercados e os números e menos ou nada com as pessoas, pois é exatamente quando tudo falta que devem ser valorizadas as áreas socialmente imprescindíveis, as Funções Sociais do Estado, aliás, como a Constituição da República Portuguesa assim determina, porque foi edificada por pessoas com outra visão do ser humano.

A mudança de políticas tornou-se uma exigência nacional pois, em última análise, foi com elas que o País chegou ao estado em que se encontra e os portugueses vão ser chamados brevemente, pois por inoperância do mais alto magistrado da Nação não tem sido possível fazê-lo antes, a exercer um dever cívico que, no momento atual, reveste-se de primordial importância e requer profunda meditação e cuidado nas escolhas a seguir para não entrarmos noutro ciclo infernal como o que nos atingiu nos últimos anos. Apesar da gravidade da situação é possível e desejável encarar o futuro com confiança, pois não estamos condenados a viver num País com portugueses de primeira e de segunda. 

Iniciativas


A Direcção da Organização Regional do Porto do PCP divulga e apela à participação nas seguintes iniciativas que irá promover:

Acto evocativo da Revolta de 31 de Janeiro de 1891
Sábado, dia 31, 10 horas, cimo da rua 31 de Janeiro, Porto

Comemoração do 84º aniversário do Avante!
Inauguração de exposição evocativa, seguida de debate com a participação de Manuel Rodrigues, membro da Comissão Política do CC do PCP e director do Avante!
Dia 11 de Fevereiro, 18 horas, Centro de Trabalho da Boavista

Sessão Pública do PCP
Com intervenção de Jerónimo de Sousa, seguida de debate.
Dia 14 de Fevereiro, 15 horas, Auditório Municipal de Gaia

Comício de aniversário do PCP
Dia 14 de Março, 15 horas, Pavilhão da Escola Carolina Michaelis, no Porto

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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A Saúde é um direito, não é um negócio

Acção sobre o Serviço Nacional de Saúde "SNS: direito de todos e não negócio de alguns"
Este é o resultado da política de direita executada por sucessivos governos do PS, PSD e CDS com o objectivo de transferir a prestação de cuidados realizados pelo Serviço Nacional de Saúde para o sector privado. A situação verificada põe em causa o direito à saúde e é consequência das políticas restritivas que têm vindo a ser implementadas nos últimos anos. É urgente o reforço de meios, nomeadamente pela contratação a tempo inteiro dos profissionais necessários – médicos, enfermeiros, assistentes operacionais - recusando soluções precárias com a contratação de serviços a empresas para garantir a resposta necessária a todos os utentes e a defesa do Serviço Nacional de Saúde, contra a política de saúde criminosa que este governo tem protagonizado. Encerramento de valências Hospitalares (maternidades, serviços de urgência e outras) Encerramento de Serviços de Proximidade (Centros de Saúde, Extensões de Saúde, SAP, SASU). Saúde mais cara e menos acessível à população. Falta de auxiliares, assistentes, enfermeiros, médicos e outros terapeutas. Macas de ambulâncias retidas nos hospitais para resolver o problema da falta de camas. Caos nas urgências, com tempos de espera superiores aos limites de segurança do utente, com pessoas que morrem ou agravam o seu estado de saúde à espera de ser atendidas. direito de todos e não negócio de alguns Serviço Nacional de Saúde e pretende aderir ou colaborar com o PCP, preencha os seguintes dados para entrarmos em contacto consigo.
O PCP apela às populações e aos profi ssionais do sector para que lutem em defesa do direito constitucional à saúde, em defesa do Servi- ço Nacional de Saúde, cuja garantia exige a demissão do governo, a ruptura com a política de direita e a concretização de uma política patriótica e de esquerda. Há alternativa - Reforçar o Serviço Nacional de Saúde O PCP considera que é necessário e possível o reforço do Serviço Nacional de Saúde e do seu carácter universal, geral e gratuito. Esta é a única forma de assegurar o real acesso de todos os utentes a cuidados de saúde de qualidade. Por isso, defendemos: gestão pública eficiente, transparente, participada e articulada entre cuidados primários e cuidados hospitalares; eliminação das taxas moderadoras; dotação do SNS dos meios humanos, financeiros, técnicos e logísticos necessários ao seu eficaz funcionamento; fim do modelo de gestão «Hospital Empresa», EPE, as famosas PPP’s que custam milhões aos utentes; fim de todas as formas de emprego precário no sector e a aplicação do vínculo público de nomeação e das carreiras profissionais; reforço do investimento nos cuidados de saúde primários, com o objectivo de dotar todos os utentes do seu médico e enfermeiro de família; criação do Laboratório Nacional do Medicamento; garantia do transporte gratuito dos doentes não urgentes; revogação da portaria 82/2014 e a realização de uma verdadeira reorganização hospitalar que vá ao encontro das necessidades dos utentes
Quarta, 21 Janeiro 2015 19:22
imagemA DORP do PCP inicia esta quinta-feira, por todo o distrito, uma campanha de esclarecimento e mobilização para denunciar a degradação do SNS na região. 
No folheto que será distribuído aos utentes do SNS, esclarece-se que que o direito dos cidadãos à saúde está em causa em resultado "da política de direita executada por sucessivos governos do PS, PSD e CDS", pelo que se exige um urgente reforço de meios para garantir a resposta necessária a todos os utentes e se apela à luta das populações e profissionais do sector em torno da defesa do Serviço Nacional de Saúde.

Em defesa do sector leiteiro

Nota do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP ao PE, Bruxelas

Em defesa do sector leiteiro e da produção nacional


Esta medida apenas pretende satisfazer os objectivos dos grandes países produtores e da grande indústria transnacional de produtos lácteos.
Com o fim deste mecanismo é toda uma fileira que pode estar em causa. A completa liberalização do sector, decidida pela UE e perante a passividade dos governos do PSD-CDS e PS poderá gerar uma situação verdadeiramente liquidatária do que resta deste sector fundamental para a produção nacional, aumentando ainda mais o nosso défice produtivo e a dependência face ao exterior.
Os deputados do PCP no Parlamento Europeu, desde a primeira hora, tudo fizeram para contrariar mais esta decisão profundamente lesiva dos interesses nacionais, dos interesses dos produtores e dos consumidores portugueses. E, ao contrário de outros, não desistem nem baixam os braços!
Por iniciativa dos deputados do PCP no Parlamento Europeu, deputados de vários países e grupos políticos estão a promover uma Declaração Escrita dirigida à Comissão Europeia exigindo:
- A manutenção do sistema de quotas no sector e a revogação da decisão de terminar este sistema já em 2015.
- O estabelecimento de um volume de produção que ajuste a oferta à procura e o estabelecimento de um mecanismo de atribuição do direito à produção para corrigir as situações de discriminação actual.
- E medidas para parar as operações de dumping entre os Estados-Membros, bem como a necessidade de criar instrumentos de regulação dos mercados, garantindo preços justos à produção, tendo em conta o custo dos insumos e dos preços ao consumidor, a fim de garantir uma distribuição justa do valor adicionado ao longo da cadeia de valor acrescentado do sector e evitando a concentração e intensificação da produção adicionada.
A Declaração Escrita foi subscrita por 11 deputados, oriundos de 3 Grupos Políticos e de 9 Estados-Membros: Portugal, Espanha, França, Bélgica, Irlanda, Holanda, Alemanha, República Checa e Finlândia.
Declaração Escrita
1. Nos últimos anos, dezenas de milhares de produtores de leite em toda a UE foram forçadas a abandonar a produção.
2. A situação crítica que atravessa este sector é inseparável da completa liberalização do sector do leite e as soluções apresentadas até à data para combatê-las são manifestamente insuficientes.
3. A Comissão é, portanto, chamada a considerar a necessidade e a urgência: da manutenção das quotas leiteiras, revertendo a decisão de terminar em 2015 e para aumentá-la gradualmente até essa data; de estabelecer um volume de produção para ajustar a oferta à procura e estabelecer um mecanismo de atribuição do direito à produção para corrigir as situações de discriminação atual adotar medidas para parar as operações de dumping entre os Estados-Membros, bem como considerar a criação de instrumentos de regulação dos mercados, garantindo preços justos à produção, tendo em conta o custo dos insumos e dos preços ao consumidor, a fim de garantir uma distribuição justa do valor adicionado ao longo do cadeia de valor acrescentado do sector e evitando a concentração e intensificação da produção adicionada.
4. Esta declaração, juntamente com os nomes dos signatários, será encaminhada para a Comissão.

Encontro com a Federação dos Bombeiros do Distrito de Setúbal

domingo, 25 de janeiro de 2015

Com o PCP para uma mudança de rumo e de políticas

É possível construir um País à medida das necessidades e aspirações do povo português

Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Portimão, Comício Regional do PCP no Algarve

É possível construir um País à medida das necessidades e aspirações do povo português

O ano que ainda há pouco terminou foi mais um que não deixou saudades à grande maioria dos portugueses. Mais um ano perdido. Mais ano que no seu percurso deixou um rasto desolador no País. Um rasto de destruição e degradação económica e social imposto por um governo e uma política concertada entre os três partidos da troika nacional. Esses mesmos partidos – PS, PSD e CDS – que há mais de 38 anos estão presentes na governação do País e que o conduziram à grave situação em que se encontra.
Mais um ano para esquecer, não fossem as consequências para o País e o impacto na vida da maioria dos portugueses e a necessidade de ter presente os responsáveis a quem o País não pode deixar de pedir contas.
Mais um ano trágico pelo que significou de destruição de milhares de vidas empurradas para o desemprego, para a emigração forçada, de redução drástica dos rendimentos dos trabalhadores e do povo com o roubo nos salários e nas reformas, com o maior aumento de impostos sobre o trabalho que há memória, mas também com a regressão das actividades económicas que atingiram e criaram enormes dificuldades a milhares e milhares de micro, pequenos e médios empresários dos mais variados sectores.
Mais um ano calamitoso no plano social com o avolumar da dramática crise social com o crescimento das desigualdades e da pobreza, agravado pelo ataque às prestações sociais e ao sistema de segurança social.
Um ano que revelou a profundidade e extensão da corrupção, das actividades ilícitas e danosas que não podem ser desligadas da natureza da política de direita de todos estes anos e do que ela constitui de aprisionamento do poder político pelos interesses dos grupos económicos e do grande capital financeiro. O caso do Banco Espírito Santo, mas também outros, envolvendo figuras de topo da estrutura do Estado e altos responsáveis políticos, como no recente caso dos Vistos Gold que mostrou bem o elevado grau de degradação da acção governativa do actual governo do PSD/CDS cada vez mais sem autoridade e credibilidade para governar.
Mais ano onde ficou patente a acção desagregadora e destruidora de uma política que levou o caos às escolas, aos tribunais, a muitos serviços de saúde.
Um ano em que vimos o agravar a dependência do País com o crescente aumento da uma dívida insustentável, comprometendo o crescimento económico e o progresso social.
Um ano em que se anunciava uma nova fase no País e um ponto final nas políticas de empobrecimento e exploração com o previsto fim do Pacto de Agressão e a saída da troika estrangeira, mas que ninguém viu a diferença entre a primeira metade do ano com a troika e a outra metade sem ela, e que hoje continua.
E ninguém viu e ninguém vê, porque a matriz política de uns – dos da troika estrangeira, onde se inclui o FMI e a União Europeia - e de outros – os partidos da troika nacional – é, na sua essência, a mesma. Uma política ao serviço do grande capital económico e financeiro e da grande especulação.
Sim, sejamos claros, a mesma matriz no essencial, a mesma identidade de pontos de vista que os tem unido nas privatizações, no ataque aos direitos dos trabalhadores e dos seus rendimentos, na ofensiva às funções sociais do Estado e ao sistema público de segurança social, nomeadamente às pensões e prestações sociais, no alívio dos impostos para o grande capital e de sobrecarga para o trabalho, na defesa da ditadura do défice, dos sufocantes critérios do Tratado Orçamental e de submissão aos ditames da União Europeia e do Euro.
É porque permanece esta política e se mantém no poder um governo que escrupulosamente a executa, que iniciamos o ano de 2015 com a espada de Dâmocles suspensa sobre a cabeça do nosso povo. Uma espada que permanecerá como ameaça permanente às suas vidas enquanto este governo e a política de direita e das troikas nacional e estrangeira não for definitivamente afastada da vida nacional.
De facto, ao contrário de toda a propaganda eleitoralista do Governo que vem anunciar que os portugueses têm agora um novo futuro pela frente, não podemos esquecer que o ano que agora começa, está já marcado por um Orçamento de Estado que é um novo Orçamento de exploração. Um Orçamento que prossegue a linha de esbulho dos rendimentos dos trabalhadores e do povo, de aumento de impostos sobre o trabalho para favorecer a concentração da riqueza e a acumulação de lucros de uns poucos. Um Orçamento que é de consolidação do roubo realizado nestes últimos anos – feriados, remuneração do trabalho extraordinário, salários e pensões e prestações sociais.
Um Orçamento para despedir milhares de trabalhadores e continuar a fechar serviços, incluindo de saúde, escolas e segurança social!
Um Orçamento que é a continuação do projecto de empobrecimento do povo e do País que há muito está delineado, e assumido por este governo do PSD/CDS, e que precisamos de combater na sua aplicação prática, resistindo e fazendo frente com a luta a cada uma das medidas previstas que ponham em causa os interesses dos trabalhadores, do povo e do País.
Em ano de eleições vêm falar do fim das “nuvens negras” e todos os dias vêm com o ilusório discurso da recuperação económica, do emprego, dos rendimentos, das condições de vida.
Mas os portugueses que olham para a realidade do seu País e da sua vida só têm razões para estar preocupados.
E têm justificadas razões quando vêem o que se passa nas urgências hospitalares e as dificuldades que enfrentam os profissionais de saúde para dar resposta com eficácia e qualidade às necessidades e solicitações das populações.
Foi impossível esconder que nas últimas semanas se tem vivido momentos de caos numa parte significativa das urgências hospitalares, nos hospitais do SNS.
Os tempos de espera dos utentes nas urgências, até que sejam avaliados pela primeira vez por um médico, ultrapassam todos os limites de segurança, atingindo em algumas situações, mais de 20 horas.
Mas podíamos perguntar:- há alguma novidade na situação que se vive actualmente nas urgências hospitalares, a não ser o facto da comunicação social, desta vez, ter feito eco das muitas denúncias de familiares dos doentes e dos representantes dos trabalhadores desses hospitais?
Não! Estamos perante uma situação recorrente, cujo agravamento, se deve principalmente ao facto de terem vindo a ser tomadas um conjunto de medidas restritivas no funcionamento do SNS e não por estarmos perante um pico de gripe extraordinário. A própria Direcção Geral da Saúde afirma que o ponto mais alto dos efeitos da gripe se farão sentir, talvez daqui por duas semanas.
O que se tem passado nas urgências é o resultado de termos uma estrutura de Cuidados Primários de Saúde incapaz de responder às necessidades dos utentes, ao fecho de mais de 900 camas hospitalares, às limitações ao recrutamento de profissionais, médicos, enfermeiros e assistentes técnicos e operacionais.
As medidas agora anunciadas à pressa pelo governo e após terem morrido várias pessoas, não vão resolver nenhum problema de fundo e apenas se pretende com elas responder à tomada de consciência por parte do povo português da real situação que se vive neste sector, sobretudo quando está cada vez mais clara uma estratégia que visa a desresponsabilização do Estado na prestação de cuidados de saúde e a transferência desta função para os grupos privados.
As populações algarvias, designadamente aqui em Portimão, sabem que esta é a verdade, porque conhecem bem a política de destruição do Serviço Nacional de Saúde que tem vindo a ser concretizada por sucessivos governos.
A esta política os trabalhadores e as populações têm dito basta com a sua luta! Luta que daqui saudamos como aquela travada contra o encerramento da maternidade de Portimão e aqui referenciada, tendo derrotado no imediato, esse criminoso objectivo do governo
Mas preocupados estão também os portugueses que vivem do seu trabalho quando vêem que o mês é cada vez mais longo para um salário crescentemente desvalorizado. Um salário que viu perder o seu poder compra, entre 2011 e 2014, quase 12% no sector privado e cerca de 22% no sector público, tornando ainda mais injusta a já brutalmente desequilibrada distribuição do rendimento nacional em desfavor do trabalho.
Uma realidade que na transferência dos rendimentos do trabalho para o capital nestes anos de troika e que mostram também a quem serviu a crise e quem a paga. Transferência de rendimentos que se traduziu numa extorsão de 5 800 milhões de euros ao rendimentos do trabalho, a larga maioria dos quais foi parar às mãos dos grandes senhores do dinheiro, através do lucro accionista.
Nos últimos meses, o governo, na sua acção de permanente mistificação da realidade, não se tem coibido de apregoar os êxitos do Turismo, dando numerosas vezes o exemplo da região Algarvia. É uma evidência que o desempenho neste sector se deve, na sua larga maioria, a alterações verificadas nos fluxos internacionais de turismo com o esvaziamento do Norte de África, em benefício de países como o nosso. E também é verdade, que a capacidade deste sector poderia e deveria ser outra, não fossem as portagens que foram impostas na Via do Infante, o brutal agravamento do IVA na restauração, a privatização da ANA aeroportos ou a escandalosa quebra de investimento público que tem atrasado um conjunto de infraestruturas como nos portos ou na ferrovia.
Mas há uma questão permanentemente ocultada e silenciada sempre que assistimos à propaganda dos números do Turismo e que é a situação de crescente exploração e empobrecimento dos milhares de trabalhadores da hotelaria, seja no Algarve, seja no resto do País.
São cada vez são mais as empresas que encerram as portas na “época baixa”, sendo que na “época alta” recorrem a formas de contratação e sub-contratação de mão-de-obra barata e precária através das empresas de trabalho temporário. Nos últimos anos, o recurso aos estágios profissionais e curriculares tem crescido, chegando a haver em muitos casos secções com um maior número de trabalhadores estagiários do que trabalhadores contratados e efectivos.
Fruto da precariedade e do ataque à contratação colectiva, os salários em atraso e os baixos salários são uma realidade cada vez mais presente, assim como o elevado número de trabalhadores desempregados a partir dos meses de Outubro e Novembro e que muitas vezes nem ao subsídio de desemprego podem recorrer.
Não deixa de ter particular significado ter sido precisamente no sector da hotelaria no Algarve que mais regrediu no valor médio dos salários, menos 15%, só nos últimos quatro anos.
Para o PCP, o desenvolvimento do sector do Turismo, com as suas muitas potencialidades, é inseparável da melhoria das condições de vida dos seus trabalhadores. É inseparável do aumento dos salários, da valorização das suas carreiras profissionais, e da necessidade, tal como qualquer outro trabalhador, de ter um rendimento estável ao longo de todo o ano e não apenas durante alguns meses no período do Verão.
Mas outra realidade que desmente toda a falaciosa propaganda do governo é e da evolução do emprego e da economia portuguesa.
O tão propalado crescimento do emprego sem retorno, empolado pela manipulação estatística nos últimos tempos para forjar uma descida do número dos desempregados e que anunciava a recuperação económica do País, está agora confrontado com a realidade do aumento do desemprego nos últimos meses de 2014. Mais 30 000 desempregados entre Setembro e Novembro. Uma realidade que só pode piorar com a política de despedimentos da Administração Pública de milhares de trabalhadores, confirmada pela Ministra das Finanças esta semana e o anúncio de novos encerramentos de empresas e serviços.
Uma evolução que deita por terra a tese da recuperação económica mil vezes propagandeada pelo governo.
Uma economia em que, apesar de haver um conjunto de factores externos extremamente favoráveis, diga-se, nenhum decorrente das políticas governamentais, como é a grande baixa do preço do petróleo, das taxas de juro e da desvalorização do Euro, continua praticamente estagnada, não apenas com o desemprego a crescer, mas também com o tão entoado ritmo das exportações a abrandar, bem como o volume de negócios na indústria e nos serviços.
Com estas condições externas o que era previsível é que o País estivesse neste momento com uma economia em forte aceleração e não está!
Uma situação que confirma a incompatibilidade entre a política de crescimento sustentável e a política de direita, dita de austeridade, mas efectivamente de exploração, confisco, empobrecimento que tem sido prosseguida, e pelo grau de destruição dos sectores produtivos e da economia portuguesa que foi levada a cabo pelos governos do PS e do PSD/CDS em nome do combate à crise do sistema financeiro.
Mas com condições externas tão favoráveis o que vemos são dificuldades crescentes dos sectores produtivos nacionais que não têm nesta política, nem deste governo o apoio e incentivo que se impunha.
Veja-se o que se passa com a pesca da sardinha com os barcos e os pescadores de sardinha paralisados 6 meses sem trabalho, de Outubro de 2014 a Abril de 2015, como está em cima da mesa e sem sequer se ter sequer assegurado a ajuda compensatória. Mais, sem que o governo, como nos foi confirmado, tenha contactado a Comissão Europeia relativamente à possibilidade dessa ajuda.
Para não falar da necessidade da tomada de medidas para reverter a decisão que está tomada em relação a Portugal, já que não se compreende que os espanhóis possam continuar a pescar e nós não!
Veja-se igualmente o que se passa com a política para os combustíveis.
Perante a queda do petróleo a que assistimos, que medidas tem o Governo tomado para que possam aproveitar a descida significativa do preço e intervir combatendo a anemia económica?
Temos um governo apenas preocupado, para que a redução dos custos do petróleo sustentem os lucros da GALP, da BP, da REPSOL e no aumento dos impostos que um preço dos combustíveis permite!
Ninguém compreende que, perante a evolução do mercado petrolífero não haja uma descida muito acentuada dos combustíveis, por exemplo, no gasóleo verde para a agricultura e pescas, e a criação da gasolina verde para a imensa maioria da frota pesqueira portuguesa. O petróleo desceu desde Junho mais de 50%. Foi isso que desceram a gasolina e o gasóleo nas bombas aonde nos abastecemos?
Como ninguém compreende, nem nada explica, que as tarifas do Gás Natural, indexadas que estão aos preços do petróleo, não desçam! Durante anos a subida do Gás foi justificada com a subida do Petróleo!
Apela Passos Coelho aos portugueses para que não deitem a perder tudo o que se conquistou nestes anos de troika. É muita a desfaçatez e o cinismo de quem ousa fazer tal apelo depois de ter arruinado do povo e do País!
Mas se este é um ano de fortes preocupações para os portugueses, este é também um ano que queremos e vamos trabalhar para que seja um ano de esperança num futuro e numa vida melhor, um ano de mudança e de ruptura com um governo e uma política que tem arruinado o País.
Sabemos que são grandes os desafios que precisamos de enfrentar e vencer, mas nós confiamos que, com a luta dos trabalhadores e do nosso Partido – essa luta que se intensifica neste início do ano -, mas também com o voto, vamos ser capazes de inverter o rumo de declínio e desastre nacional que está em curso
Que vamos ser capazes de mostrar, com o nosso empenhamento no esclarecimento e no debate mostrar as verdadeiras da causa da crise, os seus responsáveis pelo seu surgimento e os caminhos para a superar.
As eleições legislativas que terão lugar em 2015, constituem um momento importante para, continuando a dar expressão à luta contra o actual Governo e a sua política, abrir caminho à construção de uma alternativa política patriótica e de esquerda capaz de responder aos grandes problemas e desafios nacionais.
Sabemos que não é tarefa fácil, também porque este é um ano onde não faltarão os vendedores de ilusões, eminente que está a derrota política e social do actual governo e da sua maioria parlamentar.
Os vendedores de ilusões que visam favorecer saídas para o prosseguimento da política de direita, acenando com uma mudança que não desejam, nem querem e por isso nunca chegará!
Vendedores de variantes da mesma política travestida com as roupagens da mudança e de falsas soluções, que só podem conduzir a novas desilusões e a maior descrença e desânimo.
Dos que, insinuando uma viragem à esquerda, como o faz agora o PS, nada de novo e substancialmente diferente apresentou em relação às políticas que se têm vindo a concretizar em Portugal.
É isso que se tem visto. Viu-se no seu Congresso. Vê-se na sua chamada Estratégia para a Década. Desse mesmo PS, que tal como no passado, vem chantagear com o fantasma da ingovernabilidade para justificar e obter um cheque em branco para uma política que não dá garantias de se distanciar das políticas que realizaram no passado.
Não é uma acusação gratuita!
É ouvir António Costa exuberante, falar das decisões do Banco Central Europeu, tomadas em desespero de causa e sob a ameaça de deflação, apresentadas esta 5ª feira pelo senhor Draghi, presidente do BCE, como se fossem a inquestionável garantia da mudança que o País e a Europa precisavam para promover o tão necessário crescimento e o emprego.
É ouvi-lo falar, mas escondendo a imposição das contrapartidas associadas no acesso a tal pressuposta ajuda, como sejam as da exigência da continuação das medidas de austeridade, na limitação das despesas sociais e do investimento público, a imposição dos cortes e congelamentos dos salários, o contrário do que se impunha, ou seja, ao aumento poder de compra das massas para relançar o crescimento, e das sempre inacabáveis “medidas estruturais”.
É ouvi-lo cantar loas à flexibilidade minimalista do Tratado Orçamental para servir a França e a Itália como se fosse a uma decisão precursora de uma grande mudança de orientação nas políticas orçamentais, da tão ambicionada leitura inteligente do Tratado Orçamental que o PS defende.
É ouvi-lo falar do limitado e insuficiente plano de investimentos do senhor Juncker, o novo presidente da Comissão Europeia, como se fosse um seu companheiro do Partido Socialista Europeu e o seu programa de investimentos fosse a garantia do relançamento da economia Europeia.
Jogam na política das pequenas mudanças, dos paliativos – a “política aspirina” - para momentaneamente atenuar a dor, sem atacar a doença que nos consome, sem resolver as causas de fundo que estão na origem dos nossos problemas.
Na verdade, as decisões do BCE de pôr a rotativa a trabalhar e fazer euros, para injectar no sistema financeiro para compra de dívida pública, confirmam a persistência e profundidade da crise económica e financeira na União Europeia e na Zona Euro. Uma nova injecção de somas colossais, sem qualquer garantia que se venha a traduzir na dinamização da chamada “economia real”, mas sim, na actividade especulativa.
A solução da profunda crise económica e social que afecta a generalidade dos Estados membros da União Europeia só pode ser resolvida por via de uma ruptura com as suas políticas e orientações, pela revogação do Tratado Orçamental, pelo abandono do Pacto de Estabilidade e pela rejeição, entre outras, da governação económica.
Um caminho que, no caso de Portugal, passa pela renegociação da dívida de acordo com os interesses nacionais; pelo estudo e preparação do País para a libertação do domínio do Euro; pelo fim das políticas de austeridade; por uma decidida política de investimento público; pelo reforço do poder de compra dos trabalhadores; pelo controlo público do sector financeiro, designadamente por via da nacionalização, no quadro de uma política alternativa patriótica e de esquerda.
Não! Não há soluções à esquerda sem ruptura com a política de direita.
É por isso que emerge com mais actualidade o alerta que temos feito para os portugueses não tomarem a forma pelo conteúdo, de distinguirem entre caras e políticas, de concluírem, por experiência própria, que a opção que têm que fazer é a de contribuírem com a sua decisão e a sua vontade para romper com a política de direita e exigirem, adoptarem e construírem uma política alternativa, patriótica e de esquerda ao serviço do povo e do País.
Uma política dirigida para o investimento produtivo e a produção nacional que tem como objectivos centrais: o pleno emprego; o crescimento económico, a dinamização do mercado interno, a promoção das exportações e a substituição de importações, o apoio às micro, pequenas e médias empresas.
Uma política orçamental e uma justa política fiscal ao serviço do País, assegurando o desagravamento da carga sobre os rendimentos dos trabalhadores e dos pequenos e médios empresários e uma forte tributação dos rendimentos do grande capital.
Uma política de valorização do trabalho e dos trabalhadores, através de uma justa distribuição do rendimento, assente no aumento dos salários, na defesa do trabalho com direitos, em maiores reformas e pensões, no combate ao desemprego e à precariedade, numa política fiscal justa e na defesa do sistema público solidário e universal de segurança social.
Uma política que contrapõe à política de fragilização, privatização e encerramento de serviços de públicos, uma política social dirigida para a igualdade, dignidade e bem-estar dos portugueses. Uma política de promoção de serviços públicos, dotados para assegurar os direitos constitucionais do povo português à saúde, à educação, à segurança social, à cultura e assegurar uma rede de proximidade nos serviços públicos essenciais.
Somos a grande força política nacional que inequivocamente tem soluções para os problemas do País e as apresenta com toda a transparência, visando a convergência dos democratas, patriotas e das forças em ruptura com a política de direita, e se disponibiliza a encontrar, também com a luta e a força do povo, soluções de construção de uma alternativa política capaz de garantir um novo rumo na vida nacional.
Portugal precisa de virar a página. Pôr um ponto final no caminho do declínio.
Portugal precisa de derrotar o governo que o afunda e arruína, mas também a política de direita e todos os seus protagonistas.
Portugal não está condenado nem à política de direita nem ao rotativismo entre PS e PSD, com ou sem a bengala do CDS.
É tempo de dizer que já chega, de não voltar a cair em falsas soluções e de optar por dar força a quem não falta na hora de defender os interesses e direitos, de quem tem, como o PCP tem, propostas e soluções para o País, de quem como ao PCP a vida deu e dá razão.
Vivemos uma situação e um tempo de redobrada exigência, particularmente neste momento em que se perfilam no horizonte importantes batalhas, cujo desfecho vai condicionar a evolução da situação política nos próximos anos.
Importantes batalhas visando a ruptura e a mudança de política e de governo, num País que enfrenta a mais difícil e perigosa situação desde o fascismo.
Temos sido a grande força que, enfrentando dificuldades e obstáculos, dinamiza a resistência, age e promove a ruptura, dinamiza a luta de massas, a alternativa, é o partido com que os trabalhadores e o povo contam e podem contar.
Somos um Partido necessário e indispensável que se afirma e reforça cada vez mais no plano social, político, mas também eleitoral e de cujo reforço depende não só a garantia da defesa dos interesses populares, mas o êxito da tarefa da construção em Portugal de uma alternativa política ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País.
Um reforço que passa por avançar com mais audácia no desenvolvimento da organização do Partido e na ampliação da sua influência social e política, na dinamização da tarefa do recrutamento, concretizando a campanha de adesão ao Partido, trazendo mais militantes e, particularmente, mais jovens para as fileiras do Partido, mas igualmente nessa grande tarefa que temos em mãos da campanha nacional de fundos para a compra do espaço da Quinta do Cabo, criando condições para a realização de uma maior e melhor Festa do Avante!.
É possível continuar a crescer e avançar. É possível romper com esta política injusta. É possível construir um País à medida das necessidades e aspirações do povo português.
Vale a pena lutar com este Partido. Apoiem o PCP. Apoiem este Partido que se opõe à exploração, à pobreza, à cada vez maior concentração da riqueza.
Apoiem este Partido que é o grande Partido de Abril!
O Partido portador de esperança que não desiste nem descansa de alcançar um Portugal com futuro!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

«O crime da venda da PT à Altice»

A democracia deles

                             E depois digam que não é opção ideológica…

 …Sabendo nós que recentemente foram chumbadas pelo PSD e CDS na Assembleia da República três propostas de lei proibindo a cobrança de encargos pela manutenção das contas à ordem nas instituições bancárias, propostas estas resultantes da entrega duma petição reunindo mais de 90 mil assinaturas que a maioria ignorou, apesar de saber que as referidas comissões não resultam da efetiva prestação dum serviço e constituem flagrante injustiça social, pois são calculadas pelo saldo médio dos clientes, pagando mais quem menos tem, ou seja, os deputados da maioria transformados em servidores da Banca…

Também sabendo que, no processo dos submarinos, não foi possível a criminalização dos responsáveis por prescrição e evitar a distribuição de 15 milhões de euros de comissões pela santa família, a qual ainda beneficiou do chamado Regime Excecional de Regularização Tributária (RERT) adotado pelo governo para resolver o caso do «esquecimento» de pagamento de impostos, leia-se, fuga ao fisco. E que o processo dos submarinos pode não permitir agora a criminalização dos responsáveis, mas não pode deixar de exigir pelo menos a punição de quem permitiu o negócio, apesar do desaparecimento das instalações do ministério da defesa, liderado na altura por Paulo Portas e sendo primeiro-ministro Durão Barroso, de documentação importante referente ao concurso.

Um presente de bom comportamento, pago do bolso dos portugueses que andaram a viver acima das suas possibilidades e consequentemente deviam ser penalizados e avançar com o dinheiro dos seus impostos para cobrirem os desmandos da corrupção, das PPP, das SWAP, do empréstimo da PT de 900 milhões de euros ao grupo santo falido, da oferta do Sr. Mexia da EDP de milhões de euros à universidade onde lecionava como convidado o inefável e reformado Dr. Pinho, o figurão da tourada parlamentar…

Sabendo ainda que as taxas moderadoras na Saúde vão custar menos 5 cêntimos, novidade posta a circular como uma medida magnânima, mas que, resultando da consonância com a taxa de inflação, não evitará o excesso de utentes nas urgências hospitalares derivadas do encerramento de centros de saúde, da falta de camas nos hospitais, das condições de trabalho dos profissionais da área contratados à pressão e à hora por empresas privadas, da substituição dos cuidados de saúde prestados pelo SNS por unidades do sector privado, tudo contribuindo para o falecimento de utentes por espera prolongada nas urgências, realidade a que só escapa quem pode ser assistido no sistema privado…  

E ainda sabendo que, enquanto o povo português é sobrecarregado com enormes sacrifícios consubstanciados no aumento da pobreza, no roubo de salários e pensões, nos despedimentos de milhares de trabalhadores da Função Pública, no encerramento de micro, pequenas e médias empresas, na emigração de jovens bem qualificados que tanta falta fazem ao País, muitos «boys» a soldo governamental ocupam os «jobs» usufruindo altos e escandalosos salários…

Mas também sabendo que o presidente de alguns portugueses na sua mensagem de Ano Novo exortou os políticos a serem cuidadosos nas promessas eleitorais que, não podendo ser cumpridas, acentuam a desconfiança dos cidadãos, ele lá sabia do que falava, pois o primeiro-ministro tinha acabado de afirmar na mensagem de Natal que nunca o País tinha vivido melhor e o novo ano seria promissor, ficamos com uma ideia clara sobre o calibre da governação e dos que ela serve.


Concluindo, bem podemos afirmar que pedir mais democracia dentro do capitalismo é como pedir a um tigre que se torne vegetariano.  

Banco Central Europeu ajuda capital financeiro

Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Medidas do BCE – um paliativo ao serviço dos interesses do grande capital financeiro

Face à decisão hoje anunciada pelo Conselho de Governadores do Banco Central Europeu de medidas ditas de “expansão quantitativa”, o PCP salienta que:
1 – Estas decisões confirmam a persistência e a profundidade da crise económica e financeira na União Europeia e na Zona Euro, com a conjugação de crescimento económico “anémico” com deflação.
2 – Esta operação de expansão quantitativa (Quantitative Easing), através da qual se pretende comprar dívida soberana dos Estados-Membros no valor de 1,1 Biliões de Euros, não representa um financiamento directo aos Estados. Pelo contrário significa uma nova injecção de somas colossais no sistema financeiro sem qualquer garantia que se venha a traduzir em transferência de fundos para a chamada “economia real”. Trata-se de uma mega operação de fornecimento de liquidez aos bancos e aos grandes investidores institucionais detentores de títulos da dívida pública.
3 – A União Europeia insiste, assim, em políticas cuja falência esta decisão vem comprovar, ao mesmo tempo que força a persistência da austeridade, insiste na limitação das despesas sociais e do investimento público, impõe os cortes e o congelamento de salários e pensões e insiste nas ditas “reformas estruturais”. Esta decisão vem comprovar que a União Europeia não só não retira quaisquer lições do passado como insiste em medidas que já se provaram serem completamente ineficazes, medidas que perante a continuação e mesmo aprofundamento da liberalização dos mercados de capitais representam novos perigos de bolhas especulativas nos mercados financeiros, elas próprias propiciadoras de novas crises.
4 - A intervenção do BCE, não anulando contradições e clivagens no seio da União Europeia - nomeadamente sobre a natureza e instrumentos do próprio BCE – expressa os interesses do grande capital, nomeadamente o alemão, como é patente no envolvimento dos bancos centrais nacionais na assumpção dos riscos de incumprimento de uma mega operação que visa essencialmente dar resposta às pretensões e interesses do grande capital.
5 – No quadro em que a União Europeia e a União Económica e Monetária se confirmam como causas centrais da actual crise, esta medida não pode deixar de ser considerada como um paliativo incapaz de resolver as fundas causas da actual crise.
6 – A solução da profunda crise económica e social que afecta a generalidade dos Estados membros da União Europeia só pode ser resolvida por via de uma ruptura com as suas políticas e orientações, pela revogação do Tratado Orçamental, pelo abandono do Pacto de Estabilidade e pela rejeição da governação económica, entre outras. Um caminho que passa pela solução dos profundos problemas sociais e pelo respeito pela soberania dos Estados e pelo seu direito ao desenvolvimento económico e social. Um caminho que, no caso de Portugal, passa pela renegociação da dívida de acordo com os interesses nacionais; pelo estudo e preparação do País para a libertação do domínio do Euro; pelo fim das políticas de austeridade; por uma decidida política de investimento público; pelo reforço do poder de compra dos trabalhadores; pelo controlo público do sector financeiro, designadamente por via da nacionalização, no quadro de uma política alternativa patriótica e de esquerda

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Não ao terrorismo de Estado, político e religioso

                                        Liberdade de expressão
Os primeiros dias do novo ano ficam indelevelmente marcados, a nível internacional, pelos acontecimentos em França que tiraram a vida a várias pessoas, umas dedicadas ao cartoonismo satírico ofensivo, outras bem conhecidas como terroristas nos arquivos do FBI, mas que a falta de comunicação entre França e Estados Unidos não conseguiu levá-los à prisão atempadamente e ainda outras vítimas inocentes deste crime abominável que a todos indignou.
Este fenómeno não é, porém, novo se nos lembrarmos dos Versículos Satânicos da autoria de Ahmed Salman Rushdie autor e ensaísta de origem indiana, condecorado na Grã-Bretanha onde recebeu o título de «Sir», contudo merecendo da comunidade islâmica imensa indignação e protesto dado o conteúdo provocatório e pejorativo do seu livro em relação ao Alcorão, ao profeta Maomé e ao Islão, sendo por isso proibido de circular em vários países, mas também não esquecemos o caso do jornal dinamarquês professando ideologia nazi e autor das chamadas caricaturas de Maomé, consideradas como blasfémia e levando ao fecho da publicação, ou seja, os muçulmanos reagiram quando a sua cultura e religião foram vilipendiadas da mesma forma que os católicos também se manifestaram, por exemplo em Portugal, com fortes críticas e polémicas face ao conteúdo de algumas obras de José Saramago (O Evangelho Segundo Jesus Cristo e Caim), nos quais a interpretação bíblica do autor, embora irreverente e irónica, não tivesse usado o insulto contra a divindade e religião católicas.
A liberdade de informação é  abarcada pela liberdade de expressão e configura-se pela liberdade de informar, de ser informado e de se informar.
Apesar da sua correlação direta, a liberdade de expressão distingue-se da liberdade de informação na medida em que esta tem como objetivo a expressão de factos noticiáveis, onde se torna imprescindível a análise da veracidade dos mesmos a ser levada ao conhecimento.
No Artigo 38º da nossa Constituição lê-se que «A liberdade de imprensa implica a liberdade de expressão e criação dos jornalistas e colaboradores, bem como a intervenção dos primeiros na orientação editorial dos respectivos órgãos de comunicação social, salvo quando tiverem natureza doutrinária ou confessional.
A situação agora vivida em França suscita algumas perguntas, talvez incómodas para alguns, tais como: Quem é responsável por manter no desemprego milhões de jovens europeus, nos países mais desenvolvidos da União Europeia? Quem é responsável pelas políticas económicas que, em nome da confiança dos mercados financeiros, perpetua o desemprego e a pobreza entre os naturais e os imigrantes de segunda e terceira geração? Quem destruiu o desenvolvimento de África com a imposição do colonialismo e agora do modelo neoliberal, criando o desespero das populações que hoje se entregam ao tráfico e à morte no Mediterrâneo?
Quem fala do terrorismo e dos terroristas porque não informa o cidadão comum que o expoente máximo destas ações, Bin Laden, foi visita do Sr. Bush e que o aliado Arábia Saudita financia o ISIL (Estado Islâmico) conluiado com Israel na tentativa de invasão da Síria, estado laico a abater?
O imperialismo norte-americano, na sua ânsia de hegemonismo e apropriação de posições geo estratégicas em países fornecedores da matéria-prima denominada ouro negro, invadiu Afeganistão, Iraque, Líbia, Jugoslávia, aproveitando as alianças reais com a NATO/UE e precárias com a Al Qaeda para retirar os soviéticos do caminho no Afeganistão e os sérvios do Kosovo e da Bósnia, lançar Sunitas contra Xiitas, causando centenas de milhares de mortos, destruição de património histórico e verdadeira barbárie como todos os dias verificamos.    
A situação internacional encontra-se marcada por ingerências e agressões contra estados soberanos, instigando ódios religiosos, conflitos étnicos e o advento de forças de extrema-direita, nazi-fascistas e xenófobas, situação bem patente na Ucrânia, Grécia, Itália, França e Espanha.
O ataque ao Hebdo, onde gente claramente provocadora em exagero coabitava com jornalistas de muito bom, salutar e satírico humor, não foi somente uma expressão de vingança, mas constitui o resultado daquilo em que se tornou a nossa sociedade, onde impera um exacerbado individualismo e ceticismo, consumismo frustrado, culto da vulgaridade, da ignorância e dos «reality shows», tornando-se assim o alvo predileto da manipulação e do obscurantismo.
O imperialismo abriu a caixa de Pandora, mas será que vai encontrar no fundo a esperança?


















quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Não ao terrorismo

Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

PCP condena atentado em Paris

O PCP condena firmemente o atentado ocorrido em Paris na sede do Jornal Charlie Hebdo e expressa a sua consternação e solidariedade ao povo francês.
O PCP salienta que crimes desta natureza não podem ser desligados de uma situação internacional marcada por ingerências e agressões contra Estados soberanos, através da instigação de conflitos religiosos e étnicos e da promoção de forças de extrema-direita, xenófobas e fascistas. Uma realidade que é acompanhada por políticas que aumentam a exploração e a exclusão social, nomeadamente nos países da União Europeia.
O PCP chama a atenção para os perigos de instrumentalização de genuínos sentimentos de indignação para intensificar medidas de cariz securitário que agridem direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e para promover sentimentos racistas e xenófobos que têm alimentado o crescimento da extrema-direita e do fascismo na Europa.
O PCP insiste que o combate a tais crimes exige uma inversão de políticas, quer de âmbito económico e social, quer de relacionamento internacional entre Estados. Exige o fim do apoio político, financeiro e militar dado pelos EUA e países da União Europeia a grupos que espalham o terror e a destruição, nomeadamente no Médio Oriente, bem como o desenvolvimento de políticas de paz e cooperação respeitadoras do direito internacional, da soberania dos povos, da liberdade e da democracia.

Encontro com o Partido Ecologista "Os Verdes"

domingo, 11 de janeiro de 2015

Mais um Natal do nosso descontentamento

                      
Os dias de hoje caracterizam-se essencialmente por uma grande instabilidade social e económica ao nível global, realidade agravada no nosso País por uma governação que nos indigna pelas injustiças cometidas, pelo empobrecimento e declínio nacional e pela hipocrisia com que nos tenta convencer do contrário.
Entramos numa época do ano propícia ao despojamento e à caridade, quantas vezes para alívio de consciências nutridas pela ganância e sede de poder discricionário, causadores das maiores desigualdades e ofensas à dignidade do ser humano e aos seus inalienáveis direitos.
Alguns casos podem ilustrar com rigor esta situação se nos lembrarmos, por exemplo, das afirmações públicas do ex vice presidente dos Estados Unidos Dick Cheney que, sem pejo ou vergonha, disse «eu não tenho nenhum problema», referindo-se à utilização do programa de tortura contra pessoas inocentes.
Se recordarmos as invasões do Iraque, da Líbia, do Afeganistão, mais recentemente as tentativas de incursão na Síria e a situação na Palestina, com o cortejo de centenas de milhares de mortes (crianças, homens e mulheres), da destruição de património mundial de incalculável valor e de recursos naturais imprescindíveis à vida daqueles povos, podemos bem classificar estas atitudes como autêntica barbárie causada pelo imperialismo estado unidense, com as consequências ainda hoje visíveis e que não se apagarão tão cedo.
Mas a Europa não está isenta nesta infernal caminhada e a hipocrisia com que procura evitar a chegada de imigrantes africanos, milhares dos quais jazem hoje nas profundezas do mediterrâneo ou são deportados sem dó nem piedade, não é mais do que o resíduo patético das invasões coloniais levadas a cabo durante séculos que saquearam e ainda saqueiam o continente africano para que o continente europeu pudesse manter a sua ânsia de desbragado consumo.
Hoje, em pleno século XXI, a barbárie continua e torna-se um espetáculo doloroso e deprimente ver a civilização europeia avançada, de mãos dadas com o imperialismo, esquecer-se das lições da História que levaram à queda de Roma às mãos dos germânicos e tártaros, da grande Britânia curvada perante as massas indús, lideradas por um homem, pequeno de estatura, mas grande de coração e da Rússia czarista, feudal, opressora e exploradora, libertar-se pela Revolução de Outubro donde emergiu o homem novo.
Em África, América Latina, Próximo e Médio Oriente, os povos erguem-se contra o genocídio, o saque e as ofensas aos direitos humanos e é nessa luta que vão encontrar forças para a sua libertação.
O caso recente da libertação dos patriotas cubanos, injustamente presos e julgados nos Estados Unidos por terem denunciado autores, sedeados em Miami, de ações terroristas contra Cuba, é uma vitória do povo cubano, dos cinco heróis e das suas famílias, pois nunca deixaram de denunciar e lutar contra essa injustiça e de reclamar a sua libertação, mas é também uma vitória da imensa onda de solidariedade que teve expressão em todo o mundo, nomeadamente no nosso País, onde se realizaram várias iniciativas do PCP nesse sentido.
O restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos abre caminho para o fim do criminoso bloqueio económico, comercial e financeiro e da ingerência na soberania desta ilha cubana, a que não são estranhas as votações na Assembleia Geral das Nações Unidas, sempre favoráveis a esta esperada decisão.  

O Natal deste ano, embora não nos traga tudo aquilo que desejaríamos para a humanidade, deixa-nos, no entanto, algumas pistas para encararmos com confiança um futuro melhor para os povos.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Mais um ano de injustiças

Nota de Imprensa

Governo prossegue ataque em 2015 às reformas e pensões

O actual Governo “premeia” os reformados, pensionistas e idosos com a manutenção em 2015 da suspensão da actualização anual das pensões e do Valor do Indexante de Apoios Sociais (IAS) a vigorarem desde 2011. Decisão que vem agravar as suas condições de vida e que é expressão da política de direita que continua a colocar Portugal nas posições cimeiras dos países da UE com elevado nível de pobreza entre os idosos e os mais baixos valores de reformas e pensões.

Encontro com o PS