quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Não ao terrorismo de Estado, político e religioso

                                        Liberdade de expressão
Os primeiros dias do novo ano ficam indelevelmente marcados, a nível internacional, pelos acontecimentos em França que tiraram a vida a várias pessoas, umas dedicadas ao cartoonismo satírico ofensivo, outras bem conhecidas como terroristas nos arquivos do FBI, mas que a falta de comunicação entre França e Estados Unidos não conseguiu levá-los à prisão atempadamente e ainda outras vítimas inocentes deste crime abominável que a todos indignou.
Este fenómeno não é, porém, novo se nos lembrarmos dos Versículos Satânicos da autoria de Ahmed Salman Rushdie autor e ensaísta de origem indiana, condecorado na Grã-Bretanha onde recebeu o título de «Sir», contudo merecendo da comunidade islâmica imensa indignação e protesto dado o conteúdo provocatório e pejorativo do seu livro em relação ao Alcorão, ao profeta Maomé e ao Islão, sendo por isso proibido de circular em vários países, mas também não esquecemos o caso do jornal dinamarquês professando ideologia nazi e autor das chamadas caricaturas de Maomé, consideradas como blasfémia e levando ao fecho da publicação, ou seja, os muçulmanos reagiram quando a sua cultura e religião foram vilipendiadas da mesma forma que os católicos também se manifestaram, por exemplo em Portugal, com fortes críticas e polémicas face ao conteúdo de algumas obras de José Saramago (O Evangelho Segundo Jesus Cristo e Caim), nos quais a interpretação bíblica do autor, embora irreverente e irónica, não tivesse usado o insulto contra a divindade e religião católicas.
A liberdade de informação é  abarcada pela liberdade de expressão e configura-se pela liberdade de informar, de ser informado e de se informar.
Apesar da sua correlação direta, a liberdade de expressão distingue-se da liberdade de informação na medida em que esta tem como objetivo a expressão de factos noticiáveis, onde se torna imprescindível a análise da veracidade dos mesmos a ser levada ao conhecimento.
No Artigo 38º da nossa Constituição lê-se que «A liberdade de imprensa implica a liberdade de expressão e criação dos jornalistas e colaboradores, bem como a intervenção dos primeiros na orientação editorial dos respectivos órgãos de comunicação social, salvo quando tiverem natureza doutrinária ou confessional.
A situação agora vivida em França suscita algumas perguntas, talvez incómodas para alguns, tais como: Quem é responsável por manter no desemprego milhões de jovens europeus, nos países mais desenvolvidos da União Europeia? Quem é responsável pelas políticas económicas que, em nome da confiança dos mercados financeiros, perpetua o desemprego e a pobreza entre os naturais e os imigrantes de segunda e terceira geração? Quem destruiu o desenvolvimento de África com a imposição do colonialismo e agora do modelo neoliberal, criando o desespero das populações que hoje se entregam ao tráfico e à morte no Mediterrâneo?
Quem fala do terrorismo e dos terroristas porque não informa o cidadão comum que o expoente máximo destas ações, Bin Laden, foi visita do Sr. Bush e que o aliado Arábia Saudita financia o ISIL (Estado Islâmico) conluiado com Israel na tentativa de invasão da Síria, estado laico a abater?
O imperialismo norte-americano, na sua ânsia de hegemonismo e apropriação de posições geo estratégicas em países fornecedores da matéria-prima denominada ouro negro, invadiu Afeganistão, Iraque, Líbia, Jugoslávia, aproveitando as alianças reais com a NATO/UE e precárias com a Al Qaeda para retirar os soviéticos do caminho no Afeganistão e os sérvios do Kosovo e da Bósnia, lançar Sunitas contra Xiitas, causando centenas de milhares de mortos, destruição de património histórico e verdadeira barbárie como todos os dias verificamos.    
A situação internacional encontra-se marcada por ingerências e agressões contra estados soberanos, instigando ódios religiosos, conflitos étnicos e o advento de forças de extrema-direita, nazi-fascistas e xenófobas, situação bem patente na Ucrânia, Grécia, Itália, França e Espanha.
O ataque ao Hebdo, onde gente claramente provocadora em exagero coabitava com jornalistas de muito bom, salutar e satírico humor, não foi somente uma expressão de vingança, mas constitui o resultado daquilo em que se tornou a nossa sociedade, onde impera um exacerbado individualismo e ceticismo, consumismo frustrado, culto da vulgaridade, da ignorância e dos «reality shows», tornando-se assim o alvo predileto da manipulação e do obscurantismo.
O imperialismo abriu a caixa de Pandora, mas será que vai encontrar no fundo a esperança?


















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