terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Os Grupos Económicos



                                         
Realizou-se no passado sábado na Casa Sindical em Campanhã a apresentação do livro do Dr. Eugénio Rosa intitulado Os grupos Económicos e o Desenvolvimento em Portugal no Contexto da Globalização.
Tratando-se duma obra de estudo e, portanto, de interesse para todos quantos se dedicam à economia e à política, este livro constitui-se também como um insubstituível meio de consulta para o comum dos leitores, dada a forma objetiva como o tema nos é apresentado e numa linguagem acessível.
Resultado de 4 anos de trabalho intenso na investigação, esta obra foi prefaciada pelo Professor do ISEG Dr. João Ferreira do Amaral que a considera uma valiosa contribuição para um melhor entendimento da realidade económica e política do nosso País, nos dias de hoje, até porque «têm sido muito escassos, para não dizer quase inexistentes, os estudos sistemáticos sobre grupos económicos em Portugal e esta lacuna é tanto mais séria quanto é certo que o processo de globalização tem vindo a transformar aceleradamente, um pouco por toda a parte, as características e a forma de atuação dos grupos económicos».
Tendo como base a tese de doutoramento de Eugénio Rosa, orientada pelo Professor Dr. João Ferreira do Amaral e pela Professora Ilona Kovács, esta obra contempla também o objetivo de responder a duas questões importantes, a saber: qual é o tipo de associação que existe entre grupos económicos e o desenvolvimento em Portugal? Serão os grupos económicos um fator importante de crescimento económico e desenvolvimento em Portugal, como defendem algumas correntes de opinião ou, pelo contrário, serão um fator gerador de desigualdades sociais e regionais e, eventualmente, um fator que dificulta o crescimento económico elevado e o desenvolvimento sustentado e equilibrado?
E tudo isto no contexto da globalização, pois atualmente, como é sabido, os chamados mercados encontram-se mundializados e não existe um grupo económico importante que atue apenas no quadro nacional, sem estar ligado ou mesmo integrado no atual processo de globalização e, por essa razão, ficar condicionado na sua atividade pela teia que o envolve ao nível global, ou seja, Eugénio Rosa procurou determinar a forma como os grupos económicos têm restringido, e continuarão a fazê-lo no futuro, o tipo de crescimento económico e o desenvolvimento em Portugal.
Tratando-se, pois, duma questão importantíssima e fundamental para o futuro dos portugueses e do País, deve ficar claro para nós não ser possível compreender os problemas ou obstáculos do crescimento económico no nosso País, nem tão pouco encontrar as soluções adequadas, sem recorrer ao estudo aprofundado dos grupos económicos, das suas estratégias e objetivos, saber quem os controla, conhecer as suas ligações aos grupos transnacionais e a forma como se integram no atual contexto global do capitalismo dominante nos nossos dias.
As grupos económicos atualmente existentes e a operar em Portugal conseguem obter um domínio enorme nos principais segmentos de mercado em que exercem a sua ação e, por essa razão, condicionam todo o desenvolvimento e crescimento económico e, na sua maioria, já são controlados por grandes grupos económicos estrangeiros, razão pela qual não restam muitas dúvidas de que não nos será possível qualquer desenvolvimento independente, equilibrado e sustentado, sem conseguirmos eliminar o domínio que estes grupos exercem sobre o poder político, a economia e a nossa sociedade.
No entanto, para atingirmos este objetivo só com novo rumo e novas políticas, só com novo governo patriótico e de esquerda.

Encontro Nacional do PCP

A situação nacional, as eleições para o Parlamento Europeu
e a luta por uma política patriótica e de esquerda

Resolução do Encontro Nacional "A situação nacional, as eleições para o Parlamento Europeu e a luta por uma política patriótica e de esquerda"

Sábado 22 de Fevereiro de 2014

1.

Portugal vive um dos mais inquietantes momentos da sua história recente. O rumo de declínio económico, retrocesso social e dependência que compromete, a não ser invertido, o futuro do país enquanto Estado soberano e independente é o resultado de 37 anos de política de direita, determinada pelos interesses do grande capital e subordinada à integração capitalista na União Europeia. Uma política dirigida para assegurar o aumento da exploração, a liquidação de direitos sociais e a alienação dos recursos nacionais, com dramáticas consequências: no plano social, com a degradação sem precedentes das condições de vida dos trabalhadores e do povo, o empobrecimento generalizado da população; no plano económico, com a entrega da produção e dos sectores estratégicos ao grande capital comprometendo o direito ao desenvolvimento soberano; no plano político com profundas repercussões ao nível da perda da soberania, atingindo a própria democracia e o regime democrático.
O agravamento da situação nacional provocada pela intensificação da ofensiva contra os direitos dos trabalhadores e do povo conhece pela mão do actual governo uma nova e mais acentuada dimensão. Os níveis alarmantes de desemprego, a emigração forçada de centenas de milhares de portugueses muitos deles com elevada qualificação, a destruição de dezenas de milhar de micro, pequenas e médias empresas, a acentuação das injustiças e exclusão sociais, as restrições ao direito à saúde, à educação e à protecção social são expressões vivas na realidade nacional que nenhuma propaganda sobre inventados sucessos pode desmentir. Mas a situação do País é inseparável da acção de sucessivos governos de PS, PSD e CDS, dirigida para promover a acumulação capitalista, a liquidação de direitos e conquistas alcançadas com Abril e impor mais retrocessos. Uma acção que encontra expressão no chamado “consenso europeu” que reúne estes três partidos e que os responsabiliza pelas consequências contrárias aos interesses nacionais da política da União Europeia.

2.

O Pacto de Agressão subscrito entre as troikas estrangeira e nacional constituiu um instrumento na estratégia de exploração e de submissão nacional. Factor de agravamento do conjunto dos problemas nacionais, mesmo daqueles em nome dos quais foi justificado, o Pacto de Agressão representou uma peça essencial na estratégia de liquidação da soberania ao serviço do grande capital transnacional e do directório de potências da União Europeia. Em seu nome e dos falsos objectivos com que foi apresentado, o País foi conduzido para o abismo económico e social que os seus promotores e apoiantes pretendem agora perpetuar. Escondendo as suas verdadeiras pretensões o que Governo, o Presidente da República e a União Europeia preparam é, não a libertação do País de um programa de dependência e de destruição das condições de vida de milhões de portugueses, mas sim a tentativa de o fazer perpetuar por outra via.
As reiteradas afirmações de que a desastrosa política de austeridade e o roubo de rendimentos e direitos são para manter, revelam o propósito dos principais promotores da política de direita. Até aqui com o chamado “programa de assistência económico e financeiro” e, para o futuro, com o Tratado Orçamental, ou um “programa cautelar”, o objectivo é , de uma forma ou de outra, manter o País sujeito à imposição do conjunto de instrumentos de dominação política e económica da União Europeia profundamente contrários aos interesses nacionais e que PS, PSD e CDS têm apoiado.
Os resultados desastrosos da integração capitalista europeia, para lá das suas consequências devastadoras, não ilibam os sucessivos governos que não só apoiaram as orientações e opções associadas ao processo de integração como as invocaram para prosseguirem e intensificarem a sua política ao serviço dos interesses do grande capital. A rejeição de quaisquer formas de perpetuação da política de extorsão de rendimentos e recursos nacionais é condição para afirmar o direito a um desenvolvimento soberano de acordo com os interesses dos trabalhadores, do povo e do País.

3.

O reforço da CDU nas eleições do próximo dia 25 de Maio constitui um factor essencial para conduzir à demissão do governo e à convocação de eleições antecipadas, para contribuir para a derrota da política de direita, para assegurar a devolução dos salários e direitos roubados, para afirmar e defender os interesses nacionais e para abrir caminho a uma alternativa política, patriótica e de esquerda.
O voto na CDU nas eleições para o Parlamento Europeu é o voto coerente e decisivo para condenar a política do governo, para se projectar e dar força à luta de todos quantos não se resignam a assistir à destruição das suas vidas e do seu futuro.
O voto que, sendo forma de luta e expressão do protesto dos trabalhadores e do povo, animará a corrente de confiança e de esperança dos que sabem ser possível defender os seus direitos e recuperar o que lhes foi roubado.
O voto que, correspondendo aos legítimos interesses do povo e do país e à inalienável afirmação de soberania, rejeite a política de austeridade imposta pelas troikas nacionais e estrangeira e liberte Portugal da submissão e dependência a que o estão a conduzir.
O voto que, distintamente de todos os outros, se apresenta como indispensável para afirmar a firme defesa dos interesses nacionais, para minimizar os condicionamentos e consequências negativas da integração capitalista europeia, para utilizar a favor do progresso social todos os meios e possibilidades, para lutar contra as imposições supranacionais e as limitações à democracia e à vontade do povo, para agir especificamente e em articulação com os trabalhadores e os povos de outros países para romper com o processo de integração capitalista europeu e abrir caminho a uma cooperação entre Estados iguais em direitos numa Europa de progresso, paz e cooperação.
O Encontro Nacional apela a todos os militantes e organizações para construírem uma grande campanha de massas, de contacto directo e esclarecimento capaz de mobilizar para o voto na CDU todos quantos atingidos pela política do actual governo reconhecem no PCP e nos seus aliados a força mais decisiva e determinante para a defesa dos seus interesses e direitos.
Uma campanha que identifique o voto na CDU como o momento e a possibilidade de cada um dar corpo à sua indignação e exigência de uma outra política.
Uma campanha que contribua para o esclarecimento, sobre a forma de expressar esse voto, para lá das fundamentadas razões da importância do apoio à CDU, condição indispensável para vencer o desconhecimento presente ainda em muitos milhares de eleitores da identificação da sigla e símbolo da coligação.
Uma campanha que identificando os constrangimentos e consequências para o País da integração na União Europeia, mostre que é pelo voto na CDU e pelo seu reforço na vida política nacional que reside a possibilidade do povo português afirmar o inalienável e pleno direito de decidir do seu próprio destino e escolher os caminhos que entender, em conformidade com a sua identidade histórica, os seus direitos e aspirações.
Uma campanha que difunda e valorize o trabalho realizado pelos eleitos do PCP no Parlamento Europeu em defesa dos trabalhadores, do povo e do país.
Uma campanha que, combatendo os que apresentam como única saída condenar o país aos interesses das potências capitalistas europeias, se bata pela dissolução da União Económica e Monetária e pela adopção de medidas que preparem o país face a qualquer reconfiguração da Zona Euro – nomeadamente as que resultem da saída de Portugal do euro, seja por decisão própria ou desenvolvimento da crise da UE – salvaguardando os interesses dos trabalhadores e do povo português.
Uma campanha que condene aqueles que, como o PS, simulando oposição ao governo, não só lhe querem prolongar o tempo de vida como partilham inteiramente as concepções neoliberais, federalistas e militaristas da União Europeia e aspiram a poder vir dar continuidade à actual política.
Uma campanha que denuncie os que, querendo apresentar-se como contrários ao rumo da União Europeia, insistem e defendem o aprofundamento do federalismo com o inevitável aumento de dependência e submissão à política neoliberal que lhe está subjacente.
Uma campanha que alerte para as ilusões em torno de um “rumo democrático” para a União Europeia, destinada a esconder a sua natureza de classe. Uma campanha que alerte para as manobras assentes na demagogia e até numa encenada oposição à União Europeia que animam concepções populistas e reaccionárias e, sobretudo, tentar impedir o crescimento eleitoral do PCP e da CDU.
O Encontro Nacional sublinha que o reforço da CDU, designadamente da sua votação e do número de deputados no Parlamento Europeu constituirá o contributo mais decisivo para derrotar a política de direita, dar força a uma política e a um governo patrióticos e de esquerda, em si mesma condição para defender os interesses de Portugal e a sua soberania, projectar e afirmar os valores de Abril e as suas conquistas.

4.

No ano em que se comemora o 40º aniversário da Revolução de Abril – realização histórica do povo português, acto de emancipação social e nacional e um dos mais importantes acontecimentos da história de Portugal – a luta por uma política patriótica e de esquerda emerge como o mais imediato e decisivo objectivo da luta dos trabalhadores e do povo, da acção convergente dos democratas e patriotas e da intervenção do Partido, das suas organizações e militantes.
Uma política patriótica e de esquerda que é inseparável do reforço da influência do PCP, da sua organização e iniciativa política, da ampliação na consciência e acção das massas populares do valor da política alternativa que propõe e do programa de democracia avançada que apresenta ao povo português, vinculados aos valores de Abril e que têm na Constituição da República os princípios susceptíveis de lhe dar corpo. Partido da luta pela liberdade, a democracia e o socialismo, o Partido Comunista Português apela a todos os homens e mulheres de Portugal, a todos que repudiam a exploração e a opressão, a todos que não se resignam a viver num País submetido e dependente , a todos que aspiram a uma vida melhor num Portugal com futuro para que com a sua coragem e determinação, a sua luta e o seu voto, dêem força a uma alternativa patriótica e de esquerda que mantenha vivos os valores de Abril para que estes se projectem, consolidem e desenvolvam no futuro de Portugal.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Aos baionenses

O vereador do PSD na Câmara de Baião, que recentemente emigrou para Inglaterra, quer que a autarquia lhe pague as deslocações a Portugal quando participar nas reuniões do executivo, confirmou nesta sexta-feira à Lusa o presidente do município.
"Fui informado por correio electrónico dessa pretensão do senhor vereador do PSD", explicou o chefe do executivo, o socialista José Luís Carneiro.
O eleito social-democrata alegou ter esse direito ao abrigo do Estatuto dos Eleitos locais.
No dia 12 de Fevereiro, o vereador social-democrata Luís Sousa participou pela primeira vez numa reunião de câmara, na condição de eleito com residência oficial em Inglaterra, confirmou o próprio à Lusa.
Sobre esta matéria, o presidente da Câmara explicou que o único vereador do PSD alegou o estatuto do eleito local para poder ser ressarcido das despesas que efectuar desde a sua área de residência, no exercício do cargo para que foi eleito.
Carneiro informou que pediu aos serviços da autarquia que fizessem a avaliação da legalidade da pretensão do vereador e que, sob ponto de vista formal, Luís Sousa deverá reunir condições para ser reembolsado das despesas com as viagens de avião.
Segundo informação da autarquia, o vereador do PSD deverá ter ainda direito a receber "ao quilómetro" nas deslocações que efectuar de automóvel do aeroporto do Porto até à vila de Baião e vice-versa, que perfazem cerca de 150 quilómetros (ida e volta).
De acordo com a sua página pessoal na rede social Facebook, o vereador reside e trabalha, como enfermeiro, numa cidade inglesa a cerca de 100 quilómetros de Londres. Em tese, segundo a edilidade, o vereador também poderá ser reembolsado das despesas nas deslocações até ao aeroporto mais próximo.
O executivo de Baião reúne duas vezes por mês.
Segundo a autarquia, até quinta-feira, não tinham ainda entrado nos serviços os documentos comprovativos das despesas efetuadas pelo vereador do PSD.
O edil socialista não quis fazer comentários políticos sobre o pedido do vereador da oposição, limitando-se a afirmar que vai ser pedido para que as viagens de avião se façam em companhias de baixo custo para não sobrecarregar demasiado as contas da câmara.
A Lusa tentou, sem sucesso, insistentemente, o contacto telefónico com o vereador. Por escrito, via correio electrónico, o autarca do PSD informou na quarta-feira que, até àquela data, ainda não tinham sido pagas pela câmara quaisquer despesas de deslocação.
"A minha residência oficial é em Inglaterra", confirmou o vereador, informando que está naquele país desde Janeiro, mas que se deslocou a Portugal, entre os dias 12 e 18, para cumprir com "as obrigações de autarca eleito".
Luís Sousa informou ter estado na terça-feira uma reunião da Associação de Municípios do Baixo Tâmega, em representação da Câmara de Baião.
"Aconselho V. Exa. à leitura cuidada da lei do Estatuto dos Eleitos Locais, artigo 12, que o poderá auxiliar na argumentação jornalística sobre este assunto", escreveu ainda Luís Sousa na mensagem enviada à Lusa.
O vereador não respondeu a várias perguntas formuladas pela agência Lusa, nomeadamente se pretende exercer o mandato de vereador até ao final do mandato, se vai participar nas duas reuniões mensais do executivo e quanto vão custar à câmara as suas deslocações a Portugal.
Nas autárquicas de 29 de Setembro, Luís Sousa foi o cabeça-de-lista do PSD à Câmara de Baião, obtendo aquele partido 18,42%. Naquelas eleições, o PS liderado por José Luís Carneiro alcançou 71,4%, assegurando seis dos sete lugares do executivo.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

POR UMA POLITICA PATRIÓTICA E DE ESQUERDA

Intervenção de Jerônimo de Sousa, Secretário-Geral, Almada, Encontro Nacional do PCP - «A situação nacional, as eleições para o Parlamento Europeu e a luta por uma política patriótica e de esquerda»

Encerramento do Encontro Nacional do PCP

Estamos a chegar ao fim do nosso Encontro Nacional. A reflexão e o debate que aqui tiveram lugar são de uma grande importância, não apenas para a intervenção do PCP nas grandes batalhas que temos pela frente no plano nacional e no plano europeu, mas para a necessária e imprescindível mobilização dos militantes comunistas para garantir o seu êxito.
Desde logo para a batalha das eleições para o Parlamento Europeu que travamos no quadro da CDU.
Eleições que têm na atual situação nacional uma acrescida importância pelo que representam de possibilidade de reforço da intervenção dos deputados da CDU no Parlamento Europeu em defesa dos trabalhadores, do nosso povo, do nosso país e pelo contributo que podem dar para derrotar este governo e para animar todos quantos aspiram a uma ruptura com a política de direita e lutam por uma outra política, patriótica e de esquerda.
Neste Encontro Nacional do nosso Partido esteve presente a real situação do país, a verdadeira situação das condições de vida dos portugueses e os seus problemas, que o governo do PSD/CDS tenta encobrir com o diáfano manto da fantasia e da propaganda enganosa.
Fantasia e propaganda de um governo que quer fazer crer a todo o custo que os sacrifícios, os dramas, o grave e brutal retrocesso no padrão de vida dos portugueses valeram a pena, e chegar às próximas eleições vendendo a ilusão de um futuro diferente e melhor, a garantir o seu próprio futuro como governo.
Pretendiam e pretendem fazer esquecer o vendaval de violência que semearam na vida dos portugueses com a sua política e as medidas do mal chamado programa de ajustamento imposto ao país pela troika nacional do PS/PSD/CDS em concertação com a troika estrangeira na destruição do país e na extorsão dos seus recursos e patrimônio nacional.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Instantâneos do nosso quotidiano

                                          
Um jovem que sofreu um acidente de viação há dias, em Chaves, teve de fazer 400 quilómetros de ambulância para ser visto por uma equipa de neurocirurgia, dado não haver vagas nos hospitais próximos.
Necessitando de transferência para uma unidade de neurocirurgia, Chaves não tem a especialidade, os hospitais mais próximos, Porto, Gaia, Matosinhos e Braga, informaram que não tinham vagas, pelo que acabou por ser encaminhado de ambulância para o Santa Maria, em Lisboa, com mais de quatro horas de viagem, pois o helicóptero também não tinha condições de segurança para levantar voo. Os serviços estavam cheios, as vagas estavam preenchidas, no Norte e Centro ninguém o recebeu nem atendeu, teve de ir para o sul.
Sendo escandalosa, não é para surpreender, no entanto, esta situação, pois fecharam centros de saúde, urgências hospitalares e outras valências, o transporte de doentes está um caos, com problemas nos bombeiros e no INEM, a linha de saúde 24 não funciona com regularidade, continua o desinvestimento na área da Saúde e pelo contrário este ano há mais 300 milhões de euros de cortes, os constrangimentos ao nível de recursos humanos continuam com falta de médicos de família, mas emigram médicos e enfermeiros e agora anda o ministro à pressa a tentar recrutar médicos reformados, os tempos de espera para consultas e cirurgias aumentam de tal forma que há utentes que vão ficando pelo caminho, há dificuldades na obtenção de medicamentos cada vez menos comparticipados e na área do cancro, um dos maiores flagelos da sociedade, continuam as dificuldades, embora os profissionais tentem abnegadamente ultrapassar os problemas existentes, Paralelamente e na semana passada, a Espírito Santo Saúde deu entrada na Bolsa de Valores com pompa e circunstância, palmas e champanhe, abraços e entrevistas, beneficiando da transferência direta de milhões de euros do Orçamento de Estado, ou seja, continua em curso a chamada reforma da Saúde começada na governação PS e seguida nesta do PSD/CDS. O negócio floresce para os grupos económicos que operam no sector, enquanto os utentes pagam mais pelas taxas moderadoras e pelo acesso a outros serviços no âmbito do SNS. No passado dia 11 deste mês decorreu o XXII Dia Mundial do Doente e, independentemente de filosofias ou crenças, ninguém consegue ficar indiferente ao sofrimento causado por diversas enfermidades físicas e mentais, razão pela qual é chocante ver transformar a Saúde num «chorudo» negócio à custa do erário público.
Noutra área, a Cultura, com a qual, pelos vistos, a direita não lida bem, somos surpreendidos pelo surrealismo da tentativa de venda à sucapa das obras de Miró e, de tal forma, que chegamos ao vexame de ouvir da empresa leiloeira britânica a reprimenda «aqui só se vendem obras cumprindo as leis a que as mesmas estão sujeitas». Já anteriormente e em relação à classificação das Fundações para extinção, foi resolvido pelo executivo governamental extinguir a Fundação Paula Rego, detentora dum acervo artístico admirado em todo o mundo e levando a pintora a solicitar a devolução de 186 obras emprestadas, porém, este mesmo executivo manteve a Fundação do PSD Madeira para onde terão sido canalizados, entre 2012 e 2013, mais de milhão e meio de euros, numa demonstração de critérios culturais no mínimo enviesados.
E como não há duas sem três, eis que surge a «clarividente» medida de sortear pelas Finanças automóveis topo de gama para cativar o pedido de faturas, a única forma encontrada para dizer aos cidadãos que devem pagar impostos, pois assim podem ganhar um carro, quando todos sabemos ser através das off-shores e da deslocação de sedes de grandes empresas para outros paraísos fiscais que a fuga se processa, isto num País em que as micro, pequenas e médias empresas se encontram a braços com o aumento do pagamento especial por conta, do IVA e da falta de consumo interno, num País com milhão e meio de desempregados e os que trabalham fazem-no cada vez mais com salários de miséria, com cerca de três milhões de pobres, em que imensas crianças encontram na Escola a primeira refeição do dia e os seus avós se confrontam com roubos nas suas reformas e pensões, 
Curiosamente, as áreas atrás referidas (Saúde, Cultura, Finanças) encontram-se consagradas na nossa Constituição, em cujo texto preambular aprovado em 1976 se pode ler que «a Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios básicos da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito Democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção dum País mais livre, mais justo e mais fraterno».
Sinais dos tempos do nosso quotidiano que temos de mudar, pois só nós o podemos fazer e com confiança no futuro, mas a confiança exige luta, a menos que queiramos de novo seguir os caminhos da repressão e obscurantismo de que nos libertamos com tanto custo no 25 de Abril.



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Portugal e a União Europeia







NOTA DE IMPRENSA


DEBATE PÚBLICO:  “Portugal e a União Europeia – A política alternativa”

Realizou-se no passado Sábado um debate sob o lema “Portugal e a União Europeia – A política alternativa” que contou com a presença de Inês Zuber (deputada do PCP no Parlamento Europeu) com vista ao esclarecimento da população acerca das eleições do Parlamento Europeu a realizar no dia 25 de Maio do corrente ano.
Usando uma linguagem de fácil compreensão em contraste com os termos rebuscados usados pela “União Europeia” ficaram esclarecidas as consequências da adesão, à então CEE, para o nosso país.
O que o PCP afirmou acerca desta adesão, em que a nossa economia débil foi confrontada com outras poderosas, teria como resultado o progressivo desmantelamento da nossa produção e como consequência o aumento da dívida (agora está 14 vezes superior comparado com o ano de 2011) e dos défices, bem como o agravamento da dependência externa e perda de soberania. Fomos obrigados a abdicar de grande parte da nossa produção agrícola, das nossas pescas e da indústria e agora temos de importar alimentos e bens que deixamos de produzir (estamos 12 vezes mais dependentes).Entregamos sectores estratégicos para a nossa economia como a electricidade, a gasolina e em parte a banca deixando os lucros e dividendos, que deveriam servir para desenvolver o país e criar melhores condições para o povo, evadirem-se para grandes grupos estrangeiros. A abdicação da nossa moeda para passar a usar o euro originou a progressiva baixa dos salários (a precariedade existente nos contratos de trabalho é, segundo a UE, um factor de agravamento da pobreza; no entanto insistem em continuar a desregulação das condições laborais), condenando muitos portugueses à fome (o desemprego está 4 vezes superior desde o euro).
O dinheiro dos fundos estruturais vindos da UE, no período 2006/2011, é inferior ao dinheiro canalizado para a Europa por via de juros, lucros e dividendos (dados do Banco de Portugal). Os fundos Europeus previstos para 2014 a 2020, que remontam a cerca de 25 mil milhões, serão anulados pelos 36 mil milhões da parte dos juros e comissões que teremos que pagar pelo empréstimo da Troika (isto é impagável se não retirarmos a parte ilegítima da dívida e renegociarmos os seus prazos, juros e montantes) e atendendo ao acordado pelo Tratado Orçamental, que estipula que podemos ser penalizados nos fundos se não o cumprimos, é mais que certo que os 25 mil milhões terão um corte. Outra questão fundamental é o triste papel do Banco Central Europeu que empresta dinheiro aos bancos (ditos “os mercados”) a taxas inferiores a 1% e cobram taxas de 10 ou 5, podendo variar conforme a gula do capital financeiro e os prazos, a Portugal.
Tudo isto com o acordo dos partidos que nos tem governado: o PSD, com ou sem CDS-PP, e o PS.
Consideramos estas eleições de uma importância enorme e tudo faremos para esclarecer a população com a verdade indesmentível dos factos em contraste com a demagogia e as promessas de paraísos sistematicamente deitadas ao lixo pelos outros partidos, e que o reforço da CDU é o garante de um feroz combate a quem nos anda a condenar à miséria.
Defenderemos uma política alternativa que nos coloque novamente com os instrumentos que defendam a nossa soberania e que sirvam os interesses do nosso povo e do país numa Europa de progresso, de justiça social, de paz e de cooperação. Uma Europa de Estados soberanos, livres e iguais em direitos que salvaguarde a democracia.

Penafiel, 16 de Fevereiro de 2014
A Comissão Concelhia de Penafiel do Partido Comunista Português
      

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Reforçar a CDU nas próximas eleições europeias


 

Na iniciativa de apresentação de João Ferreira como primeiro candidato da CDU às eleições do Parlamento Europeu, o Secretário-Geral do PCP sublinhou que "o reforço da CDU e da sua votação, dando expressão e sentido à vontade de todos quantos têm lutado em defesa dos seus direitos, é a mais sólida garantia para dar força a uma política alternativa patriótica e de esquerda".
Indissociável da luta pela demissão do governo e a convocação de eleições legislativas, o reforço da CDU nas eleições do próximo dia 25 de Maio constitui um factor essencial para conduzir à demissão do governo e à convocação de eleições antecipadas, para contribuir para a derrota da política de direita, para assegurar a devolução dos salários e direitos roubados, para afirmar e defender os interesses nacionais e para abrir caminho a uma política alternativa patriótica e de esquerda.
O apoio à CDU e o seu reforço são seguramente uma afirmação dos valores de Abril neste ano em que se comemoram os 40 anos da Revolução de Abril. Mas o reforço da CDU e da sua votação, dando expressão e sentido à vontade de todos quantos têm lutado em defesa dos seus direitos, é a mais sólida garantia para dar força a uma política alternativa patriótica e de esquerda.
Uma política alternativa para devolver aos portugueses a certeza da confiança de que Portugal tem futuro e de que é possível uma outra Europa, dos trabalhadores, dos povos e da sua dignidade e felicidade.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

PCP a força da mudança necessária

Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Barreiro, Comício «Derrotar o governo. Recuperar salários e direitos roubados»

O governo quer tornar definitivo o que anunciou ser temporário


Estamos a viver um período da vida do País marcado pela mais violenta ofensiva contra os interesses do nosso povo. Uma grave situação que arrastou o País não apenas para a mais grave situação social da nossa vida democrática, como para a mais grave e longa recessão económica da sua história contemporânea. Uma violenta ofensiva que continua e que tem deixado um rasto de exploração e degradação das condições de vida de milhões de portugueses.
O governo procura esconder a realidade que se vive no País e a dramática situação que muitos portugueses estão a enfrentar com abundantes doses de propaganda e meias verdades, mas essa realidade salta à vista de todos e não há campanha de mistificação que possa iludir a real situação do País e da vida dos trabalhadores, dos reformados, da generalidade das camadas e classes populares do nosso povo.
Um povo que, apesar da violência, da chantagem, das difíceis condições em que se encontra, não se resigna e vai à luta exigindo a demissão do governo do PSD/CDS, como o fez no passado dia 1 de Fevereiro na grande jornada nacional da CGTP-IN e o continuará a fazer na que já está marcada para o próximo dia 27 deste mês, com a realização das marchas de Lisboa e Porto pelos direitos, contra a troika e o governo.
Luta que não pára e que é demonstrativa da vontade dos trabalhadores e do povo de tudo fazer para apressar e pôr fim a este governo e a esta política de desastre nacional.
Uma luta que saudamos e que conta com a activa solidariedade e empenhamento dos comunistas portugueses!
Uma luta tão mais necessária quando vemos que a perspectiva que apresenta é a do agravamento das condições de vida da grande maioria dos portugueses, a manter-se este governo e não a ser interrompida a sua política e as medidas que querem concretizar.
Muitos portugueses começaram a ver as consequências de mais um Orçamento de um governo cujo objectivo é continuar a política de roubo nos salários, nas reformas e pensões, de destruição do sistema de protecção social, de ataque aos serviços públicos essenciais às populações, de desinvestimento que terá como consequência o arrastamento da situação de degradação económica e social do País.
Esse seu Orçamento que é um instrumento de rapina do nosso povo e mais uma peça do Pacto de Agressão que faz em breve três anos que foi imposto ao País pelo PS, PSD e CDS, para garantir aos grandes grupos económicos e financeiros, aos agiotas, aos especuladores uma substancial renda à custa da ruína do País.
A política de rapina sentem-na já os trabalhadores da Administração Pública quando viram a folha do seu salário de Janeiro.
Viram-na as famílias endividadas forçadas a entregar, inclusive a sua casa de habitação.
Viram-na os aposentados e reformados que são vítimas de um novo assalto às suas reformas.
Mas não só a vêem como a sentem os milhares de portugueses nas dificuldades que enfrentam no acesso a uma simples consulta e nos custos da saúde.
Tal como o sentem as centenas de milhares de desempregados – mais de um milhão e quatrocentos mil - que se arrastam pelos centros de emprego à procura de um trabalho e, ao mesmo tempo, vêem desaparecer o apoio mínimo que lhes era devido. Mais de metade dos desempregados estão sem subsídio de desemprego!
Dizem que estão a fazer regredir o desemprego, mas nas filas de espera dos Centros de Emprego há mais trabalhadores que há um ano. E não há mais porque milhares e milhares, mais de 300 mil portugueses abalaram para a emigração e mais de 250 mil trabalhadores desistiram de procurar trabalho, cansados de esperar, para não falarmos nos que estão a fazer cursos sucessivos de formação profissional que são mais do dobro de 2012, para fazer baixar artificialmente a taxa de desemprego.
Sentem-no os muitos milhares que vêem cortadas as prestações sociais, RSI, complemento solidário do idoso, abono de família. Prestações sociais para muitos os únicos suportes de vida, muitos dos quais empurrados para a fila da sopa dos pobres das instituições de caridade.
Sentem-no os jovens que vêem degradar a escola pública com os cortes brutais em todos os níveis de ensino, os bolseiros com o colapso da investigação e o abandono dos seus projectos científicos.
Sentem-no os trabalhadores quando vêem um governo mais preocupado em continuar a facilitar os despedimentos do que a tomar medidas para criar emprego.
Sente-o o Poder Local com os cortes de que é alvo, mais de 1 200 milhões de euros. Cortes que se acrescentam a uma quebra abrupta das receitas próprias com origem no urbanismo em crise, no incumprimento de pagamentos que se alargam com a política dita de austeridade e com o aumento das despesas impostas às autarquias, nomeadamente com o aumento da carga fiscal. Uma realidade que se reflecte nas condições de vida das populações, as principais vitimas desta política de desinvestimento e afundamento financeiro das autarquias.
É este o resultado de uma política que impõe brutais sacrifícios ao povo e tudo garante aos responsáveis pela crise no País – o grande capital económico e financeiro: menos impostos, benefícios fiscais, uns às claras outros pela porta do cavalo, rendosos contratos de vários de milhões e novas privatizações.
Milhares de milhões de euros que estão a ser pagos para engordar os grandes grupos económicos e a empobrecer o País. Milhares de milhões que estão a ser roubados aos rendimentos do trabalho, às reformas e pensões para entregar ao grande capital, agora também com a redução do IRC aprovada por este governo, com o apoio do PS.
É a política do regabofe para os grandes interesses!
E não se deixem impressionar pelas notícias dos prejuízos de alguns bancos. Os prejuízos tidos por alguma banca não escondem os milhões que têm ganho à custa do Orçamento do Estado e das pequenas e médias empresas, e os milhões que têm ganho na especulação.
Ainda há dias soubemos que o governo deu mais 510 milhões de euros para cobrir as operações de lixo tóxico do BPN!
É que estes lucros têm vindo a ser camuflados com a limpeza dos activos sobreavaliados relativos, designadamente ao imobiliário, e com as provisões para credores de cobrança duvidosa – o tal crédito mal parado – em consequência das políticas ditas de austeridade.
A banca tem estado a limpar os seus activos sobreavaliados e o seu crédito mal parado com os milhões que têm feito com a dívida pública, com as PPP, com os benefícios fiscais e com comissões e mais comissões e ainda se dá ao luxo de apresentar “prejuízos”. Continuamos a pagar o desendividamento da banca e a sua capitalização. Continuamos a pagar o enriquecimento dos banqueiros e dos grandes accionistas da banca que são os dos grandes grupos económicos.
Os senhores do dinheiro, dos grandes grupos e os banqueiros continuam a encher-se e a pôr o dinheiro a salvo no estrangeiro e nos offshores, enquanto o País se afunda e o povo empobrece
A manter-se este governo e não a ser interrompida a sua política teremos um
País cada vez mais desigual, mais injusto e mais dependente.
Dependência cada vez mais acentuada com o aumento da dívida que tornou a crescer para 129,4% do PIB no final de 2013. Uma situação cada vez mais preocupante e que a torna crescentemente insustentável.
Falam de sucesso da sua política, mas os resultados mostram o contrário.
Esta semana apresentaram mais um sucesso da sua governação. Dizem que conseguiram um empréstimo de 3,5 mil milhões de euros! Pois conseguiram, com uma taxa de juro exorbitante!
Contas feitas, um novo compromisso que significa um custo em juros de 50 milhões de euros por mês!
Mais um grande sucesso, sem dúvida, mas para a banca e os grandes especuladores!
Mais um negócio colossal para os senhores do dinheiro com 5,1% de taxa de juros, superior aos da troika e quando o BCE financia a banca, agora, ainda a preços mais baixos, à taxa de 0,25%!
Dizem que houve uma grande procura dos investidores. Pudera! Isto é um negócio das arábias!
Este negócio para criação de uma almofada e a este preço é tão ruinoso para o País, que só se pode explicar por uma necessidade eleitoralista do governo de apresentar uma inexistente saída limpa do Pacto da troika e fazer disso uma falsa bandeira de libertação e autonomia!
Mas há uma questão que se coloca: como vamos pagar a dívida com juros a este preço?
É com o crescimento rastejante anunciado pelo governo, vendido à opinião pública como outro sucesso, apesar de sabermos que 2013 se traduziu em mais um ano de recessão? Sim, camaradas, o ano de 2013 foi mais um ano de recessão. Mais um ano em que o PIB regrediu 1,4%!
É com um crescimento previsto que não passará de estagnação e que deixa adivinhar mais uma década perdida, a segunda desde a entrada no euro, que vamos pagar? Não é!
E como com esta política não vamos crescer o suficiente, o que estão a pensar é pôr os portugueses ainda mais na penúria. Sempre com novas e mais gravosas medidas, numa autêntica espiral de austeridade.
É continuar a carregar, carregar, carregar em cima dos trabalhadores, dos reformados com mais cortes nos seus rendimentos, nos serviços públicos, degradar a generalidade do tecido económico do País, porque nos grandes interesses não tocam!
É preciso sair deste círculo vicioso!
Não há saída para a crise com o serviço da dívida que o País tem que pagar. Em juros hoje são mais de 7 mil milhões de euros ano!
Este governo fala muito nas novas gerações para atacar a geração actual, mas com empréstimos e soluções destas, o que é que estão a fazer senão a hipotecar do futuro das novas gerações?
Não! Não há saída sem renegociar a dívida para acabar com este sufoco, este apertar de garganta do País e dos portugueses e sem uma outra política capaz de relançar o desenvolvimento do País!
Temos ouvido por aí dizer, nomeadamente ao PS, que estes empréstimos são insuportáveis para as contas públicas, mas aqueles que o dizem ficam-se pela declaração e não assumem o que se impunha – a renegociação da dívida, pondo um travão a esta especulação desenfreada!
Mas não é apenas a dívida que cresce para pagar aos especuladores e ao grande capital que aprofunda a nossa dependência e nos empobrece.
É a degradação económica e fragilização dos sectores produtivos em resultado da evolução do investimento e do impacto que terá o roubo nos salários, nas reformas e pensões na evolução da economia portuguesa.
Não há golpe de ilusionismo estatístico que possa iludir as graves consequências futuras para o País e a sua economia, quando o investimento, que é fundamental para a renovar e requalificar o aparelho produtivo, cai ao nível de 1988! Andámos quase três décadas para trás!
Esta política vai sair cara e o País vai pagar caro as opções desastrosas deste governo.
Fazem um grande alarido com as exportações.
Também nisto há muita mistificação à mistura. Omitem que mais de metade do crescimento das exportações (55%) é resultado da venda de um só produto – os combustíveis que os portugueses compram menos e agora exportam, porque este governo os tem sistematicamente empobrecido - e de quase uma só empresa - a Galp!
Querem fazer com que os portugueses tomem a árvore pela floresta!
Uma só empresa na origem do crescimento das exportações, e o resto das empresas? A grande maioria das pequenas e médias empresas, mesmo as que trabalham para o mercado externo, para não falar da larguíssima maioria que vive do mercado interno, e sente as dificuldades das opções de uma política, que não é só de agora, e que promoveu deliberadamente o empobrecimento do povo e destruiu os nossos sectores produtivos.
Sim, os partidos que hoje estão no governo, juntamente com o PS, executaram uma política de desastre que conduziu à contínua liquidação da capacidade produtiva na indústria, na agricultura, nas pescas do País e agora querem afundar o que resta e ampliar a destruição do que temos com o seu exclusivo enfoque no modelo assente nas exportações, desvalorizando e desprotegendo o mercado interno e os sectores que para ele trabalham com a sua capacidade desaproveitada.
Um modelo que se quer impor à custa do retroceder do País, regressando e consolidando o modelo económico de salários de miséria e baixo valor acrescentado!
Um modelo ao serviço do lucro de alguns e não ao serviço do País e do seu desenvolvimento!
E isso está bem patente na evolução da distribuição do Rendimento Nacional. Uma cada vez menor parcela da riqueza criada vai para o trabalho!
O crescimento que pretendem e de que falam é o crescimento sem desenvolvimento. É o crescimento sem melhoria das condições de vida das pessoas.
O crescimento que pretendem é o que mantém altas taxas de desemprego e de emprego precário, sem direitos, com salários baixos e de miséria. O crescimento que aprofunda as desigualdades e as injustiças!
O novo ministro da economia anda agora também a competir na mistificação da realidade com Paulo Portas que é cada vez mais o ministro da propaganda. Um, está transformado no putativo herói da libertação do País - Paulo Portas -, o outro, Pires de Lima, no salvador da pátria, logo a seguir a Passos Coelho!
Disse lá por Paris mais ao menos por estas palavras que o “governo nada fez para baixar os salários”. Salários que têm vindo a cair de forma acentuada com Governo do PSD/CDS.
Diz-se isto e não se cora de vergonha! Eles que não têm feito outra coisa senão impor pela acção coerciva do Estado o abaixamento das condições de trabalho e dos salários.
Quando se deixa e tudo se faz para aumentar o enorme exército de desempregados, é para quê? Para forçar a baixa de salários e das condições de trabalho!
Fazem-se de inocentes!
Impuseram pacotes de leis laborais uns atrás de outros, e parece que ainda não chega, com o FMI (que os falsos libertadores dizem que se vai embora daqui a três meses) a discutir com o governo um novo pacote, para imporem novos cortes de salários e flexibilizar ainda mais os despedimentos. Têm feito as mais violentas e gravosas leis contra o trabalho, a maior parte com o apoio do PS.
Despedimentos mais fáceis e mais baratos e à “la carte” com as decisões desta semana do governo. Cortes nas horas extraordinárias, dias feriados, aumento dos horários, facilitação da precarização do trabalho e por aí fora, com o objectivo de permitir o despedimento e a substituição em rotação dos trabalhadores mais antigos como vai acontecendo, por trabalhadores precários e com salários de miséria, e o governo não têm nada a ver com a baixa dos salários em Portugal.
E isto para não falar nos trabalhadores da Administração Pública que querem pôr de tanga com os cortes, que têm vindo a impor, de salários e direitos!
É grande o cinismo com que age este governo!
Neste momento querem, a partir da acção do Estado, anular a contratação colectiva que as partes contrataram. Andam sempre com a boca cheia de negociação, de participação e responsabilização das partes na negociação e na regulação e condições de trabalho, mas não só impõem por cima e sempre em desfavor dos trabalhadores as piores condições para quem vive do trabalho, como pretendem anular tudo o que são conquistas civilizacionais dos trabalhadores!
Uma política determinada pelo grande capital que se vai escondendo atrás dos seus homens-de-mão, daqueles que têm sempre emprego garantido e bem pago nos concelhos de administração das multinacionais, nos grandes grupos económicos e nas instituições nacionais e internacionais que controlam. É só ver para onde vão depois da comissão de serviço no governo!
Falam de menos Estado quando é para tirar ao povo o que o povo precisa, mais saúde, mais e melhor educação, melhor segurança social, mas usam e abusam do Estado que querem forte para impor, pela violência de classe e o arbítrio, o saque do povo trabalhador, os cortes nos salários e reformas, o aumento dos impostos sobre quem trabalha e as medidas de aumento da exploração.
Este é, de facto, um governo que vive do logro permanente e tem uma política fundada na mentira e no engano.
Juravam que as medidas ditas de austeridade, mas efectivamente de extorsão do povo eram temporárias – os cortes nos salários, a contribuição extraordinária de solidariedade, a sobretaxa do IRS -, mas estão a trabalhar para as tornar definitivas, dando mais um golpe dos mestres do embuste!
Já andam a dizer que as pessoas não podem ter a expectativa de voltar ao que era há três anos atrás. Que o que era não existe. Era tudo uma ilusão!
É indisfarçável a sua pretensão de transformar em definitivos todos os roubos perpetrados aos trabalhadores e aos reformados nestes anos de PEC's do PS e do programa das troikas nacional e estrangeira.
Isso vê-se no carregar do roubo sobre os salários. Vê-se nas novas e recentes medidas contra os reformados e aposentados com o alargamento da Contribuição Extraordinária de Solidariedade.
Vê-se igualmente na sua anunciada reforma da segurança social e do sistema de pensões, para tornar definitivo o corte das pensões anunciado e derrotado no Tribunal Constitucional.
Trata-se de um governo que age sem escrúpulos para levar ao engano tudo e todos. Que recorre a todas as artimanhas para iludir e enganar os portugueses!
Agora até querem enganar os reformados e aposentados com o adiamento da aplicação dos cortes para depois das eleições para o Parlamento Europeu. Querem o seu voto, primeiro, e depois apresentam a factura por junto.
Sabemos que foi sempre objectivo do governo tornar definitivo o que anunciou que era temporário.
Mas ao contrário de outros, como o PS, que vai já afirmando que não promete nada se for governo, nós queremos claramente dizer que com um governo com o PCP - um governo patriótico e de esquerda – como aquele que defendemos e pela concretização do qual lutamos, tudo o que foi roubado aos trabalhadores e ao povo é para ser devolvido.
Que esta questão da obrigação da devolução ao povo do que é do povo tem que ser um compromisso de honra de um governo com uma verdadeira solução alternativa à política de direita!
Todos os dias somos confrontados com grandes oratórias sobre as virtudes desta política que dizem estar a fazer milagres.
Grandes oratórias replicadas pelos comentadores de serviço e ao serviço dos grandes beneficiários desta política de desastre nacional.
Na sua campanha de ilusionismo político, difundem a ideia de que estamos próximos do fim de todos os nossos problemas. Que está a chegar o momento da saída da troika e o fim do Pacto de Agressão e com isso o dia da recuperação da nossa soberania e dos nossos direitos.
Querem vender a ilusão de que a partir da saída da troika nada será como antes. É a pura manipulação!
Querem fazer crer que a grande questão do País é a de se saber qual o modelo de saída do Pacto: “saída à Irlandesa” ou “programa cautelar”, como se um ou outro não significasse a continuação das medidas ditas de austeridade e da colonização do País pela Europa da oligarquia financeira e do directório das grandes potências.
Omitem que as suas soluções implicam novas medidas de exploração, regressão social, novos cortes nos direitos sociais, nas reformas e nos salários, iguais às que temos vindo a assistir com as políticas e medidas do Pacto de Agressão.
Omitem e escondem que não há a libertação de que tanto falam com o Tratado Orçamental que subscreveram, com os Pactos para o Euro e outros instrumentos que impõem a redução do défice e da dívida a “mata-cavalos”!
Défice e dívida que eles aumentam com esse frenesim em que andam para arranjar a sua almofada eleitoral, que o povo há-de pagar a um preço desmedido. Andam nesse lufa–lufa a pedir dinheiro para termos, como dizem, uma “saída limpa” do Pacto de Agressão. Querem dar a ideia de que há saídas limpas no pós-troika, mas o que pretendem é levar outra vez os portugueses ao engano, porque com este governo e esta política não há saída limpa, mas mais austeridade, mais extorsão, mais venda de recursos do País, mais empobrecimento.
Vêm com a cantiga que com a saída da troika vai ser diferente, mas o que pode ser diferente há-de ser essencialmente o resultado da luta do nosso povo!
Não, eles não são os salvadores da pátria! Eles estão a enterrar a pátria!
O País precisa de outra política, de uma política alternativa e não da política que está a ser seguida.
Portugal precisa de uma nova política patriótica e de esquerda e de um governo para a concretizar, um novo governo patriótico e de esquerda:
- uma política alternativa e um governo que promovam a defesa e o aumento da produção nacional, a recuperação para o Estado do sector financeiro e de outras empresas e sectores estratégicos;
- a valorização efectiva dos salários e pensões e uma melhor e mais justa distribuição da riqueza criada;
- a opção por uma política orçamental de combate ao despesismo e à despesa sumptuária, baseada numa componente fiscal de aumento da tributação dos dividendos e lucros do grande capital e de alívio dos trabalhadores, dos reformados, pensionistas e das micro, pequenas e médias empresas;
- uma política de defesa e recuperação dos serviços públicos, em particular no que concerne às funções sociais do Estado;
- a assunção de uma política soberana e a afirmação do primado dos interesses nacionais.
O País não pode adiar por mais tempo uma mudança de rumo, uma verdadeira mudança alternativa e não as falsas e perversas soluções dos partidos do rotativismo nacional. Desses partidos com políticas siamesas. Os partidos do bipartidarismo de bengala que nos governam há quase 40 anos!
As soluções para os problemas que o País enfrenta só podem ser encontradas com um novo governo patriótico e de esquerda.
Uma nova política alternativa que tenha como referência os valores de Abril e o respeito pela Constituição da República.
Uma verdadeira alternativa que tem o PCP como uma força indispensável na sua construção.
Deste Partido Comunista Português que é a grande força de oposição e alternativa à política de direita.
Deste Partido que é preciso tornar ainda mais forte no plano orgânico, no plano político e social. Mais forte para defender os interesses dos trabalhadores e do povo. Mais forte para assegurar os interesses do País e a soberania nacional.
Esta semana apresentámos o cabeça de lista da CDU – o camarada João Ferreira - às próximas eleições para o Parlamento Europeu, a realizar em 25 de Maio.
Uma escolha que dá as maiores garantias e confiança, pela sua capacidade e experiência, de continuação do valioso trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelos nossos deputados no Parlamento Europeu em defesa dos trabalhadores, do nosso povo e do nosso País, por um projecto alternativo para Portugal e para a Europa.
Foi um primeiro e importante momento da intervenção da CDU na batalha eleitoral que se aproxima. Um importante momento que é o ponto de partida para afirmar ainda mais a luta que travamos contra esta política e contribuir, numa batalha que vai exigir o contributo e envolvimento de todo o Partido, para derrotar este governo, infligindo-lhe uma pesada derrota com o reforço da CDU!
Um ponto de partida para dar continuidade, com mais votos e mais deputados da CDU, ao combate contra as consequências, para o nosso País, de quase três décadas de integração capitalista europeia cada vez mais determinada por uma opção federalista, neoliberal e militarista, cuja orientação tem importantes consequências na actual situação do nosso País.
Consequências devastadoras de uma integração que não iliba os sucessivos governos do PS, PSD e CDS que não só apoiaram as orientações e opções associadas ao processo de integração como as invocaram para prosseguirem e intensificarem a sua política ao serviço dos interesses do grande capital.
Vamos para uma batalha eleitoral que terá de se traduzir numa importante campanha de esclarecimento a partir da situação do País e dos problemas nacionais.
Uma batalha que, sendo indissociável da luta pela demissão do governo e pela exigência de convocação de eleições legislativas, é igualmente indissociável da denúncia da conivência das forças políticas que se identificam, como o PS, com as concepções federalistas dominantes na União Europeia e apoiam os seus principais instrumentos de dominação que são responsáveis pelo rumo de desastre no País e na Europa.
Por isso, o reforço da CDU nas eleições do próximo dia 25 de Maio constitui, juntamente com a luta dos trabalhadores e do povo, um factor essencial para conduzir à demissão do governo, para contribuir para a derrota da política de direita.
O apoio à CDU e o seu reforço são seguramente uma afirmação dos valores de Abril neste ano em que se comemoram os seus 40 anos!
Somos um Partido que não vira a cara à luta. Um Partido portador de uma política alternativa para devolver aos portugueses a certeza da confiança de que Portugal tem futuro e que é possível uma outra Europa, dos trabalhadores, dos povos e da sua dignidade!
Um Partido que mostra com a sua história e o seu projecto ser a grande força portadora da esperança e da confiança num Portugal com futuro! A grande força que esteve, está e estará, sempre do lado certo: do lado dos trabalhadores, do povo e de Portugal!
E disso podem estar todos certos!