quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A Europa comunitária em crise

                                       A questão ucraniana
Para tentarmos perceber um pouco mais a situação na Ucrânia de hoje, a ingerência do imperialismo estado unidense e o notório interesse da União Europeia nesta antiga república soviética, devemos recuar um pouco na História.
Alguns analistas bem situados no terreno e que procuraram ouvir ambas as partes do conflito e não somente um dos lados como a maioria dos «media» ocidentais fez, incluindo a nossa televisão, é de opinião que a violência nas ruas de Kiev representa muito mais do que uma expressão de revolta popular contra o governo, nalguns casos até compreensível face a dificuldades existentes, mas sim é expressão recente do fascismo mais insidioso que a Europa tem visto desde a queda do Terceiro Reich.
As ameaças de sansões a um País soberano que, em eleições livres, constituiu um governo legítimo, o constante vai e vem de dirigentes das potências integradas na NATO, tais como, John McCain e Catherine Ashton responsáveis da política externa da EU e Victoria Nuland subsecretária do Departamento de Estado, que chegou a distribuir bolachas aos ativistas aquartelados na praça Maidan, a par das altas figuras presentes na última conferência internacional sobre segurança realizada há dias em Munique e que deu guarida a dois rostos da oposição ucraniana e ainda o anúncio de que tanto EUA como UE preparam uma ajuda financeira a Kiev, são sinais inquietantes dum alargamento do conflito já existente, com origem na recusa do presidente ucraniano em assinar um acordo comercial com a UE, certamente por conhecer os exemplos doutros países europeus a braços com programas de ajuda que os tornam socialmente mais pobres e economicamente mais débeis e sabendo também estar em marcha um cerco à Rússia para o seu isolamento geo estratégico.
Até 17 de Janeiro passado os protestos de rua tinham-se mantido de certo modo controlados e pacíficos, mas depois os manifestantes, já armados com capacetes, bombas improvisadas e mocas, enfrentaram violentamente a polícia, atacaram e ocuparam prédios governamentais e também espancaram pessoas suspeitas de simpatia pelo governo em funções.
Estes manifestantes enquadram-se na formação política conhecida como Pravy Sektor (SectorDireita), essencialmente uma organização abrangendo ultranacionalistas ou fascistas, outros grupos de direita, incluindo os apoiantes do Svoboda (Liberdade), do Party (Patriotas da Ucrânia), da Assembleia Nacional da Ucrânia e da Trizub. Todas estas organizações seguem uma ideologia comum anti russa, anti-imigrante e anti-judaica e, além disso, todas se reclamam da chamada Organização dos Nacionalistas Ucranianos, liderada por Stepan Bandera, ou seja, o mesmo tipo de gente que colaborou com os nazis e que, com fardas nazis, lutou ativamente contra a União Soviética e esteve envolvida nalgumas das piores atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial.
A situação na Ucrânia é profundamente preocupante, pois representa uma confrontação política que, dividindo o País em pró Rússia e pró UE, pode facilmente lança-lo numa guerra civil, 25 anos após a sua independência, mas mostra também mais um dado na ascensão do fascismo em toda a Europa, veja-se os acontecimentos na Grécia, na França e na Espanha, mas também na América Latina (Honduras e Paraguai), países onde as forças políticas de direita e extrema-direita, apoiadas pelos EUA, lançam-se no assalto ao poder com discurso populista que ameaça os próprios fundamentos da democracia em todo o mundo.
Para ajudar neste assustador caldo de incultura e ameaça à paz mundial, o Ministro dos Estrangeiros alemão Frank Walter Steinmeier e a sua colega Ministra da Defesa Ursula von der Leyen, em afirmações recentes, pretendem que a Alemanha assuma um papel de maior relevo na política mundial, incluindo missões militares no estrangeiro, querendo isto significar que a Alemanha, cujo atual governo integra o partido social democrata SPD, não pretende distanciar-se das aventuras neocoloniais da França e da Holanda e do hegemonismo «made in EUA», mas pelo contrário quer desempenhar um papel chave no processo de evolução da UE como bloco político militar com todas as consequências que daí podem advir.


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