quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Os problemas da Banca privada

DECLARAÇÃO DE JORGE PIRES, MEMBRO DA COMISSÃO POLÍTICA DO COMITÉ CENTRAL, LISBOA, CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Sobre a decisão do Banco de Portugal de recapitalizar o Novo Banco

Sobre a decisão do Banco de Portugal de recapitalizar o Novo Banco
1. O PCP reafirma que a melhor solução para o Novo Banco, que o colocará ao serviço da economia nacional e das famílias portuguesas, é ficar sobre controlo público e não ser vendido a um ou mais grupos privados.
2. O facto de o refinanciamento do Novo Banco, no valor de 1.985 milhões de euros, desta vez realizado não à custa de dinheiros públicos, mas dos obrigacionistas institucionais, não resolve um problema de fundo, o facto de o Estado português ter injectado 3,9 mil milhões de euros, que irá ser pago por todos os portugueses.
3. Sobre esta solução encontrada, nós não temos nada a opor. Pela primeira vez, são os obrigacionistas e os accionistas a pagar os desmandos deste banco, do BES. Uns porque, durante muitos anos, retiraram milhares de milhões de euros em dividendos e não tiveram preocupações de refinanciamento e os obrigacionistas institucionais, que são no essencial grandes empresas financeiras, durante muitos anos especularam com as dificuldades de outras empresas, comprando dívida dessas empresas com taxas de juro elevadíssimas.

Um ano novo melhor

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

As razões dum voto contra

DECLARAÇÃO DE VOTO

Proposta de Lei nº 8/XIII-1ª, que procede à alteração à Lei nº 82-B/2014, de 31 de Dezembro – Orçamento do Estado para 2015

A Proposta de Lei n.º 8/XIII/1.ª, que procede à primeira alteração à Lei n.º 82-B/2014, de 31 de dezembro​ (Orçamento do Estado para 2015), que acabámos de votar, concretiza a opção de resolução do Banif que o atual Governo e o Banco de Portugal assumiram. Opção que merece a oposição do PCP, cujo voto contra é a manifestação de profundo desacordo com as opções que o governo PSD/CDS e o Banco de Portugal assumiram e que agora culmina na liquidação/resolução do Banif, entrega do negócio «saudável» do banco ao Grupo Santander por 150 milhões de euros e com os milhares de milhões de euros que este processo irá custar aos cofres do Estado e ao povo, em especial aos trabalhadores e aos reformados e pensionistas (custo que se calcula deverá ficar entre 2 255 milhões e 3 000 milhões de euros) e com o mais que provável despedimento de centenas de trabalhadores.
Estamos perante um verdadeiro crime económico, que remete agora para o uso de recursos públicos para salvar depósitos que foram delapidados num contexto em que tal delapidação podia ter sido impedida se o Governo PSD/CDS tivesse utilizado os instrumentos que tinha à sua disposição para esse efeito.
Desde 2012, o PCP tem vindo a alertar para a situação do Banif, para os 1100 milhões de euros de capitais públicos envolvidos na sua recapitalização e para a opção do Governo PSD/CDS de não assumir o necessário controlo público do banco que a posição claramente maioritária do Estado permitia e aconselhava. Um governo que um dia após ter sido demitido foi a correr assinar o contrato de venda da TAP mas que durante três anos não quis resolver o problema do Banif. Se dúvidas subsistissem, hoje é claro que a opção do Governo PSD/CDS não serviu nem protegeu os interesses dos clientes do Banif, os seus trabalhadores, nem as economias das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, assim como os milhares de emigrantes cujas poupanças estão depositadas no banco.
Há pesadas responsabilidades que têm de ser apuradas em toda a sua extensão quanto à atuação do anterior Governo PSD/CDS e do próprio Banco de Portugal em todo o processo que conduziu o BANIF à situação em que hoje se encontra.
O anterior Governo PSD/CDS comprometeu o Estado e dinheiros públicos no BANIF sem pedir sequer responsabilidades àqueles a quem durante anos foram distribuídos os lucros que resultaram das práticas especulativas que os geraram.
Estas pesadas responsabilidades do anterior Governo PSD/CDS não podem deixar de ser apuradas em toda a sua extensão para que daí sejam retiradas as devidas consequências.
As responsabilidades políticas do Governo PSD/CDS são agravadas pelas afirmações de Passos Coelho e dos responsáveis das finanças que insistiam num alegado bom negócio para os cofres do Estado. Na realidade, estavam a apoiar a fundo perdido um banco privado e, perante o seu contínuo afundamento e incumprimentos das obrigações decorrentes do processo de recapitalização, esconderam, com a cumplicidade do Banco de Portugal, a real situação do Banif dos portugueses, em especial dos mais diretos interessados, os trabalhadores e os depositantes.
O PCP chama ainda a atenção para o facto de a situação do Banif, tal como já se tinha verificado com o BES, ser mais um elemento que comprova o embuste propagandístico que significou a anunciada “saída limpa” e o verdadeiro conteúdo da acção do Governo PSD/CDS e da troika.
Após os casos do BCP, do BPN, do BPP e mais recentemente do BES, a Resolução do Banif vem demonstrar que a regulação e supervisão bancária, tal como acontece nos principais sectores económicos estratégicos, apenas serve para alimentar ilusões de uma intervenção pública, aparentemente independente e disciplinadora das ambições e da especulação financeira do capital monopolista.
Haverá ainda que discutir as próprias responsabilidades das regras e das instituições europeias que continuam a dar cobertura às práticas especulativas da banca e à concentração das instituições bancárias. É o próprio enquadramento legal e institucional do sistema bancário e as regras de circulação de capitais que promovem a especulação com o objetivo de atingir o lucro a todo o custo.
A par das opções do Governo PSD/CDS e da cobertura que lhe foi dada pelo Banco de Portugal, este processo veio demonstrar o papel das instituições da União Europeia e do seu quadro legal e regulamentar ao serviço dos maiores grupos financeiros europeus, em claro confronto com os interesses económicos e sociais nacionais e do próprio sistema financeiro nacional.
Passados quase três anos, é hoje ainda mais claro que, desde o início da recapitalização do Banif, foi intenção da Comissão Europeia e do BCE assegurar que a conclusão passaria por mais um processo de concentração bancária com o Estado a assegurar a assimilação dos custos e prejuízos.
A urgência da Resolução do Banif justificada pelo atual governo em resultado das decisões das instituições da União Europeia e do seu sistema monetário conhecido como Eurosistema, nomeadamente da Direcção-Geral da Concorrência (DGComp), em nome da Comissão Europeia, e do BCE e o fim da derrogação da Directiva da Resolução Bancária, pilar fundamental da União bancária, vêm dar razão ao PCP que sempre denunciou a sua real natureza ao serviço da concentração monopolista do sistema bancário, em oposição à necessária proteção do interesse público, nomeadamente dos povos e das respetivas economias.
O PCP reafirma que os constrangimentos supranacionais, nomeadamente os determinados pelas imposições da União Europeia e pelo Banco Central Europeu, não são compatíveis com a defesa do interesse nacional. Ou seja, além das assimetrias económicas e sociais que a União Europeia gera e agrava, nomeadamente as que colocam a economia portuguesa em desvantagem pelos elevados custos de capital – fruto principalmente da Moeda Única – as regras bancárias da União Europeia bloqueiam potenciais respostas que incluam o sistema público bancário, como sucedeu com a recusa da integração do Banif nesse sistema, obrigando a que o Estado funcione sempre como o depositário dos prejuízos e agente de limpeza da banca para a sua entrega, já livre de riscos e prejuízos, a grupos monopolistas.
Esta situação agravar-se-á com a entrada em vigor, a 1 de Janeiro de 2016, das novas regras da União Europeia para o sistema bancário.
A situação criada no BANIF confirma, em primeiro lugar, a necessidade do controlo público da banca que o PCP tem vindo a propor em defesa dos interesses do povo e do País. Uma vez mais é evidente a quem serve e a quem não serve a gestão privada da banca.
Esta situação demonstra que um efetivo controlo público da banca é absolutamente necessário, não apenas por força deste processo mas da instabilidade geral que não permite colocar de parte que este seja apenas mais um episódio da crise patente no sistema bancário. Não sendo o controlo público, por si só, a solução para todos os problemas da banca, é hoje mais evidente do que nunca de que só este permite as soluções necessárias.
O PCP rejeita a canalização de recursos públicos para instituições bancárias sem que isso permita o controlo público que contribua para a solidez das instituições e da sua gestão ao serviço dos interesses nacionais.
Pode até admitir-se que, perante o arrastar de todo o processo e a situação em que o BANIF foi deixado pelo anterior Governo, as alternativas quanto à intervenção no banco não colocavam nenhuma possibilidade que pudesse considerar-se positiva para o Estado. No entanto, o PCP não pode acompanhar um desfecho para o BANIF que se traduzirá em mais uma fatura de milhares de milhões de euros passada aos contribuintes pela falência de um banco.
Este desfecho torna-se ainda mais inaceitável quando os milhares de milhões de euros servirão, no essencial, para assegurar a transferência dos melhores ativos e a carteira de negócios do banco para um grupo financeiro privado e estrangeiro – Grupo Santander – quando seria do interesse do País, do povo, dos trabalhadores e dos depositantes que fossem integrados no sistema público bancário.
É preciso aprofundar e levar mais longe a reflexão sobre a gestão privada da banca e os interesses que serve, retirando as consequências de um sistema bancário que sucessivamente apresenta ao povo a fatura pela falência dos bancos depois de estes distribuírem milhares de milhões de lucros pelos acionistas e pelos especuladores financeiros.
O PCP salienta igualmente a necessidade de assegurar os postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores do Banif, também eles, vítimas do funcionamento especulativo e da natureza predatória do sistema financeiro, a par dos interesses dos depositantes e das economias das Regiões Autónomas.
Por isso o PCP reafirma que o seu voto contra este orçamento rectificativo é um voto de rejeição da proposta apresentada a que continuamos a contrapor a necessidade de encontrar solução por via da integração da actividade bancária do BANIF no sistema público bancário, sob controlo público.
Esta posição é ainda acompanhada da exigência de que sejam apuradas integralmente as responsabilidades políticas sobre a condução deste processo, nomeadamente através da urgente criação de uma Comissão de Inquérito, nos termos propostos pelo PCP.

Controlar publicamente a Banca

DECLARAÇÃO DE JORGE PIRES, MEMBRO DA COMISSÃO POLÍTICA DO COMITÉ CENTRAL, LISBOA, CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Sobre a resolução do Banif e venda do negócio ao Santander Portugal

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05:11
Face à decisão anunciada pelo Banco de Portugal e pelo Governo sobre o Banif – venda do negócio do Banif ao Santander Totta, resolução do Banif e criação de um Veículo para assumir os activos tóxicos -, o Partido Comunista Português entende, numa primeira avaliação, destacar:
Os sucessivos alertas do PCP, desde 2012, para a situação do Banco e das posições do Estado no capital e no empréstimo em capital contingente, eram inteiramente justificados. Na verdade, é possível afirmar que o Governo PSD/CDS colocou 1.100 milhões de euros no Banif, dos quais apenas 275 milhões foram recuperados e sem garantir o mínimo acompanhamento da instituição.
Ou seja, PSD e CDS são directamente responsáveis pela perda de 825 milhões de euros. O Governo PSD/CDS é igualmente responsável pela não assumpção do controlo público da instituição, permitindo que um banco detido em mais de 60% pelo Estado fosse integralmente controlado por outros interesses. Acrescem a essas responsabilidades as que resultam do branqueamento da situação do banco durante os últimos três anos, estas, partilhadas com o Banco de Portugal.
O PCP considera que essas responsabilidades políticas são agravadas pela forma como o então Primeiro-Ministro, Passos Coelho, justificou a operação, como um bom negócio para o Estado, mentindo sobre a operação que correspondeu, na verdade, a uma ajuda pública a fundo perdido a um banco privado, com pesados custos para o interesse público.
É assim inteiramente justificável que as responsabilidades políticas sobre a condução deste processo e o seu desfecho sejam cabalmente esclarecidas e apuradas e, nesse sentido, o PCP intervirá na Assembleia da República com a proposta de uma Comissão de Inquérito.
Estamos perante um verdadeiro crime económico, que remete agora para o uso de recursos públicos para salvar depósitos que foram delapidados num contexto em que tal delapidação podia ter sido impedida se o Governo PSD/CDS tivesse utilizado os instrumentos que tinha à sua disposição para esse efeito.
Uma vez mais, o sistema de regulação e supervisão, por incapacidade intrínseca e por opções políticas, revela-se como um verdadeiro embuste, incapaz de impedir os sucessivos colapsos financeiros, que do BPN ao Banif, já custaram ao Estado mais de 20.000 milhões de euros, desde 2008.
A situação demonstra que um efectivo controlo público da banca é absolutamente necessário. Não apenas por força deste processo, mas da instabilidade geral que não permite colocar de parte que este seja apenas mais um episódio da crise patente no sistema bancário. Não sendo o controlo público, por si só, a solução para todos os problemas da banca, é hoje mais evidente do que nunca de que só este permite as soluções necessárias.
O PCP rejeita a canalização de recursos públicos para instituições bancárias sem que isso permita o controlo público que contribua para a solidez das instituições e da sua gestão ao serviço dos interesses nacionais.
O PCP reafirma que os constrangimentos supranacionais, nomeadamente os determinados pelas imposições da União Europeia e pelo Banco Central Europeu, não são compatíveis com a defesa do interesse nacional. Ou seja, além das assimetrias económicas e sociais que a União Europeia gera e agrava, nomeadamente as que colocam a economia portuguesa em desvantagem pelos elevados custos de capital – fruto principalmente da Moeda Única – as regras bancárias da União Europeia bloqueiam potenciais respostas que incluam o sistema público bancário, como sucedeu com a recusa da integração do Banif nesse sistema, obrigando a que o Estado funcione sempre como o depositário dos prejuízos e agente de limpeza da banca para a sua entrega, já livre de riscos e prejuízos, a grupos monopolistas.
Esta situação agravar-se-á com a entrada em vigor, a 1 de Janeiro de 2016, das novas regras da União Europeia para o sistema bancário.
O PCP salienta igualmente a necessidade de assegurar os postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores do Banif, também eles vítimas do funcionamento especulativo e da natureza predatória do sistema financeiro.
O PCP chama ainda a atenção para o facto de a situação do Banif, tal como já se tinha verificado com o BES, ser mais um elemento que comprova o embuste propagandístico que significou a anunciada “saída limpa” e o verdadeiro conteúdo da acção do Governo PSD/CDS e da troika.

Sobre o controlo da Banca


Senhor Presidente,
Senhores Deputados,
Desde 2012 o PCP alerta para a situação do Banif, para os 1100 milhões de euros de capitais públicos envolvidos na sua recapitalização e para a opção do Governo PSD/CDS de não assumir o necessário controlo público do banco que a posição claramente maioritária do Estado permitia e aconselhava.
O Governo PSD/CDS não serviu nem protegeu os interesses dos clientes do Banif, os seus trabalhadores, nem as economias das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, nem os milhares de emigrantes cujas poupanças estão depositadas no banco.
O anterior Governo PSD/CDS comprometeu o Estado e dinheiros públicos no BANIF sem pedir sequer responsabilidades àqueles que lucraram à conta da má gestão.
As responsabilidades políticas do Governo PSD/CDS são agravadas pelas afirmações de Passos Coelho e dos responsáveis das finanças que insistiam num alegado bom negócio para os cofres do Estado. Na realidade estavam a apoiar a fundo perdido um banco privado e falido, ocultando a realidade com a ativa cumplicidade do Banco de Portugal, (talvez por isso tenham feito tanta força para a recondução do mesmo Governador que dizia que o empréstimo ao Banif renderia 10% em juros a favor do Estado – decerto para nenhum outro poder descobrir o buraco.
A par das opções do Governo PSD/CDS, este processo veio expor a incompatibilidade insanável entre a defesa do interesse nacional e as regras e imposições da União Europeia ao impedir a integração do negócio do Banif no sistema público bancário e ao forçar a concentração capitalista. Impedimentos que o Governo acata, mas o PCP não.
Estamos perante um verdadeiro crime económico, cujo autor moral é o Governo PSD/CDS, resta saber com que cobertura do Presidente da República, Cavaco Silva. Crime económico contra o país que remete agora para o uso de recursos públicos para salvar depósitos que foram delapidados num contexto em que tal delapidação podia ter sido impedida se o Governo PSD/CDS tivesse assumido a sua posição dominante no capital do Banif. À velha maneira do que fazia o fascismo, PSD e CDS colocam dinheiro público numa empresa privada, não para controlar a empresa, mas para que a empresa privada controle o dinheiro público.
Sr Presidente
Srs Deputados
É cada vez mais claro que a regulação e supervisão bancária apenas servem para alimentar ilusões de uma intervenção pública, aparentemente independente e disciplinadora das ambições e da especulação financeira do capital monopolista. O Banco de Portugal é o certificado de qualidade num produto apodrecido.
O PCP não aceita salvar bancos privados com o dinheiro dos portugueses e este desfecho torna-se ainda mais inaceitável quando os milhares de milhões de euros servirão, no essencial, para assegurar a transferência dos melhores ativos e a carteira de negócios do banco para um grupo financeiro privado e estrangeiro – Grupo Santander – quando seria do interesse do País, dos trabalhadores e dos depositantes que fossem integrados no sistema público bancário.
A situação que está criada no BANIF confirma a necessidade do controlo público da banca que o PCP tem vindo a exigir há anos. Uma vez mais é evidente a quem serve e a quem não serve a gestão privada da banca. A estabilidade do sistema financeiro é demasiado importante para que possa ficar dependente da voragem dos grandes acionistas privados.
A situação demonstra que um efetivo controlo público da banca é absolutamente necessário. Não apenas por força deste processo, mas da instabilidade geral que não permite colocar de parte que este seja apenas mais um episódio da crise patente no sistema bancário. Não sendo o controlo público, por si só, a solução para todos os problemas da banca, é hoje mais evidente do que nunca de que só este permite as soluções necessárias.
O PCP chama ainda a atenção para o facto de a situação do Banif, tal como já se tinha verificado com o BES, ser mais um elemento que comprova o embuste propagandístico que significou a anunciada “saída limpa” e o verdadeiro conteúdo da acção do Governo PSD/CDS e da troika. É igualmente, mais um elemento que comprova que PSD e CDS estiveram ao serviço dos senhores do dinheiro: fizeram questão de condicionar as opções, tentando vender a TAP já fora do prazo e fizeram tudo para que o Banif fosse entregue ao Santander por falta de opção. Com as suas opções, limitaram duramente as de quem viesse a seguir.
O voto contra do PCP é um voto contra a política que salva bancos enquanto sacrifica pessoas. É um voto contra as imposições da União Europeia que são contrárias aos interesses dos portugueses. É um voto contra os privilégios dos banqueiros, que usam e desviam o dinheiro das pessoas e chamam o Estado para pagar os seus crimes, enquanto circulam livremente pelo país em vidas de luxo. É um voto contra a opção de cortar nos salários, nas pensões, na segurança das populações, na Justiça, na Cultura, na Educação, na Saúde, para pagar aventuras de banqueiros. O sistema financeiro tem de estar ao serviço das pessoas. Para isso, as pessoas têm de controlar os bancos. Só a banca nas mãos do povo não rouba o país.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Melhores salários, melhores condições de vida, melhor economia


«É tempo
de valorizar
os salários
e os trabalhadores»
Sindicatos decidem reivindicações nos sectores e empresas
Avança a luta pelos salários
Na Administração Pública, no sector eléctrico e na banca, as estruturas sindicais apresentaram propostas de actualização salarial que concretizam e dão força às posições definidas pela CGTP-IN para 2016. A luta dos trabalhadores será determinante para alcançar os objectivos.
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No documento sobre as orientações para a política reivindicativa no próximo ano, aprovado pelo Conselho Nacional da CGTP-IN a 2 de Setembro, a confederação destacou que o poder de compra dos salários tem baixado e a pobreza laboral (salários inferiores ao limiar de pobreza) atinge onze por cento da população empregada.
Um quadro elaborado a partir de dados do INE (Inquérito ao Emprego, no segundo trimestre de 2015) evidencia que um terço dos trabalhadores por conta de outrem (TPCO)recebe um salário líquido até 600 euros; mas, quando este limite passa a 900 euros, a parcela abrangida sobe outro tanto. Ou seja, mais de dois milhões de trabalhadores (61,1 por cento dos 3,7 milhões de TPCO contabilizados pelo INE) recebem menos de 900 euros por mês.
Ao apontar como prioridade da acção sindical «a revisão salarial dos contratos colectivos de trabalho, em articulação com a luta reivindicativa nas empresas e locais de trabalho, de modo a garantir a defesa simultânea dos direitos», a Intersindical considera que a revalorização dos salários é «uma questão de mais equitativa distribuição do Rendimento Nacional e de justiça social», «uma condição crucial para a melhoria da situação económica do País» e «um factor estratégico de uma política de desenvolvimento».
Considerando os cortes salariais impostos pelo Governo PSD/CDS, o aumento da carga fiscal sobre o trabalho, o agravamento do custo de vida e a necessidade de «uma mais justa repartição da riqueza produzida pelos trabalhadores», a confederação exige o aumento real dos salários em 2016 em, pelo menos, quatro por cento, e um acréscimo salarial não inferior a 40 euros por mês.
O valor do salário mínimo nacional deverá passar para 600 euros, no início de 2016.
Devem ser repostos de imediato «todos os salários, subsídios e pensões roubados desde 2011, incluindo as prestações sociais, bem como o descongelamento das progressões».
A Inter reclama ainda uma «diminuição fiscal, no quadro da reforma da política fiscal» que defende.
No dia 4, sexta-feira, depois de a UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental da AR) ter estimado que o défice será superior ao estimado, a CGTP-IN alertou que, «independentemente da divulgação a breve prazo dos problemas que o PSD e o CDS esconderam no “sótão”, é preciso que a nova maioria de deputados na AR concretize uma efectiva mudança de política». «É tempo de valorizar os salários e os trabalhadores, de repor direitos laborais, de dinamizar a contratação colectiva, de reduzir a carga fiscal para os rendimentos do trabalho e de pensões, de melhorar as funções sociais do Estado, de respeitar a Constituição e de promover uma mais justa repartição do rendimento, rumo ao desenvolvimento económico e social», reafirmou a central.
 
Sector eléctrico
Numa assembleia nacional de representantes de trabalhadores de empresas fabricantes de material eléctrico e electrónico, que a Fiequimetal/CGTP-IN realizou no dia 4, em Coimbra, com meia centena de participantes, foi decidido ampliar e intensificar a apresentação de cadernos reivindicativos neste sector, particularmente nas multinacionais, como a Bosch Car Multimédia, a Visteon, a Exide (Tudor), a Legrand Eléctrica e a Delphi. Os lucros obtidos nos últimos anos, pela generalidade das empresas, não se reflectiram nos salários dos trabalhadores, que deveriam ter aumentado «em consonância com a riqueza criada e para permitir aos trabalhadores fazerem face ao insuportável aumento do custo de vida», como se refere numa informação publicada pela federação.
Nas reivindicações a apresentar ao patronato, constam: o aumento salarial, no mínimo de 40 euros; a redução do tempo necessário para atingir o topo das carreiras de operador especializado e técnico-fabril; o fim da discriminação no pagamento de diuturnidades e o aumento do seu limite, de quatro para cinco; a passagem a permanentes de todos os trabalhadores com vínculos precários; a redução progressiva do horário de trabalho para 35 horas semanais; e a adopção de medidas de prevenção dos riscos, num sector com graves problemas de saúde ocupacional.
Administração
Pública
Para dar início às negociações com o novo Governo, no dia 3, uma delegação da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública entregou no Ministério das Finanças a proposta reivindicativa para 2016, que tinha sido aprovada a 22 de Outubro. No que respeita a salários e pensões, exige-se a reposição imediata do valor integral cortado desde 2011, uma actualização de quatro por cento (garantindo um mínimo de 50 euros por mês), a reposição do valor das horas extraordinárias, a revogação das normas gravosas da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas e a eliminação total da «contribuição extraordinária de solidariedade», entre outras reivindicações.
Na Proposta Reivindicativa Comum sublinha-se que «nós, os trabalhadores da Administração Pública, ao reivindicarmos melhores condições de trabalho, a valorização das condições de exercício da nossa profissão e a dignificação profissional, defendemos simultaneamente os direitos de todos os cidadãos».
Bancários
O Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Financeira anunciou que vai apresentar aos bancos uma proposta de melhoria salarial de quatro por cento, com um mínimo de 50 euros. O Sintaf/CGTP-IN, num comunicado de dia 2, salientou que os bancários estão sem actualização da tabela salarial desde Janeiro de 2010 e «sofreram uma desvalorização real do seu poder de compra», porque «subiram os preços dos bens essenciais e de praticamente todos os produtos necessários à subsistência», «subiu a carga fiscal» e a inflação «apesar das mais recentes desacelerações, ultrapassou os oito por cento desde 2010».
O Sintaf vai também exigir a imediata reposição dos cortes remuneratórios e recorda que «os bancos e os banqueiros reduziram os custos com o pessoal e agravaram a exploração do trabalho, com os contratos precários e os pseudo-estágios, o aumento da carga horária e do trabalho extraordinário não remunerado» e, «entre muitas outras benesses», obtiveram «o trabalho nos quatro dias que deixaram de ser feriado, sem qualquer contrapartida».

Na OGMA dia 15
Em plenários realizados no dia 2, os trabalhadores da OGMA decidiram realizar uma jornada de luta, no dia 15, tendo por objectivo principal exigir a actualização da tabela salarial, negada pela administração há mais de três anos, informou o Steffas/CGTP-IN. O sindicato emitiu um pré-aviso de greve, para permitir aos trabalhadores concentrarem-se junto ao portão principal da empresa de aeronáutica entre as 5 e as 6h30 e entre as 14 e as 15 horas.

Maria Eugénia Cunhal

NOTA DO SECRETARIADO DO COMITÉ CENTRAL DO PCP

Faleceu Maria Eugénia Cunhal

O Secretariado do Comité Central do Partido Comunista Português informa, com profunda mágoa e tristeza, do falecimento, aos 88 anos, de Maria Eugénia Cunhal, militante comunista, com uma vida dedicada à luta contra o fascismo, pela liberdade, contra a exploração capitalista, pela democracia, pela paz, o socialismo e o comunismo.
Nascida a 17 de Janeiro de 1927 em Lisboa, foi professora de inglês, tradutora, jornalista e escritora, filha de Mercedes e Avelino Cunhal, e irmã de Álvaro Cunhal, desde sempre conviveu com a luta antifascista e com os ideais da liberdade e da democracia, cedo conheceu a realidade da repressão fascista, com apenas dez anos visita o seu irmão Álvaro Cunhal na prisão.
Maria Eugénia Cunhal foi presa pela PIDE com 18 anos, e foi várias vezes detida para interrogatórios, quando o seu irmão Álvaro Cunhal se encontrava na clandestinidade.
Quando questionada sobre quando abraçou o ideal comunista, respondeu “É difícil dizer. Porque, no fundo, acho que sempre fui comunista, desde que tenho cabeça para pensar. Mas muito cedo, a minha opção foi tomada muito cedo, sem dúvida nenhuma.”
Maria Eugénia Cunhal é autora das obras O Silêncio do Vidro (1962), a História de Um Condenado à Morte (1983), As Mãos e o Gesto (2000), Relva Verde Para Cláudio (2003) e Escrita de Esferográfica (2008).
Publicou entre 1947 e 1951, na revista Vértice, vários poemas com o pseudónimo de «Maria André».
Fez a primeira tradução portuguesa dos contos de Tchekov, Os Tzibukine (1963).
Actualmente estava organizada no Sector Intelectual-Artes e Letras da Organização Regional de Lisboa do PCP.
Modesta, discreta, dedicada, fraterna, Maria Eugénia Cunhal deixa-nos o seu exemplo de verticalidade e firmeza de carácter, o amor aos outros, o interesse pelo ser humano, contra a exploração, contra a desigualdade.
O Secretariado do Comité Central endereça aos seus filhos, netos e restante família, as suas sentidas condolências.
O corpo estará em câmara ardente na Sociedade de Instrução e Beneficência «A Voz do Operário» em Lisboa, a partir das 11 horas de sexta-feira, dia 11 de Dezembro.
O Funeral sairá às 11.00 horas de sábado, dia 12 de Dezembro, para o cemitério do Alto de São João e a cremação será as 12.00 horas.

Encontro entre PCP e ANAFRE

Tempo de Antena do PCP - Presidenciais 2016

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Um parto difícil

                                             
Em termos médicos é usual utilizar-se o termo distorcia para designar dificuldades encontradas na evolução de um trabalho de parto, tornando essa função difícil, impossível ou perigosa. Em sentido figurado, quando verificamos a existência de impedimentos inusitados ou acções de bloqueio, obstaculizando o prosseguimento e a finalização conseguida de um determinado objectivo, costumamos desabafar aplicando a frase «foi um parto difícil».
Aos últimos acontecimentos políticos no nosso País pode bem atribuir-se esta figura alegórica, pois, passados que foram cinquenta dias sobre as eleições legislativas de 4 de Outubro, finalmente viu a luz do dia a consequência política e institucional da vontade do povo português manifestada nessas eleições.
Após a derrota eleitoral de PSD e CDS e a rejeição do programa do governo da coligação em 10 de Novembro na Assembleia da República, foi finalmente removido o respectivo executivo governamental, tomando posse de seguida o 21º Governo Constitucional como não podia deixar de ser.
Consumou-se assim a derrota final e definitiva da coligação PSD/CDS pondo fim ao deliberado arrastamento com que o Presidente da República procurou impedir e dificultar a concretização de uma solução governativa de acordo com a nova relação de forças políticas na Assembleia da República.
Regista-se e critica-se o processo iniciado com a comunicação do mais alto magistrado da Nação em 23 de Outubro, em si mesma contrária à Constituição e ao respeito pelas regras democráticas exigíveis ao seu cargo, que cinquenta dias depois indica e não indigita António Costa como primeiro-ministro e põe termo à crise que ele próprio criou em desrespeito da vontade da Assembleia da República e dos deveres constitucionais. Fê-lo, deve ser sublinhado e não ocultado, com manifesta contrariedade pelos pressupostos e pelos termos usados e conhecidos de todos, perante uma solução que até ao último momento tentou impedir, demonstrando uma hostilidade patológica inadmissível.
Mesmo no discurso do acto de posse do novo governo não hesitou na aposta do confronto directo com o agora primeiro-ministro ao afirmar que não abdica de nenhum dos poderes que possui, incluindo a demissão do governo, que tem dúvidas quanto à solidez dos acordos celebrados com o PCP, BE e PEV, que somente deu posse por não poder institucionalmente dissolver a Assembleia da República e por manifesta inviabilidade dum governo de gestão.
A realidade é que ao presidente está vedado dissolver o Parlamento e convocar novas eleições até porque a Assembleia da República não pode ser dissolvida nos primeiros seis meses de novo mandato. No entanto, possui outros poderes intocáveis, tais como, demitir o primeiro-ministro e exigir outro governo com a mesma composição do Parlamento, vetar leis e usar da palavra dirigida ao Parlamento ou ao País durante os quatro meses que lhe restam de mandato que não deixa saudades. Como resposta, o novo primeiro-ministro afirmou que o seu governo tem garantias de durabilidade dadas pelos seus parceiros à esquerda e que responde apenas perante a Assembleia da República, ou seja, temos por parte do mais alto magistrado da Nação um claro exemplo do que não deve ser a postura presidencial, ao preferir o afrontamento e ao desrespeitar o conteúdo da nossa Constituição que lhe compete cumprir e fazer cumprir.

Esta situação convoca-nos para assegurarmos nas próximas eleições presidenciais a eleição dum candidato que impeça o percurso de comprometimento com a política de direita e de confronto com a Constituição da República que PSD e CDS já preparam com o apoio ao seu candidato. 

Soberania e Independência Nacionais

Soberania e Independência Nacionais
Assinalar hoje com esta declaração a afirmação inalienável de Portugal à sua soberania e independência nacionais tem um duplo significado. Em primeiro lugar, pela importância que em si mesma encerra enquanto elemento crucial do nosso regime democrático, de valor reconquistado pela Revolução de Abril e que a Constituição da República inscreve como comando central da afirmação do lugar de Portugal no Mundo. Em segundo lugar, porque o fazemos hoje num dia – o 1º de Dezembro – associado a um dos momentos de afirmação soberana do nosso País, cuja dimensão histórica e valor que comporta levaram a que o anterior Governo com a complacência do Presidente da República, tivesse eliminado o feriado que o assinala. Decisão natural dirão os que tendo abdicado dos interesses nacionais e decidido entregar à voragem dos interesses externos , assumem tal atitude. Inaceitável dirão todos os que não desistem de um Portugal desenvolvido e independente, e que não se conformam com a alienação crescente de parcelas decisivas da soberania nacional.
Quero, desde já, reafirmar como elemento central da candidatura que assumo que enquanto Presidente da República desenvolverei uma intervenção baseada na Constituição da República, assente na cooperação, na paz, na defesa da dissolução da Nato e não de progressivo enfeudamento na sua estratégia de agressão e guerra. Que assumirei enquanto Presidente da República uma intervenção assente na defesa dos interesses nacionais face à União Europeia e a outros projectos de dominação imperialista.
É tempo de assegurar na Presidência da República, e é isso que me comprometo a fazer, uma efectiva afirmação soberana do País. Impulsionar a efectiva diversificação de relações externas de Portugal em contraponto com a crescente submissão à União Europeia e ao directório de potências que, ao serviço do capital transnacional, ambicionam transformar o nosso País num mero protectorado.
É tempo de assegurar na presidência da República a presença de quem coloque à frente dos interesses dos mercados, das agências de rating ou do Euro os interesses de Portugal e do povo português, do seu direito a decidir, por si próprio, do seu futuro colectivo.
É tempo de ter como Presidente da República quem, como a nossa candidatura assegura, faça frente ao percurso de redução da soberania económica, orçamental, cambial e monetária, quem intervenha e influencie para que as economias mais frágeis tenham voz perante o rolo compressor do processo de integração capitalista.
Não é mais aceitável que quem ocupa o mais alto cargo nos órgão de soberania e que deveria zelar pelo cumprimento da Constituição da República Portuguesa – designadamente no que ela incumbe quanto à defesa dos interesses, da soberania e da independência nacionais - junte a sua voz e a sua influência para dar justificação e cobertura aos que cercam financeiramente o País.
Fechar-se-á em Janeiro um ciclo na Presidência marcado pela submissão e subordinação externas que agride os sentimentos democráticos e patrióticos do povo português. É necessário agora assegurar, com o apoio à nossa candidatura, que esse rumo indigno não se prolongue, que a vinculação da Presidência à natureza anti-patriótica da política de direita seja interrompida, que PSD e CDS e o que eles representam não regressem ao governo por via de um próximo Presidente da República com o seu cortejo de desrespeito e afrontamento à Constituição e à democracia.
A afirmação da soberania e independência nacionais são valores com dimensão própria. Mas a sua plena realização e efectivação são inseparáveis de opções de política que lhes dão forma, expressão e viabilidade.
São condição de uma efectiva soberania e independência nacionais a defesa da produção nacional e a valorização dos sectores produtivos, a aposta no aproveitamento da riqueza e recursos nacionais, a inversão e eliminação dos défices estruturais, sejam os défices alimentar ou tecnológico, seja o energético ou logístico. Objectivos inseparáveis de uma decidida opção pelo aumento do investimento público, a eliminação de condicionamentos estratégicos pelo controlo público de empresas e sectores como a banca e a energia.
São condição de uma efectiva soberania e independência nacionais a afirmação de um desenvolvimento soberano, a recuperação de instrumentos de soberania económica, financeira e monetária, a defesa intransigente dos interesses nacionais no quadro da integração capitalista da União Europeia. Romper com as dependências externas, reduzir os défices estruturais e recuperar um desenvolvimento soberano exige a renegociação da dívida nos prazos, juros e montantes, a intervenção com vista ao desmantelamento da União Económica e Monetária, e o estudo e a preparação para a libertação do País da submissão ao Euro, visando recuperar instrumentos centrais de Estado soberano.
Um Portugal soberano, independente e desenvolvido exige um Estado democrático, representativo, baseado na participação popular, moderno e eficiente, do qual são componentes essenciais o regime político, as funções de soberania e as incumbências económicas e sociais definidas na Constituição.
A dimensão de soberania e independência nacionais que a nossa candidatura assume defende o desenvolvimento económico harmonioso, o progresso social dos povos, a participação democrática, o respeito pela soberania nacional, a igualdade entre os Estados, a paz e a solidariedade internacional como valores fundamentais, bases para novos caminhos de cooperação internacional, uma Europa social e de coesão, de solidariedade e desenvolvimento sustentado com mais emprego e mais direitos dos trabalhadores e cidadãos, uma Europa aberta ao mundo e de paz, uma Europa solidária e exemplar nas relações com países terceiros de menor desenvolvimento. A Defesa do Direito Internacional e dos direitos dos povos assente no respeito da Carta das Nações Unidas, da soberania dos povos e da integridade territorial dos Estados e nos princípios de não ingerência e respeito pela soberania dos Estados, e o dos povos à sua autodeterminação e à gestão soberana dos seus recursos, são princípios basilares da nossa candidatura.
Não será pouco importante o papel que o Presidente da República poderá representar para garantir uma intervenção do Estado português visando uma reconsideração do enquadramento institucional da União Europeia, nomeadamente por via dos esforços concertados com outros Estados para a convocação de uma cimeira intergovernamental para revisão dos Tratados, que tenha como objectivos, entre outros, a imediata revogação do Tratado Orçamental e a revogação do Tratado de Lisboa.
A soberania e independência nacionais exigem uma política de defesa nacional que rompa com a estratégia de subordinação aos interesses dos EUA, da NATO e ao projecto de militarização da União Europeia, no plano conceptual e doutrinário e no aumento da dependência, nomeadamente pela crescente inserção em projectos e forças multinacionais que visam a partilha de importantes instrumentos de acção da nossa defesa militar, de que resultam limitações e perda de capacidades nacionais. A soberania nacional exige uma organização das Forças Armadas assente no equilíbrio entre os três ramos, orientada para a racionalização de meios e a melhoria da capacidade operacional, o respeito pelo consagrado no Estatuto da Condição Militar, a melhoria das carreiras, do sistema retributivo e dos direitos de cidadania militar.
A soberania e independência nacionais exigem no plano da política externa a inversão do caminho ditado por sucessivas opções de abdicação e de alienação de instrumentos políticos e económicos fundamentais para o País. A política que Portugal precisa passa pela afirmação de uma política externa verdadeiramente defensora dos interesses nacionais e pela recuperação dos instrumentos de soberania necessários ao progresso e ao desenvolvimento.
Como nenhuma outra candidatura às eleições para Presidente da República, a nossa candidatura, com o que ela representa de projecto colectivo vinculado a uma política patriótica e de esquerda, pode afirmar com inteira coerência o Portugal livre e soberano que, geração após geração, o povo português construiu. É esta dimensão de um Portugal livre e soberano, de um País que comanda o seu destino, de um povo que constrói o seu futuro de que nos podemos orgulhar de ser continuadores.
Sim, a dimensão soberana que temos para Portugal é inseparável da sua expressão enquanto condição de elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo português, da afirmação do seu direito a uma vida digna num País que é seu e onde devem ter direito a realizar plenamente os seus sonhos. É por isso que a candidatura que assumo não se resigna com o rumo de retrocesso e económico e social nem com a submissão de Portugal a ditames e políticas atentatórias dos direitos e interesses do povo português e à democracia. É por isso que a candidatura que assumo coloca os direitos dos trabalhadores como vector essencial de um Portugal desenvolvido e soberanos. É por isso que a candidatura que assumo, confia na força e capacidades do povo e assume como prioridade a recuperação para Portugal dos instrumentos de soberania necessários ao progresso e desenvolvimento do País. É por isso que esta candidatura olha para os trabalhadores como a força maior para o futuro do País e para a sua afirmação como nação soberana, produtora ela sim da riqueza e por isso mesmo justa destinatária de uma política de valorização dos seus rendimentos e dos seus direitos.
Hoje, como em raros outros momentos da nossa História, Portugal tem de defender os seus interesses. A começar por aquele que ocupa o mais alto cargo dos órgãos de soberania nacionais.
Nada pode obrigar o País a renunciar ao direito de optar pelas suas próprias estruturas sócio-económicas e pelo seu próprio regime político. Nada pode obrigar Portugal a aceitar a posição de Estado subalterno no quadro da União Europeia. Nada pode obrigar Portugal a submeter-se a ditames militares e estratégicos subordinados aos interesses da NATO, da UE e dos EUA, alheios ao interesse nacional. Nada pode obrigar Portugal a alienar a sua independência e soberania nacionais.
Portugal tem, pelos seus recursos naturais, pela sua situação geográfica, pela sua História, pelas condições naturais e de clima, pelo maior bem que possui – o seu povo, com uma cultura quase milenar, com saberes acumulados e com experiência histórica muito vasta de defesa da independência e soberania nacionais – muitas potencialidades para se desenvolver e se afirmar no plano internacional como um País defensor da cooperação mutuamente vantajosa, da solidariedade, da paz e do progresso. Essa será a contribuição maior do povo português para uma Europa e um Mundo de Paz, Cooperação e Amizade entre os povos. Essa é a contribuição que é exigida ao Presidente da República. Essa é a garantia que a nossa candidatura assegurará aos trabalhadores, ao povo e ao País, inscrevendo como objectivo central a afirmação e defesa dos seus direitos, interesses e aspirações.
É esse o compromisso da candidatura que assumo: Portugal ter como Presidente da República quem enfrente com honra o ataque do capital financeiro e quem não se vergue perante os interesses das grandes potências europeias, que coloque sempre em primeiro lugar Portugal e o povo português.

"Houve uma derrota, a da ideologia das inevitabilidades"