domingo, 11 de janeiro de 2015

Mais um Natal do nosso descontentamento

                      
Os dias de hoje caracterizam-se essencialmente por uma grande instabilidade social e económica ao nível global, realidade agravada no nosso País por uma governação que nos indigna pelas injustiças cometidas, pelo empobrecimento e declínio nacional e pela hipocrisia com que nos tenta convencer do contrário.
Entramos numa época do ano propícia ao despojamento e à caridade, quantas vezes para alívio de consciências nutridas pela ganância e sede de poder discricionário, causadores das maiores desigualdades e ofensas à dignidade do ser humano e aos seus inalienáveis direitos.
Alguns casos podem ilustrar com rigor esta situação se nos lembrarmos, por exemplo, das afirmações públicas do ex vice presidente dos Estados Unidos Dick Cheney que, sem pejo ou vergonha, disse «eu não tenho nenhum problema», referindo-se à utilização do programa de tortura contra pessoas inocentes.
Se recordarmos as invasões do Iraque, da Líbia, do Afeganistão, mais recentemente as tentativas de incursão na Síria e a situação na Palestina, com o cortejo de centenas de milhares de mortes (crianças, homens e mulheres), da destruição de património mundial de incalculável valor e de recursos naturais imprescindíveis à vida daqueles povos, podemos bem classificar estas atitudes como autêntica barbárie causada pelo imperialismo estado unidense, com as consequências ainda hoje visíveis e que não se apagarão tão cedo.
Mas a Europa não está isenta nesta infernal caminhada e a hipocrisia com que procura evitar a chegada de imigrantes africanos, milhares dos quais jazem hoje nas profundezas do mediterrâneo ou são deportados sem dó nem piedade, não é mais do que o resíduo patético das invasões coloniais levadas a cabo durante séculos que saquearam e ainda saqueiam o continente africano para que o continente europeu pudesse manter a sua ânsia de desbragado consumo.
Hoje, em pleno século XXI, a barbárie continua e torna-se um espetáculo doloroso e deprimente ver a civilização europeia avançada, de mãos dadas com o imperialismo, esquecer-se das lições da História que levaram à queda de Roma às mãos dos germânicos e tártaros, da grande Britânia curvada perante as massas indús, lideradas por um homem, pequeno de estatura, mas grande de coração e da Rússia czarista, feudal, opressora e exploradora, libertar-se pela Revolução de Outubro donde emergiu o homem novo.
Em África, América Latina, Próximo e Médio Oriente, os povos erguem-se contra o genocídio, o saque e as ofensas aos direitos humanos e é nessa luta que vão encontrar forças para a sua libertação.
O caso recente da libertação dos patriotas cubanos, injustamente presos e julgados nos Estados Unidos por terem denunciado autores, sedeados em Miami, de ações terroristas contra Cuba, é uma vitória do povo cubano, dos cinco heróis e das suas famílias, pois nunca deixaram de denunciar e lutar contra essa injustiça e de reclamar a sua libertação, mas é também uma vitória da imensa onda de solidariedade que teve expressão em todo o mundo, nomeadamente no nosso País, onde se realizaram várias iniciativas do PCP nesse sentido.
O restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos abre caminho para o fim do criminoso bloqueio económico, comercial e financeiro e da ingerência na soberania desta ilha cubana, a que não são estranhas as votações na Assembleia Geral das Nações Unidas, sempre favoráveis a esta esperada decisão.  

O Natal deste ano, embora não nos traga tudo aquilo que desejaríamos para a humanidade, deixa-nos, no entanto, algumas pistas para encararmos com confiança um futuro melhor para os povos.

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