A Marine Harvest é
uma empresa com ligações em vários países do mundo, tendo como principal
actividade a produção, processamento e comercialização de salmão de viveiro,
cujas operações estão centradas na Noruega, Escócia, Canadá, as Ilhas Faroé, a
Irlanda e Chile. O grupo tem uma participação entre 25% e 30% no mercado global
de salmão e truta, sendo considerado o maior do mundo no sector e cotado na
Bolsa.
O salmão de viveiro,
por exemplo, na Noruega, é criado numa quinta especial cuja estrutura é feita
de armações em aço que deixam passar a água sem oferecer resistência e podem
absorver o impacto de ondas até sete metros de altura, sem importunar os peixes
ou colocar em risco a estabilidade física do próprio empreendimento, situa-se
em pleno Mar do Norte, a pouca distância da costa norueguesa de Stanvanger,
dedica-se à cultura de salmão e constitui a aposta de uma empresa da Noruega na
produção de peixe em escala industrial para consumo humano.
As crises
alimentares dos últimos anos, doença das vacas loucas, dioxinas, febre aftosa,
orientaram os cidadãos para o consumo de outras proteínas animais. O peixe
constitui a alternativa mais óbvia e plausível, admitindo-se mesmo que seja a
proteína por excelência do terceiro milénio, aliás os profissionais da Saúde
até aconselham o consumo de salmão, truta, cavala e sardinha. Os efeitos estão
à vista traduzidos num aumento mundial da procura de peixe, que já é na ordem
dos três por cento ao ano e o problema maior é que a exploração de espécies
piscícolas está a esgotar os recursos dos oceanos com o negócio da aquacultura,
já disseminado por inúmeras quintas nomeadamente ao longo das costas norueguesa
e chilena, poluindo as águas e afectando os empreendimentos turísticos.
As quintas de
exploração podem albergar até 100 mil salmões cada uma, engordados durante 14 a
16 meses da sua estadia e passando dos 70 gramas iniciais para um peso adulto
de 4,5 quilos, pois são alimentados cerca de 20 vezes por dia, ou seja, um belo
negócio para a empresa Marine Harvest, mas, dando crédito à revista científica
Nature, um enorme perigo para a saúde do consumidor e para a existência de
outras espécies de peixes que alimentam os salmões à pressão e tendem à
extinção.
Mas de que forma a
aquacultura modifica a composição nutricional do salmão? Vale sequer a pena comprar
o salmão de aquacultura ao sabermos que ele está muito mais confinado em termos
de espaço e é alimentado com cartuchos de proteína, inevitavelmente mais
gordos?
Várias análises
demonstraram que o salmão de aquacultura tem uma menor concentração de ómega 3
em comparação com o salmão selvagem, mas sabemos também que o salmão de
aquacultura vem com uma quantidade muito elevada e não saudável de outras
gorduras, incluindo o ómega 6, mas também de outros ingredientes, tais como, dioxinas,
PCBs, associados a problemas cancerígenos, retardantes de combustão,
pesticidas, especialmente para os parasitas, antibióticos, sulfato de cobre, para
eliminar as algas das redes, e canthaxantin corante associado a danos na
retina, usado para colorir de vermelho vivo as versões cinzentas de peixe da
aquacultura.
Na semana passada,
a televisão pública através da antena 3, honrou o jornalismo de investigação e cumpriu
o seu estatuto de serviço à comunidade, embora envergonhadamente, pois fê-lo de
madrugada propiciando menos audiência, mas mesmo assim conseguindo mostrar
claramente, uma imagem vale mais que mil palavras, a negociata das quintas de
salmão que depois vai aparecer nos balcões das grandes superfícies para satisfação
do consumidor, convencido da sua qualidade e benefício para a saúde pública.
A alimentação, nas
mãos de gente sem escrúpulos que só olha para os proventos, tende cada vez mais
a tornar-se não um factor de bem-estar físico e mental, mas na correia de
transmissão de doenças, algumas sem cura possível, situação que nos coloca na
obrigação de sermos cada vez mais criteriosos na escolha dos produtos, quantas
vezes ignorar a publicidade enganosa e sobretudo procurar os produtos da nossa
lavra que os temos bons e de excelente qualidade, na nossa terra e no nosso
mar, assim contribuindo para a nossa saúde, o desenvolvimento económico, a
promoção da agricultura e pescas.
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