No passado mês de Agosto, o
então chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, convocava eleições gerais
em Angola e, de acordo com a Casa Civil do presidente da República, a
convocatória das eleições foi feita por decreto presidencial de 25 de Abril,
nos termos Constituição e da Lei Orgânica sobre as Eleições gerais, «para
provimento do cargo de presidente da República e de deputados à Assembleia
Nacional».
Mais de 9,4 milhões de
angolanos foram assim chamados às urnas a 23 de agosto para escolher o sucessor
de José Eduardo dos Santos, que após 38 anos no poder em Angola abandonava
funções em 2017.
O resultado do acto eleitoral
foi claramente favorável ao MPLA, daí resultando a eleição do novo presidente, João
Lourenço, e um total de 150 mandatos para o partido no governo que consegue
também manter a maioria qualificada, acima dos 147 deputados eleitos.
Posteriormente, o Comité
Central do MPLA exortou o Executivo angolano a impulsionar as mudanças
necessárias e indispensáveis nos mais diversos sectores da vida nacional,
visando a melhoria das condições de vida dos angolanos.
Os trabalhos foram orientados
pelo ainda presidente do partido, José Eduardo dos Santos e, segundo o
comunicado final desta sessão, o MPLA exortou o Executivo angolano a trabalhar
afincadamente, tendo em atenção os grandes objectivos nacionais para a governação
no período 2017 a 2022, recomendando ainda ao Executivo angolano o contínuo
apoio à pacificação dos conflitos ainda existentes em vários países da região
dos Grandes Lagos.
Os membros do Comité Central
manifestaram profundo reconhecimento ao Presidente José Eduardo dos Santos e ao
Executivo angolano, pelos esforços e contribuições durante os dois mandatos
consecutivos de Angola na presidência da Conferência Internacional da Região
dos Grandes Lagos, visando a paz e a estabilidade.
O comité aprovou ainda o plano
geral de actividade para 2018 e o respectivo orçamento, bem como o regimento de
funcionamento das comissões de auditoria e os regulamentos de instrução de
processos partidários, de aplicação de sanções e de trabalho de auditoria
partidária e uma moção de apoio ao presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos,
pela forma «abnegada e exemplar, sentido patriótico e de Estado como conduziu
os destinos do país e liderou a edificação de uma Angola una, reconciliada,
moderna e democrática».
O politólogo Gildo Matias,
mestre em Ciência Política, alerta que «mais do que ganhar eleições, o mais
difícil vai começar agora», com o MPLA a precisar de vencer os desafios do
futuro governo, nomeadamente na economia e no poder autárquico, «uma promessa
falhada de 2012», mas que foi retomada por João Lourenço durante a campanha.
O MPLA «elevou a fasquia, com
um conjunto de exigências que vai ter de resolver», considera Gildo Matias, que
antevê uma equipa governativa equilibrada, com políticos «experimentados e com
traquejo», ao lado de uma nova geração. «João Lourenço vai querer firmar novas
lealdades, procurando enviar um sinal para a sociedade», diz o politólogo que
acumula a direcção do jornal Vanguarda com o trabalho na Casa Civil da
presidência.
Como corolário desta ideia, o Presidente
angolano, João Lourenço, pediu hoje aos novos administradores da Sonangol,
empossados após a exoneração de Isabel dos Santos, que «cuidem bem» da
concessionária estatal petrolífera, por ser a «galinha dos ovos de ouro» de
Angola, dando assim um sinal de pretender acabar com o anterior ciclo duma
governação familiar, pois ainda foram afastados de altos cargos os outros
filhos do anterior presidente, assim como os responsáveis do Banco Nacional de Angola,
da Televisão Pública de Angola, da Agência Angola Press, da Empresa Nacional de
Diamantes de Angola e ordenada a rescisão com a Bromangol, grande empresa de
laboratórios de análises clínicas. Nas forças armadas e de segurança, mas também noutras instituições de relevo no País sucedem-se as mudanças a um ritmo invulgar, de tal forma que muitos se interrogam sobre o significado destas rápidas alterações: é o MPLA de regresso às origens?
Ainda é cedo para antever o
futuro, mas parece existir na população angolana uma vontade de mudança,
motivada por alguma insensibilidade social da anterior governação e uma onda de
corrupção que, lá como cá, tem constituído um sorvedouro do erário público e,
para nós portugueses, resta-nos desejar o melhor para um País a que queremos
continuar ligados.
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