Como afirmou Jerónimo de Sousa no encerramento «importa agora prosseguir a edificação da obra: reforçar o Partido, alargar e intensificar a luta, afirmar a necessidade e a possibilidade da política alternativa patriótica e de esquerda, cimentar e construir uma alternativa política capaz de a concretizar».
A Comissão Concelhia de Baião fez-se representar e contribuiu com o seguinte texto:
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Caros camaradas e
amigos,
Em nome da Comissão Concelhia de Baião,
saúdo fraternalmente o coletivo partidário e os nossos convidados, muitos dos
quais pela primeira vez têm oportunidade de testemunhar diretamente a nossa
vivência política, dela podendo retirar as necessárias conclusões e saúdo ainda
a JCP alfobre dos ideais marxistas-leninistas que orgulhosamente transportamos
no nosso código genético.
Culminando a
discussão interna sobre as Teses (Projeto de Resolução Política) e Projeto de
Alterações ao Programa do PCP, para o que foram chamadas ao debate todas as
organizações do Partido, constituindo uma prática de democracia interna sem
paralelo no leque partidário nacional, os comunistas portugueses contribuíram
assim com a mobilização das suas energias, saberes e capacidades para fazerem
do seu Congresso elemento imprescindível às acrescidas exigências e
responsabilidades que o Partido será chamado a desempenhar nesta altura da vida
nacional, particularmente grave e complexa para os trabalhadores e o povo.
Há quem afirme
que o PCP está sempre no contra e que invariavelmente diz «Não», mas esta
condição não é um fatalismo, encontra-se intimamente ligada à luta difícil do
coletivo partidário pela justiça social, pela liberdade, pela paz e pelo
socialismo sem subterfúgios.
Parafraseando
José Saramago, podemos bem afirmar alto e bom som: «Não» diremos tantas vezes
quantas as necessárias, assumindo as consequências da condição de comunistas. O
nosso saudoso camarada Álvaro Cunhal afirmou: «O nosso ideal é a libertação dos
trabalhadores portugueses e do povo português de todas as formas de exploração
e opressão e para construir um Portugal democrático e independente é necessário
que os órgãos do poder se baseiem na vontade popular e liguem constantemente a
sua ação às aspirações das classes e camadas laboriosas e é necessário que as
massas populares intervenham ativamente em toda a vida nacional, desenvolvendo
amplamente a sua energia criadora».
Partido único na
resistência ao fascismo, interveniente no 25 de Abril, para o qual contribuiu
decisivamente criando as condições sociais e políticas que o tornaram possível,
imprescindível na democracia portuguesa e, nos tempos de hoje, baluarte na sua
defesa, quando ela se encontra ameaçada, o nosso Partido continua, por
isso, a luta pela edificação dum Estado que promova e assegure a participação, iniciativa e criatividade das massas
populares, tarefa esta das mais difíceis de executar atendendo à correlação de
forças atualmente existente, desequilibrada a nível global com o
desaparecimento da URSS e dos regimes socialistas do leste da Europa, mas que
se vislumbra exequível se atentarmos a brutal ofensiva capitalista agora em
curso contra as conquistas e direitos dos trabalhadores e dos povos,
constituindo o mais sério retrocesso civilizacional da História da Humanidade,
criando desemprego, miséria e até possibilidades de holocausto, mas que
paralelamente potencia o confiante desenvolvimento da luta de massas.
Só no concelho de Baião e de acordo com os dados do Instituto de
Emprego e Formação Profissional referentes ao final do mês de Outubro, o
desemprego atingiu a taxa alarmante de 32%, a mais alta dos 18 concelhos do
distrito do Porto e se a situação não se transformou numa maior tragédia
social, deve-se a que muitos trabalhadores optaram pela emigração em massa.
Com muitos Baionenses sem emprego, alguns já sem subsídio, o baixíssimo
poder de compra, o pequeno e médio comércio local a fechar portas, o alastrar
da pobreza e em muitos casos da fome, o futuro deste concelho cada vez é mais
sombrio.
As contradições
e impasses do sistema capitalista, a sua natureza exploradora, agressiva e
opressora, fazendo sobressair o domínio do capital financeiro e especulativo, a
par da sua incapacidade para desenvolver as forças produtivas encaminhadas para
o progresso social e humano, constituem nos dias de hoje o campo fértil e as
condições materiais e objetivas para superar o capitalismo em crise sistémica e
rumar ao socialismo, como única e verdadeira alternativa para um mundo de paz,
mais justo, fraterno e solidário. Qualquer observador sem preconceitos que
atente a realidade mundial atual, confrontando-a com a anterior constatará que
o mundo é hoje menos livre, menos democrático, menos justo e menos pacífico,
situação que nos compete transformar e é também nesse sentido que as conclusões
do nosso XIX Congresso constituirão seguramente uma forte ferramenta e um
imprescindível contributo.
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