Os
tempos que antecederam a nossa entrada na União Europeia foram bem aproveitados
pelos semeadores de falsas promessas para incutir a ideia de que entraríamos
para o pelotão da frente dos países ricos.
Nessa
conformidade e a troco de programas de ajuda consubstanciados em entrada de
dinheiro fresco, cometeram-se as maiores barbaridades tais como a destruição da
frota pesqueira, da agricultura e da indústria, construíram-se estádios de
futebol e demasiadas auto estradas, estruturas hoje sem utilidade prática, mas
também desapareceu muito vil metal desbaratado na corrupção.
Seguiu-se
a entrada no Euro Grupo com o mesmo entusiasmo delirante e a assinatura de Tratados
para nos vincularem ainda mais às regras de favorecimento do grande capital e
de exploração dos trabalhadores e dos povos da chamada Europa connosco.
Porém no
nosso País nem todos comungaram e continuam a não comungar neste verdadeiro
saque às populações indefesas, procurando chamar a atenção para as nefastas
consequências, por exemplo, da adesão ao euro e foi o Partido Comunista
Português o único a manifestar-se contra essa vontade, apoiada pelo governo de
então e dos outros partidos representados na Assembleia da República e mesmo
sem o recurso ao referendo como seria democraticamente desejável.
Os que
não têm memória curta, lembrar-se-ão certamente da vasta documentação
distribuída de norte a sul do País, sendo particularmente de referir um folheto
em que se enumeravam as quatro principais razões contra a moeda única, a saber:
- Portugal
cada vez mais distante dos países ricos
- Mais
desemprego, mais golpes nos direitos sociais, baixos salários, falências
- Sacrifícios
para lá entrar e sacrifícios ainda maiores para lá continuar
-
Soberania nacional reduzida a muito pouco, Portugal a ser governado do
estrangeiro.
E nesse mesmo
folheto era também afirmado que a alternativa existia, não havendo que ter medo
de o dizer: a alternativa para a entrada de Portugal na moeda única era a sua
não entrada.
Dirão
alguns mais disponíveis para as especulações que foi puro acaso ou mera
disposição para estar sempre no contra, mas acertar nas referidas razões ao
pormenor não é coincidência, mas sim o resultado essencialmente de estudo
profundo da situação, conhecimento dos temas, reflexão e debate dos mesmos.
A gestão
da União Europeia dos dias de hoje, mostra claramente que as preocupações dos
seus responsáveis máximos não se situam na coesão social e no desenvolvimento
das economias dos países membros, mas tão somente nos mercados e no alinhamento
com as opções aventureiristas e militaristas dos Estados Unidos e da NATO, de
que é exemplo mais recente o apoio ao regime pró nazi da Ucrânia.
E assim
não vamos longe, bem pelo contrário começa a desenhar-se a desarticulação do
clube do «porreiro pá» como podemos constatar com a situação de completa
chantagem de que os gregos são vítimas nos tempos que correm e
independentemente do resultado do referendo convocado.
Não pode
ser admissível que seja sonegado ao conhecimento público o próprio relatório do
FMI, no qual esta instituição afirma claramente que a dívida grega é impagável
e deve ser reestruturada, tal como em Portugal e também pela primeira vez coube
ao PCP ser o primeiro partido a sugerir a renegociação da nossa dívida
soberana, pois da forma como está a ser liquidada e apesar dos cofres cheios,
só para as «calendas gregas» veremos a luz ao fundo do túnel.
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