sexta-feira, 10 de julho de 2015

Quem te avisa...

                                         
Os tempos que antecederam a nossa entrada na União Europeia foram bem aproveitados pelos semeadores de falsas promessas para incutir a ideia de que entraríamos para o pelotão da frente dos países ricos.
Nessa conformidade e a troco de programas de ajuda consubstanciados em entrada de dinheiro fresco, cometeram-se as maiores barbaridades tais como a destruição da frota pesqueira, da agricultura e da indústria, construíram-se estádios de futebol e demasiadas auto estradas, estruturas hoje sem utilidade prática, mas também desapareceu muito vil metal desbaratado na corrupção.  
Seguiu-se a entrada no Euro Grupo com o mesmo entusiasmo delirante e a assinatura de Tratados para nos vincularem ainda mais às regras de favorecimento do grande capital e de exploração dos trabalhadores e dos povos da chamada Europa connosco.
Porém no nosso País nem todos comungaram e continuam a não comungar neste verdadeiro saque às populações indefesas, procurando chamar a atenção para as nefastas consequências, por exemplo, da adesão ao euro e foi o Partido Comunista Português o único a manifestar-se contra essa vontade, apoiada pelo governo de então e dos outros partidos representados na Assembleia da República e mesmo sem o recurso ao referendo como seria democraticamente desejável.
Os que não têm memória curta, lembrar-se-ão certamente da vasta documentação distribuída de norte a sul do País, sendo particularmente de referir um folheto em que se enumeravam as quatro principais razões contra a moeda única, a saber:
- Portugal cada vez mais distante dos países ricos
- Mais desemprego, mais golpes nos direitos sociais, baixos salários, falências
- Sacrifícios para lá entrar e sacrifícios ainda maiores para lá continuar
- Soberania nacional reduzida a muito pouco, Portugal a ser governado do estrangeiro.
E nesse mesmo folheto era também afirmado que a alternativa existia, não havendo que ter medo de o dizer: a alternativa para a entrada de Portugal na moeda única era a sua não entrada.
Dirão alguns mais disponíveis para as especulações que foi puro acaso ou mera disposição para estar sempre no contra, mas acertar nas referidas razões ao pormenor não é coincidência, mas sim o resultado essencialmente de estudo profundo da situação, conhecimento dos temas, reflexão e debate dos mesmos.
A gestão da União Europeia dos dias de hoje, mostra claramente que as preocupações dos seus responsáveis máximos não se situam na coesão social e no desenvolvimento das economias dos países membros, mas tão somente nos mercados e no alinhamento com as opções aventureiristas e militaristas dos Estados Unidos e da NATO, de que é exemplo mais recente o apoio ao regime pró nazi da Ucrânia.
E assim não vamos longe, bem pelo contrário começa a desenhar-se a desarticulação do clube do «porreiro pá» como podemos constatar com a situação de completa chantagem de que os gregos são vítimas nos tempos que correm e independentemente do resultado do referendo convocado.

Não pode ser admissível que seja sonegado ao conhecimento público o próprio relatório do FMI, no qual esta instituição afirma claramente que a dívida grega é impagável e deve ser reestruturada, tal como em Portugal e também pela primeira vez coube ao PCP ser o primeiro partido a sugerir a renegociação da nossa dívida soberana, pois da forma como está a ser liquidada e apesar dos cofres cheios, só para as «calendas gregas» veremos a luz ao fundo do túnel.

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