quinta-feira, 9 de maio de 2013

Cumprir e fazer cumprir a Constituição


                    Um presidente para todos os portugueses ?
Eleito em sufrágio direto pela população portuguesa, o Presidente da República atual, assim como os anteriores, ao mesmo tempo que juraram cumprir e fazer cumprir a nossa Constituição, não se esquecem de lembrar à Nação e muito bem que o cargo é exercido para todos os portugueses.
As suas funções, porém, não se esgotam por aqui, na medida em que, sendo o Chefe do Estado, representa o País, garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas, além de ser o Comandante Supremo das Forças Armadas.
No plano das relações com a Assembleia da República, o Presidente da República pode dirigir-lhe mensagens, chamando-lhe assim a atenção para qualquer assunto que reclame, no seu entender, uma intervenção do Parlamento e pode ainda convocar extraordinariamente a Assembleia da República, de forma a que esta reúna, para se ocupar de assuntos específicos, fora do seu período normal de funcionamento, aliás, uma das competências mais importantes do Presidente da República no dia-a-dia da vida do País é o da fiscalização política da atividade legislativa dos outros órgãos de soberania.
Ao Presidente não compete, é certo, legislar, mas compete-lhe sim promulgar, isto é, assinar, e assim mandar publicar, as leis da Assembleia da República e os Decretos-lei ou Decretos Regulamentares do Governo, contudo não é obrigado a promulgar, pelo que pode, em certos termos, ter uma verdadeira influência indireta sobre o conteúdo dos diplomas, ou seja, existe um vasto leque de competências da sua responsabilidade para exercer e é este o modelo de democracia que soberanamente o povo escolheu e é assim que tem sido desde o 25 de Abril, pois existe um consenso nacional nesse sentido, no pressuposto da isenção do mais alto magistrado da Nação lhe permitir mediar os conflitos, porventura surgidos na nossa sociedade, e estar atento ao pulsar dos sentimentos do povo que o elegeu livremente.
Sabemos, no entanto, não ter sido esta a forma preferencial do atual presidente para se ligar à Nação, mas sim optar pela internet através do facebook, praticando uma magistratura de influência demasiado passiva e que não lhe permite auscultar devidamente os anseios populares.
O seu discurso na Assembleia da República, nas comemorações do 25 de Abril, assim o demonstra, quando diz compreender o cansaço da população com a crise, mas não se pode juntar a uma crise económica uma crise política.
Não se apercebe que os portugueses não estão cansados, estão é desesperados com a crise e as reiteradas asneiras governamentais, caracterizadas essencialmente por insensibilidade social e completa submissão ao capital financeiro e às exigências da troika internacional, por incompetência na gestão económica, não relançamento da frota pesqueira, da agricultura e de boa parte das nossas indústrias estratégicas, embora no discurso digam o contrário, com a corrupção na Banca dos amigos, com a destruição da Saúde, da Educação e da Segurança Social, com o aumento do desemprego e a penúria dos reformados, das micro, pequenas e médias empresas e esta situação exige a demissão do governo e dar a palavra ao povo, o que representa não uma crise, mas o regular funcionamento da democracia e das instituições democráticas.
Quando sai raramente da lura para se deslocar ao estrangeiro, o presidente não fala de política nacional, quando todos sabem lá fora que estamos em polvorosa, quando cá dentro solicitam a sua presença para uma visita, só fala de assuntos relacionados com o facto e não dos problemas do País, porém agora, com o discurso proferido nas comemorações do 25 de Abril, abriu o livro e colou-se abertamente ao lado do governo, ou seja, deixou a isenção que lhe competia e lhe permitia ser mediador e tomou partido, deixou de ser o presidente de todos os portugueses.
Uma vez mais e já foram tantas que se tornou consensual, os portugueses afirmaram inequivocamente e reafirmarão no 1º de Maio «não voltaremos atrás», querem defender Abril e os seus valores e vão continuar a luta.
Há soluções e uma alternativa para assegurar o desenvolvimento do País, um novo caminho que exige à partida a imediata rejeição das medidas da troika internacional e a renegociação da dívida, não somente nas maturidades, mas nas taxas de juros e na sua parte ilegítima, um caminho que dê também prioridade ao desenvolvimento sério do aparelho produtivo, que tire partido das diferentes regiões do País e das suas potencialidades, que pare com as privatizações, que ponha termo à emigração crescente de jovens bem qualificados e que tanta falta aqui fazem, que defenda a soberania nacional e os verdadeiros interesses do País no seu todo.
Este caminho só será possível com um governo patriótico e de esquerda, portanto, vamos dar os passos necessários nesse sentido.






Sem comentários:

Enviar um comentário