Vocábulo até há pouco tempo desconhecido da maioria dos portugueses e
ao governo até convinha que assim fosse, eis que saltam para a ribalta os agora
designados swaps para enegrecerem ainda
mais a atuação do executivo governamental, que, pelos vistos, não acerta uma.
Traduzido para português este termo significa simplesmente troca ou
permuta, mas apareceu para denominar contratos de alto risco destinados a
proteger empréstimos ou financiamentos, face à variação da taxa de juro.
Teoricamente, estes contratos até poderiam constituir um benefício para
os que a eles recorressem, se não estivessem dependentes de derivados
financeiros especulativos, como a cotação do petróleo, por exemplo.
À frente destas operações especulativas encontram-se, sem surpresa,
bancos como o Goldman Sachs, o JP Morgan, o Deutsche Bank e o BNP Paribas, os
quais venderam estes produtos a empresas públicas portuguesas, entre outras, à
Metro de Lisboa, à Carris, à Metro do Porto e à STCP, e elas aceitaram adquirir,
negócio que no momento presente se cifra em perdas de cerca de 3 mil milhões de
euros e está a escandalizar a opinião pública, a tal ponto de, à falta de
melhor, dois secretários de Estado terem apresentado a demissão por legitimarem
esta verdadeira negociata especulativa.
Para além do impacte negativo que esta situação representa em termos
financeiros, não é de somenos a sua repercussão em termos políticos, numa
altura particularmente grave da nossa vida coletiva, pois estão postas em causa
a legitimidade dos que aceitaram as negociatas, como também a atitude dos
executores das mesmas, situação ainda não suficientemente esclarecida e
suscetível de legitimamente criar a dúvida sobre se a gestão das empresas ligadas
ao sector público não estará no cerne das suas dificuldades, para justificar a
sua entrega de bandeja ao sector privado.
O problema deverá passar pela barra do tribunal, até porque a Sr.ª
secretária de Estado do Tesouro, alijando responsabilidades, culpa o anterior
executivo por esta escandalosa situação, mas não refere como tudo começou e irá
terminar.
Trata-se, no entanto, de mais um «eloquente» processo de gestão
governamental merecedor de total reprovação e uma prova insofismável do trilho
seguido de financeirização da nossa economia e submissão à ditadura dos
chamados mercados que nos está a levar para a ruína.
Mesmo assim, o primeiro-ministro, na sua alocução ao País , voltou a insistir e a apelar ao consenso para as suas ruinosas
políticas, dirigindo-se especialmente ao maior partido da oposição, talvez,
apostando na observação de visíveis ambiguidades e permeabilidade do mesmo às
«virtudes» da União Europeia da Sr.ª Merkel ou aproveitando o discurso do
secretário geral de apelo a maioria absoluta em próximas eleições, que
desejamos se realizem o mais breve possível, mas para conseguirmos um governo
patriótico e de esquerda, pois o que nos espera é um novo pacote de 6 mil e 500
milhões de euros até 2016, que nos continuará a levar para mais desemprego,
miséria e recessão económica.
Estará o maior partido da oposição disponível para este programa,
sabendo que os partidos da coligação pouco ou nada abdicarão dele? A população
não quer mais do mesmo com outras caras ou coligações com a mesma gente ligada
à crise.
Portugal precisa de novo rumo, novas políticas que promovam a justiça
social e o desenvolvimento económico, precisa dum novo governo que renegoceie a
dívida soberana, pois o «tratamento» para a crise até agora seguido já demonstrou
estar errado e continuar a repartir injustamente os seus custos.
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