Na senda do
anterior governo, o atual indicia exatamente os mesmos princípios e objetivos,
julgando possuir o estatuto do absolutismo e para tal contando com o apoio
incondicional do Presidente da República.
O facto de
algumas caras novas surgirem em cena com ocultação no respetivo currículo das
suas anteriores passagens em cargos onde se comprometeram irremediavelmente em
situações no mínimo duvidosas, diz bem da desfaçatez com que encaram o serviço
público.
Os casos atuais
da ministra das finanças e dos seus swaps,
do ministro dos negócios estrangeiros e da sua passagem pela administração da
Sociedade Lusa de Negócios (SLN) proprietária da fraude do BPN, cujo valor,
ainda em contabilização, pensa-se que chegará aos 8 mil milhões de euros e do
atual secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, anteriormente no Citibank onde tentava vender swaps ao governo, são comparáveis aos de
Relvas e suas licenciaturas traficadas, de Franquelim Alves também ligado à SLN,
e até do próprio primeiro-ministro ex-administrador da Tecnoforma, empresa
atualmente alvo de investigação na União Europeia, por suspeita do uso fraudulento
de fundos comunitários, ou seja, a porta giratória entre o capital financeiro e
o governo demonstra continuar a ser bem lubrificada e oleada.
A corrupção e o
tráfico de influências que alastram e se propagam pelo País como epidemia,
surgida em anteriores executivos governamentais e agora agravada, causam à
população portuguesa um misto de incredulidade e revolta, quando para cúmulo
observa o à vontade com que o vice primeiro-ministro Portas diz e desdiz-se com
a mesma facilidade com que pretendeu ser o defensor dos feirantes, dos
pensionistas, da lavoura, dos ex-combatentes, da Marinha onde conseguiu um
buraco de dois mil milhões de euros com torpedos e dois submarinos, sem
combustível para abastecimento adequado à respetiva missão, do Exército com
blindados Pandur muitos dos quais
ainda desmontados por falta de peças, isto é, estamos perante um conjunto de
«personalidades» à frente dos destinos do País que, não possuindo, pelos
vistos, as qualidades necessárias para a missão, institucionalizam o faz de
conta e enlameiam a democracia.
Como cereja no
bolo, Passos e Portas, cumprindo à risca o programa do Presidente de alguns
portugueses a olhar misticamente o País, encenaram no Parlamento uma prova de
vida com a aprovação duma moção de confiança que nos deixa a todos
desconfiados, pois, mesmo cumprida a formalidade, o descrédito, a falta de
legitimidade, o repúdio e a rejeição são patentes na população portuguesa.
Não foi
seguramente por mero acaso, que o PCP questionou recentemente o governo sobre a
situação em que se encontravam as recomendações feitas ao mesmo há dois anos e
aprovadas por unanimidade no Parlamento, no sentido de criminalizar o
enriquecimento ilícito no âmbito do combate à corrupção, procurando saber quais
as medidas concretas já adotadas para dar cumprimento às referidas
recomendações e anunciou a intenção de adotar as iniciativas parlamentares
adequadas nesse sentido.
Entretanto e
antes do final dos trabalhos parlamentares, os partidos que sustentam o governo
desacreditado quiseram demonstrar a sua opção ideológica e de classe, fazendo
aprovar dois diplomas, um pelo aumento do horário de trabalho e outro sobre
requalificação, diplomas estes que representam novo e severo golpe contra os
trabalhadores da administração pública, na medida em que irão contribuir
seriamente para o despedimento de milhares de funcionários públicos.
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