quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A política do faz de conta

                              
Na senda do anterior governo, o atual indicia exatamente os mesmos princípios e objetivos, julgando possuir o estatuto do absolutismo e para tal contando com o apoio incondicional do Presidente da República.
O facto de algumas caras novas surgirem em cena com ocultação no respetivo currículo das suas anteriores passagens em cargos onde se comprometeram irremediavelmente em situações no mínimo duvidosas, diz bem da desfaçatez com que encaram o serviço público.
Os casos atuais da ministra das finanças e dos seus swaps, do ministro dos negócios estrangeiros e da sua passagem pela administração da Sociedade Lusa de Negócios (SLN) proprietária da fraude do BPN, cujo valor, ainda em contabilização, pensa-se que chegará aos 8 mil milhões de euros e do atual secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, anteriormente no Citibank onde tentava vender swaps ao governo, são comparáveis aos de Relvas e suas licenciaturas traficadas, de Franquelim Alves também ligado à SLN, e até do próprio primeiro-ministro ex-administrador da Tecnoforma, empresa atualmente alvo de investigação na União Europeia, por suspeita do uso fraudulento de fundos comunitários, ou seja, a porta giratória entre o capital financeiro e o governo demonstra continuar a ser bem lubrificada e oleada.
A corrupção e o tráfico de influências que alastram e se propagam pelo País como epidemia, surgida em anteriores executivos governamentais e agora agravada, causam à população portuguesa um misto de incredulidade e revolta, quando para cúmulo observa o à vontade com que o vice primeiro-ministro Portas diz e desdiz-se com a mesma facilidade com que pretendeu ser o defensor dos feirantes, dos pensionistas, da lavoura, dos ex-combatentes, da Marinha onde conseguiu um buraco de dois mil milhões de euros com torpedos e dois submarinos, sem combustível para abastecimento adequado à respetiva missão, do Exército com blindados Pandur muitos dos quais ainda desmontados por falta de peças, isto é, estamos perante um conjunto de «personalidades» à frente dos destinos do País que, não possuindo, pelos vistos, as qualidades necessárias para a missão, institucionalizam o faz de conta e enlameiam a democracia.  
Como cereja no bolo, Passos e Portas, cumprindo à risca o programa do Presidente de alguns portugueses a olhar misticamente o País, encenaram no Parlamento uma prova de vida com a aprovação duma moção de confiança que nos deixa a todos desconfiados, pois, mesmo cumprida a formalidade, o descrédito, a falta de legitimidade, o repúdio e a rejeição são patentes na população portuguesa.  
Não foi seguramente por mero acaso, que o PCP questionou recentemente o governo sobre a situação em que se encontravam as recomendações feitas ao mesmo há dois anos e aprovadas por unanimidade no Parlamento, no sentido de criminalizar o enriquecimento ilícito no âmbito do combate à corrupção, procurando saber quais as medidas concretas já adotadas para dar cumprimento às referidas recomendações e anunciou a intenção de adotar as iniciativas parlamentares adequadas nesse sentido.
Entretanto e antes do final dos trabalhos parlamentares, os partidos que sustentam o governo desacreditado quiseram demonstrar a sua opção ideológica e de classe, fazendo aprovar dois diplomas, um pelo aumento do horário de trabalho e outro sobre requalificação, diplomas estes que representam novo e severo golpe contra os trabalhadores da administração pública, na medida em que irão contribuir seriamente para o despedimento de milhares de funcionários públicos.


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