quinta-feira, 13 de agosto de 2015

O desaforo à solta

                                             
Incapazes de se situarem nos limites do bom senso, os responsáveis da maioria enchem o peito com lufadas de ar contaminado e, aproveitando a «democraticidade» dos mandantes da comunicação social afeta, que não apresenta os programas e não convida para os debates nem para os frente a frente todos os partidos com representação parlamentar, recomeçam o discurso laudatório das ações governativas acompanhado das promessas para um futuro radioso, tal e qual como fizeram antes de serem eleitos.
Fazendo dos portugueses mentecaptos incapazes de reconhecer quem encaminhou o País para a austeridade, quem distribuiu conscientemente por opção ideológica com injustiça notória os custos dela e quem ainda quis ir para além das medidas da troika internacional, estes «cavalheiros» continuam a atirar areia para os olhos da população excetuando, os beneficiários diretos ou a clientela destas políticas em curso que obtiveram como resultados mais visíveis o aumento da riqueza dos mais ricos, o aumento da pobreza dos mais pobres, o aumento do desemprego (em quatro anos destruíram 210000 empregos) e a estagnação económica.
Uma das últimas facetas do descaramento da maioria é representada pela promessa de devolver 19% da sobretaxa ou melhor dizendo do roubo a reformados e trabalhadores no IRS, promessa essa, no entanto, sujeita ao comportamento da coleta fiscal, à não existência de surpresas e sabe-se lá a quantos mais condicionalismos que possam pesar nesta fantástica medida para enganar os incautos, no entanto, reveladora do desplante com que esta gente encara o País e as pessoas ao fazer uma promessa eleitoral condicionada, mas já com apoio informático para sabermos quanto vamos beneficiar.
Também a pretexto da tão propalada insustentabilidade financeira da Segurança Social, a maioria recupera a ideia do plafonamento dos descontos para as gerações mais novas com o objetivo claro de aplicar uma parte nos seguros e a pretexto de garantir a liberdade de escolha entre o sistema público e os sistemas mutualistas e privados, ou seja, contribui para descapitalizar o atual sistema público e incute na população a incerteza quanto ao futuro. E, no entanto, sabe que, para a sustentabilidade da Segurança Social, é indispensável combater a fraude e as dívidas à instituição que aumentaram desde 2010 mais de 4000 milhões de euros e neste momento situam-se já nos 9000 milhões, o que obviamente cria dificuldades, acrescidas com os cortes nos salários, nas pensões e reformas e com o desemprego a crescer, resultado das opções económicas do governo.
A Segurança Social pública, universal e solidária pode estar em dificuldades, mas não está em rutura e representa a única forma de garantir um País mais justo, sendo, portanto, iníqua qualquer medida para privatizá-la, por causadora de mais conflitos sociais. A sustentabilidade financeira da Segurança Social reside no lado da receita e não nos cortes aos mais vulneráveis da sociedade.
Aproximam-se as eleições legislativas e para a esmagadora maioria dos portugueses é tempo de dizer basta de austeridade, basta de injustiças, basta de corrupção, basta de empobrecimento e antes da estabilidade, preconizada pelo presidente de alguns portugueses e pelos partidos da troika nacional, é preciso outro caminho para o País, através da criação de emprego com direitos, dinamização da atividade produtiva e uma economia ao serviço da população como um todo e não para favorecimento de alguns, em suma a rutura com esta política de exploração, mentira e empobrecimento.

Podem vir com novas promessas, mas devem convencer-se que os portugueses não têm memória curta e seguramente irão penalizá-los para que não voltem ao poder.

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