Incapazes de se situarem nos limites do bom senso, os responsáveis da
maioria enchem o peito com lufadas de ar contaminado e, aproveitando a «democraticidade»
dos mandantes da comunicação social afeta, que não apresenta os programas e não
convida para os debates nem para os frente a frente todos os partidos com
representação parlamentar, recomeçam o discurso laudatório das ações
governativas acompanhado das promessas para um futuro radioso, tal e qual como
fizeram antes de serem eleitos.
Fazendo dos portugueses mentecaptos incapazes de reconhecer quem encaminhou
o País para a austeridade, quem distribuiu conscientemente por opção ideológica
com injustiça notória os custos dela e quem ainda quis ir para além das medidas
da troika internacional, estes
«cavalheiros» continuam a atirar areia para os olhos da população excetuando,
os beneficiários diretos ou a clientela destas políticas em curso que obtiveram
como resultados mais visíveis o aumento da riqueza dos mais ricos, o aumento da
pobreza dos mais pobres, o aumento do desemprego (em quatro anos destruíram
210000 empregos) e a estagnação económica.
Uma das últimas facetas do descaramento da maioria é representada pela
promessa de devolver 19% da sobretaxa ou melhor dizendo do roubo a reformados e
trabalhadores no IRS, promessa essa, no entanto, sujeita ao comportamento da
coleta fiscal, à não existência de surpresas e sabe-se lá a quantos mais
condicionalismos que possam pesar nesta fantástica medida para enganar os
incautos, no entanto, reveladora do desplante com que esta gente encara o País
e as pessoas ao fazer uma promessa eleitoral condicionada, mas já com apoio
informático para sabermos quanto vamos beneficiar.
Também a pretexto da tão propalada insustentabilidade financeira da
Segurança Social, a maioria recupera a ideia do plafonamento dos descontos para
as gerações mais novas com o objetivo claro de aplicar uma parte nos seguros e
a pretexto de garantir a liberdade de escolha entre o sistema público e os
sistemas mutualistas e privados, ou seja, contribui para descapitalizar o atual
sistema público e incute na população a incerteza quanto ao futuro. E, no
entanto, sabe que, para a sustentabilidade da Segurança Social, é indispensável
combater a fraude e as dívidas à instituição que aumentaram desde 2010 mais de
4000 milhões de euros e neste momento situam-se já nos 9000 milhões, o que
obviamente cria dificuldades, acrescidas com os cortes nos salários, nas
pensões e reformas e com o desemprego a crescer, resultado das opções
económicas do governo.
A Segurança Social pública, universal e solidária pode estar em
dificuldades, mas não está em rutura e representa a única forma de garantir um
País mais justo, sendo, portanto, iníqua qualquer medida para privatizá-la, por
causadora de mais conflitos sociais. A sustentabilidade financeira da Segurança
Social reside no lado da receita e não nos cortes aos mais vulneráveis da
sociedade.
Aproximam-se as eleições legislativas e para a esmagadora maioria dos
portugueses é tempo de dizer basta de austeridade, basta de injustiças, basta
de corrupção, basta de empobrecimento e antes da estabilidade, preconizada pelo
presidente de alguns portugueses e pelos partidos da troika nacional, é preciso outro caminho para o País, através da
criação de emprego com direitos, dinamização da atividade produtiva e uma
economia ao serviço da população como um todo e não para favorecimento de
alguns, em suma a rutura com esta política de exploração, mentira e
empobrecimento.
Podem vir com novas promessas, mas devem convencer-se que os
portugueses não têm memória curta e seguramente irão penalizá-los para que não
voltem ao poder.
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