A democracia funcionou, o povo decidiu e a maioria de direita foi derrotada
nas eleições legislativas, abrindo um novo ciclo na vida política nacional.
Embandeirando em arco, em plena e insana euforia, a coligação PAF foi
esmorecendo gradualmente e na medida em que os dados iam surgindo, indicando
claramente que era impossível uma maioria absoluta.
A composição do Parlamento ficará, pois, sensivelmente alterada,
mostrando uma maioria de deputados de esquerda, o que significa que a população
portuguesa rejeitou a austeridade como forma de governação.
Contrariamente ao que as sondagens previam, a abstenção manteve-se em
nível elevado que poderia ser bem diferente se muitos dos cerca de 500 mil
emigrantes recentes pudessem exercer o dever cívico, assim lhes tivessem sido
proporcionadas as respectivas condições.
O resultado obtido pela CDU confirma a sua expressão política,
conquistada ao longo dos últimos actos eleitorais, dando razão a todos quantos
reconhecem nesta coligação a razão dos seus argumentos, a seriedade dos
militantes e o seu papel insubstituível na defesa dos interesses do povo
trabalhador e do País, na luta incessante contra as injustiças e por uma vida
melhor.
Contudo, a conclusão mais importante a retirar dos resultados destas
eleições e do novo quadro político é a confirmação da derrota dos projectos do
PSD/CDS para o prosseguimento da destruição de direitos, do assalto aos
rendimentos de quem trabalha, dos reformados e pensionistas, dos pequenos e
médios empresários, da perda de soberania nacional.
A CDU conseguiu levar a cabo uma intensa campanha de esclarecimento e
mobilização, baseada no trabalho, na verdade, na honestidade, na competência e
na seriedade, originando uma grande participação popular e confirmando que os
deputados eleitos constituirão sempre uma força activa em defesa dos
trabalhadores, do povo e do País.
Foi com o trabalho e dedicação de milhares de militantes, activistas e
candidatos do PCP/PEV/ID e da juventude CDU que se tornou possível esclarecer,
mobilizar e dar corpo à ideia de que, sim, é possível uma vida melhor e mais
digna.
Os resultados eleitorais confirmam a derrota da direita que perde a
maioria e é fortemente castigada pela população portuguesa, razão pela qual
seria inadmissível que o mais alto magistrado da Nação viabilizasse a
constituição de novo governo pelos mesmos que saíram penalizados, a não ser que
o maior parido da oposição para tal contribuísse, recusando-se a formar governo.
O resultado obtido pela CDU é tanto mais notável quanto foi visível a
campanha ideológica, de condicionamento, chantagem e medo, tratamento desigual,
por vezes mesmo afrontoso levado a cabo por algumas instituições que deveriam
proceder de modo deontologicamente diferente.
Como afirmou o Secretário-Geral do PCP «temos pela frente tempos de
exigência mas são também tempos de confiança, tempos de confiança na luta e na
resistência de muitos milhões de portugueses, honrando os nossos compromissos, assumimos desde já a apresentação, no
início dos trabalhos parlamentares, de um conjunto de iniciativas legislativas
com vista à recuperação e devolução dos rendimentos e direitos roubados nos
últimos anos».
Temos, pois, pela parte do PCP a firme disposição de começar o trabalho
parlamentar com a recuperação de malfeitorias aplicadas à população e vamos
também ver quem viabiliza as propostas apresentadas nesse sentido.
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