segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O trambiqueiro


MARCELO O TRAMBIQUEIRO

Pode o mais alto cargo da nação vir a ser ocupado por um trapalhão cujo caminho até hoje percorrido foi sempre pleno de ziguezagues de acordo com os ventos dominantes?
Marcelo Rebelo de Sousa tem todo um passado político que atesta à saciedade a sua postura farisaica. Uma roda ao vento. Um esfomeado de poder. Um homem de coluna dúbia.
Em plena ditadura fascista, nas suas cartas aos ditadores Salazar e Caetano, assumia-se como um admirador e em relação ao último como um impostor afirmando-se irmanado no combate ao Congresso da Oposição de Aveiro em 1973.
Estendia-se como serventuário diante daquelas sinistras personagens que dirigiram a opressão e a repressão do povo português. Porquê? Porque os admirava de todo o coração, como aliás escrevia. Ou então não e passava graxa aqueles cavalheiros para fins que se adivinham.
Na Faculdade de Direito ocupada pelos gorilas para lá enviados para “pacificar” as populações nunca lhe foi conhecido um ai ou um ui.
Veio a liberdade e a democracia e Marcelo saltou para o PPD/PSD onde se guindou ao mais alto poleiro. Ficou conhecido como maquiavélico e intriguista. A rivalizar com o Paulo Portas então iniciante na corrida ao poder varrendo o CDS e desenterrando as suas iniciais para o seu “novo” partido, o PP.
Zangaram-se. Marcelo abandonou a liderança do PSD, a tempo de votar contra o SN Saúde. Teve grandes disputas com o inefável Santana Lopes. Nunca chegou a realizar o sonho de ser Presidente da Câmara de Lisboa, nem o de Primeiro-Ministro.
Quanto a Presidente da Câmara nem com uns mergulhos no Tejo lá chegou.
Quanto ao sonho de ser Primeiro-Ministro ao que consta é que ficou muito chocado por não o ter sido quando outras figuras do PSD bem menores em termos intelectuais o foram. Coisas que ele não entendeu, nem entende.
Como é timbre do sistema a todos os ex – dirigentes do PSD e alguns do PS as televisões chamaram-no para debitar postas de opiniões sobre matéria à qual tinha chumbado, como seja o de ser incapaz de ser o que queria ser na Câmara de Lisboa e em S. Bento.
Estenderam a Marcelo uma passadeira vermelha para aos fins-de-semana ir fazer de conta que era um independente e falar de tudo e de queijos da serra ou de Serpa. Sobre o que sabe e o que não sabe. É esse o serviço de um “opinador”.
Pela importância que as televisões lhe foram dando, parecia que Marcelo iria dar opiniões para que se soubesse o que nunca se saberia sem a sua sabedoria. E lá se ficava a saber o que já se sabia. E a televisão basbaque cumpria assim o dever de embasbacar ainda mais o Reino deixado por Afonso Henriques.
Defendeu a austeridade, assegurou a confiança no BES e sempre pregou a favor dos de cima contra os de baixo. Diga-se em abono da verdade que o fez com uma certa simpatia. Tinha de ser, dizia o professor.
Agora precisa do voto dos de baixo e a sua capacidade de se baixar não tem limites.
Ele vai às urgências logo que soube que morreu um cidadão que os media noticiaram, e caso houvesse mais mortes relatadas pelas televisões admitiu passar a viver nas urgências. Até final dos seus dias de campanha…
Ele vai aos Açores beber minis com pescadores.
Ele foi a uma farmácia, a uma farmácia comprar medicamentos…Quem é capaz de o fazer?
Ele entra em Casas mortuárias.
Ele faz festas a bebés rechonchudos.
Ele serve cafés em confeitarias.
Ele ajuda velhinhas a atravessar a rua.
As televisões transmitiram estes gestos heróicos do candidato que não quer propaganda, só televisões a transmitir. Quem é capaz de ir para os semáforos e simpaticamente ir ajudar velhinh@s a atravessar a rua? MRS. Só ele.
Não quer uma campanha onde se discutam ideias. No ideas; apenas afeto. Abraços e mais nada. Tudo fofo. Marcelo é um fixe. Não vai para a Casa dos Segredos; quer ir para Belém.
Ele não quer debater. Ele foge dos debates. Não são fofos. Abrem a verdade. Foge do PSD e do CDS, mas que venha o apoio…. Como Cavaco, o que indigitou Passos e indicou Costa para Primeiro- Ministro.
Marcelo faz de conta que foge da direita para chegar a Belém e continuar na senda do último íncola. É diferente, mas é igual. Proclama cooperação com António Costa. Está a fazer como Judas, como fez Cavaco que jurou cooperação a Sócrates e à primeira atirou-o borda fora.
Marcelo só quer uma coisa : ser Presidente. Até promete aprovar um orçamento que não conhece.
Marcelo sabe usar as palavras. Ele é palavreiro que nas palavras esconde as ideias. É um camaleão. Ele vai à Festa do Avante porque quer ser Presidente da República. Ele vai onde está quem o veja…se houver televisões para filmar. Se for presidente vai ter uma televisão atrás dele desde que acorda até que se deita. Vai ser um show a superar o da Teresa Guilherme. Vai rebentar uma guerra de audiências.
Marcelo não cultiva como Cavaco o tabu; Marcelo é mais para o show-off. Com ele vai ser tudo luzes em Belém; tudo frenético em torno de si próprio.
Se Marcelo for para Belém vai ser uma guerra permanente com este governo ou com qualquer governo. Marcelo não vai dar o palco a mais ninguém; o homem não vai parar. Estará em permanente agitação cosmopolita desde o futebol até ao samba no Brasil passando pelas estepes da Mongólia onde irá competir com os perdidos do mundo. E irá ao fim do mundo para ser a notícia.
Querem um trambiqueiro em Belém? Votem em Marcelo.

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