segunda-feira, 10 de junho de 2013

Abril de novo

                             Pôr fim ao Pacto de Agressão
A Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome admite que os casos de carência alimentar em Portugal possam aumentar.
Chegam à Provedoria da Justiça denúncias de crianças de dez anos a viver na rua e cerca de 40% dos participantes dum inquérito da Federação dos Bancos Alimentares confessaram ter passado um dia sem comer por falta de dinheiro, admitindo mais de metade deles que o rendimento familiar não é suficiente para viver em condições dignas.
O inquérito revelou também uma tendência de aumento das carências alimentares e o Sr. Amândio Alves da Confederação Nacional das Associações de Família, tem receio de que esta situação possa conhecer agravamento, aliás, o próprio Provedor de Justiça afirmou ter recebido denúncias preocupantes nesse sentido, pois a crise económica tem contribuído para a pobreza das crianças.   
Nos dias de hoje, em pleno século XXI, perto de dois milhões de pessoas vivem em situação de pobreza em Portugal, atingindo não só os naturais, mas também estrangeiros, caso, por exemplo, de dois homens ucranianos com cerca de 60 anos, resgatados pela GNR num monte alentejano em ruínas, no concelho de Portel, onde viviam em condições desumanas, tendo o caso sido participado ao Ministério Público e estando a ser investigado, pois parece, ainda e para cúmulo, serem vítimas de trabalho escravo.
Dois anos decorridos sobre a decisão de amarrar o país ao programa dito de ajustamento, assinado com a União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, Portugal e os portugueses foram arrastados para o desastre económico e social.
Esta realidade é documentada por números incontestáveis, mas ainda mais assustadores, informando-nos da existência de quase um milhão e meio de desempregados, uma recessão acumulada de 5,5% do PIB, mais de 250 mil portugueses, na sua maioria jovens, forçados a emigrar, uma dívida pública impagável e imparável que, tendo aumentado 48 mil milhões de euros, atinge já os 127% do PIB, representando tudo isto declínio económico, retrocesso social, empobrecimento e dependência, acrescido o facto do País ver agravados todos os seus problemas estruturais, pois cria menos riqueza e distribui-a com menos justiça como temos visto claramente com a redução dos salários reais que representam hoje apenas 38% no rendimento nacional, este preferencialmente canalizado para o grande capital.
Para agravar esta situação, a ideia da reconfiguração total do Estado e do seu papel social imprescindível, a par da mudança de paradigma da sociedade, indo contra o conteúdo da nossa Constituição, constituem um confronto com o Portugal de Abril e um projeto inadmissível, anticonstitucional e antidemocrático a que urge colocar um ponto final.
Deveria ser o Presidente da República a resolver a questão, ele que jurou defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição, pois, mais do que salvar a coligação governamental, ele deveria procurar salvar o País duma política que desgraça as nossas vidas e hipoteca o nosso futuro coletivo.
Tal não está a acontecer, portanto, a política alternativa de que precisamos só chegará com a continuação da luta dos trabalhadores e do povo, para um novo rumo, baseado nos valores de Abril e projetá-los no presente e no futuro do nosso País, uma política patriótica e de esquerda.    

10/06/2013

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