Palhaçada
Grotesca
Situação talvez inédita no panorama político nacional até aos tempos de
hoje, aquilo que aconteceu nos últimos dias no âmbito da coligação governante
só pode obter a classificação duma palhaçada no pior sentido do termo.
Num quadro de desemprego e de miséria para muitos portugueses, a
demissão de Gaspar, expectável, e de Portas, irrevogável, constituem um
processo pleno de cenas caricatas e deprimentes com a população incrédula a ser
alvo uma vez mais duma falta de respeito de tal ordem que toca as raias do
obsceno e do patético, mostrando claramente o estado de desagregação do atual
governo e a sua incapacidade para governar o País e revelando por outro lado
que está em causa o regular funcionamento das instituições, razão pela qual é
mais que tempo para o Presidente da República dissolver a Assembleia da
República, cumprindo o seu mandato institucional e deixando de proporcionar
apoio a um governo sem condições para o ser ou confirmando uma das suas últimas
afirmações de que ao longo da sua vida tinha aberto centenas de covas. Quem
diria!
A derrota final deste Governo parece
estar iminente, restando a seguir derrotar a política que conduziu Portugal e
os portugueses à dramática situação em que se encontram, mas esse desfecho
continuará a ser obra da luta de massas, a qual contribuirá também para a
derrota da política das troikas.
O PCP deu à nova situação criada a imediata e necessária resposta,
promovendo desfiles e concentrações em Lisboa, Évora e Porto e por seu lado, a
CGTP-IN convocou uma concentração para Belém bem participada, apesar do intenso
calor.
É este o único caminho capaz de derrotar a
política de direita e de conquistar para Portugal um futuro de progresso e
desenvolvimento, tendo os valores de Abril como referência essencial.
Os escribas a soldo do grande capital e os comentadores com ele
comprometidos, não se cansam de especular e conjeturar sobre o apocalipse se o
governo for demitido e formos para eleições antecipadas, receando, não pelo
País e os portugueses que nunca constituíram a sua fonte de preocupação, mas
unicamente interessados com a sua sorte sempre ligada ao poder discricionário,
ao capital financeiro e ao capitalismo internacional, confrontado com a luta
dos povos.
A luta dos trabalhadores e do povo por uma
política e um governo patrióticos e de esquerda, pela rejeição do pacto de
agressão e pela ruptura com o processo de integração capitalista europeu, é
simultaneamente uma luta internacionalista pela liberdade e a democracia.
Dois anos foram passados em que o governo, pretextando a crise e a
falta de dinheiro para a população e o Estado Social, mas não para os grandes
grupos económicos e financeiros nacionais e estrangeiros sempre favorecidos e
aumentando os lucros, proporcionou também as condições para eles manterem
rendas ilegítimas, por exemplo, na área da energia e o saque de milhares de
milhões de euros para os juros da dívida soberana, destruindo a capacidade
produtiva do País, alienando recursos nacionais e concentrando a riqueza nuns poucos,
mas ainda canalizando enormes recursos para o BPN, as parcerias público
privadas e os contratos de gestão de risco financeiro (SWAP), além de ter
privatizado empresas públicas rentáveis.
O governo não resolveu nenhum dos problemas do País, mas conseguiu
aumentar a dívida pública em mais de 48 mil milhões de euros, ou seja, 127% do
PIB, acumular recessão em 5,5%, diminuir salários, aumentar o desemprego e a
precariedade, arruinando micro, pequenas e médias empresas e aprofundar a
recessão económica, razões mais que suficientes para ir todo embora.
Sem comentários:
Enviar um comentário