quarta-feira, 17 de julho de 2013

Vamos colocar um ponto final nesta desordem

                                            A farsa continua
Enquanto a esmagadora maioria dos portugueses exige a demissão do governo e convocação de eleições antecipadas, os senhoritos, capitaneados pela teimosia incongruente do presidente de alguns, continuam a sua caminhada para a destruição do País, engendrando novas figuras e mantendo outras no elenco governativo, entusiasmados pela douta opinião germânica.
O País assiste, pois, ao segundo ato duma peça burlesca de inacreditável conteúdo e após, no primeiro ato, o ministro das finanças se demitir declarando que a sua política falhou e as previsões seguiram o mesmo caminho, a segunda figura da coligação seguir o mesmo gesto acrescentando ser irrevogável a sua atitude, o Presidente da República dar posse à nova ministra das finanças na mesma altura em que a coligação deixa de existir, o primeiro-ministro, sem poder para tal, declarar recusar a demissão da segunda figura governamental, eis que entramos já no segundo ato com o regresso ao palco da segunda figura, acompanhado de mais alguns novos figurantes, sob a batuta do Presidente que continua sem dúvidas e raramente se engana e assim passará à história como interveniente e tutor duma imensa farsa.  
Ainda não sabemos qual será o terceiro ato desta execrável peça, mas o que é certo é que com um governo recauchutado para trilhar o mesmo caminho da exploração e do empobrecimento, de aumento do desemprego e da desigualdade social, da perda de soberania nacional e do exercício pleno da democracia, não teremos senão crise em cima da crise, tornando necessário a sua demissão, facto este que constituirá o fim do terceiro ato.
Até porque a desorientação é contagiante e chegou também à segunda figura do Estado, a reformada presidente da Assembleia da República, a qual, confrontada com mais um legítimo descontentamento vindo das galerias, não teve qualquer pejo em sugerir o corte do acesso do público à casa da democracia e, indo mais além, ousou citar Simone de Beauvoir para dizer «não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes», sabendo muito bem que esta frase da referida escritora fora escrita a propósito da opressão nazi sobre os franceses durante a II Guerra Mundial, o que torna inaceitável a comparação.
O balanço dos destroços que este Governo PSD/CDS deixa no nosso País é aterrador:

Temos uma das dez mais elevadas dívidas soberanas do mundo, um elevado défice orçamental e a nossa dívida continua a ser considerada uma das de maior risco; temos a 3.ª maior taxa de desemprego da OCDE, a 2.ª maior taxa de trabalho precário da zona euro, os salários mais baixos da Europa Ocidental; somos o 3.º país com mais desigualdade da UE e o risco de pobreza ameaça mais de 43% da população; no 4.º trimestre de 2012 Portugal registou a maior queda do PIB de toda a União Europeia; somos também o terceiro país da OCDE com mais corrupção, pois descemos 10 lugares na tabela, o que significa que a corrupção vai aumentando; temos um nível de vida inferior em mais de 25% da média europeia, sendo piores do que a Grécia e a Espanha; em 2012 tivemos uma emigração nunca antes vista, mais de 120 000 pessoas, em 1961 foram 110.000; no ano passado tivemos ainda o mais baixo número de nascimentos registado nos últimos 80 anos, ou seja valores iguais aos de 1930 e só nos primeiros meses deste ano saíram de Portugal mais de 23.000 crianças e o número de famílias consideradas judicialmente em falência quadruplicou, acrescido o facto de vermos uma juventude altamente qualificada a desertar, incluindo médicos e enfermeiros, que tanta falta aqui fazem. Vamos colocar um ponto final nesta desordem toda!

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