A farsa continua
Enquanto a esmagadora maioria dos portugueses exige a demissão do
governo e convocação de eleições antecipadas, os senhoritos, capitaneados pela
teimosia incongruente do presidente de alguns, continuam a sua caminhada para a
destruição do País, engendrando novas figuras e mantendo outras no elenco
governativo, entusiasmados pela douta opinião germânica.
O País assiste, pois, ao segundo ato duma peça burlesca de
inacreditável conteúdo e após, no primeiro ato, o ministro das finanças se
demitir declarando que a sua política falhou e as previsões seguiram o mesmo
caminho, a segunda figura da coligação seguir o mesmo gesto acrescentando ser
irrevogável a sua atitude, o Presidente da República dar posse à nova ministra
das finanças na mesma altura em que a coligação deixa de existir, o
primeiro-ministro, sem poder para tal, declarar recusar a demissão da segunda
figura governamental, eis que entramos já no segundo ato com o regresso ao
palco da segunda figura, acompanhado de mais alguns novos figurantes, sob a
batuta do Presidente que continua sem dúvidas e raramente se engana e assim
passará à história como interveniente e tutor duma imensa farsa.
Ainda não sabemos qual será o terceiro ato desta execrável peça, mas o
que é certo é que com um governo recauchutado para trilhar o mesmo caminho da
exploração e do empobrecimento, de aumento do desemprego e da desigualdade
social, da perda de soberania nacional e do exercício pleno da democracia, não
teremos senão crise em cima da crise, tornando necessário a sua demissão, facto
este que constituirá o fim do terceiro ato.
Até porque a desorientação é contagiante e chegou também à segunda
figura do Estado, a reformada presidente da Assembleia da República, a qual,
confrontada com mais um legítimo descontentamento vindo das galerias, não teve
qualquer pejo em sugerir o corte do acesso do público à casa da democracia e,
indo mais além, ousou citar Simone de Beauvoir para dizer «não podemos deixar
que os nossos carrascos nos criem maus costumes», sabendo muito bem que esta
frase da referida escritora fora escrita a propósito da opressão nazi sobre os
franceses durante a II Guerra Mundial, o que torna inaceitável a comparação.
O balanço dos destroços que este Governo
PSD/CDS deixa no nosso País é aterrador:
Temos uma das dez mais elevadas dívidas
soberanas do mundo, um elevado défice orçamental e a nossa dívida continua a
ser considerada uma das de maior risco; temos a 3.ª maior taxa de desemprego da
OCDE, a 2.ª maior taxa de trabalho precário da zona euro, os salários mais
baixos da Europa Ocidental; somos o 3.º país com mais desigualdade da UE e o
risco de pobreza ameaça mais de 43% da população; no 4.º trimestre de 2012
Portugal registou a maior queda do PIB de toda a União Europeia; somos também o
terceiro país da OCDE com mais corrupção, pois descemos 10 lugares na tabela, o
que significa que a corrupção vai aumentando; temos um nível de vida inferior
em mais de 25% da média europeia, sendo piores do que a Grécia e a Espanha; em
2012 tivemos uma emigração nunca antes vista, mais de 120 000 pessoas, em 1961
foram 110.000; no ano passado tivemos ainda o mais baixo número de nascimentos
registado nos últimos 80 anos, ou seja valores iguais aos de 1930 e só nos
primeiros meses deste ano saíram de Portugal mais de 23.000 crianças e o número
de famílias consideradas judicialmente em falência quadruplicou, acrescido o
facto de vermos uma juventude altamente qualificada a desertar, incluindo
médicos e enfermeiros, que tanta falta aqui fazem. Vamos colocar um ponto final
nesta desordem toda!
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