terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Abril de novo

                                                                    O País da caridadezinha
Era uma vez um País à beira mar plantado, possuidor duma enorme zona económica exclusiva, dum solo e subsolo ricos e com um povo de grande carater que, conseguindo libertar-se das amarras que o prendiam aos conceitos e preconceitos retrógrados dum fascismo criminoso, repressivo e inculto, encetou, através duma Revolução ímpar no contexto europeu próximo, novos caminhos de liberdade, democracia e justiça social, augurando um futuro de desenvolvimento e de independência nacional sem precedentes.
Era este o ideário mas, como em todas as revoluções há traidores e vendilhões das pátrias, também os seus habitantes observam agora a repetição na História dos acontecimentos de 1640, só que desta vez não lutam para se libertarem dos invasores e vizinhos, mas para sacudirem o jugo duma União Europeia, moeda única e clube de países com os quais nunca poderiam competir em pé de igualdade, embora repetidamente lhes dissessem o contrário e esses que assim o disseram já deveriam ter tido, pelo menos, a coragem e honestidade de reconhecerem publicamente o erro ou para informarem as suas reais intenções.
E é nesse País que hoje nos encontramos, governados há 37 anos por uma casta com pensamento obscuro que destruiu e quer destruir mais as pescas, a agricultura e a indústria, não aproveitou os recursos existentes e, a soldo de alguns patacos vindos duma União Europeia exploradora, monopolista e militarista, promoveu as rendas, levantou estádios a mais, alguns em degradação contínua, auto estradas desnecessárias que querem agora obrigar os utentes a pagar e ainda pretende destruir serviços públicos essenciais à população, alguns considerados mundialmente de alto nível, e arruinar a economia com o aumento do desemprego, falta de apoio às pequenas e médias empresas, emigração em boa parte de juventude classificada e roubo sistemático das reformas e pensões. A hipocrisia é visível quando anteriormente com a TSU e agora com o IRC, pretendem incutir a ideia de que este último imposto de 31,5% é o causador do bloqueamento do País e em consequência pretendem reduzi-lo, mas omitindo que as 140 maiores empresas portuguesas, apresentando lucros de mais ou menos 7,5 mil milhões de euros, pagaram uma taxa efetiva de 11,5%, isto é, menos 20% e sabendo que os grandes problemas das micro, pequenas e médias empresas, a esmagadora maioria do tecido empresarial do País, situam-se no pagamento especial por conta, que aumenta 75%, na falta de poder de compra da população e nos impostos indiretos, exemplo do IVA, causadores da falta de vendas. O critério está bem à vista.
Em contra partida, selecionam como prioritária a financeirização da economia e a especulação bolsista, promovem as parcerias, as assessorias, salários e reformas milionárias e aniquilam o Estado Social para fomentarem a caridade através de apoio alimentar aos mais carenciados, cujo número não pára de crescer, no âmbito do chamado FEAC, fundo europeu de auxílio aos carenciados, caritativamente disponibilizado pela mesma Europa connosco que anteriormente disponibilizou outros fundos para os fins já conhecidos, construindo assim um autêntico ghetto de europeus marginalizados que já atinge uns largos milhões a par de alguns poucos, consolidando e aumentando as suas escandalosas fortunas e de tal forma que o próprio presidente da Rede Europeia Anti Pobreza, padre Jardim Moreira, escandalizado com a situação, foi levado a afirmar que «a resistência dos portugueses não vai durar para sempre, um sistema que produz milhões de pobres não serve a sociedade». Com o presidente de alguns portugueses a observar, foi ao que chegamos com esta gente a empurrar-nos e a querer continuar, portanto, só temos uma saída: empurrá-los a eles e reabrir os caminhos da Revolução de Abril.                

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