O País da caridadezinha
Era uma vez um
País à beira mar plantado, possuidor duma enorme zona económica exclusiva, dum
solo e subsolo ricos e com um povo de grande carater que, conseguindo
libertar-se das amarras que o prendiam aos conceitos e preconceitos retrógrados
dum fascismo criminoso, repressivo e inculto, encetou, através duma Revolução
ímpar no contexto europeu próximo, novos caminhos de liberdade, democracia e
justiça social, augurando um futuro de desenvolvimento e de independência
nacional sem precedentes.
Era este o
ideário mas, como em todas as revoluções há traidores e vendilhões das pátrias,
também os seus habitantes observam agora a repetição na História dos
acontecimentos de 1640, só que desta vez não lutam para se libertarem dos
invasores e vizinhos, mas para sacudirem o jugo duma União Europeia, moeda
única e clube de países com os quais nunca poderiam competir em pé de igualdade,
embora repetidamente lhes dissessem o contrário e esses que assim o disseram já
deveriam ter tido, pelo menos, a coragem e honestidade de reconhecerem publicamente
o erro ou para informarem as suas reais intenções.
E é nesse País
que hoje nos encontramos, governados há 37 anos por uma casta com pensamento obscuro
que destruiu e quer destruir mais as pescas, a agricultura e a indústria, não
aproveitou os recursos existentes e, a soldo de alguns patacos vindos duma
União Europeia exploradora, monopolista e militarista, promoveu as rendas, levantou
estádios a mais, alguns em degradação contínua, auto estradas desnecessárias
que querem agora obrigar os utentes a pagar e ainda pretende destruir serviços
públicos essenciais à população, alguns considerados mundialmente de alto
nível, e arruinar a economia com o aumento do desemprego, falta de apoio às
pequenas e médias empresas, emigração em boa parte de juventude classificada e
roubo sistemático das reformas e pensões. A hipocrisia é visível quando
anteriormente com a TSU e agora com o IRC, pretendem incutir a ideia de que
este último imposto de 31,5% é o causador do bloqueamento do País e em
consequência pretendem reduzi-lo, mas omitindo que as 140 maiores empresas
portuguesas, apresentando lucros de mais ou menos 7,5 mil milhões de euros,
pagaram uma taxa efetiva de 11,5%, isto é, menos 20% e sabendo que os grandes
problemas das micro, pequenas e médias empresas, a esmagadora maioria do tecido
empresarial do País, situam-se no pagamento especial por conta, que aumenta
75%, na falta de poder de compra da população e nos impostos indiretos, exemplo
do IVA, causadores da falta de vendas. O critério está bem à vista.
Em contra
partida, selecionam como prioritária a financeirização da economia e a
especulação bolsista, promovem as parcerias, as assessorias, salários e
reformas milionárias e aniquilam o Estado Social para fomentarem a caridade
através de apoio alimentar aos mais carenciados, cujo número não pára de
crescer, no âmbito do chamado FEAC, fundo europeu de auxílio aos carenciados,
caritativamente disponibilizado pela mesma Europa connosco que anteriormente
disponibilizou outros fundos para os fins já conhecidos, construindo assim um
autêntico ghetto de europeus marginalizados que já atinge uns largos milhões a par
de alguns poucos, consolidando e aumentando as suas escandalosas fortunas e de
tal forma que o próprio presidente da Rede Europeia Anti Pobreza, padre Jardim
Moreira, escandalizado com a situação, foi levado a afirmar que «a resistência
dos portugueses não vai durar para sempre, um sistema que produz milhões de
pobres não serve a sociedade». Com o presidente de alguns portugueses a
observar, foi ao que chegamos com esta gente a empurrar-nos e a querer
continuar, portanto, só temos uma saída: empurrá-los a eles e reabrir os
caminhos da Revolução de Abril.
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