terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Não à destruição do SNS

                                 Ação deliberada de retrocesso
Conquista emblemática do 25 de Abril, o Serviço Nacional de Saúde, devido ao seu impacte social e humano, desde logo se tornou um dos serviços públicos mais valiosos para a população portuguesa, que o viu consagrado na nossa Constituição pela primeira vez como universal, geral e gratuito, assumindo assim o Estado a responsabilidade de garantir o direito à saúde de todos os portugueses, independentemente da sua condição sócio económica, descontando para o sistema mais os que mais ganhavam e menos os de menores rendimentos e o OE procurando equilibrar e gerir as suas diferentes rubricas.   
Contando e felizmente ainda conta com esmerado esforço e dedicação dos profissionais da área (médicos, enfermeiros, técnicos, administrativos e auxiliares) o SNS começou a mostrar resultados nomeadamente na taxa de mortalidade infantil, na esperança média de vida e até na avaliação mundial do desempenho,
Como estava tudo a correr bem, logo apareceram os arautos da desgraça ou os defensores dos negócios na Saúde, situados nos governos da direita ou da esquerda dita moderna, proclamando a balela da alegada insustentabilidade financeira do sistema e justificando assim o começo e depois o sucessivo corte orçamental no SNS e a incessante retirada de direitos à população.
Disseram e dizem eles que não há dinheiro, estamos a viver acima das nossas possibilidades, mas todos sabemos há muito tempo para onde ele se desloca: políticas fiscais para favorecimento das grandes empresas cotadas na Bolsa e isenção fiscal às mais-valias, contratos ruinosos via Parcerias Público Privadas e swapps, buracos financeiros na Banca e corrupção, compra de submarinos e aviões de combate, uns não navegam e outros estão agora a ser vendidos, assessorias e reformas milionárias, estádios e auto estradas de utilização no mínimo duvidosa, ou seja, o dinheiro existe mas está mal parado e ideologicamente aplicado.
A saúde dos portugueses enfrenta um inimigo de classe que, à revelia da Constituição, destrói os recursos inerentes à prestação de cuidados médicos, apesar dos êxitos e qualidades do SNS que vai sendo desarticulado e reduzido na sua atividade e o processo de reestruturação dos serviços de urgência hoje em curso constitui mais uma peça do puzzle, provando assim que este governo não hesita entre a saúde da população e o benefício dos grandes grupos monopolistas.
Ao contrário das afirmações dos responsáveis do Ministério da Saúde, no processo de reestruturação das urgências dos hospitais do SNS não foram ouvidos os profissionais de saúde, os utentes e as autarquias, isto é, aqueles que melhor contributo poderiam proporcionar para a melhoria do serviço e encontrar as soluções mais adequadas para o atendimento dos doentes, pois qualquer reorganização séria dos serviços de saúde deve dirigir-se aos destinatários e ter em conta a região onde se inserem e não ser feita a martelo contra os direitos e interesses dos utentes e dos profissionais da área.
O reaparecimento da tuberculose e o retrocesso na pediatria (baixando índices iniciais) e aquilo que se tem passado nos últimos dias nas urgências hospitalares, nomeadamente nos exames de colonoscopia, os inadmissíveis compassos de espera para atendimento, a falta de médicos e de camas para internamento e a gestão incompetente da algumas administrações, tudo bem patente nos noticiários televisivos, representa um verdadeiro escândalo e o governo deve ser responsabilizado pelo que está a fazer à vida e à saúde dos portugueses.

Esta política é praticada, não por falta de dinheiro, mas por ser caracterizadamenete de classe, negando o direito à saúde à esmagadora maioria dos portugueses e tornando-a num bem só acessível a quem possa pagar.

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