quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Os reflexos da «retoma» na população

                                      
Num tempo em que o trabalho com direitos tende a desaparecer e o desemprego não cessa, o direito à saúde se dirige cada vez mais a quem o pode pagar, a Educação se torna cada vez mais elitista, através da destruição de escola pública e do favorecimento da escola privada, em que a velhice vivida com dignidade se torna num alvo a abater, em que o direito a uma habitação condigna se tornou uma ilusão e as desigualdades se vão acentuando, em que milhares de micro, pequenas e médias empresas fecham portas, a agricultura, as pescas e a indústria não arrancam do marasmo, pelo contrário, são áreas empurradas ou para privatizações no mínimo duvidosas ou pura e simplesmente para o salve-se quem puder, vem o governo e os seus títeres informar-nos que a retoma vem aí, os ditos mercados estão mais calmos e a «bolsa» proporciona bons indicadores.
Dizem eles que as medidas de austeridade são temporárias, nós sabemos quando começaram, mas desconhecemos quando acabam, pois eles não se atrevem a designar sequer uma data, será então «sine die», até porque a troika parece ter dado já consentimento ao Plano B (nova nomenclatura para outro resgate) e até o comissário europeu Olli Rehn se mostra favorável a um Programa Cautelar (outra nomenclatura) para Portugal, ou seja, a troika está de acordo em relação ao défice para este ano e pelo registo do pensamento governamental também parece estar patente a continuação das privatizações, sejam elas empresas rentáveis ou ativos não financeiros tais como, obras de arte, palácios e museus, em suma, vão-se os anéis e cortam-se os dedos.   
Esta gestão governamental a léguas de distância das regras de legitimidade social e moral, lesiva dos direitos da população portuguesa e dos interesses do País, também começa a deixar marcas nos militantes dos partidos da coligação, um porque se auto proclama de inspiração cristã e deveria estar mais atento às exortações do Papa para mais solidariedade e menos assistência e outro por ter no seu ideário manifestações de social-democracia, aparentemente contrárias às práticas seguidas pela governação atual do nosso País.
São os casos bem conhecidos de Bagão Félix, Pacheco Pereira e Manuela Ferreira Leite, os quais, em tempos de antena televisiva, têm lançado publicamente algumas diatribes em relação à gestão governamental, certamente por um dever ético incontornável ou por não pretenderem ser confundidos com as referidas práticas governativas, o que não lhes fica nada mal.    
Nesta conformidade, merece particular destaque a ex-ministra das finanças, próxima do presidente de alguns portugueses, a qual, há dias e referindo-se ao Orçamento de desgraça para 2014, afirmou ter descoberto no referido documento um «fundo de maneio» de 533 milhões de euros não ligados a qualquer despesa prevista, acrescentando ainda que em orçamentos de anos anteriores, quem sabe da sua própria lavra, também se utilizaram «fundos de maneio» para prevenir eventuais derrapagens, mas nunca no valor sequer aproximado deste.
Mas diz mais a ex-ministra: a redução deste fundo para um montante mais razoável teria sido suficiente para evitar cortes bárbaros que o governo pretende fazer e ainda sobrariam muitos milhões para a cobertura de imprevistas surpresas.
Perante estas afirmações, era lícito aguardar uma reação do chefe do executivo governamental, mas nada ocorreu nem tão pouco ocorrerá e muito menos se espera que o presidente de alguns portugueses possa tecer qualquer comentário.

No entanto, a melhor resposta a esta governação obscena será dada no próximo dia 1 de Fevereiro, dia nacional de luta pelo fim do terrorismo social da política de direita e contra a exploração e o empobrecimento.

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