Num tempo em que
o trabalho com direitos tende a desaparecer e o desemprego não cessa, o direito
à saúde se dirige cada vez mais a quem o pode pagar, a Educação se torna cada
vez mais elitista, através da destruição de escola pública e do favorecimento
da escola privada, em que a velhice vivida com dignidade se torna num alvo a
abater, em que o direito a uma habitação condigna se tornou uma ilusão e as
desigualdades se vão acentuando, em que milhares de micro, pequenas e médias
empresas fecham portas, a agricultura, as pescas e a indústria não arrancam do
marasmo, pelo contrário, são áreas empurradas ou para privatizações no mínimo
duvidosas ou pura e simplesmente para o salve-se quem puder, vem o governo e os
seus títeres informar-nos que a retoma vem aí, os ditos mercados estão mais
calmos e a «bolsa» proporciona bons indicadores.
Dizem eles que
as medidas de austeridade são temporárias, nós sabemos quando começaram, mas
desconhecemos quando acabam, pois eles não se atrevem a designar sequer uma
data, será então «sine die», até porque a troika
parece ter dado já consentimento ao Plano B (nova nomenclatura para outro
resgate) e até o comissário europeu Olli Rehn se mostra favorável a um Programa
Cautelar (outra nomenclatura) para Portugal, ou seja, a troika está de acordo em
relação ao défice para este ano e pelo registo do pensamento governamental
também parece estar patente a continuação das privatizações, sejam elas
empresas rentáveis ou ativos não financeiros tais como, obras de arte, palácios
e museus, em suma, vão-se os anéis e cortam-se os dedos.
Esta gestão
governamental a léguas de distância das regras de legitimidade social e moral,
lesiva dos direitos da população portuguesa e dos interesses do País, também
começa a deixar marcas nos militantes dos partidos da coligação, um porque se
auto proclama de inspiração cristã e deveria estar mais atento às exortações do
Papa para mais solidariedade e menos assistência e outro por ter no seu ideário
manifestações de social-democracia, aparentemente contrárias às práticas
seguidas pela governação atual do nosso País.
São os casos bem
conhecidos de Bagão Félix, Pacheco Pereira e Manuela Ferreira Leite, os quais,
em tempos de antena televisiva, têm lançado publicamente algumas diatribes em
relação à gestão governamental, certamente por um dever ético incontornável ou
por não pretenderem ser confundidos com as referidas práticas governativas, o
que não lhes fica nada mal.
Nesta
conformidade, merece particular destaque a ex-ministra das finanças, próxima do
presidente de alguns portugueses, a qual, há dias e referindo-se ao Orçamento
de desgraça para 2014, afirmou ter descoberto no referido documento um «fundo
de maneio» de 533 milhões de euros não ligados a qualquer despesa prevista,
acrescentando ainda que em orçamentos de anos anteriores, quem sabe da sua
própria lavra, também se utilizaram «fundos de maneio» para prevenir eventuais
derrapagens, mas nunca no valor sequer aproximado deste.
Mas diz mais a
ex-ministra: a redução deste fundo para um montante mais razoável teria sido
suficiente para evitar cortes bárbaros que o governo pretende fazer e ainda
sobrariam muitos milhões para a cobertura de imprevistas surpresas.
Perante estas
afirmações, era lícito aguardar uma reação do chefe do executivo governamental,
mas nada ocorreu nem tão pouco ocorrerá e muito menos se espera que o
presidente de alguns portugueses possa tecer qualquer comentário.
No entanto, a melhor
resposta a esta governação obscena será dada no próximo dia 1 de Fevereiro, dia
nacional de luta pelo fim do terrorismo social da política de direita e contra
a exploração e o empobrecimento.
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