Já não constitui qualquer segredo, nem tão pouco suscita dúvidas, a
posição de subserviência da Europa em relação aos Estados Unidos.
No entanto e mesmo considerando que alguns menos avisados ou até ingénuos possam ainda proporcionar o benefício da dúvida aos
que regem hoje os destinos da Europa, dita connosco, a ratificação a curto
prazo dum Tratado entre as duas potências económicas irá desvanecer qualquer
hipótese
O referido Tratado, batizado como Transatlantic
Trade and Investment Partnership (TTIP), terá como objetivo eliminar
obstáculos considerados inúteis ao comércio e ao investimento, incluindo os
obstáculos não tarifários, colocando em prática mecanismos eficientes através
duma contabilidade regulamentadora dos bens e serviços de ambas as partes, ou
seja e por outras palavras, trata-se pura e simplesmente duma fusão dos
respetivos mercados.
Os políticos neo liberais no comando dos destinos europeus e os seus
congéneres em Portugal e noutros países desta velha Europa, batem as palmas de
contentamento, dizendo que, desta forma (fusão), irão surgir grandes vantagens
para ambos os lados que representam mais ou menos 60% do comércio mundial, só
que fazem-se esquecidos sobre o facto relevante representado pela invasão das
multinacionais americanas, favorecidas pela supressão das barreiras comerciais.
Esta desregulamentação conduzirá ao desaparecimento das pequenas e
médias empresas europeias, cujos ativos serão vendidos pelas absorventes multinacionais
americanas a empresas estrangeiras, a preços convidativos e a coberto das
privatizações, aliás, a exemplo do que vem acontecendo agora no mercado único
europeu com países como Portugal, Espanha, Itália e Grécia em relação à
Alemanha, único País a beneficiar com a chamada crise.
O referido Tratado, que podemos com realismo designar como o tratado da
capitulação da Europa, irá acentuar a liquidação das empresas públicas e as
funções sociais dos estados para financiar ainda mais acentuadamente o sector
financeiro e os grandes lobbies
representados pela Business Europe e
a United States Chamber of Commerce.
Como é de prever, este projeto, para entrar em vigor nos próximos cinco
anos, será mantido bem longe do debate público, pois as partes envolvidas
(Estados Unidos e União Europeia) não querem perder tempo face aos últimos
desenvolvimentos da crise na Crimeia/Ucrânia em que a NATO, apostada em apoiar
um regime nazi-fascista, impôs sanções a Moscovo que, por sua vez, procura
acelerar compensatoriamente os seus contactos com a China.
Tudo isto se passa à revelia dos povos europeus e é por essa razão que
as próximas eleições para o Parlamento Europeu se revestem de particular
importância, pois existe uma realidade sentida no nosso País com as condições
impostas pela troika internacional (UE,
FMI, BCE) para ultrapassarmos uma crise de que não somos culpados e existe
outra realidade derivada da injusta distribuição dos custos dessa mesma crise,
imposta pela troika nacional (PS,
PSD, CDS), nas condições bem expressas no Pacto de Agressão que todos
assinaram.
Esta não é a Europa da coesão social, da paz e do desenvolvimento
económico com que nos acenaram e, assim sendo, no dia 25 de Maio o que se
decide é eleger os que melhor podem defender os interesses dos trabalhadores e
do povo no Parlamento Europeu, os que colocam Portugal à frente dos tais mercados e da Alemanha, mas também se
decide o que queremos para o nosso próximo futuro e, nesse sentido, só o voto
na CDU nos proporciona a garantia de conseguirmos esses objetivos.
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