quinta-feira, 22 de maio de 2014

A Europa que não queremos

                                      
Já não constitui qualquer segredo, nem tão pouco suscita dúvidas, a posição de subserviência da Europa em relação aos Estados Unidos.
No entanto e mesmo considerando que alguns menos avisados ou até ingénuos possam ainda proporcionar o benefício da dúvida aos que regem hoje os destinos da Europa, dita connosco, a ratificação a curto prazo dum Tratado entre as duas potências económicas irá desvanecer qualquer hipótese 
O referido Tratado, batizado como Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP), terá como objetivo eliminar obstáculos considerados inúteis ao comércio e ao investimento, incluindo os obstáculos não tarifários, colocando em prática mecanismos eficientes através duma contabilidade regulamentadora dos bens e serviços de ambas as partes, ou seja e por outras palavras, trata-se pura e simplesmente duma fusão dos respetivos mercados.
Os políticos neo liberais no comando dos destinos europeus e os seus congéneres em Portugal e noutros países desta velha Europa, batem as palmas de contentamento, dizendo que, desta forma (fusão), irão surgir grandes vantagens para ambos os lados que representam mais ou menos 60% do comércio mundial, só que fazem-se esquecidos sobre o facto relevante representado pela invasão das multinacionais americanas, favorecidas pela supressão das barreiras comerciais.
Esta desregulamentação conduzirá ao desaparecimento das pequenas e médias empresas europeias, cujos ativos serão vendidos pelas absorventes multinacionais americanas a empresas estrangeiras, a preços convidativos e a coberto das privatizações, aliás, a exemplo do que vem acontecendo agora no mercado único europeu com países como Portugal, Espanha, Itália e Grécia em relação à Alemanha, único País a beneficiar com a chamada crise.
O referido Tratado, que podemos com realismo designar como o tratado da capitulação da Europa, irá acentuar a liquidação das empresas públicas e as funções sociais dos estados para financiar ainda mais acentuadamente o sector financeiro e os grandes lobbies representados pela Business Europe e a United States Chamber of Commerce. 
Como é de prever, este projeto, para entrar em vigor nos próximos cinco anos, será mantido bem longe do debate público, pois as partes envolvidas (Estados Unidos e União Europeia) não querem perder tempo face aos últimos desenvolvimentos da crise na Crimeia/Ucrânia em que a NATO, apostada em apoiar um regime nazi-fascista, impôs sanções a Moscovo que, por sua vez, procura acelerar compensatoriamente os seus contactos com a China.  
Tudo isto se passa à revelia dos povos europeus e é por essa razão que as próximas eleições para o Parlamento Europeu se revestem de particular importância, pois existe uma realidade sentida no nosso País com as condições impostas pela troika internacional (UE, FMI, BCE) para ultrapassarmos uma crise de que não somos culpados e existe outra realidade derivada da injusta distribuição dos custos dessa mesma crise, imposta pela troika nacional (PS, PSD, CDS), nas condições bem expressas no Pacto de Agressão que todos assinaram.

Esta não é a Europa da coesão social, da paz e do desenvolvimento económico com que nos acenaram e, assim sendo, no dia 25 de Maio o que se decide é eleger os que melhor podem defender os interesses dos trabalhadores e do povo no Parlamento Europeu, os que colocam Portugal à frente dos tais mercados e da Alemanha, mas também se decide o que queremos para o nosso próximo futuro e, nesse sentido, só o voto na CDU nos proporciona a garantia de conseguirmos esses objetivos.

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