Considerado como um dos mais expressivos romancistas portugueses,
implicado na conspiração que terminaria no regicídio e daria o primeiro passo
para o fim da monarquia em Portugal e, enquanto diretor da Biblioteca Nacional,
participante no lançamento da revista Seara Nova, Aquilino Ribeiro expressou
diversas vezes a sua indignação e protesto relativamente às injustiças e
desigualdades da sociedade do seu tempo.
São suas as palavras «O homem
das serras traz chumbado ao tornozelo todos os grilhões da servidão forjados
nos tempos bárbaros. Passam os reinados, as vagas políticas de democracia e de
emancipação social, e ele queda escravo, miserável, para seu bem, não tendo
conceito algum da igualdade humana" ou, questionado sobre o que
representava para ele o cúmulo da miséria moral disse simplesmente «é ser um
cão tinhoso da plebe, curvar-se perante o rei, beijar o anel do bispo, segurar
a espada do nobre e mesmo assim ter medo do inferno».
Vem isto a propósito do
descalabro económico e social que vivemos nos tempos de hoje, diferentes
nalguns aspetos dos vividos por Aquilino Ribeiro, mas muito iguais e
semelhantes em relação às desigualdades, injustiças e até no conteúdo de algum
discurso enganador e populista propalado pela direita no poder e seus apoiantes,
insurgindo-se contra os políticos que são todos iguais e, portanto, não existem
alternativas credíveis à atual governação.
Perdidos nas suas mentiras
ou contradições e conscientes da miséria que vão semeando, continuam o caminho
trilhado como se nada de anormal esteja a acontecer na sociedade portuguesa,
unicamente preocupados com os interesses do grande capital e dos mercados que
subservientemente beneficiam.
O problema não é, no
entanto, uma característica somente visível no nosso País, mas encontra-se
disseminado pela União Europeia e no seio do euro grupo, onde uma Comissão
Europeia se mostra incapaz dum olhar por uma Europa de coesão social e paz,
pois foi edificada na base de mentiras flagrantes e falsificações, tornando-se
federalista e militarista e aqueles que apresentam propostas para alterar este
rumo são apelidados de extremistas, quando essencialmente o que pretendem é a
participação dos povos nas decisões e políticas favoráveis ao incremento das
Funções Sociais dos Estados e ao desenvolvimento económico harmonioso dos
vários países.
Ao olharmos para os
governantes atuais do nosso País, Passos e Portas, e levantarmos o olhar para
Hollande e Sarkozy, Berlusconi e Merkel, Aznar e Rajoy, proclamando crescimento e
emprego, e ao mesmo tempo comprometendo-se com as decisões do diretório europeu
favoráveis à especulação internacional e às soluções neo liberais, carregando
austeridade sobre os mais desfavorecidos, ficamos esclarecidos com a ideia
política desta gente sem escrúpulos.
É assim o capitalismo,
procurando iludir o descalabro das suas políticas, atira as culpas para os
sindicalistas e no nosso caso também para o Tribunal Constitucional, para
tornar a população submissa, veneradora, obrigada e o nosso País campeão das desigualdades
como é considerado no contexto da OCDE.
Está em marcha o
pensamento inspirado nas ideias existentes no tempo da repressão e do
obscurantismo, acrescido o facto de que hoje os oligarcas possuem e aumentam as
fortunas nos paraísos fiscais com a ajuda dos mercados.
Embora o presidente de
alguns portugueses considere que «a coesão nacional se mantém e que não há
desestruturação social no nosso País» e alguns andem entretidos a discutir o
sexo dos anjos, muitos outros continuam a luta pela demissão do governo como
exigência nacional.
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