quarta-feira, 25 de junho de 2014

A sociedade capitalista no seu melhor

                                  
Considerado como um dos mais expressivos romancistas portugueses, implicado na conspiração que terminaria no regicídio e daria o primeiro passo para o fim da monarquia em Portugal e, enquanto diretor da Biblioteca Nacional, participante no lançamento da revista Seara Nova, Aquilino Ribeiro expressou diversas vezes a sua indignação e protesto relativamente às injustiças e desigualdades da sociedade do seu tempo.
São suas as palavras «O homem das serras traz chumbado ao tornozelo todos os grilhões da servidão forjados nos tempos bárbaros. Passam os reinados, as vagas políticas de democracia e de emancipação social, e ele queda escravo, miserável, para seu bem, não tendo conceito algum da igualdade humana" ou, questionado sobre o que representava para ele o cúmulo da miséria moral disse simplesmente «é ser um cão tinhoso da plebe, curvar-se perante o rei, beijar o anel do bispo, segurar a espada do nobre e mesmo assim ter medo do inferno».
Vem isto a propósito do descalabro económico e social que vivemos nos tempos de hoje, diferentes nalguns aspetos dos vividos por Aquilino Ribeiro, mas muito iguais e semelhantes em relação às desigualdades, injustiças e até no conteúdo de algum discurso enganador e populista propalado pela direita no poder e seus apoiantes, insurgindo-se contra os políticos que são todos iguais e, portanto, não existem alternativas credíveis à atual governação.
Perdidos nas suas mentiras ou contradições e conscientes da miséria que vão semeando, continuam o caminho trilhado como se nada de anormal esteja a acontecer na sociedade portuguesa, unicamente preocupados com os interesses do grande capital e dos mercados que subservientemente beneficiam.
O problema não é, no entanto, uma característica somente visível no nosso País, mas encontra-se disseminado pela União Europeia e no seio do euro grupo, onde uma Comissão Europeia se mostra incapaz dum olhar por uma Europa de coesão social e paz, pois foi edificada na base de mentiras flagrantes e falsificações, tornando-se federalista e militarista e aqueles que apresentam propostas para alterar este rumo são apelidados de extremistas, quando essencialmente o que pretendem é a participação dos povos nas decisões e políticas favoráveis ao incremento das Funções Sociais dos Estados e ao desenvolvimento económico harmonioso dos vários países.  
Ao olharmos para os governantes atuais do nosso País, Passos e Portas, e levantarmos o olhar para Hollande e Sarkozy, Berlusconi e Merkel, Aznar e Rajoy, proclamando crescimento e emprego, e ao mesmo tempo comprometendo-se com as decisões do diretório europeu favoráveis à especulação internacional e às soluções neo liberais, carregando austeridade sobre os mais desfavorecidos, ficamos esclarecidos com a ideia política desta gente sem escrúpulos.
É assim o capitalismo, procurando iludir o descalabro das suas políticas, atira as culpas para os sindicalistas e no nosso caso também para o Tribunal Constitucional, para tornar a população submissa, veneradora, obrigada e o nosso País campeão das desigualdades como é considerado no contexto da OCDE.
Está em marcha o pensamento inspirado nas ideias existentes no tempo da repressão e do obscurantismo, acrescido o facto de que hoje os oligarcas possuem e aumentam as fortunas nos paraísos fiscais com a ajuda dos mercados.

Embora o presidente de alguns portugueses considere que «a coesão nacional se mantém e que não há desestruturação social no nosso País» e alguns andem entretidos a discutir o sexo dos anjos, muitos outros continuam a luta pela demissão do governo como exigência nacional.

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