Uma pipa de massa
O atual presidente da Comissão Europeia em tom peremtório e severo,
como lhe competia, aconselhou o nosso País a aplicar bem os 26 mil milhões de
euros disponibilizados pela União Europeia, no novo quadro de apoio comunitário
que decorre até ao ano de 2020.
Por seu lado, o primeiro-ministro declarou que esta verba ajudará a que
«a economia não esteja nas mãos de meia dúzia de grupos», constatação esta
repentina ou então resultado de qualquer abanão de Bruxelas, pois tem sido prática
corrente governativa o apoio à especulação bolsista, à financeirização da
economia e ao grande capital monopolista.
No entanto, observado o conteúdo do Programa, transparece a ideia de
que afinal as empresas vão receber em média menos cinco pontos percentuais do
que aconteceu durante o período decorrido entre 2011 e 2014, representando
assim um resultado pior com o seguimento das novas regras agora impostas, mas
não surpreendentes, dado terem sido negociadas entre os diversos países
candidatos a este novo apoio, colocando-nos sempre em inferioridade.
Dizem-nos os responsáveis da União Europeia que estes fundos servirão
para «combater o desemprego, impulsionar a competitividade e o crescimento
económico, através do apoio à inovação, à formação e ao ensino em cidades e
zonas rurais», nada que não tenhamos lido anteriormente noutros quadros de
apoio, mas que contraria tudo aquilo que tem sido a política dos sucessivos
governos.
Por seu lado, diz-nos o presidente da Comissão Europeia ainda em
exercício que o acordo de parceria que traz a caminho de Portugal 26 mil
milhões de euros vindos de Bruxelas é a «prova concreta» da solidariedade
europeia, «estou muito confiante face ao futuro de Portugal, a aplicação deste
dinheiro vai consolidar o crescimento em Portugal e a coesão social (urbana e
territorial) e ainda acrescentou que teve um papel importante na dimensão do
cheque, modéstia aparte, está claro.
Todos sabemos o que tem sido a política da União Europeia, falha de
coesão social e com desemprego crescente, mas cada vez mais federalista e
militarista, por exemplo, ao apoiar o golpe nazi-fascista da Ucrânia e também
alguns conhecerão o conteúdo da entrevista de um técnico do FMI, presente em
Portugal há três anos para acompanhar o programa da troika e que alerta para os perigos das «ajudas» quando se
transformam em mais encargos, aliás, uma boa parte da nossa dívida liga-se
também à ineficácia e fracasso das políticas europeias de «ajuda» aos países em
crise e por essa razão a renegociação já há muito tempo deveria ter sido
encetada, revendo as maturidades, os juros e a parte considerada ilegítima,
pois o desemprego, a destruição das condições de vida dos portugueses, o saque
aos rendimentos dos trabalhadores, reformados e pensionistas e o afundamento
económico do País são intoleráveis.
O destino efetivo destes novos fundos constituirá uma dúvida pertinente
na cabeça do comum dos mortais, atendendo aos exemplos anteriores e por essa
razão devemos todos estar atentos, todavia, sempre será de bom senso ter em
conta um velho ditado popular muito conhecido que nos diz «quando a esmola é
muita, o pobre desconfia».
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