O atual Presidente da República, incapaz de separar as águas entre a
sua função institucional (cumprir e fazer cumprir a Constituição) e o seu
pensamento nostálgico do passado a par da sua propensão continuada para apoio
ao governo, faz de vez em quando apelos ao consenso e ao compromisso entre as
forças partidárias representadas na Assembleia da República, pois, segundo ele,
os portugueses estão descontentes com o funcionamento dos partidos, considerados
todos iguais, e com o sistema político, onde o mais alto magistrado da Nação
também se inclui com mais de uma boa dúzia de anos de experiência.
No entanto, aquilo que a população portuguesa sente é que o nosso País
continua a ser destruído por um governo que teimosamente nos empobrece e
arruína, mas dá satisfação preferencialmente aos compromissos com os chamados
mercados, ou seja, os grandes grupos económicos, a banca e a especulação
financeira, colocando o poder político refém do poder económico e nunca é
demais bater nesta tecla, pois corresponde à realidade dos dias de hoje e mesmo
depois da troika estrangeira nos ter
deixado formalmente há cerca de quatro meses.
Apesar do discurso do fim das medidas de emergência ditas excecionais,
o que se verifica é a continuação da austeridade para com os trabalhadores, os
reformados, os pensionistas, as micro, pequenas e médias empresas, todos
sofrendo o peso das políticas postas em prática com o decorrer dos anos pelos
partidos da troika nacional (PS, PSD
e CDS) que eleitoralmente tudo prometeram, mas nada cumpriram, demonstrando
falta de sensibilidade social e moral confrangedoras.
A situação escandalosa que se vive nos sectores da Saúde, da Educação,
da Justiça, na Segurança Social, do Trabalho, da Ciência e da Banca, aliada à
continuação das mentiras propaladas para enganar incautos, sendo o resultado da
ação e opção ideológica do governo e dos partidos que o sustentam (PSD e CDS),
não se resolve com meros pedidos de desculpa dos responsáveis ministeriais, mas
sim com a demissão de todo o executivo governamental e com uma nova política
patriótica e de esquerda, pois tudo se deteriora na vida nacional e o
compromisso é a rutura completa com esta gente e esta política e não com
declarações de intenção ou manobras de diversão para culpabilizar o
funcionamento dos partidos e o sistema político como tentou fazer o Presidente
da República, que deveria olhar para o exercício das suas funções, pois também
tem culpas no cartório e não são poucas, pelo estado em que o País se encontra.
O descontentamento dos portugueses não reside no sistema político
existente e consagrado na Constituição da República Portuguesa, mas sim na
prática governativa e na falta de ação pedagógica do Chefe do Estado.
Nesta conformidade, o Grupo Parlamentar do PCP
apresentou na Assembleia da República uma nova e fundamentada contribuição para
uma política alternativa, consubstanciada num Projeto de Resolução baseado em
três áreas principais que, a não serem contempladas, poderão comprometer por
muitos anos o futuro do País e a vida dos portugueses, a saber: devidamente
calendarizadas e integradas, constam a renegociação da dívida soberana, o estudo
e preparação para a saída do euro e a recuperação do controlo público da Banca,
áreas de fortes constrangimentos que condicionam o nosso desenvolvimento
económico e social.
É urgente uma política que promova a produção nacional, que acabe e
reverta o processo das privatizações, recuperando para o Estado os sectores
estratégicos, ou seja, um compromisso para um novo rumo que retome os valores
de Abril e o projeto de progresso e de justiça social que a Constituição consagra.
É este o compromisso que a esmagadora maioria dos portugueses quer ver
assumido.
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