quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Um País decadente

                                            
Um presidente, um governo e uma maioria, desígnio sempre na agenda da direita nacional, tornou-se agora um verdadeiro pesadelo para os portugueses, excetuando aquela minoria visivelmente a grande beneficiária do resultado do projeto político em prática e das medidas para debelar a crise.
A principal causa dos nossos problemas, ao nível nacional e regional, centra-se na dívida soberana, enquanto não for renegociada, mas também no défice de produção e criação de riqueza, a par da sua injusta repartição.
A verdade, com o decorrer do tempo, denuncia um País mais pobre, mais frágil e em dependência crescente com as desigualdades a acentuarem-se, criando faixas populacionais no limiar da pobreza em que nem as crianças escapam, pois um terço das suas famílias afirmam dificuldade em garantir alimento suficiente e 12% enfrentam insegurança alimentar.
Por outro lado, a chaga do desemprego mantém-se purulenta e mais de 50% dos desempregados não recebem subsídio, apesar das tentativas governamentais para nos fazerem crer no contrário, manipulando dados.
A verdade é que, entre o 2º e o 3º trimestres de 2014, o desemprego aumentou, se considerarmos todos os dados disponibilizados pelo INE e também outros elementos oficiais, a que a emigração crescente não é estranha, realidade continuamente negada pelo primeiro-ministro, cujo governo irá contribuir para agravar esta situação através da norma nº. 1 do art.º 54 do OE para 2015 que nos diz «durante o ano de 2015 os serviços e organismos das administrações direta e indireta do Estado, regionais e autárquicas, não podem proceder à renovação de vínculos de emprego público a termo resolutivo, a não ser em situações excecionais, fundamentadas na existência de relevante interesse público», norma esta a abrir caminho para a destruição de mais 61 mil postos de trabalho na Função Pública.
O governo Passos/Portas, a pretexto das imposições da troika internacional, mas indo sempre mais além para impor um novo paradigma ao País, tem cometido os maiores atropelos sociais e inconstitucionais, degradado as Funções Sociais do Estado, destruído direitos laborais, maltratado pensionistas e reformados, saldado empresas públicas estratégicas, enquanto, por outro lado, continua e promove as Parcerias Público Privadas, diminui impostos para as grandes empresas e deixa correr rios de dinheiro para as offshores, desprezando arrogantemente o País e a população, degradando as instituições e diminuindo-lhes o prestígio. Por outro lado, a corrupção assenta arraiais, dando origem a processos que escandalizam a opinião pública nacional e internacional e em que figuras do Estado como o atual primeiro-ministro, caso Tecnoforma, o seu antecessor, agora em prisão preventiva, o vice primeiro-ministro, caso dos submarinos e «vistos gold», implicando chefias do SEF e do Instituto de Registos e Notariado e obrigando o ministro da Administração Interna à demissão, a antiga ministra da educação, por prevaricação de titular de cargo político, outro ex-ministro socialista, caso Face Oculta, outros casos envolvendo o BES, o BPN. o BPP, uns em fase de procura de solução e outros na procura do esquecimento, enfim, uma elucidativa demonstração da incapacidade governativa global do centrão político, em que o sistema de supervisão financeira é um embuste, onde encontramos gente sem pejo a propor a retoma das subvenções vitalícias e o primeiro-ministro a afirmar que «não somos todos iguais», mentindo novamente, pois eles têm sido mesmo iguais até ao permitirem o ascendente do poder económico sobre o poder político.
A ministra da Justiça, atempadamente avisada, teima em seguir em frente apressadamente com a reforma informática e, depois do malogro, tenta arranjar dois bodes expiatórios, com uma ação a que o Juiz e bem não deu provimento.
O ministro da Educação, cada tiro cada melro, ainda se encontra a braços com a abertura do ano letivo, pois há alunos sem horário compensatório das falhas existentes, sendo prejudicados na aprendizagem dos programas.
Na Saúde e a par da política anti-constitucional para desmembrar o SNS, nova fraude atingindo valores na ordem dos 200 milhões de euros, faz abalar de novo o sistema, prejudicando a sua prestação.
A Segurança Social, com o desemprego, a natalidade em queda e a baixa de IRC concedida às grandes empresas, vai-se descapitalizando, deixando dúvidas pertinentes em relação aos futuros reformados.
A ministra das Finanças afirma e reafirma que o caso BES não terá repercussões na bolsa dos contribuintes, mais uma mentira para sossego dos incautos, ao mesmo tempo que cobra a mais 244 milhões de euros no IMI.
Estamos, pois, num País carente de gente séria, sendo confrangedor verificar o esforço e trabalho honesto de alguns, confrontando-se com a impunidade de outros de vida e dinheiro fácil, tornando bem atual o ditado popular que nos diz «quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado vem».
Dizia-se, no tempo do fascismo e no estertor do regime, que o País estava a saque, pois a situação hoje e em democracia de opereta aproxima-se a passos largos desse tempo de obscurantismo.
Perante esta calamidade, o presidente de alguns portugueses vai perorando sobre o acesso à Internet que em Portugal ainda tem limitações ou que os casos de corrupção não têm influência na credibilidade do País, cuja fotografia em tons de negro acentuado, precisa com urgência de outra máquina para lhe proporcionar cor, alegria, vontade de viver em justiça social, fraternidade, igualdade e desenvolvimento económico, ou seja, as cores de Abril.
















 



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