quinta-feira, 21 de maio de 2015

Diz-me com quem andas…


A presente legislatura ficará indelevelmente caracterizada pela série de acontecimentos que marcaram cultural e profissionalmente a carreira do atual primeiro-ministro, ou seja o respetivo currículo.
Desde logo o seu «lançamento» em termos profissionais pela mão do amigo Ângelo Correia, alcandorando-o à administração de várias empresas pelas quais passou a correr, exceto na Tecnoforma, onde se manteve um par de anos e auferindo alguns milhares de euros que vieram a colidir com a sua presença na Assembleia da República, situação de que não se lembrava, assim como também se esqueceu de cumprir as obrigações fiscais, alegando ignorância.
Durante a campanha eleitoral, que o tornou chefe do executivo, notabilizou-se pela facilidade com que prometeu mundos e fundos, os quais a vida real acabou por desmistificar, mas nem por essa razão mudou de ritmo, ao ponto de pretender ir mais além das medidas da troika internacional e levando o País à situação de miséria e pobreza de todos conhecida.
As suas diretrizes, propaladas aos quatro ventos como as melhores e as necessárias mas que nos continuam a afundar social e economicamente, só obtêm eco nos correligionários que, pela voz do líder parlamentar, chegaram ao desplante de considerar que «os portugueses não estão melhor, mas o País está muito melhor», ignorando o desemprego que não cessa de aumentar, a precariedade laboral, os vinte por cento de portugueses e respetivas famílias, incluindo muitos milhares de crianças na pobreza, os roubos obscenos das reformas e pensões, a emigração acentuada de jovens com boa preparação profissional, anteriormente mandados emigrar e agora convidados a regressar, as privatizações de empresas estratégicas, levando a população a pagar mais caro os combustíveis, os Transportes, a eletricidade e o gás, os Correios e Telecomunicações, a própria Justiça, à qual recorre agora só quem pode, a destruição das Funções Sociais do Estado, características essenciais dum Estado de Direito, pela coesão social que imprimem, a destruição do Serviço Nacional de Saúde, da Educação e da Segurança Social, serviços de proximidade, mas cada vez mais longe das populações e assim contribuindo para aumentar as assimetrias regionais, enfim, a tal mudança de paradigma da sociedade portuguesa que nos trouxe ao estado calamitoso em que nos encontramos, sempre com a preciosa «bênção» do presidente de alguns portugueses e fiel do BES que retoma o apelo para nos virarmos para o mar, tal como os noruegueses, sector por ele destruído, assim como a agricultura e a indústria, quando era chefe do governo.  

Não pode ainda deixar de constituir tema para os historiadores desta legislatura o problema da corrupção, os meios humanos e materiais para a combater, os resultados obtidos, os prevaricadores julgados e os condenados, sendo de salientar, por essa razão e sintomaticamente, um episódio revelador ocorrido há dias na inauguração duma queijaria em Aguiar da Beira, onde o primeiro-ministro afirmou para quem o quis ouvir que «está ali o meu amigo Dias Loureiro, conheceu mundo, é um empresário bem-sucedido, se nós queremos vencer na vida, se queremos ter uma economia desenvolvida, pujante, temos de ser exigentes, metódicos» tal e qual sem papas na língua. No entanto, não constituirá mais um motivo de esquecimento para Passos Coelho, que o doutor Dias Loureiro fez parte do Conselho de Estado do qual foi obrigado a sair por motivo da descoberta de burla no BPN, levando ao sumiço de 40 milhões de euros, ignorando-se, portanto, se estamos perante mais um paradigma de promoção empresarial ou dum símbolo de corrupção a encobrir. Sinais dos tempos que urge mudar.  

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