sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Como «eles» actuaram

                                                   O desespero da direita
Corre os seus trâmites uma Petição para o mais alto magistrado da Nação não permitir um Governo do Partido Socialista com apoio de partidos considerados pelos subscritores como extremistas, PCP e BE.
Estamos num país democrático e europeu! As eleições foram ganhas pela coligação PàF. Existe uma sede de poder incomensurável do secretário-geral do Partido Socialista que até se coliga com partidos da extrema-esquerda para atingir o seu objectivo de ser primeiro-ministro esquecendo-se dos interesses de Portugal. O Presidente da República, tendo em conta tudo isto, só poderá tomar uma de duas decisões ou mantém o Governo de Passos Coelho em gestão ou formar um governo por iniciativa Presidencial. Só isto poderá manter o nosso país credível na Europa e no Mundo e só isto será justo para os portugueses que exerceram o seu direito de voto dia 4 de Outubro!
É este o conteúdo da referida Petição que peca, desde logo, por uma contradição insanável, pois considera estarmos num País democrático, desde que se cumpra a vontade dos subscritores e se ignore a da maioria da população que, retirando a maioria absoluta à PàF, impossibilitou-lhe a formação de governo, dado não possuir apoio na Assembleia da República onde existe, sim, apoio para a formação de diferente desfecho para o País, através dum governo do PS suportado pelo PCP e pelo BE com garantias de estabilidade e credibilidade, em primeiro lugar perante os portugueses, mas também na Europa e no Mundo, tendo como dado adquirido e  
democraticamente falando, o que a nossa Constituição consagra neste regime, ou seja, nas eleições legislativas, elegem-se deputados.
Mas não fica por aqui o desaforo da direita nacional, pois a Associação de Empresas Familiares lançou um manifesto contra a possibilidade de existir um governo que não seja o do PSD / CDS. Para que a profundidade da iniciativa se clarifique bem, importa esclarecer que entre os subscritores se incluem empresários de grupos como a Teixeira Duarte, os grupos Mello, Amorim, SGC ou Luís Simões. Um determinado tipo de «empresas familiares», está bom de ver, a enorme distância da realidade vivida por milhares de micro, pequenas e médias empresas efectivamente familiares. Certamente com o mesmo sentido democrático dos subscritores da Petição, afirmaram temer a participação do PCP e do BE, usando frases como «um balde de água fria», «um murro no estômago», «partidos estatutariamente contra a iniciativa privada», e até fizeram ameaças veladas, ao afirmarem que esta perspectiva leva a «fazer orçamentos defensivos», «cortar nas expectativas», «adiar contratações».
Não querendo ficar atrás o presidente da Associação Empresarial de Portugal foi ainda mais longe no desaforo: «O PC é contra o meu ADN, infelizmente. Estive a ler os estatutos e não vejo ali nada que fale de incentivos à inovação ou de políticas de investimento. Sei o que é o PCP e o ódio que tem aos empresários».
Mas temos ainda uma tomada de posição pública do Conselho Consultivo do Fórum para a Competitividade com o seu presidente, Pedro Ferraz da Costa, a considerar «criminoso» que se faça uma política económica que fomente a procura interna, porque «rebentará outra vez com as contas externas».
Estes exemplos e independentemente da legitimidade das opções políticas de cada um, sugerem inspiração nas atitudes do primeiro-ministro demitido que até assumiu pretender alterar agora a Constituição para conseguir oportunisticamente novas eleições e do vice em plena Assembleia da República dirigindo-se aos adversários políticos com frases trauliteiras ou ofensivas, «pirómanos do regime», «bebedeira de medidas», são exemplos claros do grau ou nível atingidos na narrativa da direita de cabeça perdida, ridícula e sem princípios.    
Na expectativa da decisão presidencial, muitos portugueses interrogar-se-ão como foi possível interromper a política de direita e os seus efeitos nefastos para o País e a resposta só pode ser uma: porque durante todos estes anos, e especialmente nos últimos quatro, houve muitos que nunca desistiram de lutar, porque o PCP, um dos fundadores da democracia portuguesa, é uma força política única no panorama político nacional como Partido revolucionário que sabe em cada momento ler quais as principais prioridades e etapas necessárias para fortalecer, num determinado período, a luta revolucionária e, percebendo esta realidade, soube dialogar democraticamente com o objectivo de conseguir uma posição conjunta que, não sendo um fim em si próprio, se tornou num instrumento para encontrar uma solução política que dê resposta a alguns dos mais urgentes problemas dos trabalhadores e do povo.

A todos aqueles que se emocionaram de alegria no dia 10, é agora importante dizer que será a sua acção e luta que irão determinar até onde pode chegar o caminho de esperança aberto nesse dia de Novembro.

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