O desespero da direita
Corre
os seus trâmites uma Petição para o mais alto magistrado da Nação não permitir
um Governo do Partido Socialista com apoio de partidos considerados pelos
subscritores como extremistas, PCP e BE.
Estamos
num país democrático e europeu! As eleições foram ganhas pela coligação PàF. Existe
uma sede de poder incomensurável do secretário-geral do Partido Socialista que
até se coliga com partidos da extrema-esquerda para atingir o seu objectivo de
ser primeiro-ministro esquecendo-se dos interesses de Portugal. O Presidente da
República, tendo em conta tudo isto, só poderá tomar uma de duas decisões ou
mantém o Governo de Passos Coelho em gestão ou formar um governo por iniciativa
Presidencial. Só isto poderá manter o nosso país credível na Europa e no Mundo
e só isto será justo para os portugueses que exerceram o seu direito de voto
dia 4 de Outubro!
É
este o conteúdo da referida Petição que peca, desde logo, por uma contradição
insanável, pois considera estarmos num País democrático, desde que se cumpra a
vontade dos subscritores e se ignore a da maioria da população que, retirando a
maioria absoluta à PàF, impossibilitou-lhe a formação de governo, dado não
possuir apoio na Assembleia da República onde existe, sim, apoio para a
formação de diferente desfecho para o País, através dum governo do PS suportado
pelo PCP e pelo BE com garantias de estabilidade e credibilidade, em primeiro
lugar perante os portugueses, mas também na Europa e no Mundo, tendo como dado
adquirido e
democraticamente
falando, o que a nossa Constituição consagra neste regime, ou seja, nas
eleições legislativas, elegem-se deputados.
Mas
não fica por aqui o desaforo da direita nacional, pois a Associação de Empresas
Familiares lançou um manifesto contra a possibilidade de existir um governo que
não seja o do PSD / CDS. Para que a profundidade da iniciativa se clarifique
bem, importa esclarecer que entre os subscritores se incluem empresários de
grupos como a Teixeira Duarte, os grupos Mello, Amorim, SGC ou Luís Simões. Um
determinado tipo de «empresas familiares», está bom de ver, a enorme distância da
realidade vivida por milhares de micro, pequenas e médias empresas
efectivamente familiares. Certamente com o mesmo sentido democrático dos
subscritores da Petição, afirmaram temer a participação do PCP e do BE, usando
frases como «um balde de água fria», «um murro no estômago», «partidos
estatutariamente contra a iniciativa privada», e até fizeram ameaças veladas,
ao afirmarem que esta perspectiva leva a «fazer orçamentos defensivos», «cortar
nas expectativas», «adiar contratações».
Não
querendo ficar atrás o presidente da Associação Empresarial de Portugal foi
ainda mais longe no desaforo: «O PC é contra o meu ADN, infelizmente. Estive a
ler os estatutos e não vejo ali nada que fale de incentivos à inovação ou de
políticas de investimento. Sei o que é o PCP e o ódio que tem aos empresários».
Mas
temos ainda uma tomada de posição pública do Conselho Consultivo do Fórum para
a Competitividade com o seu presidente, Pedro Ferraz da Costa, a considerar
«criminoso» que se faça uma política económica que fomente a procura interna,
porque «rebentará outra vez com as contas externas».
Estes
exemplos e independentemente da legitimidade das opções políticas de cada um, sugerem
inspiração nas atitudes do primeiro-ministro demitido que até assumiu pretender
alterar agora a Constituição para conseguir oportunisticamente novas eleições e
do vice em plena Assembleia da República dirigindo-se aos adversários políticos
com frases trauliteiras ou ofensivas, «pirómanos do regime», «bebedeira de
medidas», são exemplos claros do grau ou nível atingidos na narrativa da
direita de cabeça perdida, ridícula e sem princípios.
Na
expectativa da decisão presidencial, muitos portugueses interrogar-se-ão como
foi possível interromper a política de direita e os seus efeitos nefastos para
o País e a resposta só pode ser uma: porque durante todos estes anos, e
especialmente nos últimos quatro, houve muitos que nunca desistiram de lutar, porque
o PCP, um dos fundadores da democracia portuguesa, é uma força política única no
panorama político nacional como Partido revolucionário que sabe em cada momento
ler quais as principais prioridades e etapas necessárias para fortalecer, num
determinado período, a luta revolucionária e, percebendo esta realidade, soube dialogar
democraticamente com o objectivo de conseguir uma posição conjunta que, não
sendo um fim em si próprio, se tornou num instrumento para encontrar uma
solução política que dê resposta a alguns dos mais urgentes problemas dos
trabalhadores e do povo.
A
todos aqueles que se emocionaram de alegria no dia 10, é agora importante dizer
que será a sua acção e luta que irão determinar até onde pode chegar o caminho
de esperança aberto nesse dia de Novembro.
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