E a montante nada de
novo
Alguns
dias após o mais alto magistrado da Nação francesa ter anunciado a intenção de
enviar tropas para território sírio, Paris sofre um dos piores atentados
terroristas de que há memória recente, causando mais de uma centena de vítimas
inocentes, incluindo dois cidadãos portugueses, e de muitos outros feridos.
Os
responsáveis políticos europeus e o congénere norte-americano apressaram-se a
enviar as condolências e a afirmar que fariam o que fosse preciso para ajudar a
França neste momento bastante crítico e doloroso, mas não declararam que o
preciso é acabar de uma vez por todas com a ingerência na vida interna de
países soberanos, ingerência essa levada ao extremo com a invasão de territórios,
a chacina de populações inteiras, a destruição de patrimónios locais e
internacionais, causando dramas de refugiados como, infelizmente, somos
testemunhas nos nossos dias e para os quais procuramos acudir o melhor que
sabemos e podemos.
Não
se passa um dia sem que tenhamos notícias sobre o rebentamento de bombas ou
outros atentados no Iraque, na Líbia, no Afeganistão, na Somália, no Mali,
países estes que o imperialismo norte-americano invadiu sob falsos pretextos e
auxiliado pelos europeus através da NATO, ou seja, abriram a caixa de Pandora,
veremos agora quem vai proporcionar a procura da esperança num mundo melhor,
deixada no fundo da referida caixa.
O
aventureirismo belicista na busca do hegemonismo global parece não ter limites
se olharmos para a situação recente vivida na Síria, País com governação laica
e onde a população possuía um estilo de vida que lhe possibilitava o acesso a
serviços públicos essenciais dignos, nomeadamente na Saúde e Educação, mas, porque
não pactua com as directrizes imperialistas ocidentais, tornou-se num alvo a
abater e encontra-se transformado num caos.
O
sofrimento infligido ao povo palestiniano, cercado por terra, mar e ar é
impróprio duma civilização que se pretende ser de cariz humanista, tolerante e
solidária para com o próximo.
O
panorama existente na Ucrânia também constitui um problema grave com o apoio
pela União Europeia a um governo de matriz neo nazi e a instalação nas
proximidades da fronteira com a Rússia de armamento sofisticado e bases
militares com ajuda norte americana.
Num
momento em que a situação em várias regiões do globo, nomeadamente no Médio
Oriente e Leste europeu, aconselharia medidas de desanuviamento e um diálogo
respeitador da soberania dos povos, do direito internacional e da Carta das
Nações Unidas, na procura da Paz, aquilo que verificamos é a existência dum
crescente belicismo que está a conduzir a humanidade para patamares de
intolerância preocupantes, ou seja, numa altura em que o mundo laboral europeu
e os povos europeus em geral se debatem com sérias dificuldades sociais
provenientes da crise do capitalismo e com repercussões ao nível de salários,
reformas, pensões e outros rendimentos e direitos, as prioridades da União
Europeia e da NATO centram-se no aumento das despesas militares de que são
prova evidente os últimos, mais importantes e mais dispendiosos exercícios
militares de sempre realizados pela referida organização político militar.
Os
hediondos atentados de Paris são condenáveis, mas nós europeus estamos neste
momento confrontados com um sério dilema: ou damos passos positivos para
solucionar a montante o problema do terrorismo ou então, somente encontraremos
mais insegurança, propiciadora de mais perda de vidas inocentes, exacerbação
das relações com outros povos e civilizações de culturas diferenciadas e o
incremento de forças racistas, xenófobas e fascistas.
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