sábado, 30 de abril de 2016

Datas do nosso acervo

                                                    
Celebramos o 25 Abril com confiança no futuro, comemoremos o 1º de Maio com a mesma perspectiva e na convicção de que a História não voltará atrás.
A nossa vida colectiva viveu e vive a irregularidade do processo revolucionário pelo qual passamos e transformou por completo o quadro político, económico e social do nosso País, mas esta situação não surgiu por mero acaso ou milagre.
Foi o resultado de anos de luta heróica e persistente contra a opressão, de resistência à ignomínia e à prepotência que sem pejo ou respeito pelo ser humano perseguia, torturava matava e, em nome de designações mescladas com carácter religioso como, Deus Pátria e Família, cometia as maiores arbitrariedades.
Conseguimos ultrapassar esses tempos de obscurantismo, mesmo contra a vontade de alguns que, ainda hoje, não conseguem disfarçar a sua inata simpatia por essa «ordem» repressiva que nos atrasou e isolou do resto do mundo durante décadas.
Os tempos hoje são outros e as realidades também, a que se associam novos perigos e tendências de cariz explorador e repressivo, colocando em causa a paz mundial, o direito dos povos à sua identidade e cultura diversas e até o conceito de democracia.
O capitalismo como sistema económico continua a existir, enquanto o seu principal sustentáculo, a exploração, persistir e os meios de produção e distribuição estiverem na propriedade privada somente com fins lucrativos, as decisões sobre oferta, procura, preço, distribuição e investimentos não forem decididos pelo governo e os lucros continuarem a ser distribuídos pelos proprietários e accionistas que os investem na economia de casino, nas offshores e na corrupção e os salários a serem pagos aos trabalhadores, sujeitos ao livre arbítrio dos detentores do capital.
Por esta e outras razões, Karl Marx descobriu e demonstrou que o Estado actual é um poder que nasce da sociedade numa fase determinada do seu desenvolvimento, como resultado da divisão em classes e do antagonismo irreconciliável entre elas e como necessidade do recurso à coacção por uma minoria exploradora que sempre ambiciona manter a exploração da maioria.
Entretanto, as contradições deste regime acentuam-se e obrigam-no, numa fuga para a frente, a procurar no expansionismo, no hegemonismo e no militarismo os recursos naturais para a sua sobrevivência, tentando aniquilar violentamente a resistência dos povos a esta autêntica rapina e ingerência nos seus destinos, veja-se o que se passa nos continentes europeu, americano, africano, asiático e na própria oceânea, cujos povos merecem a nossa total solidariedade.
Daqui resulta, como corolário lógico, a necessidade de mudança inevitável da natureza do Estado para que seja possível a transição do poder para as mãos de quem trabalha, dando assim início a uma sociedade nova e global, o socialismo, até porque aumentam as desigualdades no rendimento das populações, aumenta a miséria ou, aplicando o eufemismo utilizado por alguns, a privação material severa, ao nível global e os organismos mundiais relatam com frequência problemas graves nas famílias com crianças, onde os elementos adultos se encontram todos no desemprego.   
Aqui connosco e mais perto da Europa o panorama não é melhor e as instituições da União Europeia persistem nas políticas que conduzem à concentração do capital, contrárias às promessas de coesão social e desenvolvimento económico tão necessário e, além disso, favorecem claramente países com défices excessivos, caso do Reino Unido, contrastando com as imposições colocadas a Portugal, Grécia, Irlanda e Espanha, os chamados PIGS, ou seja, há os que mandam na União Europeia, a Alemanha e os seus próximos, exercendo um poder discricionário e depois há os outros que são obrigados à submissão a normas e tratados, Tratado Orçamental por exemplo.
Não sabemos quanto mais tempo irá durar esta Europa neste caos, mas a situação caminha para o desmembramento, restando-nos uma posição de luta e resistência contra este garrote que nos é imposto e preparar o caminho para uma saída do euro, renegociação da dívida soberana e até o abandono do clube, para o qual entramos com as promessas de estarmos no pelotão da frente dos ricos.  

Sem comentários:

Enviar um comentário