Celebramos o 25 Abril
com confiança no futuro, comemoremos o 1º de Maio com a mesma perspectiva e na
convicção de que a História não voltará atrás.
A nossa vida
colectiva viveu e vive a irregularidade do processo revolucionário pelo qual
passamos e transformou por completo o quadro político, económico e social do
nosso País, mas esta situação não surgiu por mero acaso ou milagre.
Foi o resultado de
anos de luta heróica e persistente contra a opressão, de resistência à
ignomínia e à prepotência que sem pejo ou respeito pelo ser humano perseguia,
torturava matava e, em nome de designações mescladas com carácter religioso
como, Deus Pátria e Família, cometia as maiores arbitrariedades.
Conseguimos
ultrapassar esses tempos de obscurantismo, mesmo contra a vontade de alguns
que, ainda hoje, não conseguem disfarçar a sua inata simpatia por essa «ordem»
repressiva que nos atrasou e isolou do resto do mundo durante décadas.
Os tempos hoje são
outros e as realidades também, a que se associam novos perigos e tendências de
cariz explorador e repressivo, colocando em causa a paz mundial, o direito dos
povos à sua identidade e cultura diversas e até o conceito de democracia.
O capitalismo como sistema
económico continua a existir, enquanto o seu principal sustentáculo, a
exploração, persistir e os meios de produção e distribuição estiverem na
propriedade privada somente com fins lucrativos, as decisões sobre oferta,
procura, preço, distribuição e investimentos não forem decididos pelo governo e
os lucros continuarem a ser distribuídos pelos proprietários e accionistas que os
investem na economia de casino, nas offshores
e na corrupção e os salários a serem pagos aos trabalhadores, sujeitos ao
livre arbítrio dos detentores do capital.
Por esta e outras
razões, Karl Marx descobriu e demonstrou que o Estado actual é um poder que
nasce da sociedade numa fase determinada do seu desenvolvimento, como resultado
da divisão em classes e do antagonismo irreconciliável entre elas e como
necessidade do recurso à coacção por uma minoria exploradora que sempre
ambiciona manter a exploração da maioria.
Entretanto, as
contradições deste regime acentuam-se e obrigam-no, numa fuga para a frente, a
procurar no expansionismo, no hegemonismo e no militarismo os recursos naturais
para a sua sobrevivência, tentando aniquilar violentamente a resistência dos
povos a esta autêntica rapina e ingerência nos seus destinos, veja-se o que se
passa nos continentes europeu, americano, africano, asiático e na própria
oceânea, cujos povos merecem a nossa total solidariedade.
Daqui resulta, como
corolário lógico, a necessidade de mudança inevitável da natureza do Estado
para que seja possível a transição do poder para as mãos de quem trabalha,
dando assim início a uma sociedade nova e global, o socialismo, até porque
aumentam as desigualdades no rendimento das populações, aumenta a miséria ou,
aplicando o eufemismo utilizado por alguns, a privação material severa, ao
nível global e os organismos mundiais relatam com frequência problemas graves
nas famílias com crianças, onde os elementos adultos se encontram todos no
desemprego.
Aqui connosco e
mais perto da Europa o panorama não é melhor e as instituições da União
Europeia persistem nas políticas que conduzem à concentração do capital,
contrárias às promessas de coesão social e desenvolvimento económico tão
necessário e, além disso, favorecem claramente países com défices excessivos,
caso do Reino Unido, contrastando com as imposições colocadas a Portugal,
Grécia, Irlanda e Espanha, os chamados PIGS, ou seja, há os que mandam na União
Europeia, a Alemanha e os seus próximos, exercendo um poder discricionário e
depois há os outros que são obrigados à submissão a normas e tratados, Tratado
Orçamental por exemplo.
Não sabemos quanto
mais tempo irá durar esta Europa neste caos, mas a situação caminha para o
desmembramento, restando-nos uma posição de luta e resistência contra este
garrote que nos é imposto e preparar o caminho para uma saída do euro,
renegociação da dívida soberana e até o abandono do clube, para o qual entramos
com as promessas de estarmos no pelotão da frente dos ricos.
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