quarta-feira, 20 de abril de 2016

Defendamos a nossa Constituição

                       A Constituição da República Portuguesa faz 40 anos
Cumprem-se neste mês de Abril 40 anos sobre a data da aprovação da Constituição da República Portuguesa na Assembleia da República com um dos mais belos e progressistas textos constitucionais do mundo, pois A Lei Fundamental, resultante da Revolução do 25 de Abril de 1974, foi portadora dos princípios e valores da liberdade alcançada, correspondeu aos mais profundos anseios do povo português e consagrou as transformações operadas no decorrer do processo revolucionário.
A Constituição é, ela própria, uma das conquistas fundamentais da Revolução de Abril e sobre ela disse Álvaro Cunhal que é um "testemunho da História e fiel retrato da Revolução portuguesa".
É esse acto fundador da democracia portuguesa que aqui lembro hoje para celebrar uma das mais avançadas e progressistas constituições que o século XX havia de conhecer e que constitui ainda hoje um suporte fundamental e indispensável na regulação da nossa vida democrática, mas igualmente um sustentáculo que reforça a legitimidade da luta, dos anseios e aspirações dos trabalhadores e do povo a uma vida melhor, num País atrasado e socialmente injusto que foi anteriormente governado durante quarenta e oito anos por uma ditadura fascista, criminosa e opressora.
Foi essa luta fortalecida e cimentada na aliança Povo/MFA que colocou em marcha as grandes transformações que conduziram à liquidação do capitalismo monopolista de Estado, nacionalizou monopólios, realizou a reforma agrária entregando a terra a quem a trabalha, construiu o Poder Local democrático, conquistou direitos para os trabalhadores e para as populações, liquidou o colonialismo e assumiu a liberdade em toda a sua plenitude.
Neste texto de celebração, não posso deixar de prestar homenagem aos deputados constituintes que, com o seu honroso trabalho, deram forma ao texto constitucional, aos militares de Abril que, arriscando as suas vidas, devolveram a dignidade e a liberdade ao povo português e a todos quantos na noite escura fascizante com a sua luta abriram o caminho para a libertação, nomeadamente muitos militantes do PCP na clandestinidade que sacrificaram as suas vidas pela democracia e por um País novo, em fidelidade aos seus princípios, identidade e projecto político.
A nossa Constituição teve e tem desde o momento da sua construção os seus inimigos como se tornou evidente no decorrer destes quarenta anos da sua vigência, nomeadamente as forças conservadoras e retrógradas, políticas e sociais, os grandes interesses económicos e financeiros, que tudo tentaram com as revisões constitucionais para descaracterizá-la do seu conteúdo progressista, dando azo aos processos de privatizações selvagens, de alienação da nossa soberania e do corte de direitos laborais e sociais, inclusive, fazendo crer à população que foram a Constituição e o próprio Tribunal Constitucional os culpados pelos malefícios que atingiram a nossa sociedade com a crise e não as políticas de direita postas em prática, passando um atestado de menoridade aos cidadãos.

No entanto e apesar destas tentativas de ataque à Constituição, ela mantem-se nos seus aspectos fundamentais, nomeadamente nos planos laboral e social, o que nos deverá convocar para a sua celebração com confiança no futuro e no projecto de democracia que ela encerra, contrariando assim os planos de todos aqueles que pretendam ou possam vir a pretender retirar-lhe valências, pois o Portugal de Abril não o consentirá, ela é nossa e vamos defendê-la.

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