terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Americanices

A oeste nada de novo

Donald Trump vai tomar posse como presidente dos EUA a 20 de Janeiro de 2017, entretanto, com dois meses de antecedência para entrar na Casa Branca, já colocou na página de candidatura um contrato com os americanos para os primeiros cem dias de governação, do qual fazem parte, seis medidas mais emblemáticas contra a corrupção em Washington, sete para proteger o trabalhador americano e cinco para restaurar a segurança e garantir a aplicação da Constituição.

No combate à corrupção, quer «Drenar o pântano» que considera existir em Washington, impondo limites aos mandatos no Congresso, congelando as contratações do Governo Federal e proibindo os membros do Congresso e funcionários da Casa Branca de se tornarem representantes de grupos de interesses por cinco anos.
Relativamente às áreas do trabalho e social, propõe descidas dos impostos pagos pelos trabalhadores da classe média e empresas de pequena e média dimensão, simplificação do sistema de impostos e anulação imediata do plano de reforma do sistema de saúde de Barack Obama, o chamado Obamacare, substituindo-o por Contas Poupança Saúde com simplificação da obtenção dos seguros de saúde; na economia quer, pasmem, mas não se iludam, todos quantos se têm manifestado também na União Europeia contra estes tratados, renegociar o NAFTA, Tratado Norte-Americano de Comércio Livre e abandonar a TPP, Parceria Transpacífica e pretende ainda avançar com o projecto do oleoduto Keystone XL; quanto à emigração, quer construir um muro na fronteira com o México e impor prisão mínima de dois anos aos migrantes ilegais deportados que tentem voltar a entrar nos EUA, expulsar os dois milhões de imigrantes ilegais criminosos, cancelar os vistos dos países que recusem recebê-los e suspender a imigração de regiões propensas ao terrorismo; sobre o ambiente irá revogar as restrições à produção de combustíveis fósseis e cancelar milhões de dólares em contribuições para programas da Organização das Nações Unidas de luta contra as alterações climáticas.
Porém e após estas declarações de intenção, Donald Trump, já veio afirmar que estará aberto a manter algumas das medidas do sistema de saúde de Barack Obama, o tal «Obamacare», contrariando o que havia prometido na campanha eleitoral e constituindo uma surpresa, entre outras, para a equipa de transição de poderes, ou seja, de promessas não cumpridas irá ficar de novo o povo norte-americano, ao qual só restará o caminho da continuação da luta pelos seus direitos e interesses, independentemente de ter um presidente democrata ou republicano.
A este propósito cito algumas ideias expostas por Edward Snowden, o antigo consultor da NSA, National Security Agency americana, e que divulgou e continua a divulgar informações sobre programas de comunicações entre embaixadas norte-americanas em todo o mundo: «Se queremos ter um mundo melhor, não podemos esperar um Obama e não devemos ter medo de um Trump, devemos construí-lo nós mesmos», disse Snowden numa videoconferência entre a Rússia, onde está exilado, e Amsterdão, na Holanda, a propósito da exibição do filme de Oliver Stone sobre o seu caso.
Apesar de classificar a vitória de Donald Trump nas presidenciais «um momento negro» na história dos Estados Unidos, Snowden insistiu que a grande questão é «como defender os direitos de todos, em todo o lado, independentemente das fronteiras».
Edward Snowden revelou em 2013 milhares de documentos classificados sobre a vigilância ilegal em massa pela administração norte-americana de dados privados de cidadãos, após os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, situação esta que o colocou na mira das autoridades norte-americanas.
«Este é um momento negro na história do nosso país, mas não é o fim da história. Se trabalharmos juntos, podemos construir algo melhor e ter uma sociedade mais livre e mais liberal para benefício de todos», disse Snowden que os Estados Unidos querem julgar por espionagem e mais acrescentou «É claro que me preocupo com o que me possa acontecer, mas eu sou a parte menos importante disto tudo. Isto não é sobre mim, é sobre todos nós».
Entretanto e em várias cidades norte-americanas, sucedem-se manifestações de revolta pela eleição de Donald Trump.

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