terça-feira, 1 de julho de 2014

Não à destruição do SNS

                                            O negócio do século
O Serviço Nacional de Saúde (SNS), importante conquista da Revolução de Abril, comemora este ano 35 anos de existência, apesar de todas as tentativas para a sua destruição ou desvalorização.
Criado para garantir a todos os portugueses, independentemente da sua condição económica, o pleno direito à Saúde, à prevenção da doença, aos cuidados curativos e de reabilitação, o SNS tem vindo a sofrer sucessivos ataques conducentes à sua destruição ou transformação num serviço de carater residual, através de desinvestimento crónico, encerramento de unidades imprescindíveis para o seu funcionamento ou eliminação de valências nas mesmas, cortes nos apoios ao transporte de doentes não urgentes, crescentes dificuldades no acesso aos medicamentos disponibilizados pelos hospitais, tempos de espera para cirurgias e consultas de especialidade muito acima do estabelecido como garantia de segurança, sujeição de utentes em estado terminal a deslocações desumanas para cuidados paliativos, falta de profissionais na área da Saúde e desvalorização social, profissional e salarial dos que se encontram em serviço, enquanto, por outro lado e com esta lógica de gestão, floresce o negócio dos grandes grupos privados, na medida em que lhes são entregues de mão beijada partes significativas da prestação de cuidados médicos e continuam em progresso as parcerias público privadas (PPP) degradando assim a qualidade dos serviços prestados e aumentando-lhes os respetivos custos.
Sendo certo que as extraordinárias realizações do SNS na melhoria das condições de Saúde da população portuguesa se devem ao brio profissional, capacidade técnica, dedicação, consciência democrática dos seus profissionais e identificação com os interesses dos utentes, torna-se imprescindível a conjugação de esforços na luta pela defesa desta importante área da nossa vida coletiva.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é viável e sustentável, otimizando os recursos existentes e reduzindo os encargos, sem, no entanto, penalizar os seus profissionais e reduzir a qualidade da prestação de cuidados, mas para tal todos devemos ter a consciência plena de que a Saúde é um direito consagrado na nossa Constituição e não um negócio para privados com dinheiros públicos, razão pela qual o Orçamento de Estado deve contemplar devidamente esta área com mais investimento, as parcerias público privadas (PPP) e o modelo Hospital Empresa (EPE) devem ser eliminados da gestão do sistema.
Não nos venham dizer que não há dinheiro ou estamos a viver acima das nossas possibilidades, pois as verbas astronómicas investidas para «salvar» instituições bancárias da falência e do roubo levado a cabo por quadrilheiros de colarinho branco, as pensões milionárias para alguns e os salários escandalosos para outros, a financeirização da economia como opção ideológica do atual governo, a par com a venda a retalho de empresas estratégicas para o País e a destruição do Estado Social, a falta de vontade política para suster o flagelo do desemprego e de sensibilidade para exercer a justiça social, os maus tratos para com os reformados e pensionistas, provam exatamente o contrário e convocam-nos mais do que nunca para, na comemoração do 35º aniversário do SNS, continuarmos a luta pela sua defesa como um imperativo nacional.    

O processo de privatização acelerada da Saúde, onde os grupos económicos da área já ocupam 40% do espaço abandonado pelo serviço público, constitui um verdadeiro escândalo a que urge colocar um ponto final.

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