Como é do conhecimento geral a banca portuguesa é simultaneamente
comercial, de investimento, através do dinheiro dos depositantes, e de retalho,
recebendo depósitos e concedendo crédito, toda esta atividade com percentagem
de risco elevada, pois não existe uma separação entre a atividade bancária
comercial e a de investimento, como acontece noutros países.
O dinheiro que os banqueiros e acionistas possuem nos bancos
corresponde a uma pequena percentagem do Ativo Total da Banca, segundo dados de
2013, apenas a 6,5% ao passo que os 93,5% restantes constituíam recursos
alheios, ou seja, com 29 mil e 898 milhões de euros de capitais próprios
controlavam 460 mil e 204 milhões de euros com um grau de alavancagem de 1 para
15,4 bom negócio sem dúvida.
Porém, é na forma como os banqueiros gerem o dinheiro depositado pelos
clientes e utilizam a capacidade para conceder crédito acima do valor dos
depósitos que se pode questionar esta atuação, a par do desvio de recursos,
disponibilizados por empréstimos obtidos junto do Banco Central Europeu, para
investimentos preferencialmente financeiros.
Esta gestão de risco elevado com o dinheiro dos depositantes e a
desalavancagem para lá das regras da troika
internacional implica na estagnação da economia e ocasiona a existência dos
sacrifícios e injustiças aplicados à população portuguesa, com especial
incidência na mais vulnerável economicamente.
Os exemplos que conhecemos do BPN, do BPP, do BANIF e agora do BES ajudam-nos
a compreender melhor as razões pelas quais a nacionalização da banca ou o seu
controlo público se tornam cada vez mais necessárias.
Está em jogo a defesa do interesse nacional e, por esse motivo,
aguarda-se uma decidida intervenção do governo e do Banco de Portugal no
sentido de evitar problemas graves, apesar de termos ouvido destas entidades um
discurso otimista de que tudo está controlado.
Percebe-se, no entanto, que o governo, o
Banco de Portugal e demais estruturas e entidades públicas continuam a ocultar
a verdadeira dimensão do problema, a encobrir responsabilidades no plano
político e financeiro e a esconder as possíveis consequências para a economia
nacional, para os trabalhadores e para o país que a situação no BES e no GES
possa envolver.
No fundo, quer uns quer outros, temem o
juízo do povo português sobre a política de direita, as orientações e decisões
de sucessivos governos do PS, PSD e CDS que deram cobertura a estas situações e
que agora envolvem um dos maiores grupos económicos do país.
Urge o apuramento da situação real, das responsabilidades e
responsáveis até às últimas consequências e a aplicação dum conjunto de medidas
de gestão que impeçam a utilização dos meios financeiros do Banco, evitando
assim a repetição daquilo que aconteceu com o BPN, ao serem nacionalizados os
prejuízos.
A repetição escandalosa destas situações e as políticas seguidas pelo
atual executivo governamental e pelos anteriores, com a financeirização da
economia e a permissividade dos grupos financeiros privados em privilegiarem a
atividade especulativa, impedem a banca de desempenhar o seu papel primordial
de financiar a economia e apoiar as famílias.
O contínuo cortejo de corrupção, especulação e apropriação do erário
público que tanta falta faz às Funções Sociais do Estado e aos Serviços
Públicos de proximidade, exige a demissão deste governo e a eleição dum governo
patriótico e de esquerda que tenha os valores de Abril como objetivo para
Portugal e para os portugueses.
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