sexta-feira, 13 de março de 2015

A febre dos negócios a qualquer custo

                        
Através de vária documentação publicada em todo o mundo verifica-se como o HSBC (entidade bancária da Grã-Bretanha com delegação na Suíça) ajudou criminosos e multi milionários a esconderem dinheiro e fugirem aos impostos, constituindo assim mais um motivo, embora não o único, para a falta de recursos financeiros nos Serviços Públicos essenciais às populações e deixando para estas o ónus do pagamento de taxas e impostos inconstitucionais e imorais.
Não basta proclamar aos quatro ventos que vivemos em democracia, pois ela exige a existência de mecanismos de auto defesa, com meios humanos e materiais adequados que funcionem plenamente e aos quais devemos exigir investigação rigorosa para levar os infratores à Justiça, sejam eles banqueiros e respetivos clientes, figuras públicas e proprietários de grandes empresas, pois se assim não for continuaremos a fazer parte das estatísticas terceiro mundistas, com leis fiscais permissíveis e propiciadoras da existência de corrupção, fenómeno que atinge níveis inadmissíveis no nosso País, prejudicando fortemente a população.
Se afirmarmos que grande percentagem da dívida pública se deve a mais de duas dezenas de anos de corrupção ativa no nosso País, não devemos estar muito longe da realidade e a promiscuidade entre o poder político e o poder económico com este a sobrepor-se cada vez mais, torna bem visível esta situação.
A fuga ao fisco, no valor de centenas de milhões de euros, levada a cabo por empresas cotadas na Bolsa e que deslocalizam as suas sedes para outros países ou para os chamados paraísos fiscais, constitui um verdadeiro escândalo, até porque acontece nas «barbas» do governo, impávido e sereno perante o acontecimento.
Não são taxadas devidamente as transações bolsistas e as grandes empresa, as quais ainda são isentas de impostos, mas paralelamente aumentam as taxas moderadoras na Saúde e surge o negócio das crianças surdas em Coimbra com a mesma equipa médica do serviço público a operar no privado, levando milhares de euros e obrigando os pais a «mendigar» fundos, o negócio dos medicamentos com um responsável da Apifarma a declarar que a vida dos utentes está nas mãos das farmacêuticas ou melhor dizendo dos lucros delas, o negócio das urgências hospitalares com médicos contratados à hora em empresas privadas (outsourcing) levando ao Serviço Nacional de Saúde 70 milhões de euros por ano, o negócio das parcerias público privadas, onerando o erário público durante anos consecutivos. ou seja, parte do poder político em Portugal transformou-se numa «central de negócios» a qualquer preço, em que nem a Saúde, bem essencial ao ser humano consegue escapar.
Nesta área, o acesso à inovação consegue-se somente sob enorme pressão dos utentes, das forças políticas realmente interessadas na defesa e constante melhoramento da prestação de cuidados médicos à população portuguesa, onde os CSP (Cuidados de Saúde Primários) se encontram na primeira linha, mas têm sido subestimados, pois não constituem a plataforma ideal para as «negociatas» que encontram campo fértil na medicina curativa.  

O atual governo, que definiu como uma das prioridades do seu mandato a mudança de paradigma da sociedade portuguesa (palavras do primeiro-ministro), preocupa-se essencialmente com os mercados e os números e menos ou nada com as pessoas, mas serão essas mesmas pessoas que lhe entregarão a guia de marcha para o caixote do lixo da História do País.

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