Através de vária documentação publicada em todo o mundo verifica-se
como o HSBC (entidade bancária da Grã-Bretanha com delegação na Suíça) ajudou
criminosos e multi milionários a esconderem dinheiro e fugirem aos impostos, constituindo
assim mais um motivo, embora não o único, para a falta de recursos financeiros
nos Serviços Públicos essenciais às populações e deixando para estas o ónus do
pagamento de taxas e impostos inconstitucionais e imorais.
Não basta proclamar aos quatro ventos que vivemos em
democracia, pois ela exige a existência de mecanismos de auto defesa, com meios
humanos e materiais adequados que funcionem plenamente e aos quais devemos
exigir investigação rigorosa para levar os infratores à Justiça, sejam eles
banqueiros e respetivos clientes, figuras públicas e proprietários de grandes
empresas, pois se assim não for continuaremos a fazer parte das estatísticas
terceiro mundistas, com leis fiscais permissíveis e propiciadoras da existência
de corrupção, fenómeno que atinge níveis inadmissíveis no nosso País, prejudicando
fortemente a população.
Se afirmarmos que grande percentagem da dívida pública se
deve a mais de duas dezenas de anos de corrupção ativa no nosso País, não
devemos estar muito longe da realidade e a promiscuidade entre o poder político
e o poder económico com este a sobrepor-se cada vez mais, torna bem visível
esta situação.
A fuga ao fisco, no valor de centenas de milhões de euros,
levada a cabo por empresas cotadas na Bolsa e que deslocalizam as suas sedes
para outros países ou para os chamados paraísos fiscais, constitui um
verdadeiro escândalo, até porque acontece nas «barbas» do governo, impávido e
sereno perante o acontecimento.
Não são taxadas devidamente as transações bolsistas e as
grandes empresa, as quais ainda são isentas de impostos, mas paralelamente
aumentam as taxas moderadoras na Saúde e surge o negócio das crianças surdas em
Coimbra com a mesma equipa médica do serviço público a operar no privado,
levando milhares de euros e obrigando os pais a «mendigar» fundos, o negócio
dos medicamentos com um responsável da Apifarma a declarar que a vida dos
utentes está nas mãos das farmacêuticas ou melhor dizendo dos lucros delas, o
negócio das urgências hospitalares com médicos contratados à hora em empresas
privadas (outsourcing) levando ao Serviço Nacional de Saúde 70 milhões de euros
por ano, o negócio das parcerias público privadas, onerando o erário público
durante anos consecutivos. ou seja, parte do poder político em Portugal
transformou-se numa «central de negócios» a qualquer preço, em que nem a Saúde,
bem essencial ao ser humano consegue escapar.
Nesta área, o acesso à inovação consegue-se somente sob
enorme pressão dos utentes, das forças políticas realmente interessadas na
defesa e constante melhoramento da prestação de cuidados médicos à população
portuguesa, onde os CSP (Cuidados de Saúde Primários) se encontram na primeira
linha, mas têm sido subestimados, pois não constituem a plataforma ideal para
as «negociatas» que encontram campo fértil na medicina curativa.
O atual
governo, que definiu como uma das prioridades do seu mandato a mudança de
paradigma da sociedade portuguesa (palavras do primeiro-ministro), preocupa-se
essencialmente com os mercados e os números e menos ou nada com as pessoas, mas
serão essas mesmas pessoas que lhe entregarão a guia de marcha para o caixote
do lixo da História do País.
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