A
República dos Esquecidos
Decididamente estamos num País adiado ao olharmos para os que nos governam
ao mais alto nível e para os que são governados sujeitos a medidas e políticas
que há 38 longos anos lhes infernizam a vida, mas, mesmo assim, continuam a
bater palmas ao primeiro bocejo ou sinal de mais mentiras proferidas sem
qualquer pejo ou vergonha e declarações que desacreditam quem as profere.
O atual primeiro-ministro esquece-se de pagar as suas contribuições e impostos
e das suas remunerações de passagem pela Tecnoforma, o vice primeiro-ministro
esquece-se das suas juras irrevogáveis de demissão e das implicações no negócio
dos submarinos, a ministra das finanças esquece-se que ofendeu os gregos, a
braços com o garrote da austeridade tal como nós numa União Europeia onde não
existe solidariedade, coesão social e desenvolvimento económico, mas somente
apoios ao capital monopolista, o dono disto tudo e da santa família esquece-se
das ordens do Banco de Portugal que, por seu lado, esquece-se de denunciar os
desmandos a quem de direito, os administradores da CMVM esquecem-se de olhar
criteriosamente para quem tem cotação na Bolsa, a administração da PT, onde
apareceu um dos melhores gestores do mundo e arredores, esquece-se do
investimento de 900 milhões no GES, o líder parlamentar do PSD faz-se esquecido
na defesa do chefe e, qual cereja no bolo, o mais alto magistrado da Nação
esquece-se de cumprir e fazer cumprir o conteúdo da nossa Constituição e de
zelar pelo regular funcionamento das instituições, indo ao desplante de
considerar as justas críticas da oposição, face à atitude relapsa do
primeiro-ministro, como querelas político partidárias próprias de clima pré
eleitoral e confirmando uma vez mais uma linha de raciocínio de militante do
PSD, não cuidando de se manter independente conforme manda o cargo de que está
incumbido.
Toda esta situação é intolerável, não nos favorece a nível
internacional por muito que os governantes se esforcem no bajulamento imoral e
despropositado às entidades europeias, mas a nível interno deita por terra o
discurso balofo do primeiro-ministro de moralismo inquisitorial, procurando
passar a imagem duma personagem rigorosa e austera, seguindo as pisadas dos
tempos execráveis do fascismo que julgávamos para sempre banidos da nossa
história recente.
Entretanto, o País que não se conforma com esta situação continua a
reagir e foi assim no passado dia 7 em que milhares de trabalhadores,
reformados e pensionistas, mulheres, jovens e idosos, encheram as ruas das
capitais de distrito, em obediência ao apelo da CGTP contra a política de
direita seguida há 38 anos pelos vários governos constitucionais e também foi
assim no passado dia 13 com a Administração Pública a promover uma greve
nacional amplamente participada com níveis de adesão elevadíssimos e que,
certamente por essa razão, não teve a cobertura deontologicamente natural dos
meios de comunicação social, ditos de referência, eles e quem os comanda lá
sabem porquê.
Em paralelo, o PCP abriu as comemorações do seu 94º aniversário com
várias iniciativas que irão prosseguir nas próximas semanas, onde se sublinha a
luta dos comunistas, nos tempos do fascismo de repressão e morte, pela
liberdade, democracia e justiça social e nos tempos de hoje por uma política
patriótica e de esquerda, por uma Democracia Avançada que rompa com a política
de direita que tem destruído o País, muitos lares e vidas de portugueses.
Á onda de descrédito protagonizada por este governo e esta maioria,
mais cedo do que tarde, irá surgir uma sociedade nova, liberta da exploração,
da opressão e da dependência, uma sociedade que possa olhar o futuro com
confiança, onde os portugueses se sintam bem e sem necessidade da emigração
obrigatória.
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