O Syriza venceu
e agora?
Categoria: Opinião
Publicado em domingo,
01 março 2015 14:55
Escrito por Manuel
Villas Boas
Partido político
integrando na sua direção sensibilidades diferentes de esquerda, o SYRIZA
conseguiu contabilizar no essencial o descontentamento gerado no PASOK, na ND
(Nova Democracia) e no povo grego, farto da austeridade a que injustamente tem
sido submetido durante vários anos.
O novo governo de
coligação entre o SYRIZA e o ANEL, pequeno partido de direita, começou o
mandato dando alguns sinais de pretender cumprir promessas feitas em campanha
eleitoral, o que contraria o procedimento das anteriores forças políticas do
poder, PASOK e ND (Nova Democracia), as quais nunca cumpriram as promessas
eleitoralistas e enganaram a população, seguindo, aliás, outras congéneres
europeias, nomeadamente as portuguesas que, nesse aspeto, constituem um
verdadeiro paradigma.
Ao nível interno
aumentar o salário mínimo nacional, travar privatizações de sectores
estratégicos, relançar os Serviços Públicos essenciais à população, combater a
corrupção e, na política externa, não alinhar com as novas sanções criminosas
contra a Rússia, são medidas que procuram aliviar a austeridade no País e não
entrar em aventuras belicistas sempre prejudiciais para a União Europeia e o
resto do mundo.
Os resultados das eleições gregas representam, pois, uma derrota dos partidos que, ao serviço do grande capital, têm governado a Grécia e que, com a União Europeia, são responsáveis pela política de desastre económico e social que tem sido imposta ao povo grego, mergulhando a Grécia na pobreza e no desemprego.
Os resultados das eleições gregas representam, pois, uma derrota dos partidos que, ao serviço do grande capital, têm governado a Grécia e que, com a União Europeia, são responsáveis pela política de desastre económico e social que tem sido imposta ao povo grego, mergulhando a Grécia na pobreza e no desemprego.
Facto não muito
divulgado foi a subida do KKE (Partido Comunista), marcando uma positiva
tendência já anteriormente verificada nas eleições para o Parlamento Europeu,
nas eleições regionais e locais, o que indicia, por essa razão, um
reagrupamento de forças em torno desse partido, que alcançou o terceiro lugar
em onze regiões eleitorais e elegeu 15 deputados.
É de salientar ainda,
mas no aspeto negativo, que um partido que professa a ideologia nazi, com
atividade criminosa penal, tenha conseguido uma percentagem elevada de votos,
no entanto e se pensarmos bem, tal não constituirá surpresa se tivermos em
vista a governação dos partidos de direita e do falso socialismo, comprometidos
com os objetivos da União Europeia (monopolista e belicista) propiciando o
incremento de ideias racistas e xenófobas.
O futuro é imprevisível
na medida em que fica para já por saber como vai o SYRIZA conciliar a sua
vontade de continuar na União Europeia e na moeda única, com a situação social
e económica da Grécia, subjugada pelas medidas impostas e pela chantagem
exercida para continuar a receber ajuda financeira e sabendo-se também que
«frau» Merkel não está disposta a renegociar de forma alguma a dívida grega.
Será que, nestas
condições e com a derrota da elite oligárquica, a Grécia conseguirá virar a
página da austeridade e do medo existente na população e recuperar a dignidade,
a independência e a soberania, servindo de modelo a outros povos europeus e
encorajando-os a sair mais para a rua em protesto para forçar a mudança do
sentido do voto e dirigi-lo para aqueles que sempre estiveram ao lado das
massas trabalhadoras e do povo para o libertar do jugo?
O povo é soberano nas
suas decisões, mas também deve aprender com os erros e não continuar a cair neles
para não voltar depois a lamentar-se e reclamar.
Um facto é indesmentível: foram também o FMI, o
BCE e a UE que elegeram o SYRIZA e agora estarão dispostos a pagar a fatura?
Sem comentários:
Enviar um comentário