Sabemos que
persuadir é determinar a vontade de alguém, levar alguém a acreditar, aceitar
ou decidir, mas também induzir e aconselhar ao passo que, quando se manipula, engendra-se,
perverte-se ou manobra-se para orientar.
Sendo, ambas as
atitudes, estratégias comunicacionais, na persuasão utilizam-se recursos lógicos
e racionais para induzir alguém a aceitar uma ideia, uma atitude ou realizar
uma acção qualquer em benefício de outrem ou do interesse próprio.
Um estudo realizado
pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) mostrou que, no acto
de escolher, é o cérebro que trabalha através da consciência para a tomada da
decisão de forma racional, sendo certo que muitas decisões do nosso cérebro
surgem sem a consciência ser convocada.
É o caso, por
exemplo, do caminhar e outras decisões simples tomadas durante o nosso
dia-a-dia que não sobrecarregam o cérebro, pois emanam mecanicamente, havendo,
no entanto, as que exigem mais esforço mental pela sua complexidade.
Imaginemos, porém,
se todas as decisões complicadas tivessem a necessidade da análise minuciosa do
cérebro, como ficaria este órgão essencial do nosso organismo e o cansaço
mental que provocaria no ser humano.
Todavia, o nosso
sistema nervoso possui o chamado mecanismo de filtragem que valida ou não as
nossas escolhas, ou seja, o cérebro adopta directrizes de comportamento para
evitar a sobrecarga de reflexão em cada tomada de decisão.
Relativamente à manipulação,
diz-nos o professor Eduardo Punset que a «lavagem ao cérebro é a máxima invasão
da privacidade. Antigamente, acreditávamos que o cérebro era sólido como um
diamante, mas aprendemos que outras pessoas podem controlar aquilo que fazemos
e, inclusivamente, aquilo que pensamos, recorrendo a métodos como a coerção, a
mentira e a violência. Sabemos que podem lavar-nos o cérebro. Agora, pelo
menos, podemos analisá-lo a partir das bases da neurologia».
A nossa ideia do
«eu» é muito mais profunda do que o simples reconhecimento de si mesmo se
pensarmos, por exemplo, que os chimpanzés também possuem consciência de si
próprios e até se reconhecem ao espelho, mas os chamados racionais, nós, além
de nos reconhecermos, somos também capazes de imaginar e gerar convicções,
algumas das quais podem ser demonstradas em absoluto.
Perguntarão alguns,
mas a que propósito virá todo este arrazoado? A resposta é relativamente
simples: desde os confins dos tempos sempre pensamos que os seres humanos são
livres no momento em que tomam uma determinada decisão, no entanto, temos vindo
a constatar em muitos casos falta de solidez e suporte lógico nas convicções
seguidas por muitos, quer individualmente, quer colectivamente, exactamente
pela forma como se deixam enredar nas teias da manipulação, ou seja, agem
inconscientemente, quantas vezes repetindo erros de avaliação.
Ferramenta
importante para ajudar a resolver este problema é, sem dúvida, a filosofia que
há mais de dois mil anos tem procurado resolvê-lo ao colocar perante nós
algumas questões fundamentais, tais como, o que é o homem, qual a sua posição
na humanidade, que possibilidade tem de a conhecer e de a transformar, qual o
sentido da vida humana, que objectivo deve o homem esforçar-se por atingir.
Contudo, no
conjunto dos problemas filosóficos, existe um de importância especial, o da
relação entre matéria e consciência ou o da existência e do pensamento, questão
fulcral, nomeadamente nos dias de hoje em que a humanidade atravessa um dos
períodos mais críticos da sua História, após a última grande conflagração que
deixou um rasto de milhões de vítimas mortais, destruição e miséria nunca até
então vistas.
Ignorando esta
lição, o imperialismo volta a fazer caminho, mais preocupado com a hegemonia
global e a procura do melhor posicionamento geoestratégico, do que com o
bem-estar dos povos, a justiça social, o desenvolvimento económico harmonioso e
a busca incessante da Paz mundial.
Está a ser criado
um ambiente de violência, xenofobia e racismo muito semelhante ao existente
antes da II Grande Guerra, só que, se houver terceira, poucos ou nenhuns cá
ficarão para contar a História.
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