terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A luta vai continuar

                                 Perspetivas de descalabro social
O novo ano que já espreita, vai trazer consigo mais penúria e conflitos sociais, face ao conteúdo do Orçamento de Estado para 2014, aprovado com os votos da maioria PSD/CDS, as oposições parlamentares a rejeitá-lo unanimemente e a população na rua a manifestar o seu completo desagrado.
Entrado na Assembleia da República para discussão, saiu inalterado em termos estruturais, constituindo-se assim como um documento gerador de destruição da economia, de mais pobreza, desigualdades e injustiças.
Alguns dados disponíveis podem proporcionar uma ideia clara daquilo que nos espera em 2014: relativamente às PPP’s, por exemplo, foi gasta a módica quantia de 1.645 milhões de euros em 2013, pois para o próximo ano já estão orçamentados mais 776 milhões de euros para este autêntico sorvedouro do erário público.
Entretanto, os cortes na Saúde situam-se nos 784 milhões de euros, na Educação 485 milhões, na Cultura 20 milhões, no RSI (Rendimento Social de Inserção) 10 milhões, no apoio a idosos 6,7 milhões, no abono de família 3,5 milhões, ou seja, milhares de milhões para aumentar os lucros dos grupos económicos que os lançarão na especulação bolsista, em vez de colocar esses recursos ao serviço do desenvolvimento do País e assegurar os legítimos direitos da população.
Mas há mais em relação a cortes, nomeadamente nas pensões de sobrevivência e na redução remuneratória, mas para esta o executivo governamental vai ao ponto de batizá-la hipocritamente de contribuição extraordinária de solidariedade.
Os funcionários públicos, auferindo salário superior a 600 euros ilíquidos, iriam ser também contemplados com corte, mas aqui a maioria, magnânima para enganar incautos, propôs alteração para 675 euros, considerando certamente que estes trabalhadores, com patamares salariais próximos, já são suficientemente ricos e podem bem arcar com mais reduções de vencimento.
Estamos, pois, perante apenas três exemplos de cortes (Estado Social, pensões e salários) mas suficientemente elucidativos sobre a falta de respeito pelo ser humano e pela Constituição demonstrado pelos atuais governantes, constituindo ainda uma grosseira violação de princípios fundamentais do Estado de direito democrático, pois nem sequer podemos considera-los como proporcionais.
Com semblantes de indiferença perante a miséria que vão semeando, o Eurostat estima já 2 milhões e 700 mil portugueses a entrar no limiar da pobreza, estes cavalheiros de discurso fútil, continuam a tratar os cidadãos seus conterrâneos como débeis mentais que não entendem o superior desígnio das suas políticas de desgraça nacional, a bem da Nação.
Anunciam, nos debates parlamentares, com sorrisos cínicos, galhofa de mau gosto e educação deficiente, as suas medidas para mais autoridade e sofrimento e pretendem fazer-nos crer que a culpa do descalabro económico e social que vivemos é do Tribunal Constitucional, dos Sindicatos, da oposição e da troika, discurso demonstrativo de recônditas tendências fascizantes que só irá originar mais indignação, mais protesto e mais luta.
Esta gente não possui qualquer sombra de pejo em afirmar hoje o contrário do que pensou e disse ontem.
Estamos todos consternados com a morte de Nelson Mandela, baluarte da luta por uma sociedade multirracial, por justiça social e mais igualdade no seu País que, nos seus longos anos de luta, enfrentou a prisão, a tortura e a humilhação, sendo até considerado terrorista, perigoso para a sociedade e para o mundo, numa lista elaborada pelos Estados Unidos.
Pois em 1987, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, com 129 votos a favor, um apelo para a libertação incondicional de Nelson Mandela, houve três países que votaram contra: os Estados Unidos, cujo presidente na altura era Ronald Reagan, a Grã-Bretanha liderada por Margaret Thatcher e Portugal, cujo primeiro-ministro era Aníbal Cavaco Silva e o presidente da República era Mário Soares. Estes senhores apresentam-se hoje em nossas casas, via televisão, hipocritamente tecendo os mais rasgados elogios e «cantando» loas sobre a personalidade do falecido. Como é possível acreditarmos neles?
https://mail.google.com/mail/u/0/images/cleardot.gif



Sem comentários:

Enviar um comentário