terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Aos Baionenses

                         Mais um Natal do nosso descontentamento
Algumas citações para melhor nos situarmos no País onde vivemos e na União Europeia para onde alguns apressadamente nos empurraram, contra os avisos de outros mais cautelosos e conscientes do que poderia acontecer, pois não estão nem querem estar comprometidos com o capitalismo explorador:
«O neoliberalismo procura alcançar na Europa o que já conseguiu nos Estados Unidos, a partir de 1979, quando os salários reais pararam de crescer. O objetivo é duplicar a fatia de riqueza possuída por 1% dos mais ricos. Isto envolve reduzir a população à pobreza, destruir o movimento sindical e arruinar as economias, dando preferência aos mercados», diz-nos Michael Hudson, professor de economia na Universidade de Missouri em Kansas City.
«A Nova Ordem Mundial alimenta-se da pobreza humana e da destruição do ambiente natural. A fome é a consequência do processo de restauração do mercado livre com raízes na crise de endividamento dos anos 80. O seu resultado é a globalização da pobreza», diz-nos Michael Chossudovsky, professor de economia na Universidade de Otava.
«A maior parte dos pensionistas não são pobres e estão a fingir que são pobres. Continuamos a gastar mais dinheiro do que recebemos. Mas estamos a melhorar. O vento mudou. O que tem estado a acontecer, é uma emergência financeira em que se tem cortado onde há dinheiro. E, de facto, o Estado Social tem a maior parte do dinheiro que o Estado gasta. O Estado Social continuará a sobreviver se tiver o bom senso de se ajustar às novas condições», diz-nos César das Neves, professor da Universidade Católica e acólito fundamentalista da Opus Dei.
Posto isto, dizemos nós e constatamos que em Portugal o desemprego já atinge 1.5 milhão e meio de portugueses, 2.700 dois milhões e 700 mil estão no limiar da pobreza e fome, 130 mil conterrâneos emigraram, onde sobressai uma enorme fatia de jovens com muito boa formação, 870 mil também conterrâneos, mas sem crise pois são milionários, aumentaram consideravelmente os seus proventos entre 2012 e 2013, ou seja, cresceu a concentração da riqueza, provando que há dinheiro a jorros aplicado nos negócios da economia de casino, nas off-shores, nas PPP’s e swaps, nas reformas e assessorias milionárias, nos roubos bancários (BPN, BANIF, BPP, etc.) de milhares de milhões de euros e sem julgamento dos culpados, e o Estado Social é desmantelado paulatinamente para ser entregue às Misericórdias, às Instituições de Solidariedade Social (IPSS), às ONG e às Fundações de caridade, tornando esta um chorudo e tentador negócio.
O primeiro-ministro proclama que se «está a viver um momento histórico» e tem toda a razão, pois o défice deste ano irá fixar-se nos 5%, a dívida situa-se perto dos 130% do PIB e temos novo resgate à porta, apesar das poses governamentais.
Sem vergonha e respeito pela população, o governo, novamente fora da lei e da Constituição com a decisão unânime do Tribunal Constitucional sobre os cortes de 10% nas pensões, continua a arrastar-nos para a ruína, indiferente à indignação e protesto que surge de todos os quadrantes da nossa sociedade, mercê duma austeridade obscena e injusta, para pagar uma dívida que já deveria ter sido renegociada há muito tempo, pois torna-se impagável a cada dia que passa. Tudo isto e já não é pouco, com o apoio ou complacência do presidente de alguns portugueses, incapaz de cumprir o texto constitucional.
A época festiva do Natal está aí, cumprindo o habitual calendário, mas para muitos, muitos portugueses e por muita solidariedade que queiramos e devamos proporcionar, será um período triste, desolador e traumatizante, mas é também um Natal de intensa luta, com manifestações, protestos e vigílias, pois, se Natal é quando o homem quiser e pode sê-lo todos os dias, então reforcemos com confiança no futuro o caudal desta onda para colocarmos um ponto final na atuação deste governo que destrói o País e sacrifica o povo e avançarmos para um Portugal com mais justiça social, mais desenvolvido e soberano, reabrindo as portas que Abril abriu e que alguns, com ideias bafientas de má memória, sonharam fechar.

 Comissão Concelhia de Baião do PCP    

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