Mais um Natal do nosso descontentamento
Algumas citações
para melhor nos situarmos no País onde vivemos e na União Europeia para onde
alguns apressadamente nos empurraram, contra os avisos de outros mais
cautelosos e conscientes do que poderia acontecer, pois não estão nem querem
estar comprometidos com o capitalismo explorador:
«O
neoliberalismo procura alcançar na Europa o que já conseguiu nos Estados
Unidos, a partir de 1979, quando os salários reais pararam de crescer. O objetivo
é duplicar a fatia de riqueza possuída por 1% dos mais ricos. Isto envolve
reduzir a população à pobreza, destruir o movimento sindical e arruinar as
economias, dando preferência aos mercados», diz-nos Michael Hudson, professor
de economia na Universidade de Missouri em Kansas City.
«A Nova Ordem
Mundial alimenta-se da pobreza humana e da destruição do ambiente natural. A
fome é a consequência do processo de restauração do mercado livre com raízes na
crise de endividamento dos anos 80. O seu resultado é a globalização da
pobreza», diz-nos Michael Chossudovsky, professor de economia na Universidade
de Otava.
«A maior parte
dos pensionistas não são pobres e estão a fingir que são pobres. Continuamos a
gastar mais dinheiro do que recebemos. Mas estamos a melhorar. O vento mudou. O
que tem estado a acontecer, é uma emergência financeira em que se tem cortado
onde há dinheiro. E, de facto, o Estado Social tem a maior parte do dinheiro que
o Estado gasta. O Estado Social continuará a sobreviver se tiver o bom senso de
se ajustar às novas condições», diz-nos César das Neves, professor da
Universidade Católica e acólito fundamentalista da Opus Dei.
Posto isto, dizemos
nós e constatamos que em Portugal o desemprego já atinge 1.5 milhão e meio de
portugueses, 2.700 dois milhões e 700 mil estão no limiar da pobreza e fome,
130 mil conterrâneos emigraram, onde sobressai uma enorme fatia de jovens com
muito boa formação, 870 mil também conterrâneos, mas sem crise pois são
milionários, aumentaram consideravelmente os seus proventos entre 2012 e 2013,
ou seja, cresceu a concentração da riqueza, provando que há dinheiro a jorros
aplicado nos negócios da economia de casino, nas off-shores, nas PPP’s e swaps,
nas reformas e assessorias milionárias, nos roubos bancários (BPN, BANIF, BPP,
etc.) de milhares de milhões de euros e sem julgamento dos culpados, e o Estado
Social é desmantelado paulatinamente para ser entregue às Misericórdias, às Instituições
de Solidariedade Social (IPSS), às ONG e às Fundações de caridade, tornando
esta um chorudo e tentador negócio.
O
primeiro-ministro proclama que se «está a viver um momento histórico» e tem
toda a razão, pois o défice deste ano irá fixar-se nos 5%, a dívida situa-se
perto dos 130% do PIB e temos novo resgate à porta, apesar das poses
governamentais.
Sem vergonha e
respeito pela população, o governo, novamente fora da lei e da Constituição com
a decisão unânime do Tribunal Constitucional sobre os cortes de 10% nas
pensões, continua a arrastar-nos para a ruína, indiferente à indignação e
protesto que surge de todos os quadrantes da nossa sociedade, mercê duma
austeridade obscena e injusta, para pagar uma dívida que já deveria ter sido
renegociada há muito tempo, pois torna-se impagável a cada dia que passa. Tudo
isto e já não é pouco, com o apoio ou complacência do presidente de alguns
portugueses, incapaz de cumprir o texto constitucional.
A época festiva
do Natal está aí, cumprindo o habitual calendário, mas para muitos, muitos
portugueses e por muita solidariedade que queiramos e devamos proporcionar,
será um período triste, desolador e traumatizante, mas é também um Natal de
intensa luta, com manifestações, protestos e vigílias, pois, se Natal é quando
o homem quiser e pode sê-lo todos os dias, então reforcemos com confiança no
futuro o caudal desta onda para colocarmos um ponto final na atuação deste
governo que destrói o País e sacrifica o povo e avançarmos para um Portugal com
mais justiça social, mais desenvolvido e soberano, reabrindo as portas que
Abril abriu e que alguns, com ideias bafientas de má memória, sonharam fechar.
Comissão Concelhia de Baião do PCP
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