sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Ainda sobre Álvaro Cunhal


                           Uma visita indispensável
Mesmo para aqueles que não comungam, perfilham ou abraçam o ideal comunista, um contacto direto com a Exposição, inserida nas Comemorações do Centenário de Álvaro Cunhal e que está patente ao público no edifício da Alfândega do Porto, representa não somente uma curiosidade, mas, muito mais, constitui um ato de pedagogia para adultos e jovens.
Com efeito e apesar da complexidade da vida e obra do homenageado não caber num espaço insuficiente para abarcar noventa e um anos de atividade, setenta e quatro dos quais de intenso empenhamento político e revolucionário como militante e dirigente do Partido Comunista Português, mas também de profunda reflexão teórica nos planos político, ideológico e estético, reflexão essa consubstanciada em imensas obras literárias, estudos, artigos, conferências, discursos, debates e uma rica produção plástica, foi possível optar por momentos e intervenções particularmente significativos para o conhecimento e compreensão de Álvaro Cunhal, nas suas facetas de homem, comunista, intelectual e artista, deixando, no entanto, por mostrar muitos outros momentos e acontecimentos igualmente relevantes.
Apesar destes constrangimentos, muito pode ser visto e compreendido e, para quem puder fazê-lo, tem também a hipótese de adquirir uma substancial quantidade de obras que seguramente constituirão uma mais-valia para estudo, para recolha de elementos e para transmitir de geração em geração.
O legado de Álvaro Cunhal, o seu pensamento, o seu exemplo, o seu trabalho e o seu contributo na luta revolucionária para a transformação do mundo e para uma sociedade livre da exploração do homem pelo homem, constituem património do seu Partido Comunista Português, mas também dos trabalhadores e do povo português e da causa internacional pela emancipação dos povos, sendo ainda um legado de vida que se projeta na atualidade e no futuro, ao serviços dos trabalhadores e da pátria, pela democracia, o socialismo e o comunismo.
É este no fundo o ideal dos comunistas portugueses, a liberdade de pensar, de escrever, de afirmar e de criar, mas é também o direito à verdade, o direito de colocar os principais meios de produção ao serviço do povo e da pátria e não ao serviço do enriquecimento de alguns poucos para a miséria de muitos, é erradicar a fome, a miséria e o desemprego, é garantir a todos o bem-estar material, o acesso à instrução, à saúde e à cultura, é promover a expansão da ciência, da técnica e da arte, é assegurar à mulher a efetiva igualdade de direitos e condição social e à juventude o ensino, a cultura, o trabalho, o desporto e a alegria de viver, é criar uma vida feliz para as crianças e anos tranquilos para os idosos, é afirmar a independência nacional na defesa intransigente da integridade territorial, da soberania, da segurança e da paz e no direito do povo português a decidir do seu destino.
E é, enfim, a construção em Portugal de uma sociedade verdadeiramente socialista, correspondendo às particularidades nacionais, aos interesses, às necessidades, às aspirações e à vontade do povo português, uma sociedade de liberdade e abundância, em que o Estado e a política estejam inteiramente ao serviço da população e onde o poder político não esteja subordinado ao poder económico, para que, parafraseando Álvaro Cunhal, «vida fora, todos realizem os seus sonhos».   


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