Uma visita
indispensável
Mesmo para
aqueles que não comungam, perfilham ou abraçam o ideal comunista, um contacto
direto com a Exposição, inserida nas Comemorações do Centenário de Álvaro
Cunhal e que está patente ao público no edifício da Alfândega do Porto,
representa não somente uma curiosidade, mas, muito mais, constitui um ato de
pedagogia para adultos e jovens.
Com efeito e
apesar da complexidade da vida e obra do homenageado não caber num espaço insuficiente
para abarcar noventa e um anos de atividade, setenta e quatro dos quais de
intenso empenhamento político e revolucionário como militante e dirigente do
Partido Comunista Português, mas também de profunda reflexão teórica nos planos
político, ideológico e estético, reflexão essa consubstanciada em imensas obras
literárias, estudos, artigos, conferências, discursos, debates e uma rica
produção plástica, foi possível optar por momentos e intervenções
particularmente significativos para o conhecimento e compreensão de Álvaro
Cunhal, nas suas facetas de homem, comunista, intelectual e artista, deixando,
no entanto, por mostrar muitos outros momentos e acontecimentos igualmente
relevantes.
Apesar destes
constrangimentos, muito pode ser visto e compreendido e, para quem puder fazê-lo,
tem também a hipótese de adquirir uma substancial quantidade de obras que
seguramente constituirão uma mais-valia para estudo, para recolha de elementos
e para transmitir de geração em geração.
O legado de
Álvaro Cunhal, o seu pensamento, o seu exemplo, o seu trabalho e o seu
contributo na luta revolucionária para a transformação do mundo e para uma
sociedade livre da exploração do homem pelo homem, constituem património do seu
Partido Comunista Português, mas também dos trabalhadores e do povo português e
da causa internacional pela emancipação dos povos, sendo ainda um legado de
vida que se projeta na atualidade e no futuro, ao serviços dos trabalhadores e
da pátria, pela democracia, o socialismo e o comunismo.
É este no fundo
o ideal dos comunistas portugueses, a liberdade de pensar, de escrever, de
afirmar e de criar, mas é também o direito à verdade, o direito de colocar os
principais meios de produção ao serviço do povo e da pátria e não ao serviço do
enriquecimento de alguns poucos para a miséria de muitos, é erradicar a fome, a
miséria e o desemprego, é garantir a todos o bem-estar material, o acesso à
instrução, à saúde e à cultura, é promover a expansão da ciência, da técnica e
da arte, é assegurar à mulher a efetiva igualdade de direitos e condição social
e à juventude o ensino, a cultura, o trabalho, o desporto e a alegria de viver,
é criar uma vida feliz para as crianças e anos tranquilos para os idosos, é
afirmar a independência nacional na defesa intransigente da integridade
territorial, da soberania, da segurança e da paz e no direito do povo português
a decidir do seu destino.
E é, enfim, a
construção em Portugal de uma sociedade verdadeiramente socialista,
correspondendo às particularidades nacionais, aos interesses, às necessidades,
às aspirações e à vontade do povo português, uma sociedade de liberdade e
abundância, em que o Estado e a política estejam inteiramente ao serviço da
população e onde o poder político não esteja subordinado ao poder económico,
para que, parafraseando Álvaro Cunhal, «vida fora, todos realizem os seus
sonhos».
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