Perspetivas para 2014
A
realidade com que Portugal está hoje confrontado, derivada de 37 anos de
política de direita, do processo de integração capitalista da União Europeia e
da crise estrutural do capitalismo, mostra claramente o rumo de declínio
económico e retrocesso social, hoje bem presentes na nossa sociedade.
Desde
os PEC's do PS até ao Pacto de Agressão que PS, PSD e CDS assinaram com a UE, o
BCE e o FMI, que esta realidade não só se tem mantido, como apresenta sinais de
forte agravamento, com o Orçamento do Estado para 2014, aprovado recentemente
na Assembleia da República com os votos da maioria.
Esta
aprovação pelo PSD e CDS, vai tornar-se em mais um instrumento da política de
exploração e liquidação de direitos, pois, reforçando em mais de 4 mil e
quatrocentos milhões de euros as chamadas medidas de austeridade, acentua
indesmentivelmente a opção ideológica deste governo, contra a Constituição e os
valores de Abril e a conivência do presidente de alguns portugueses incapaz de
enviar todo o OE para fiscalização preventiva.
E
senão veja-se os cortes nos salários dos trabalhadores da administração
pública, nas pensões e reformas, nas prestações sociais, no Serviço Nacional de
Saúde e na Escola Pública, nos serviços públicos, na justiça, na cultura, no
Poder Local e, em contraste, os milhares de milhões de euros disponibilizados para
o grande capital, através dos juros da dívida pública, das parcerias
público-privadas, dos contratos SWAP e outros ruinosos celebrados com
interesses privados, como a venda a retalho de empresas públicas rentáveis, os
privilégios e benefícios fiscais dados ao grande capital, por exemplo, redução
da TSU, dos apoios diretos à recapitalização da banca, já favorecida com o
financiamento do BCE, e também as garantias dadas ao sector financeiro, ou
seja, tira-se ou rouba-se, como quiserem, aos salários, pensões e rendimentos
dos pequenos e médios empresários do comércio, indústria e agricultura, para
manter os grupos monopolistas e o parasitismo da economia de casino, tornando o
País refém do capitalismo transnacional e dependente do neo liberalismo, hoje pedra
de toque na União Europeia, com a Alemanha ao leme.
Por
outro lado, verifica-se a continuação da mentira e mistificação por parte do
primeiro-ministro e seus pares, ao tentarem apresentar as suas medidas como
necessárias para libertar o País da troika
e regressar aos mercados, ao mesmo tempo que nos vão dizendo que ainda vamos
«aguentar» mais uns quinze ou vinte anos e que o governo até conseguiu criar
120 mil novos empregos em 2013, quando o número real se situa nos cerca de 20
mil e o desemprego aumenta, a emigração não cessa, nem tão pouco o fecho de
empresas, pois a economia não arranca, nem pode com as opções políticas em
vigor.
Esta
propensão para a mentira e mistificação encontra eco na chamada comunicação
social de referência, subjugada pelo poder económico, tentada a distrair-nos
com falsos problemas, entretenimentos de duvidosa qualidade e atoardas,
omitindo e desinformando, mas esquecendo a existência das redes sociais que a
contradizem e um ou outro Edward Snowden que a desmentem, assim ajudando os
povos do mundo a acordar, pois não se pode enganar eternamente.
Neste
contexto, as eleições para o Parlamento Europeu em 25 de Maio do próximo ano,
apresentam-se como um importante acontecimento político e eleitoral, não só
para o nosso País periférico, mas para toda a União Europeia, pois podem e
devem constituir uma forte mudança de sentido nas políticas até agora seguidas
e, quem sabe, no repensar da nossa própria soberania monetária.
Este
é um tema a ter em conta para derrotar a política de direita, aqui e na UE.
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