quarta-feira, 30 de abril de 2014

1º de Maio

                                                               
O Dia Internacional dos Trabalhadores, ficará para sempre ligado à sua dura e heroica luta em todo o mundo pelos direitos e por uma sociedade em que o trabalho, finalmente livre da exploração, constitua a realização plena das capacidades criadoras do ser humano.
O 1º de Maio e as suas palavras de ordem universais foram historicamente construídos sob a mais violenta repressão, sacrifícios e vidas perdidas, consolidando-se a cada avanço dos povos na conquista das liberdades, sofrendo recuos de cada vez que as circunstâncias históricas permitem ao grande capital passar à ofensiva e por essa razão esta data tornou-se a mais alta bandeira da afirmação universal dos direitos do trabalhador e do internacionalismo de combate contra a exploração capitalista.
Os trágicos acontecimentos ocorridos em Chicago no mês de Maio de 1887, no decurso de um comício de solidariedade com os trabalhadores de uma empresa onde a repressão provocara numerosos mortos e feridos graves e em que é lançada uma bomba para o meio do público, resultando dessa provocação a morte de vários polícias e quatro trabalhadores, foram aproveitados para o patronato desencadear a repressão generalizada contra o movimento operário, em que quadros sindicais são condenados à prisão e a trabalhos forçados e oito, que ficarão para sempre conhecidos como os “mártires de Chicago”, são condenados, num julgamento fantoche, como principais responsáveis pelos referidos acontecimentos, sendo quatro enforcados a 11 de Novembro de 1887.
Em homenagem aos “mártires de Chicago”, o Congresso fundador da II Internacional, reunido em Paris a 14 de Julho de 1889 (primeiro centenário da Revolução Francesa) propôs a proclamação do 1º de Maio com Dia Internacional do Trabalhador “Será organizada uma grande manifestação internacional numa data fixa de modo a que, em todos os países e em todas as cidades em simultâneo, num mesmo dia, os trabalhadores reclamem dos poderes públicos a redução legal da jornada de trabalho, e a aplicação das outras resoluções do Congresso Internacional de Paris. Tendo em conta que uma tal manifestação foi já convocada para o 1º de Maio de 1890 pela American Federation of Labour, no seu congresso de Dezembro de 1888 em St Louis, é esta a data adotada para a manifestação internacional”.
Também em Portugal as comemorações do 1º de Maio assumem o mais relevante significado, pois a evolução qualitativa verificada no sindicalismo português no final da Monarquia, torna-o num sindicalismo combativo e revolucionário.
Durante a ditadura fascista e apesar da eliminação de todas as liberdades fundamentais incluindo a liberdade sindical, o direito à greve e à manifestação, os trabalhadores souberam sempre encontrar as formas apropriadas de fazer o seu 1º de Maio, muitas vezes com ações simples, mas mesmo assim arriscadas e carregadas de simbolismo, outras vezes conseguindo desencadear fortes greves. 
Com a reorganização do PCP em 1929 e a criação da CIS – Comissão Intersindical em 1930 com a finalidade de lutar pelo cumprimento da lei do horário de trabalho e contra o desemprego, criaram-se as condições para um grande 1º de Maio em 1931, que teve como principal palavra de ordem a luta contra a ditadura.
De todas as lutas travadas durante o fascismo, as greves e as manifestações realizadas em 1962, um ano após o início da guerra colonial em Angola, são provavelmente das mais relevantes e neste período, apesar das proibições e da repressão, estiveram em luta os pescadores, os corticeiros, os telefonistas, os bancários, os trabalhadores da Carris e da CUF unidos no 1º de Maio em Lisboa e noutros pontos do país.
Foi a partir desse ano, como afirmou Álvaro Cunhal, que o 1º de Maio se assumiu como a mais importante jornada nacional de luta contra o fascismo, relegando para segundo plano as celebrações do 5 de Outubro, numa clara confirmação de que a classe operária assumira definitivamente a vanguarda da luta-
O operariado português também teve os seus mártires nas lutas dos assalariados agrícolas dos campos do Sul, cujos salários eram regulados pela jornada de trabalho feudal, de sol a sol, mas que impuseram aos agrários e ao Governo fascista a jornada de 8 horas de trabalho. Nesses campos foram baleados mortalmente pela GNR José Adelino dos Santos, Catarina Eufémia, Alfredo Lima, António Casquinha, José Caravela e Germano Vidigal, este torturado e morto pela PIDE e todos eles militantes do PCP.
Mas também no Porto, na véspera do 1º de Maio de 1982, dois operários, foram mortos a tiro e dezenas feridos, depois do governo da AD com a prestimosa ajuda da UGT, tentar ilegalmente proibir as manifestações na Baixa do Porto, no local histórico da sua realização.
A liquidação da capacidade produtiva, a profunda regressão social e as gritantes desigualdades que percorrem hoje o nosso país têm rosto e responsáveis no PS, PSD e CDS que convergem e sustentam uma política que não dá resposta aos problemas do país, mas acentua o desemprego, a precariedade, os baixos salários e pensões, ao mesmo tempo que promove a acumulação de milhões de euros por parte dos grandes grupos económicos e financeiros e tudo isto com o aval e apoio da UE, do BCE e do FMI e do conteúdo dos tratados destinados a cortar direitos laborais e sociais, contribuindo para uma maior concentração do capital e para a perda da soberania dos Estados a braços com programas agiotas de recuperação.
O que o poder económico-financeiro e o poder político que lhe está submetido pretendem esconder é que a alternativa às suas políticas não só existe como é possível e perfila-se no horizonte, não como uma abstração, mas como uma necessidade para o desenvolvimento da sociedade humana: o socialismo.


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