quinta-feira, 16 de abril de 2015

Amêndoas amargas

                                           
A crise, sempre a maldita crise, social e económica que atravessa o mundo capitalista nos dias de hoje pode bem ser considerada como a mais grave desde que em 1929 se desenvolveu nos Estados Unidos outro «cataclismo» similar que se repercutiu nessa altura a nível global.
No entanto e com o cortejo de desgraças causadas às populações, há sempre quem aproveite estas alturas para aprofundar fusões e concentrações, acelerando ao mesmo tempo a destruição de direitos laborais e sociais.
Na União Europeia é o grande capital transnacional que, com o caminho a descoberto pela falta de medidas concretas das instituições para atenuar os efeitos nefastos da crise e relançar as economias, «cavalga» à vontade e com obscena impunidade como temos verificado.
Os governos europeus, onde o governo português se destaca pela subserviência cega às imposições exteriores injustas, teimam em seguir o caminho das políticas monetaristas e, nessa conformidade, efetuam cortes nas áreas da Saúde, Educação e no investimento público, acumulando assim mais crise á crise já existente e, não resolvendo o problema, causam o seu prolongamento.
Assim sendo, constata-se que 23 dos 27 países da União Europeia ficaram submetidos nos últimos cinco anos ao procedimento por défice excessivo, cujo valor imposto pelo diretório europeu não tem sido possível seguir ou cumprir, apesar dos sacrifícios inadmissíveis aplicados aos povos.
No entanto e curiosamente, tanto para a Comissão Europeia como para o Banco Central Europeu não são o Pacto de Estabilidade e o Tratado Orçamental que constituem o grande empecilho para o desenvolvimento, mas sim todos os países submetidos ao conteúdo destes documentos, ironia das ironias.
Aliás e não por mero acaso, o anterior presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, ao ser avaliado na sua prestação à frente da instituição, não consegue isentar-se das acusações de ter beneficiado as grandes empresas e as multinacionais, não conseguir ou não querer gerir parcimoniosamente a crise do euro, mas ter apoiado em bicos de pés o presidente americano Bush relativamente à guerra do Iraque com os resultados nefastos, destrutivos e criminosos do conhecimento geral.
Mesmo com este panorama não abonatório, torna-se impossível vislumbrar qualquer tentativa de mudança de rumo com a nova direção da Comissão, agora liderada por Jean Claude Juncker, pois prossegue o plano de integração capitalista da União Europeia, em detrimento das soberanias nacionais, se olharmos para a documentação aprovada recentemente como o Pacto Euro +, a Estratégia Europa 2020 e os intitulados six-pack e two-pack, os quais incluem os mecanismos de fiscalização e o chamado semestre europeu que, juntamente com o Tratado Orçamental, constituem «amarras» de tal ordem poderosas para os países da União Europeia que os tornam residualmente autónomos em termos políticos, ou seja, perdem a sua soberania, pois o poder está concentrado nas instituições europeias e nos seus diretórios que agravaram com estes novos textos legislativos as regras já impostas anteriormente de cumprimento dum défice estrutural de 0,5% do PIB e penalizando quem apresentar uma dívida superior a 60% do PIB com a obrigação de reduzir no mínimo um quinto do valor em excesso por ano, durante três anos consecutivos.

Nesta conformidade e numa altura em que o tempo dá razão aos que têm criticado veementemente esta situação e os países docilmente acomodados, torna-se necessário continuar a luta por um Portugal livre e soberano.   

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