Celebrar Abril
A Revolução do 25 de Abril constitui sem dúvida um dos mais importantes
acontecimentos da nossa história recente, com enormes repercussões sociais,
culturais, políticas e económicas no nosso País, mas suscitando também um
inquestionável interesse nos nossos vizinhos europeus e noutros continentes.
O impacte da Revolução resulta das suas raízes históricas no País e no
povo, na classe operária, no proletariado rural, nos intelectuais, nos estudantes,
nos democratas que lutaram contra o fascismo e na iniciativa heróica dos
militares progressistas de Abril para o arranque final, naquela luminosa manhã.
Não reivindicando qualquer privilégio em relação ao 25 de Abril, os
comunistas portugueses assumem, no entanto, com orgulho o seu contributo ímpar
na longa e heróica resistência durante o fascismo, onde muitos deixaram as suas
vidas, para que fosse possível o êxito da Revolução.
Cedo, porém, os detratores da Revolução saíram a terreiro, uns na
tentativa de recuperação dos privilégios de que foram justamente desapossados,
outros procurando lançar na população medos e mentiras sobre o futuro do País
ou as opções políticas mais coerentes do socialismo, semeando promessas vãs e
assim contribuindo para confundir o povo.
E entre os que não esquecem
esse contributo estão seguramente os trabalhadores portugueses, pois lembram-se
muito bem quem deu «o pontapé de saída» para os contratos a prazo, os
despedimentos sem justa causa, os salários em atraso ou congelados, o ataque à
contratação colectiva e à organização sindical, a repressão nas empresas e a
perseguição a dirigentes e activistas sindicais, a precariedade e até os
aumentos violentos do custo de vida.
Foi assim nos primeiros
governos constitucionais e assim continuou até aos dias de hoje, após longos e
penosos 38 anos de retrocessos sociais, eliminação de direitos, cedências ao
grande capital financeiro e culminando com o atual governo a destruir as
Funções Sociais do Estado, a extorquir salários, pensões e reformas, a liquidar
a contratação coletiva, a impor a precariedade, a empobrecer a população, a não
atuar eficazmente contra a corrupção, a liquidar as micro, pequenas e médias
empresas, a favorecer o grande capital monopolista e a deixar a Segurança
Social em apuros, apesar dos cofres cheios, como afirma a atual ministra das
finanças, mas que servirão apenas para pagar juros da dívida.
Se do ponto de
vista da História 41 anos constituem um tempo curto, para todos os que lutaram
por Abril, os que o construíram, os que ao longo destes anos defendem tenazmente
as suas conquistas e mantêm vivos os horizontes de democracia, justiça,
progresso e liberdade, estes anos constituem um rico e inesquecível património
construído dia a dia de lutas, de acção criadora e transformadora, de
resistência firme que deve ser transmitida aos vindouros.
E assim cresce o
movimento que, passando por Abril, não parará enquanto se mantiver fiel aos
interesses dos trabalhadores e do povo e irá tão longe quanto o povo quiser,
movimento que se amplia para nos trazer Abril de novo, os seus valores e o seu
projecto de democracia, liberdade, justiça social, movimento que a CDU
representa e reforça, pois e parafraseando Pablo Neruda «Podes cortar todas as
flores, mas não podes impedir a Primavera de aparecer».
Vamos, pois, celebrar
Abril e continuar a luta por um Portugal com futuro, independente e soberano
que nos liberte das novas amarras de obscurantismo que nos querem impor!
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