sábado, 4 de abril de 2015

Novo rumo por uma política patriótica e de esquerda

                                          Remexendo velharias
Para aqueles que viveram o antes e vivem o pós 25 de Abril recente, fica um sentimento de regresso ao passado que julgariam para sempre banido da sociedade portuguesa dos nossos dias, mas as poses, o discurso e as ideias postas em prática denunciam um visível plágio, quantas vezes ultrapassando o original.
O ministro das finanças e chefe do governo fascista português, regime repressivo e criminoso, que nos governou durante 48 longos e penosos anos, não escondia uma certa vaidade, quando fazia passar a mensagem sobre os cofres do País carregados de ouro, sabendo, no entanto, que o povo estava na miséria, exceto a classe monopolista dominante, não havia os hospitais necessários nem tão pouco estradas para ajuda ao desenvolvimento, a desertificação do interior era um facto e o ouro consumiu-se com a Guerra da Independência das Colónias.
Aqui se transcrevem alguns trechos, através dos quais pode bem ser avaliada toda uma conceção de sociedade arcaica e obsoleta que nos atrasou social e economicamente durante décadas:
«Ensinai aos vossos filhos o trabalho, ensinai às vossas filhas a modéstia, ensinai a todos a virtude da economia. E se não puderdes fazer deles santos, fazei ao menos deles cristãos», proferido na conferência realizada no Funchal em 1925 e subordinada ao tema O Bolchevismo e a Congregação;
«A mais segura fonte da autoridade é o Estado. Um Estado forte, leia-se repressivo, é assim a primeira necessidade, mas uma vez mais não há Estado forte onde o Governo não o é» proferido em 1951aos congressistas da União Nacional;
«Aquém, a autoridade que cria a ordem e a ordem que condiciona a liberdade; além, a liberdade, tomada no vago, no absoluto, e desprendida de todo o condicionalismo social, a liberdade até aos paroxismos da anarquia»;
«As discussões têm revelado o equívoco, mas não esclarecido o problema; já nem mesmo se sabe o que há-de entender-se por democracia»;
«A literatura perde o que a paz do Mundo acabará por ganhar», referindo-se em 1962 à guerra em Angola;
«Deus, Pátria, Família». Pois bem! Defendamos a família, relicário de amor sustentado pelas mãos trémulas dos nossos pais. Defendamos a Pátria, que consubstancia as nossas glórias de outrora, a Pátria que é bela, porque é a mãe de todos nós. Defendamos Deus da ignorância e do atrevimento, porque Deus é a suprema aspiração da alma humana»;
«Instrução aos mais capazes, lugar aos mais competentes, eis o essencial»;
«Sei muito bem o que quero e para onde vou»;
«Pois é preciso que gritemos tão alto a verdade, leia-se mentira, que demos tal relevo à verdade que os surdos a ouçam e os próprios cegos a vejam»,
proferido na sessão de propaganda realizada no Palácio dos Desportos, em Lisboa, para apresentar o candidato presidencial do regime.
A Revolução do 25 de Abril, transportando a liberdade e a democracia, implicou também a mudança de comportamentos e a transparência governativa, alterações aceites de mau grado pelos atuais governantes habituados à postura anterior do eu quero, posso e mando, resultando daqui as constantes quezílias com o Tribunal Constitucional, dada a não observância do conteúdo da nossa Constituição.
No íntimo manteve-se a nostalgia do antigamente, bem patente no discurso da atual ministra das finanças, assegurando que o governo nada tem a ver com a lista VIP, informando os portugueses de que tem os cofres cheios, mas sabendo que há 2 milhões de conterrâneos no limiar da pobreza, dos quais 30% são crianças, o desemprego não diminui e mais de metade dos desempregados não recebe o respetivo subsídio, as reformas são roubadas, a juventude não tem futuro, há estudantes universitários a passar fome e irão abandonar os estudos, a emigração atingiu os patamares do antigamente, a corrupção continua e o primeiro ministro, acolitado pelo presidente de alguns portugueses que com a maior desenvoltura teve a coragem de afirmar que o BES era seguro, também não possui qualquer sombra de bom senso ao afirmar, em pré campanha eleitoral, que os portugueses não querem perder o que alcançaram e, expondo-se ao ridículo, assegura às entidades japonesas que o governo português conseguiu enorme resiliência e paz social, depois de saber que a agência FITCH continua a classificar a economia portuguesa e a dívida pública como lixo e todas as semanas a população protesta e manifesta-se descontente com a situação do País, ou seja, com mentiras em cima de mentiras, a situação que realmente vivemos é difícil, mas é possível outro caminho de rutura e mudança com um governo patriótico e de esquerda. O povo deve acordar!



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